ABRUPTO

6.9.08




(António Leal)

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EARLY MORNING BLOGS


1379 - The Liars

A Liar goes in fine clothes.
A liar goes in rags.
A liar is a liar, clothes or no clothes.
A liar is a liar and lives on the lies he tells and dies in a life of lies.
And the stonecutters earn a living—with lies—on the tombs of liars.

Aliar looks ’em in the eye
And lies to a woman,
Lies to a man, a pal, a child, a fool.
And he is an old liar; we know him many years back.

A liar lies to nations.
A liar lies to the people.
A liar takes the blood of the people
And drinks this blood with a laugh and a lie,
A laugh in his neck,
A lie in his mouth.
And this liar is an old one; we know him many years.
He is straight as a dog’s hind leg.
He is straight as a corkscrew.
He is white as a black cat’s foot at midnight.

The tongue of a man is tied on this,
On the liar who lies to nations,
The liar who lies to the people.
The tongue of a man is tied on this
And ends: To hell with ’em all.
To hell with ’em all.
(...)

(Carl Sandburg)

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5.9.08


COISAS DA SÁBADO:LOGOMAQUIA


Discussão inútil” (Dicionário da Academia)

Em Agosto a vida não parou e o Algarve é só um espelho parcial da nação. Que o digam os operários da Yazaki Saltano, entretanto despedidos, as vítimas dos crimes violentos, os que concorrem desesperadamente a lugares sobre lugares, a ver se ficam professores, se ficam funcionários, se ficam polícias, se ficam empregados de escritório, se ficam caixas de supermercado, etc,. etc. A ver se não ficam desempregados.

A vida também não parou para os negócios de gabinetes, para essa abafada, obscura e contínua conversação sobre recursos (nossos), dinheiro (nosso), projectos (deles), planos (deles), sobre os quais só descobrimos ou quando já tudo é um facto consumado, ou quando a Procuradoria abre um processo e há um escândalo. Isso também não parou em Agosto e não foi a férias, até porque não precisa de ir em Agosto, e certamente prefere outras paragem melhores que o Algarve. O país move-se pelo hábito, pela inércia, pela apagada e vil tristeza. E uma ínfima parte move-se pelas coisas boas, criativas, novas, mas que são a muito pequena excepção.

Mas, sobre este movimento contínuo, os calendários da vida moderna, parte feitos pelo estado burocrático, como sejam as férias escolares, parte feitos pela sociedade impregnada de espectáculo, exigem rupturas, paragens, recomeços. O dia 31 de Julho já se sabe que é maldito para dizer coisas importantes (que o diga o Presidente que rompeu os costumes do calendário), o mês de Agosto é silly por excelência e nele só cabem silly things. Depois, é suposto haver uma rentrée, um acto de recomeço, um momento que tem que ter surpresa e novidade, porque é isso que vende jornais e abre noticiários de televisão. Não adianta argumentar que sobre os problemas do pais se pode sempre dizer o mesmo desde o século XIX, ou, se se quiser ser mais modesto temporalmente, desde o defunto governo Guterres (inclusive). Que se pode sempre dizer que as coisas vão de mal a pior, todos os dias andamos para trás e sabemos muito bem porquê e sabemos muito bem porque não há forças endógenas que empurrem para a frente.

Mas não adianta. Temos pois que dizer sempre coisas novas, espectaculares para saciar o monstro comunicacional e os seus viciados, ou seja quase todos nós. Não suportamos o silêncio, mesmo quando é o silêncio dos actos, não suportamos que nos digam sempre as mesmas coisas mesmo que sejam as fundamentais, não suportamos que não haja “novidade”, efémera e ficcional seja. A logomaquia tem que continuar. Ai de quem a interrompa!

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INTERIORES / EXTERIORES: CORES DESTES DIAS

Clicando na fotografia fica na boa dimensão. Para se ver







Banda de Gaitas de Cardielos, na Romaria de Nossa Senhora da Agonia, em Viana do Castelo. (Bruno Correia)



" Mestre Elias na vigia " - Santa Maria, Julho de 2008

"una vela bianca che attraversa la linea blu dell´orizzonte è una delle immagini più semplici e seduttive dell´immaginario collettivo"

(Nuno Pimentel)



Mercado do peixe, em Bergen. (Olga Flora)

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EARLY MORNING BLOGS


1379 - More and More

More and more frequently the edges
of me dissolve and I become
a wish to assimilate the world, including
you, if possible through the skin
like a cool plant's tricks with oxygen
and live by a harmless green burning.

