ABRUPTO

20.8.08


O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES:
COISAS DA SÁBADO: “COMO DIZIA RAMBEAU...”

Em sequência da série 1 e 2.

Também tenho algumas pérolas para partilhar das traduções feitas em Portugal. Há dias estava a ver a série "Boston Legal", e numa determinada cena Denny Crane vangloriava-se dizendo: "You know, I have a Gulfstream". Qual o meu espanto quando a tradução na legenda foi: "Sabe, eu tenho uma corrente do golfo"! Quando obviamente se estava a referir a uma marca de aviões particulares...

Outra muito repetida no sector das Tecnologia de Informação (e não só!) é a tradução do inglês "by default", para o português "por defeito", que não faz sentido nenhum. A tradução correcta seria "por omissão", mas claro, quem aponta um erro acaba quase sempre "culpado" por ser "demasiado rigoroso"...

E já agora, faz algum sentido traduzir "Commander-in-chief" para "Comandante em chefe"!?

(Rodrigo Reis)

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Numa exposição, que está patente em Lagos (Borboletas através do tempo) organizada com o apoio de 9 entidades ( Ciência Viva, Fundação para a Ciência e Tecnologia, FEDER – União Europeia, Ciência e Inovação 2010, Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento, Instituto Português da Juventude, Museu Nacional de História Natural, Museo Nacional de Ciencias Naturales, Museu de Ciències Naturals e da Câmara Municipal de Lagos.) pela qual se pagam três Euros para entrar, em duas salas e um espaço de visionamento de um filme (por alguma razão eu era o unico visitante quando lá estive), há um filme (justamente) em que se traduz 10.000 years ago por 10.000 atrás. Como se costuma dizer, para inglês ver.

(Eduardo Tomé )

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Bush, em declaração recente sobre a situação na Geórgia, fala "in my name and in behalf of the american people", e isso foi traduzido na SIC para "eu e metade do povo americano"


(Fernando Correia de Oliveira)

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Não são apenas os nossos tradutores improvisados que cometem erros grosseiros de tradução. A influência do inglês nos meios académicos propagou, por exemplo, a expressão "evidência" como tradução de "evidence". Sobretudo entre os economistas, muitos doutorados e professores das nossas melhores faculdades, este é um erro generalizado. Como jurista este é um daqueles casos que me choca particularmente, por mostrar que alguns dos nossos académicos estrangeirados (nos quais me incluo) desleixam a tarefa de adaptação dos conhecimentos adquiridos pela leitura de obras em língua inglesa. O termo correcto é, consoante o contexto, prova (na acepção de prova científica) ou indício ou prova. Esta última é sempre passível de crítica pelos juristas mais puristas e nem sempre melhores profissionais; aliás, um dos sinais que me alerta imediatamente para a eventual presença de um mau jurista é a correcção do uso corrente do verbo alugar por arrendar, sobretudo quando o corrector salta à primeira oportunidade de alcançar um suposto ascendente por ter absorvido pelo menos uma das lições mais básicas em qualquer curso de Direito...

Devo sublinhar que, tendo nascido em 1968 e tido ainda o benefício de uma formação escolar pública razoável, eu próprio incorro por vezes nesse erro da adaptação directa de alguns termos técnicos (traduzindo "test" por teste em vez de critério, como me aconteceu há alguns anos).

(Miguel Moura e Silva)

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