ABRUPTO

5.2.05


OUVINDO GIRL CRAZY


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UMA SUGESTÃO

que infelizmente não posso seguir por falta de tempo, mas pode haver quem esteja interessado: como o debate Sócrates - Santana tem o texto disponível podia-se colocar o texto numa coluna e fazer o fact checking na outra para ver se números, afirmações, etc. estão exactos. É talvez o mais útil que sobra fazer depois do debate: saber quem foi rigoroso e honesto no que disse.

Ver META-DEBATE 42.

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INTENDÊNCIA

Em actualização os ESTUDOS SOBRE COMUNISMO.

Actualizadas as notas O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES: O VOTO DIFÍCIL, BIBLIOFILIA / SCRITTI VENETI e EARLY MORNING BLOGS 422.

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A LER

O melhor do Expresso por estes dias: as biografias que José Cutileiro faz de gente que é gente. A de hoje é de Jacques Villeret, actor.

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HÁ VIDA DEPOIS DE 20 DE FEVEREIRO (2): ESTRATÉGIAS DE SOBREVIVÊNCIA

"Se tiver acima disto [dos resultados das europeias], com tudo o que se passou, dizerem que é uma derrota, acho que é interessante."

A colocação como meta eleitoral do PSD de um resultado acima do que é presumido ter sido o das europeias é um absurdo que não pode ser tomado a sério. Aliás foi apresentado contraditoriamente com o objectivo de ganhar as eleições de 2005, na mesma entrevista. Esta maneira de falar que dá para tudo, é habitual. Só daquela voz é que podia vir ao mesmo tempo a intenção de ter mais de 40% e mais de 29% dos votos ao mesmo tempo.Plano pessoal A e plano pessoal B. O que conta verdadeiramente é o B.

A desonestidade intelectual e política é que todos os dirigentes do PSD em Junho de 2004, incluindo Santana Lopes e Durão Barroso, recusaram liminarmente uma interpretação nacional dos resultados das europeias. Não é verdade que Santana Lopes tenha recebido o partido com os resultados das europeias, recebeu-o e terá que prestar contas pelo resultado das legislativas de 2002, um partido no poder a governar, que ele alegremente destruiu em quatro meses. Barroso tem responsabilidades no que aconteceu, mas com ele nunca aconteceria o mesmo.

Acresce que o objectivo que foi prometido e reiteradamente prometido ao partido por Santana Lopes, afirmado no Conselho Nacional, na Comissão Política, em público e em privado, foi sempre uma vitória e uma vitória era (e é) o PSD ganhar as eleições. E também não é ficar o PS sem maioria absoluta, porque isso também é desculpa de mau pagador. Com Santana Lopes e a sua jactância eleitoral, ou ganha ou perde. O resto são já estratégias de sobrevivência de quem se prepara para não assumir qualquer responsabilidade do que se passou e quer enterrar o PSD ainda mais fundo.

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EARLY MORNING BLOGS 422

Nesta viagem e ida,
o que nela navegar
bem se deve contentar
co'a vida.
Nós tomemos bom castigo
co mal que vemos alheo,
e tenhamos gram receio
o mar de tanto perigo.
Nom façamos tal partida!
Antes cavar e roçar,
de conselho contentar
co'a vida.

Por passar tanta tormenta,
tempo, e vida tam forte,
e tam perto ser da morte,
antes nom quero pimenta.
Cá farei minha guarida
em escrever e notar,
e me quero contentar
co'a vida

Brás da Costa, Cancioneiro Geral

*

Bons dias!


*

Poema do "contraditório" desta aurea mediocritas, enviado por S., que me cuida como "não querendo pimenta":
¿Quién muere?

Muere lentamente
quien se transforma en esclavo del hábito, repitiendo todos los días los mismos trayectos, quien no cambia de marca.
No arriesga vestir un color nuevo y no le habla a quien no conoce.
Muere lentamente
quien hace de la televisión su gurú.
Muere lentamente
quien evita una pasión,
quien prefiere el negro sobre blanco
y los puntos sobre las "íes" a un remolino de emociones, justamente las que rescatan el brillo de los ojos, sonrisas de los bostezos, corazones a los tropiezos y sentimientos.
Muere lentamente
quien no voltea la mesa cuando está infeliz en el trabajo, quien no arriesga lo cierto por lo incierto para ir detrás de un sueño, quien no se permite por lo menos una vez en la vida, huir de los consejos sensatos.
Muere lentamente
quien no viaja,
quien no lee,
quien no oye música,
quien no encuentra gracia en si mismo.
Muere lentamente
quien destruye su amor propio,
quien no se deja ayudar.
Muere lentamente,
quien pasa los días quejándose de su mala suerte o de la lluvia incesante.
Muere lentamente,
quien abandona un proyecto antes de iniciarlo, no preguntando de un asunto que desconoce o no respondiendo cuando le indagan sobre algo que sabe.