I would not consume
you or ever
finish, you would still be there
surrounding me, complete
as the air.

Unfortunately I don't have leaves.
Instead I have eyes
and teeth and other non-green
things which rule out osmosis.

So be careful, I mean it,
I give you fair warning:

This kind of hunger draws
everything into its own
space; nor can we
talk it all over, have a calm
rational discussion.

There is no reason for this, only
a starved dog's logic about bones.

(Margaret Atwood)

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4.9.08




(António Leal)

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EARLY MORNING BLOGS


1378 - The Dark Day

A three-day-long rain from the east--
an terminable talking, talking
of no consequence--patter, patter, patter.
Hand in hand little winds
blow the thin streams aslant.
Warm. Distance cut off. Seclusion.
A few passers-by, drawn in upon themselves,
hurry from one place to another.
Winds of the white poppy! there is no escape!--
An interminable talking, talking,
talking . . .it has happened before.
Backward, backward, backward.

(William Carlos Williams)

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3.9.08


OUVINDO

Hank Williams a cantar Lost Highway.
I'm a rolling stone, all alone and lost,
For a life of sin, I have paid the cost.
When I pass by, all the people say
"Just another guy on the lost highway."

Just a deck of cards and a jug of wine
And a woman's lies make a life like mine.
Oh, the day we met, I went astray,
I started rollin' down that lost highway.

I was just a lad, nearly twenty-two,
Neither good nor bad, just a kid like you,
And now I'm lost, too late to pray,
Lord, I've paid the cost on the lost highway.

Now, boys, don't start your ramblin' round,
On this road of sin or you're sorrow bound.
Take my advice or you'll curse the day.
*

Horowitz tocar a Sonata K. 330 de Mozart.

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OS NOVOS DESCOBRIMENTOS: DANÇA DA TERRA E DA LUA



vista a cerca de 5o milhões de quilómetros, pela sonda Deep Impact (que mandou um murro no cometa Tempel em 2005) e que ainda anda por lá. Hoje no Astronomy Picture of Today.

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NUNCA É TARDE PARA APRENDER: UMA II GUERRA MUNDIAL COMO NUNCA SE TINHA OUVIDO FALAR (3)

O que Davies faz, e que muda muita coisa, é centrar a guerra onde a guerra se perdeu e ganhou, no confronto entre a Alemanha nazi e a URSS de Staline, com a Polónia pelo meio. Outros historiadores já o tinham feito tão evidente é o facto de que Hitler perdeu a guerra a Leste e não a Oeste (quando o primeiro soldado americano colocou os pés no extremo sul do continente, na Sícilia, já o exército alemão perdera toda a capacidade ofensiva face aos soviéticos, ou seja, já tinha, para todos os efeitos, perdido a guerra). Mas Davies vai mais longe e isso é que enfureceu os seus críticos: ele retrata a URSS com o mesmo tipo de olhar que habitualmente usamos para a Alemanha nazi, ou seja como um regime criminoso que em muitos aspectos superou a crueldade nazi em políticas de genocídio, crimes de guerra, execuções em massa de civis e prisioneiros de guerra, retaliações contra povos e etnias inteiras, limpezas étnicas, violações em massa, todo o tipo de violência imaginável. Olhando assim para a guerra ela parece mais um gigantesco conflito entre dois estados totalitários e criminosos, a Alemanha hitleriana e a URSS estalinista, e tudo o resto é pouco mais do que paisagem. O resto é aquilo que a esmagadora maioria dos filmes ingleses e americanos retrata: o Dia-D, Dunquerque, Anzio, Al Alamein, a ponte de Remagen, "band of brothers" e o Soldado Ryan. Ou a visão da guerra como uma luta entre os estados democráticos e o totalitarismo nazi. Cinquenta anos de guerra fria devia ensinar-nos que não foram os ingleses nem os americanos que ganharam a guerra em 1945 e que só a ganharam (admitindo que era a mesma guerra, o que é defensável) em 1989. Mas uma coisa é certa, houve um aliado inglês e francês que a perdeu, a Polónia, e perdeu-a face aos seus aliados e face aos seus inimigos.

(Continua.)

*
Já que tem abordado a questão da nova visão histórica da segunda guerra mundial, recomendo-lhe a obra “War without Garlands”, de Robert Kershaw, livro publicado pela Ian Allan Publishing. A análise e o relato incidem sobre a operação Barbarossa (1941-1942 – invasão da URSS pela Alemanha nazi). Mas a visão da guerra é nos dada pelos olhos e pelas impressões dos soldados e dos oficiais que efectivamente a combateram no terreno – com base em cartas dos soldados alemães enviadas para a Fatherland, diários pessoais dos soldados, relatórios de combate e arquivos secretos das SS. Sendo um facto notório que a guerra no leste foi especialmente brutal, Kershaw também analisa de que forma o facto de estarmos na presença de dois oponentes com regimes totalitários, com militares motivados ideologicamente, terá contribuído para os excessos cometidos, quer sobre os militares inimigos, quer sobre as populações civis. Kershaw discorre sobre a pressão que cada um dos aparelhos ideológicos terá exercido sobre os executantes no terreno e, por causa disso, sobre a responsabilidade moral dos soldados. O que os motivava?

(Rui Estrela de Oliveira)

*

Norman Davies não diz nada de novo sobre o comportamento das tropas soviéticas durante a IIª Guerra Mundial. Antony Beevor, nos seus livros “Estalinegrado” e “A Queda de Berlim – 1945”, retrata com fiabilidade estes dois momentos da guerra, bem como a crueldade e a bestialidade usadas pelas tropas soviéticas, quer num, quer noutro momento. As tropas soviéticas não ficaram atrás das alemãs neste capítulo negro da história da humanidade. As razões que levaram à existência do Tribunal de Nuremberga, aplicam-se da mesma forma ao horror infligido pelos soviéticos, quer no seu próprio país, quer nos países da Europa do Leste e parte da Áustria e Alemanha que ocuparam.

No prefácio de “A Queda de Berlim – 1945”, diz o autor: “Para o final da guerra, a dimensão da tragédia humana ultrapassava a imaginação de todos os que não a viveram, especialmente daqueles que cresceram na sociedade desmilitarizada da era do pós-Guerra Fria”. É bom não esquecer isso.

(Eduardo Tereso)

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O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES


Em sequência da série 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, e 9.

Das traduções, a minha preferida vai para aquela do cinema produzido no país ao lado, em que uma moça se apresenta cabisbaixa perante a família e diz estar grávida. Tradução: “estou embaraçada”. Outro caso muito interessante, tipo ratoeira, é o “pourtant” do francês, que passa directamente a “portanto”, está-se mesmo a ver! Por infelicidade, poder significar “contudo”, “no entanto”, etc. Em obras na área do direito ou da medicina, por exemplo, isto pode ter efeitos devastadores, imagino eu, cá do alto da minha ignorância. Possivelmente o problema não está na tradução, sim no modo como o trabalho é executado, como se escolhe quem o faz, por que se escolhe assim, e onde estão as pessoas que o sabem fazer bem feito.

(Paulo Loureiro)

*

Ainda no capítulo das traduções inteligentes, há uma que jamais esquecerei e que permitiu a um serial killer deixar notas escritas com uma caneta fonte! Tenho, como coleccionador, tentado encontrar uma destas canetas em Portugal, mas insistem comigo que tal não existe. Será conspiração orquestrada dos papeleiros?

(Raul Almeida)

*

Na continuação deste tema (daria pano para mangas), não posso deixar de mencionar um caso de uma tradução errada de uma palavra "falsa amiga" mas o erro é tão clamoroso que passa a ridículo. Passava o filme "Miss Congenility" (Miss Detective) no canal Hollywood, e num diálogo a protagonista respondia ao facto de o desfile de biquíni valer 30% da pontuação:

"What's the other 70 percent, cleavage?". A tradução correcta seria algo como "Quais são os outros 70 por cento, o decote?". Na legenda apareceu "clivagem" como tradução de "cleavage"...

(Romeu)

*

(...) esqueci-me de um daqueles exemplos flagrantes na tradução de títulos de filmes. Traduzir "collateral" por "colateral" é tão rídículo que acho que ninguém teve coragem na altura de apontar o erro porque ninguém acreditava que seria possível cometer um erro desses. "Colateral" sem mais nem menos em Português não quer dizer nada, é um adjectivo que faz sentido aposto a algo como "danos colaterais". Mas "collateral" em Inglês, e no contexto do filme, quer dizer "garantia", tal como a garantia de um empréstimo (um fiador).
Para além das traduções há o problema do próprio português que se anda a escrever por aí. É preciso não esquecer que as revistas cor-de-rosa, (essa chiclete do espírito tão apetecível no Verão), têm tiragens fabulosas. A minha mãe adora lê-las nesta altura em que é preciso fingir que nada pode ser assim tão sério que nos possa estragar as férias. E numa delas viu uma frase qualquer, de um viP qualquer, no título da reportagem (!), mais ou menos assim "Queria uma casa onde me SINTI-SE bem". Com esta forma, tal e qual.