Evitemos la muerte en suaves cuotas,
recordando siempre que estar vivo exige un esfuerzo mucho mayor que el simple hecho de respirar.
Solamente la ardiente paciencia hará que conquistemos una espléndida felicidad.
(Pablo Neruda)

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VER A NOITE



A névoa reduz as estrelas ao essencial: Sirius, a vermelha Betelgeuse, a azul Rigel no sopé de Orion, as Ursas Maiores todas, as Três-marias de Orion. Depois a variedade de luzeiros dispersos.

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A LER

De David Justino O que tem que ser dito na Quarta República

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O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES: RETORNO AO CÊNTIMO E CENTAVO

Não é totalmente correcta a afirmação do seu leitor Antonio, referindo não existirem denominações populares para o Euro. Aqui pela minha aldeia, sobretudo entre as camadas mais idosas é vulgar a denominação "oiros" em vez de "euros". Curiosamente, também alguns emigrantes falam em "oiros", o que me leva a pensar sobre a forma como se farão entender no país onde trabalham.
Provavelmente não será uma denominação com futuro, mas outras surgirão.
E os "contos" continuam na boca do povo, tal como antes. A única diferença é que 1 conto são 5 euros, em vez de 1000 escudos.

(Carlos Franquinho)

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O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES: RETORNO AO ASSESSOR E AO COVEIRO

Penso que existe alguma distorção e algumas incorrecções nas descrições e comentários publicados. Deixo ficar o meu contributo na forma de alguns factos e opiniões.

1º- "Não se trata de um concurso para assessor, mas sim para técnico de 1ª classe" (Jean)

Há aqui um engano. O concurso (interno) é mesmo para assessor (são abertos vários concursos na mesma data).

--- ver DR de 2004-12-06 série II pp. 18250 e segs.
(http://www.dre.pt/pdfgratis2s/2004/12/2S285A0000S00.pdf)

2º - "cujo vencimento anda à roda de 2500 EUR (500 contos)." (José Pó Vinho)

No final da carreira poderá chegar lá perto. O vencimento bruto de assessor, pela tabela de 2005, situa-se entre os €1.934,68, para o início de carreira, e os €2.315,27 para o final de carreira. O vencimento líquido (na maior parte dos casos) ficará abaixo de 300 e 350 contos, respectivamente.

--- ver Portaria 42-A/2005 do DR de 2005-01-17 suplemento I-B
(http://www.dre.pt/pdfgratis/2005/01/011B01.PDF)

3º - "será interessante ver quem é o assessor escolhido" (JPP)

O provimento de assessores só é possível de entre os técnicos superiores principais com pelo menos três anos de serviço com classificação de Bom ou cinco anos de serviço com classificação de Muito Bom. Os detentores de mestrado ou doutoramento (na área
funcional) usufruem de uma redução de 12 meses nos requisitos temporais anteriores. Assim sendo (notar que o concurso é interno), só poderá ser alguém que já esteja na A.P.

--- ver Lei 44/99 no DR 1999-06-11 I-A (que altera do Decreto-Lei
404-A/98 de 18 de Dezembro)

4º - "só precisa de uma cunha e de uma breve conversa...!!" (José Pó Vinho)

Quanto à cunha, fica para o ponto seguinte. Já quanto à conversa: é pública (provas públicas). E assim sendo, quem estiver interessado poderá (e deverá) assistir. O que na prática se verifica é que poderá ser necessário algum trabalho para saber onde e quando ocorrerá essa conversa. Mas quem estiver realmente interessado chegará lá, concerteza. Não se poderá admitir outra coisa.

5º - " Como se pode ver, o critério de selecção está definido e pode ser visto pelos candidatos ao lugar."

Por aqui é que que "a porca torce o rabo". Estão os critérios claramente definidos a priori (antes da candidatura)? Geralmente não.
Alguma engenharia nos critérios (ponderações), protegida por uma cortina de subjectividade de uma discussão / apreciação curricular, pode ser (é) utilizada para afinar o lugar a um candidato.