(Paulo Lourenço)


VARIA


Qualquer pessoa com dois dedos de testa consegue concluir que o chip nas matrículas nunca será útil para evitar o CARJACKING, nem tão pouco descobrir as viaturas roubadas deste modo.

Hoje em dia os criminosos destroem os sistemas de navegação por GPS das viaturas roubadas, apesar de estes sistemas não possibilitarem a localização da viatura. Ou seja, quando as matrículas tiverem chip, a primeira coisa que os assaltantes fazem é destruir o chip.

Mas há NOVOS perigos que os chips nas matrículas vão trazer, tal como as novas tecnologias de protecção das viaturas trouxeram o CARJACKING. O CARJACKING existe porque a tecnologia tornou impossível roubar o carro sem a chave.

Aproveito para indicar uma discussão sobre o assunto, onde é possível perceber porque razão a maioria dos Portugueses engolem todas as mentiras que lhes queiram contar.

(Nuno Ferreira)
Gostei muito de ver a ideia do leitor Nuno Ferreira sobre o problema da "cada vez melhor segurança". De facto, a melhor segurança apenas transfere o problema para as pessoas das vítimas. Quando se tornar moda a biometria, os scans de retina, impressões digitais, etc., quanto tempo levará até que os ladrões comecem a decepar mãos ou a literalmente "arrancar olhos", para conseguir dar à ignição do carrito? (Sinto cada vez mais necessidade de voltar a ler ficcção científica, nós já vivemos lá de qualquer maneira...)
(PL)
*

Por razões de saúde graves não me foi possivel ir gozar uns dias de praia como habitualmente faço. Passei o mês de Agosto entre HUC e casa, com pouca disposição para ler. Assim pensei que poderia ter alguma companhia com a TV. Engano e horror!

É inescritível o que as TV's 1,3 e 4 apresentam durante todo o dia. Estórias de "faca e alguidar"; apelo ao que melhor para uns e pior para outros se possa imaginar. Comentadores que se dão ao luxo de falar nas "mamocas" de silicone de...nem sei nomes. De tragédias que o não são e de convidados que pretendem demonstrar "qualidades" há muito anquilosadas: caso de Zézé
Camarinha e quejandos.

O Engº Socrates pode distribuir computadores, apelar à modernidade. Saberá ele que para tudo isso terá que começar por apelar à educação? Será que temos que distrair as nossas "donas de casa", reformados, doentes, e isolados em aldeias longe de tudo, com este lixo nauseabundo?
Se a TV3 e 4, são privadas, já a RTP 1 é paga com o dinheirinho dos meus impostos, de trabalho que tanto me custa. Se soubesse como, impediria de canalizar um centimo que fosse, para aquela Empresa. É um desabafo, mas creia que se tiver só por companhia um aparelho de televisão o meu conselho é mantê-lo desligado. Poupamos energia e não embrutecemos ou enfurecemos.

(Fortunata de Sá)

*

Se bem me lembro, o Sr. Primeiro-Ministro anunciava, em plena crise energética e económica, uma das suas medidas "sociais": o congelamento dos passes socias nas regiões da Grande Lisboa e Porto. Que eu saiba, ninguém perguntou quais seriam os efeitos dessa medida nos serviços prestados em empresas públicas com prejuízos crónicos (que eu até estou disposto a deixar passar, porque reconheço que a cobrança do preço real dos transportes seria incomportável para muitas das pessoas que pagam para os utilizar). Mas não notei grande diferença; até comecei a pensar, na minha ingenuidade, que, desta vez, havia alguma realidade por trás da medida.

O despertador tocou na semana passada; ainda não parou. Comecei a ouvir a campainha quando precisei, na semana passada, de me deslocar ao Campus da Universidade Nova, no Pragal. No meu caso, a opção mais cómoda para esta pequena viajem é apanhar o comboio da Fertagus para o Pragal e, como não sou passageiro frequente do dito comboio, tentei fazer o que costumo e que penso ser uma opção em qualquer país civilizado: comprar um bilhete de ida-e-volta; ou seja, para que fique bem explícito, comprar o direito de fazer duas viagens curtas.