(Pedro Moreira)


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4.2.05


O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES


Rio Mira / Vila Nova de Milfontes/Atlântico/Pôr do Sol (António Lopes)

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O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES: O VOTO DIFÍCIL

Eu até gostava de votar, mas não me deixam
Os portugueses residentes no estrangeiro precisam de estar registados com o consulado para votarem. Até aqui tudo bem. O problema é que o registo precisa de ser feito presencialmente, um acto burocrático que está em extinção no resto da Europa. Até aqui tudo mais ou menos. A distância entre mim e o consulado português no Reino Unido são 1000 quilómetros de distância, 10 horas de carro ou pelo menos 30 contos de avião (num dia favorável). Agora isto já começa a soar a uma política de tratamento desigual dos cidadãos. E eu até nem me importava de pagar pelos meus direitos, porque me lembro de ouvir muitas histórias lá em casa sobre como se vivia no tempo em que não havia eleições democráticas.

Mas acontece que o consulado britânico em Londres só atende pessoas que “tiverem marcado entrevistas por fax”. Isto seria de rir se não fosse tão deprimente. O consulado envia depois um fax de volta a comunicar ao cidadão o dia em que concederá a real honra de perder tempo com um português. O consulado português em Londres fica no bairro mais caro da cidade, mesmo em frente ao Harrods, mas não tem fundos para contratar funcionários. O rei vai, portanto, nu. A frustração popular já causou desacatos e intervenção policial à porta do edifício. Eu gostava muito de votar, mas o Estado não está para aí virado. Mais experiências de eleitores expatriados, aqui.

(Claudia Monteiro)

*

Outro caso: Uma familiar proxima ganhou uma bolsa de estudo em Pequim, paga pelo Governo da R.P.C., portanto sem custas para Portugal que se limitou a custear a viagem.
Para votar, a dificuldade na Embaixada de Portugal e tanta que ao contrario dos estudantes de todas as nacionalidades, apenas os portugueses quase nao votam.
Compreende-se!, e muito trabalho: quase 20 cidadaos nacionais, e obra !

o meu pc perdeu os acentos... sera por dizer verdades que caiem os acentos? nas mentiras, creio que eram os dentinhos...

(António Belchior)

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HÁ VIDA DEPOIS DE 20 DE FEVEREIRO (1) : A HONRA PERDIDA DO PSD

Depois de 20 de Fevereiro o único património do PSD, para além da sua história, programa, tradições e militantes, será o facto de ser nítido para os portugueses que muitos evitaram, e alguns denunciaram, qualquer compromisso com as reiteradas incompetências, prepotências, confusões, culto de personalidade, que acabaram por culminar na primeira campanha negativa de um grande partido nacional com pretensões governativas. São conhecidas algumas dessas vozes com relevo no PSD, mas muitas vozes anónimas de militantes de base partilham desse sentimento.

Uma coisa é o PSD, outra esta experiência desastrosa que de social-democrática não tem nada. Tem passado despercebido que Santana Lopes violou a letra e o espírito do programa do PSD, em dois aspectos fundamentais: o culto de personalidade pessoal quase obsessivo (os hinos e os filmes da campanha nada tem a ver com a mensagem social-democrática porque desprovidos de significado num projecto colectivo) e na actual campanha negativa que ultrapassa a natural crítica política a uma governação, para atingir pessoalmente políticos do PS (o que viola o carácter personalista do programa, e a sua afirmação do valor meta-político da dignidade humana).

Foram os militantes que se indignaram, que mantiveram a honra quase perdida de um grande partido português, mostrando que uma coisa é o partido a que pertencem e ajudaram a fazer, outra o curso infeliz da direcção Santana Lopes. É verdade que a sua voz parecia perdida no unanimismo do Congresso, e é verdade que por muitas razões, boas e más, muitos outros consentiram e apoiaram. Mas mesmo esses já começaram a compreender que houve um erro e um erro grave e que o partido se afastou do património político de Sá Carneiro. É verdade que o partido está doente e lhe faltou a força para perceber que Portugal está primeiro e não a manutenção desesperada de meia dúzia de lugares de deputados e de secretários de estado para os dirigentes regionais e nacionais. Depois de 20 de Fevereiro, pouco nos sobrará e haverá quem tente levar o partido a uma divisão que foi sempre desejada por alguns, como o PP.

A ruptura na opinião pública entre o partido, ou pelo menos, parte do partido, e o seu actual Presidente, é a escassa riqueza que vai sobrar depois de 20 de Fevereiro: os portugueses distinguem entre o PSD e Santana Lopes. O PSD pode por isso levantar-se de novo.

(Continua)

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META-DEBATE - CONCLUSÃO

No debate de ontem entre Santana e Sócrates ficou bem patente o vazio que se instalou na política portuguesa. Se era isto que Santana queria, ainda bem que só houve um, sendo de agradecer o gesto de Sócrates, talvez ainda lembrado do desinteresse do Telejornal de Domingo, há não muito tempo atrás.
Depois de um primeiro quarto de hora deprimente, em que os dois candidatos fizeram um concurso sobre quem era o mais atacado na sua vida particular, mostrando-nos a verdadeira via sacra que tem sido o seu percurso, levando aos limites do inaceitável a estratégia da vitimização que é própria de ambos, restou uma discussão pobre, sem ideias, nem convicções.
E a verdade é essa mesma. Como o que os moveu sempre foi a auto promoção e os seus próprios interesses, apoiados na sua imagem, tanto Santana, como Sócrates, só se sentem verdadeiramente motivados e dominadores quando falam do dossier que mais os ocupou na sua vida e percurso político: eles mesmos.
Chegou a ser confrangedor a falta de verdadeiras distinções entre eles. São demasiado iguais, sendo que as fraquezas de um, são as fraquezas de outro, pelo que nunca pôde haver grande contundência nas afirmações.
Valha a verdade que o próprio formato do debate não ajudou, sempre muito rígido, com as perguntas excessivamente formatadas e um ambiente demasiado asséptico. Os entrevistadores pareciam que não estavam lá, demasiado distantes da discussão e pouco interventivos. Pareceu mais uma prova oral entre dois maus alunos, que apenas estudaram para passar e em que o professor deu uma ajudinha, nunca levando as questões muito longe, evitando assuntos que pudessem não ter sido estudados ou que não estivessem nas cábulas.
O debate de ontem mostrou porque é que a RTP decidiu acabar com o programa entre ambos aos Domingos e porque é que Marcelo os batia aos pontos, no mesmo horário, na TVI.

(Pedro Costa Azevedo )

Que grande confusão. E as propostas que aparecem têm um incrível impacto no aumento da despesa. Tão irrealistas, tal como a sua aplicabilidade. Multiplicar-se-ão os estágios sem o reconhecido valor pelas empresas só pelo facto de serem de graça? E o que acontece depois desses estágios? Voltam para o desemprego?

(Luis Couto)

Se não me engano começou com o Dr. Bagão Félix, e pelo menos mais duas pessoas comentaram o seguinte no seu blog:
"...um funcionário público reformado, com tempo completo, custa tanto ao Estado como um no activo..."
"...saem 2 entra 1, que só significa que o Estado deixa de ter encargos com
2 funcionários para passar a ter com 3..."
Gostava só de apontar para um pequeno defeito de raciocínio que leva várias pessoas a pensar que descobriram a pólvora e mais uma proposta demagógica de um candidato:
É que, as pessoas também morrem!
Até pode ser que, com o aumento da longevidade, dos dois que se reformam morrem menos de dois reformados (talvez 1,9 ?), mas dai até pensar que mesmo que se bloqueasse a entrada por completo íamos ter despesa para sempre...

(Pedro Nogueira)

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SCRITTI VENETI: VASCO GRAÇA MOURA

canção de veneza à chuva

minha musa em veneza, ó vaporetta,
cortando a luz de nácar na aqua alta
ondulante dos sonhos, não te falta
um voo de gaivotas que arremeta,
entalado entre a ponte e as fachadas
do rialto, a pousar
nas gôndolas paradas,
nem um ventinho frio a arrepiar
o bando anil dos pombos indolentes,
nem a gente compacta a atravessar
as pranchas, devagar,
como nas procissões de penitentes.

tudo a oscilar aqui. o rosa foi
vermelho, o verde já se esboroou,
no ocre havia amarelo, desbotou
o azul que era mais forte. tudo rói
a humidade dos tempos e trespassa
memórias, inscrições,
o vão de cada praça,
as loggie dos palácios, as prisões,
as torres, os tijolos, as empenas,
as arcadas, os ódios, as paixões,
toadas e canções,
todalas almas grandes e pequenas.

só fica o arco-íris que se vidra
entre quinquilharias e murano,
a abastardar o coração urbano
que a multidão invade como a hidra.
afunda mais veneza a piolheira
a percorrer as ruas
que o tempo que se esgueira
ao sabor das correntes e das luas,
sedimentando em mito o esplendor
da cidade a nascer por entre as puas,
ao rés da espuma, em nuas
geometrias tépidas de cor.