Fui cilindrado pelo progresso segundo Sócrates. Já não é possível comprar um bilhete para uma viagem isolada: os transportes de Lisboa (e suponho que os do Porto também) aderiram à "Bilhética Sem Contacto", daqui em diante referida como BSC (que é parecido com BSE); o Grande Passo em Frente da BSC obriga toda a gente que queira viajar (mesmo uma pequena viagem ocasional) a comprar um cartão "Lisboa Viva", "Sete Colinas" ou "Viva Viagem" e carregá-lo com o valor da dita. Tive então que pagar o cartão mais a viajem: quase dez vezes mais do que pagava anteriormente. Não vale a pena dizerem-me que agora sou portador de um cartão "Sete Colinas", que é uma porcaria impressa em cartão e que não durará mais do que umas semanas (também sou obrigado a ser portador do "Lisboa Viva", que tem um "chip" que já se avariou três vezes, e que fui obrigado a pagar cada uma das vezes).

Mas a história continua: o passe que costumo comprar deixou de existir em papel, novamente graças à BSC, de modo que agora tenho que andar com o cartão e com o recibo da compra, pois se a electrónica falha e o leitor do revisor afirma que eu não comprei o passe, já não tenho a salvaguarda física do selo para provar a minha legitimidade como passageiro. Não vou falar das incompatibilidades várias entre os sistemas da CP e do ML, dos atrasos na implementação (o passe só vai estar à venda amanhâ, dia 1 de Setembro, no ML; até os trabalhadores das bilheteiras estão com medo do caos que vem aí).

Mas a verdadeira questão é esta: se estamos em plena crise económica e energética, e se estas empresas têm prejuízos crónicos, como é que foi pago um sistema tão caro (e pior que o anterior, passado o fascínio com tecnologias mal compreendidas)? Quem é que ganhou com este negócio? Quem é que vai fazer a manutenção de um sistema tão frágil? Ou vamos ter um episódio semelhante à invasão de Lisboa pelos radares, na maior parte das vezes que passo por um, está fora de serviço?

(João Soares)

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(Susana)

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INTERIORES / EXTERIORES: CORES DESTES DIAS

Clicando na fotografia fica na boa dimensão. Para se ver





S. Tomé e Príncipe. (Carlos Filipe)




Na casa da D. Ermelinda, em Vildemoinhos, Viseu, o dia começa cedo. Às seis da manhã, já a família se encontra reunida para amassar a famosa broa trambela, feita com farinha de milho branco moída em moinho de água, a que se juntou um pouco de farinha de centeio para ficar mais macia. Dentro do pequeno cubículo, o calor faz transpirar os corpos, mesmo os que não se aproximam do forno de lenha, onde a broa é cozida a cerca de 250 graus. A D. Ermelinda irá levá-la, depois, para o mercado da cidade, onde, todos os dias, se esgota. (Sandra Bernardo)





Sra. do Desterro, S. Romão, Serra da Estrela. (Miguel R.A.)





Fotografias de Inhaca, Moçambique, Agosto de 2008. (Cristina Figueiredo)



Azenha no Tâmega. (Helder Barros)



Ucraniano. (José Milhazes)

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EARLY MORNING BLOGS


1377 - Big Night On The Town

drunk on the dark streets of some city,
it's night, you're lost, where's your
room?
you enter a bar to find yourself,
order scotch and water.
damned bar's sloppy wet, it soaks
part of one of your shirt
sleeves.
It's a clip joint-the scotch is weak.
you order a bottle of beer.
Madame Death walks up to you
wearing a dress.
she sits down, you buy her a
beer, she stinks of swamps, presses
a leg against you.
the bar tender sneers.
you've got him worried, he doesn't
know if you're a cop, a killer, a
madman or an
Idiot.
you ask for a vodka.
you pour the vodka into the top of
the beer bottle.
It's one a.m. In a dead cow world.
you ask her how much for head,
drink everything down, it tastes
like machine oil.

you leave Madame Death there,
you leave the sneering bartender
there.

you have remembered where
your room is.
the room with the full bottle of
wine on the dresser.
the room with the dance of the
roaches.
Perfection in the Star Turd
where love died
laughing.