mas as pedras que ao sol prendem a luz,
feitas agora máscaras cinzentas
por onde escorre a pel’ das águas lentas,
diluem-se na tarde que as reduz
ao frágil tremular do fim do dia.
são um espelho gasto
que em sombras embacia
um tempo que devora o próprio rasto.
talvez a noite ao vir depois reúna
ao seu hálito negro esse nefasto
silêncio que é o pasto
dos renques de luzeiros na laguna.

tu, quando as nuvens carregadas vês
na tempestade, e o raio e as casas juntas
que giorgione lá pôs, porque perguntas
quem era essa mulher cuja nudez
segura um filho ao colo e lhe dá leite
aquém da trovoada
e da cidade? eu sei-te
dizer apenas: não se sabe nada
do como, onde e porquê dessas figuras
de uma estranha presença indecifrada.
a chave não é dada
e apenas se pressentem desventuras.

canção, que a vaporetta a mim me leve
em seu contentamento.
veneza, à chuva, ao vento,
para já a afundar-se não se atreve.
o sol há-de voltar. por isso escreve.

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BIBLIOFILIA / SCRITTI VENETI

Venises de Paul Morand, um dos mais belos livros sobre Veneza. A ler em tempos de temperatura rigida.

Dois fragmentos:

Je repris le chemin de Venise. Venise n'est que le fil d'un discours interrompu par de longs silences, où, de temps a autre, divers pays l'emportent, comme ils m'ont emporté : vingt-cinq années en Suisse, dix années a Tanger ou en Espagne, huit années en Angleterre; sans parler de Paris.
Barrès écrivait : "Cette image de mon être et cette image de l'être de Venise concordent en de nombreux points." Pour exprimer cela, mes titres sont moins grands, mais le temps que j'ai donné a Venise me permet de reprendre la phrase a mon compte. C'est surtout a travers mon passé que Venise, ainsi que Paris, fluctue sans couler.


*

1969

Venise d'automne, épouillée des touristes (sauf des hippies, bouddhas incurieux, indelogeables), avec ses monuments houssés de coton, grillagés de pluie; c'est la moins frivole. Venise de printemps, quand son pavement commence a suer et que le Campanile se reflète dans le lac de la place Saint-Marc. Venise d'hiver, celle de la temperatura rigida, du congelamento, lorsque les vigiles du feu surveillent les feux de cheminée, du haut des clochers, et que les loups descendent des Dolomites. Quant à la Venise d'été, c'est la pire...


*
Há trinta e quatro anos foi uma das minhas bóias nas matas de Cabinda. A edição era a da nrf e comprei-o em Luanda antes de seguir para a 'guerra'; mas nunca pensei que P. Morand o entusiasmasse tendo sido quem foi. E os taxis de Roger Nimier será que virão a seguir ?
(J. Mineiro)

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OS NOVOS DESCOBRIMENTOS: SATURNO QUENTINHO



- Mãe por que é que Saturno está tão quentinho?

- Mas Saturno é muito frio.

- Mas porque razão tem o pólo sul tão quentinho?

- E por que é que tu falas com tantos diminutivos?

- Gente pequena fala pequenino. E Saturno tem aquele polo sul a brilhar de quente...É o Yang e o Yin? O Yang no Yin ou ao contrário?

- O quê? Já te disse para não leres esses livros. Não são para meninos. Vai à Internet. Está lá tudo.

- Diz-me tu.

- Não digo para não ficares preguiçoso.

- Assim digo mais diminutivos...

- ... e eu não ouço diminutivos.

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OS NOVOS DESCOBRIMENTOS: BANG! EM MARTE OU T. S. ELIOT AO CONTRÁRIO



This is the way the world ends
This is the way the world ends
This is the way the world ends
Not with a whimper but a bang.

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META-DEBATE 52

Ainda estão a chegar mais contribuições dos leitores comentando o debate. Uma recolha das que levantam aspectos novos serão colocadas ainda hoje. Depois passa-se à frente.

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EARLY MORNING BLOGS 421

Halcón que se atreve
con garza guerrera,
peligros espera.

Halcón que se vuela
con garza a porfía
cazarla quería
y no la recela.
Mas quien no se vela
de garza guerrera,
peligros espera.

La caza de amor
es de altanería:
trabajos de día,
de noche dolor.
Halcón cazador
con garza tan fiera,
peligros espera.


(Gil Vicente)

*

Bom dia!

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3.2.05


AR PURO


Gainsborough

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META-DEBATE 51

Por agora chega.

Agora só vale a pena voltar ao debate para acrescentar alguma coisa.

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META-DEBATE 50

Quem sente que perde (não estou a dizer que perde) investe nos telefonemas para estas falsas sondagens cujo único objectivo é a cadeia televisiva que os patrocina ganhar dinheiro. O estado de necessidade aguça o engenho.

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META-DEBATE 49

O Abrupto vai a caminho de mais de 18000 "pageviews", com um pico durante o debate, chegando a ter quase trezentas pessoas ao mesmo tempo em linha e quase 4000 numa hora. Muitos leitores fora de Portugal acompanharam o debate pelo Abrupto. Fico contente por este resultado, porque a experiência era inédita na blogosfera portuguesa (com a tentativa anterior da chegada da Huygens a Titã). Resultou por mérito dos leitores do Abrupto e da sua colaboração.

Agradeço a todos as felicitações enviadas.

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META-DEBATE 48

Será que alguém se dá conta de que a avaliação dos estados de espírito feita a partir de indícios posturais e faciais é tão falível e que é o terreno mais fértil para a expressão de afiliações (já convencidos), para a bazófia (excesso de confiança) e o enviesamento do falso consenso (pensar que a maioria pensa como pensa o próprio que enuncia a avaliação), ambas distorções da capacidade de avaliação? Exemplos? Vide o debate que decorre no pós-debate na Sic Notícias: os pontos extremos são Luís Delgado e António José Teixeira, os restantes correspondem a posições degragées que se colocam no meio curso e que, assim, parecem mais imparciais.

(Miguel Oliveira)

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META-DEBATE 47 - BALANÇOS (2º SÉRIE)

O debate foi fraco, muito fraco. Que coisa mais artificial (formato incluído). Novidade zero, chama nenhuma.Refiro-me ao espectáculo, claro. Porque quanto à avaliação dos candidatos, estamos conversados.
Se bastasse saber argumentar para governar bem, o Eng.º Guterres nunca teria abandonado o barco. Ainda assim, diga-se que Sócrates, foi apenas igual a si próprio. Santana, nem isso...

(Américo de Sousa)

*

Depois de ver o debate, e na sequência de alguma coisa que escrevi em outro espaço (blog Alhos Vedros ao Poder) acerca da polémica em torno do papel da Igreja e outros grupos de pressão na sociedade, vi Sócrates e Santana a uma outra luz, que já entrevira mas não de forma tão nítida.
Sócrates é claramente o testa-de-ferro de uma importante federação de interesses e grupos de pressão que se viram ameaçados por um Santana que é notoriamente um atirador furtivo, sem tropas de qualidade suficientes para o secundar e sem a almofada de nenhum dos mais fortes daqueles grupos a proteger-lhe a rectaguarda.
Batido como Primeiro-Ministro, batido no próprio debate, Santana vai acabar mais só do que nunca quando o PSD não encontrar nada nele, nem o potencial líder carismático capaz de ultrapassar o desalinhamento em relação aos interesses, mobilizando o eleitorado.
Santana já sabe que vai perder e que, desta vez, nada o vai salvar. Do outro lado, não está um sobranceiro e mal-preparado João Soares como nas eleições para a Câmara de Lisboa.
Sócrates não é um outro Santana, como o acusaram. É um político cerebral e mecânico, que soube tocar em pontos sensíveis ao centro e esquerda (como sublinhou Luís Osório ao intervalo na Dois) ao longo do debate, com o objectivo de não alienar nenhuma franja do seu eleitorado potencial.
Paulo Portas também já sabe que Santana vai perder e tenta, a todo o custo, ganhar com isso deslocando indecisos do centro para a direita, sublinhando com clareza a diferença do seu comportamento em relação aos últimos líderes do PSD - um Durão que foi à sua vida e um Santana que não sabe da dele. Toda a sua campanha, incluindo um piscar de olho aos socialistas em questões "estruturantes", destina-se a sublinhar uma postura merecedora de algum poder.
Por tudo isto e por momentos, tive pena de Santana.
Pensou que pudesse escapar sem o beneplácito dos "poderosos".
Se é verdade que ele se mostrou claramente incompetente como Primeiro-Ministro, incapaz de mobilizar no seu partido uma massa crítica capaz, também não deixa de ser verdade que todos os ajudaram a mostrar o pior de si mesmo: a impreparação, acrença no golpe de asa à última da hora. O último prego no seu caixão foi a tentação de se mostrar moderno ao abrir a porta ao debate de questões como a eutanásia e a clonagem. A desorientação que demonstra é natural em quem vê o chão fugir-lhe debaixo dos pés e não vê qualquer hipótese de futuro.
Por estranho que pareça, ou talvez não, poderá ter sido efectivamente a sua não dependência em relação a alguns "poderes" que o condenou.
Mas, não sei se percebeu que esses poderes não foram propriamente os da Banca, dos Senhorios ou outros que vislumbramos a olho nu.
Se calhar, bem no fundo, ele acabou por não ser condenado pelas razões justas, nem por aquelas que à primeira vista parecem.
Será que ele já o percebeu ?