(Charles Bukowski)

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2.9.08


LENDO
VENDO
OUVINDO

ÁTOMOS E BITS

de 2 de Setembro de 2008

As palavras com que o Primeiro-ministro José Sócrates se dirigiu aos 40000 candidatos à docência que ficaram de fora no concurso dos professores roçam o insulto e a grosseria. É verdade que o Ministério da Educação não deve contratar quem não precisa. É verdade que a maioria dos candidatos não se podem intitular de "professores", embora muitos o sejam, muitos já tenham dado aulas, muitos já andem há anos a tapar os buracos das colocações sem as garantias mínimas em termos de segurança social. Mas é também verdade que eles são parte da nossa mão de obra qualificada, eles são exactamente as pessoas a quem José Sócrates prometeu dar emprego. É insuportável o modo como ele os tratou.


*
O que eu acho inqualificavel, e' que muitos destes professores continuem ano apos ano a tentar um colocacao que e' basicamente impossivel. Ja' ha' muito tempo que alguns desses "professores" deveriam estar a fazer outra coisa mais util com as suas vidas. Talvez tentar outra carreira, mas o problema em Portugal e' que toda a gente quer ser funcionaria publica e ter a comoda almofada do Estado. Se foi recusado 1,2, 3, 4 vezes, porque e' que concorre outra vez? Qual e' o proposito? Masoquismo?

De uma vez por todas: De-se as escolas a total liberdade de contratar e despedir professores. Acabe-se com esta insanidade de colocacoes, listas, etc.

Manuela Ferreira Leite vai ser criticada pela mesma coisa, se e quando for primeira-ministra. Nao e' culpa dos governos, e' culpa de um sistema imbecil.

(Carlos Carvalho)

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Clicando na fotografia fica na boa dimensão. Para se ver.

(Fotografia pinhole de António Leal)

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NUNCA É TARDE PARA APRENDER: UMA II GUERRA MUNDIAL COMO NUNCA SE TINHA OUVIDO FALAR (2)

No início do seu livro Davies formula uma série de perguntas que costumava fazer sobre a guerra e que poucos eram capazes de responder. Por exemplo, que nacionalidade perdeu o maior número de civis durante a guerra? (A Bielorrússia). Qual o maior desastre marítimo ocorrido durante a guerra? (O afundamento do navio alemão "Wilhelm Gustloff" em Janeiro de 1945 no Báltico por um submarino soviético, com perda de 9343 homens, mulheres e crianças). Não é por acaso que pouca gente sabe responder a estas perguntas, não pelos factos em si não serem conhecidos, mas porque uma visão ideológica da guerra impediu comparações, análises, estudos que resultam num diferente equílibro do que aconteceu. A Bielorrússia apesar de ter sido brevemente independente no pós I Guerra (como a Ucrânia outra nação particularmente martirizada), tinha que ser englobada nas estatísticas soviéticas e em muitos casos "russas", quando a parte mais violenta do conflito, com maior número de civis mortos, foi fora da Rússia propriamente dita, cujo grosso do território nunca foi ocupado pelos alemães. No caso do "Wilhelm Gustloff", também era suposto não se tratar os alemães como vítimas, mas apenas como agressores. As mortes dos agressores não contavam, mesmo quando se tratava na sua maioria de civis que fugiam da Prússia Oriental, à chegada do exército soviético.

Estes e outros factos (por exemplo, a ideia que temos do bombardeamento de Coventry como a quinta essência dos ataques aérios a cidades, logo a civis, empalidece quando se comparam os 568 mortos ingleses, com os 40000 de Dresden, mesmo assim muito abaixo dos 90000 de Varsóvia), tratados pelo seu valor em si mesmos e não numa lógica ou ideológica (pró-soviética), ou pró-ocidental, ou pura e simplesmente dos vencedores, dão a este livro o tom de frescura e provocação que o tornam muito interessante. Mais: dão-lhe o valor de uma história outra que só agora se começa a fazer da II Guerra Mundial.

(Continua.)

*

O livro de Norman Davies sobre a II Guerra teve algumas críticas negativas, mas que julgo injustas. Li-o antes da sua edição em português e encontrei nele uma extraordinária virtude: recentra a guerra na Europa onde ela realmente se passou, isto é, no Leste. Mas não o faz para elogiar a URSS de Estaline, antes porque foi isso mesmo que se passou. Para vergonha, devo acrescentar, da França, o grande país europeu onde a “nova ordem do Reich” menos oposição encontrou durante mais tempo.

Julgo que Norman Davies escreveu este livro porque conhece como poucos a história da Polónia – uma história que deveríamos estudar com a maior atenção. Por isso, e uma vez que a sua monumental História da Polónia é de difícil digestão, recomendo a soberba síntese, escrita do presente para o passado, isto é, com a cronologia investida, da memória daquele país: Heart of Europe: The Past in Poland's Present. Para mim é do melhor que li de Davies, e também um das obras mais conseguidas sobre a forma como a memória histórica e a herança cultural condiciona o que um país é e pode ser. Igualmente notável, e muito apropriado para recomendar no dia em que o Presidente da República visitou um museu que celebra o levantamento de Varsóvia no Verão de 1944, é Rising’44, notável reconstituição da luta heróica do povo de Varsóvia contra os nazis. E, também, brilhante evocação de como os soviéticos assistiram, a poucas dezenas de quilómetros de distância, ao massacre dos patriotas polacos sem mexerem uma palha, deixando que fossem os nazis a massacrar os nacionalistas que um dia poderiam vir a opor-se à tutela soviética.

(José Manuel Fernandes)

*

Talvez porque sempre tive propensão para a matemática e porque li muita coisa sobre a II Guerra Mundial até aos 15 anos de idade, os números que Davies indica não constituem novidade para mim. Sempre tive bem a noção de que a Guerra alemã foi essencialmente travada contra a Rússia e a Ocidente não houve mais que umas escaramuças, comparativamente.

Aliás, já uma vez lhe escrevi a notar que foi a batalha de Kursk que desviou os recursos alemães da Itália, e não o contrário…

De resto, é um feito militar espantoso o que o III Reich conseguiu infligir aos aliados ocidentais no Norte de África, em Monte Cassino e até na França/Holanda, com tão parcos recursos, já que o grosso das suas forças sempre esteve para lá da Polónia, desde o início da Barbarrosa! A Ocidente; só numa proporção de 10 para 1 os alemães eram vencidos. Em El Alemein os ingleses venceram mas perderam mais homens que o total de efectivos do Africa Korps, que nem era composto por nenhumas forças especialmente preparadas ou ideologicamente motivadas!...

Mas claro que para os ignorantes da história desta guerra estas coisas são surpresas, considerando a propaganda ocidental. Lembro-me que ainda não era maoísta, no início de 1970, e eu já escandalizava o dono do quarto onde vivia, em Lisboa, quando lhe afirmava que não haviam sido os ingleses no norte de África que tinham permitido a vitória russa de Estalinegrado mas sim o contrário…

Claro que a propaganda faz o seu trabalho e ainda recentemente um filme teve o despudor de afirmar que haviam sido os americanos a apanhar a máquina de código dos submarinos alemães, e não os ingleses, como de facto foram!

Do que me conta, a novidade maior estará na apreciação dos eventos na óptica da nova geografia política europeia!

No que escreveu no seu blogue, um reparo maior que talvez queira publicar:

Os 40 mil mortos de Dresden são a estimativa mínima e muito discutível dos efeitos das duas vagas de bombardeamento (com bombas de fósforo incendiárias), dado o grau de incineração dos cadáveres e o número mal-determinado de refugiados que na altura ocupavam aquela cidade cheia de casas de madeira. A estimativa máxima anda pelos 500 mil, mas é geralmente aceite que terão sido entre 100 e 150 mil. Ou seja, e isto é mais outra “novidade” para muita gente: mais que em Hiroshima ou Nagasaki!

(José Luís Pinto de Sá)

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OUVINDO

Uma grande cidade, uma grande sala de concertos, um grande público e a alegria da música: Buddy Greene toca harmonica.

No Carnegie Hall, Horowitz a tocar o Nocturno op. 55 nº 1 de Chopin.

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Menina em fuga. (Sandra Bernardo)

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INTERIORES / EXTERIORES: CORES DESTES DIAS

Clicando na fotografia fica na boa dimensão. Para se ver





(Sandra Bernardo)



Céu do Norte. Bruxelas, Setembro de 2008, 08:45. (F)



Serra do Açor



Azeitonas. (António Pedro)



Carteiro. (António Pereira Lopes Pedro)





VI Copa del Rey de Barcos de Época, este fim de semana, em Port Mahon, Baleares, Espanha. (Fernando Correia de Oliveira)



Jogadores do Amarante F.C. e do Ribeirão cumprimentando-se antes do jogo da Taça de Portugal que os segundos venceram. (Helder Barros)

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EARLY MORNING BLOGS


1376 - Villanelle at Sundown

Turn your head. Look. The light is turning yellow.
The river seems enriched thereby, not to say deepened.
Why this is, I'll never be able to tell you.