(Paulo G.)

*

Dois candidatos na defensiva só poderiam proporcionar um debate, no mínimo, desinteressante. Mesmo quando, aparentemente, atacavam, foi nítido que o objectivo era a defesa daquilo que já sabiam que o oponente iria dizer na primeira oportunidade. Tudo muito previsível. Ambos sabiam que o outro sabia que eles sabiam a questão que se seguia. Não foi umdebate: foi revisão de matéria dada!

(Jorge Santos)

*

Ao analisar apenas do ponto vista eleitoral quem apresentou propostas que mais seduzem, no geral acho que houve um empate, porque ninguém aprofundou os temas sensíveis, embora tenham dado pistas.José Sócrates arrancou melhor. Tinha tudo a seu favor. A forma como está a ser feita a campanha do PSD, os boatos que em nada dignificam a vida política e uma confortável vantagem nas sondagens. Mas cedo começou a perder terreno. Teve constantemente a vincar a ideia do crescimento económico, do emprego, das finanças públicas e do plano tecnológico, mas como são áreas em que a responsabilidade socialista do fracasso é deveras superior à da coligação foi perdendo confiança ao longo do debate e transmitiu muita irritação quando foram sucessivamente refutadas e apontados caminhos de futuro. Santana Lopes desmontou o plano tecnológico ao dizer o que já está a ser feito actualmente e não como uma miragem de futuro, assim como, o conhecimento que demonstrou ter das diversas pastas, como a imagem calma e segura que transmitiu, surpreendeu-me pela positiva, porque não tinha sido assim até aqui. Até as chamadas questões da modernidade, embora o seu nome seja discutível, que normalmente são caras à esquerda, foram abordadas com muito maior naturalidade e frontalidade por Santana Lopes.

Pela irritação e incómodo que sentiu, pela falta de credibilidade que tem para apontar soluções nos temas que colocou no centro da sua agenda, por não ter conseguido discutir o passado, por se comprometer muito pouco, José Sócrates perdeu o debate mais por demérito próprio do que por mérito de Santana Lopes.

(Roberto Reis)

*

O que os comentários mostram é que ninguém vai mudar o seu voto depois de ouvir o debate de hoje entre um socialista convicto JS e um socialista envergonhado PSL. E já agora o que dizer da promessa de colocar 1.000 jovens licenciados nas PME ? Se os patrões os quisessem não os teriam já ido buscar ? O PS sabe mais de empresas que os próprios donos ? Nem o BE se lembraria de tamanha aldrabice.PSL não soube aproveitar os erros do adversário " escutas telefónicas às mulheres que abortam !!!" e o "saem 2 entra 1" que só significa que o Estado deixa de ter encargos com 2 funcionários para passar a ter com 3. Estamos todos anestesiados, até o Dr Pacheco Pereira que só realça os erros de PSL.

(Jorge Bento)

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META-DEBATE 46 - BALANÇOS

PSL esteve melhor na primeira parte. JS mais calmo na segunda, mas sem dominar. No "final statement", JS pareceu melhor que PSL. Durante o debate os dois tiveram tendencia a resvalar para o populismo, mas estou em crer que o formato favoreceu JS, mantendo o PSL com "redea curta". Teria sido melhor se os candidatos tivessem mais tempo para expor as suas ideias e debater entre eles. Nao me parece que tenha havido um vencedor.

Andre Faria

*

Muito pouco. Educação nada, formação nada, saúde nada.
As perguntas formuladas não ajudaram, foram todas evidentes, permitindo aos intervenientes "debitar" as lições relativamente bem estudadas.
Não sei se há perdedor. Na minha opinião, vencedor não há.