Or are Americans half in love with failure?
One used to say so, reading Fitzgerald, as it happened.
(That Viking Portable, all water spotted and yellow--

remember?) Or does mere distance lend a value
to things? --false, it may be, but the view is hardly cheapened.
Why this is, I'll never be able to tell you.

The smoke, those tiny cars, the whole urban millieu--
One can like anything diminishment has sharpened.
Our painter friend, Lang, might show the whole thing yellow

and not be much off. It's nuance that counts, not color--
As in some late James novel, saved up for the long weekend
and vivid with all the Master simply won't tell you.

How frail our generation has got, how sallow
and pinched with just surviving! We all go off the deep end
finally, gold beaten thinly out to yellow.
And why this is, I'll never be able to tell you.

(Donald Justice)

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1.9.08


NUNCA É TARDE PARA APRENDER: UMA II GUERRA MUNDIAL COMO NUNCA SE TINHA OUVIDO FALAR (1)

Norman Davies, Europe at War 1939-1945: No Simple Victory, 2006

Norman Davies é um dos historiadores contemporâneos que mais prezo. A sua história da Polónia é fundamental e os dois volumes sobre a Europa e sobre as "Ilhas" (Reino Unido e Irlanda) têm todas as virtudes de rigor, clareza, mecanismos originais de apresentação da "matéria" histórica, ironia e uma capacidade de síntese que só quem estudou e sabe muito é capaz de ter. Como é da tradição inglesa, a narrativa é importante e os livros são um prazer quer de ler, quer de folhear, outra maneira de ler (a sua história da Europa permite andar de trás para a frente à vontade, sem perda de nexo). E como também é da tradição anglo-saxónica, a narrativa é "provocative", defronta os nossos preconceitos, ignorâncias, falsas ideias, criadas muitas vezes por uma historiografia pouco cuidadosa ou ideologicamente manipulada.

Os livros só têm um "defeito" que, para quem os lê, pela duração da leitura, é uma vantagem: são muito volumosos, impossíveis de trazer no bolso e difíceis de levar para a cama. E, no caso português, isso deve ter sido um óbice à tradução, porque publicando-se tanta coisa menor, a obra de Davies exigiria ser traduzida e não o está que eu saiba.(*)

Quando comecei as quinhetas páginas de Europe at War eu estava de pé atrás: para que é que eu vou ler outro livro sobre a II Guerra Mundial, cuja historiografia conheço relativamente bem? Eu gosto de Davies, como se percebe, mas não tinha muito entusiasmo em ler mais uma história de síntese da guerra. Erro completo, o livro é obrigatório e fundamental.



(*) (...) este livro de Norman Davies foi publicado em Portugal pelas Edições 70 este ano com o título «A Europa em Guerra 1939-1945». Cada exemplar pesa 1,240 kg, o que confirma os seus comentários sobre o tamanho do livro.

(José Carlos Santos)



(Continua.)

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LEITURAS DO ÚLTIMO DIA DE PRAIA











Cecilia Ahern-Zomer voor Altijd
Rosie Wilde_Life's too Short to Frost a Cupcake

David Lodge-Pensamentos Secretos
John Grisham

José Rodrigues dos Santos - A Filha do Capitão
Jude Deverany

Steve Berry-O Elo de Alexandria
komt een vrouw bij de dokter- Uma mulher no médico

Kahled Hosseini- Duizend Schitterende Zonnen - Mil Sóis Resplandecentes
Katherine Pancol - La Valse Lente des Tortues

Anteontem, sábado, último dia de praia no Algarve, mais precisamente na Oura, na zona de Albufeira. Como tinha levado equipamento fotográfico para outro fim, optei também por fazer um pouco de paparazzi... literário, muito disfarçadamente, claro - já viu o que era, caso fosse apanhado por alguém mais ciumento, explicar que estava a "fotografar livros"?... Pois... Mas lá consegui fotografar o que estava ao alcance da minha 300mm. Os títulos (os possíveis) estão no título do ficheiro da foto mas, de alguns, não consegui obter informação relevante. Notas: só dois homens a ler (o Grisham e o Berry); bastante incidência holandesa; os portugueses optam esmagadoramente por jornais e revistas.

(Pedro Brás Marques)

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