(Maria Manuel)

*

A única elevação do debate foi o décor do estúdio e a solenidade dos jornalistas da SIC. Está tudo criado para o debate mas faltam as regras da disputatio e sobretudo os antagonistas (ainda assim, menos mal PSL do JS). Será que salvando a prosódia tão má, tão má de Sócrates ganhávamos um adversário?! Parecia tão simples "dominar" PSL, e no entanto..... Mas que penoso o tom popularucho de PSL "falando pro povo"!!

(Paula Lopes)

*

PSL não se safou da falta de credibilidade e foi mais retórico, parece mesmo viver noutro país quando afirmou que o pais está muito bem, que está melhor, diz que tem um sonho mas para o país é um pesadelo, insiste que ninguém põe em causa as decisões deste governo JS não aproveitou as fragilidades da coligação PSD/CDS, foi em geral mais positivo e construtivo

(antonio)

*

O argumento de que são os mesmos do PS a voltarem ao Governo é muito forte.
Penso que as pessoas se lembram dos últimos anos do Governo Guterreres.
O argumento dos últimos meses de Governo também é muito forte. Ninguém gostaria de voltar a ver coisas que se passaram no XVI Governo Constitucional.
Empate? Penso que não. Vantagem, ainda que ligeira (e com efeitos
discutíveis) de PSL.

(Rui Esperança)

*

Em relação ao debate acho que quem ganha é Paulo Portas, por incrível que pareça.

Fica-se com a sensação que se ele lá estivesse tinha dizimado dois candidatos a Primeiro-Ministro que com condições similares ao modelo de debates das eleições americanas nada conseguiram explicar com um mínimo de profundidade e clareza.

Demonstra que o deficit de produtividade abrange igual e claramente os actuais lideres políticos, até um simples debate serve para observar a diferença de capacidade e preparação dos políticos portugueses, em comparação com a performance de pseudo inculto-mentecaptos como George Bush.

Um abraço da Irlanda,

(Ricardo Carvalho)

*

Sobre o formato do debate:

- muitas questões importantes ficaram por abordar (a política Europeia, o real significado dos choques "tecnológico" e de gestão), enquanto uma importância despropositada foi atribuída a aspectos relativamente secundários (a campanha e os boatos e as "questões fracturantes")

- há uma tendência por parte dos candidatos para "debitar a lição", dando pouca visbilidade à capacidade argumentativa e ao efectivo domínio dos "dossiers" por parte dos candidatos

- embora as questões formuladas pelos jornalistas fossem relativamente concretas, contribuiram para isolar artificialmente a questão do contexto mais geral (crise orçamental e pacto de estabilidade, emprego e sustentabilidade do modelo económico, etc.)

- este formato tem a virtude de delimitar as derivas retóricas garantindo uma cobertura mais homogénea dos vários temas, mas às vezes fica-se com a sensação de que as questões são apenas afloradas (os jornalistas nem sempre aprofundaram suficientemente as questões durante o contraditório)

- seria útil dispôr entre o painel de jornalistas de alguém que estivesse mais atento às imprecisões, erros e omissões (deliberadas ou acidentais) dos candidatos.

Há virtudes que merecem ser desenvolvidas e melhorias que podem / devem ser introduzidas. Todavia, considero que as vantagens superam os inconvenientes.

Uma nota final para dizer que felizmente existe a TSF, de outra forma teria sido impossível seguir (oralmente o debate). Pergunto-me se a RTP vai colocar a versão vídeo no site. Lamentávelmente os vídeos da SIC só estão disponíveis aos assinantes do SAPO (localizados forçosamente em Portugal). Mais uma demonstração da real ausência de regulação independente em Portugal (reféns dos dos interresses instalados e em particular da PT)

(Carlos Oliveira, Londres)

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META-DEBATE 45

A maior desilusão foram os entrevistadores. De PSL e JS não se esperaria mais do que isto, mas de comentadores/entrevistadores como JGF, MFP e, principalmente, RC seria de esperar mto mais. Penso que foram vítimas do formato que constituiu um colete de forças, mais para eles do que para a dupla JS/PSL, onde se sentiam manifestamente pouco à vontade.

(JC)

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META-DEBATE 44

Estão a chegar ao Abrupto dezenas de mensagens, e centenas de leitores estão em linha, de vários países da Europa, das Américas e de Macau. Vou reler o correio, ver o que é relevante e colocar alguns balanços enviados.

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META-DEBATE 43

Boa resposta de JS ao tentar afastar do debate as chamadas "questões fracturantes" e denunciar a estratégia de PSL. Alás a contra-réplica de PSL é mal estruturada. Todavia, de modo geral PSL apresenta um discurso mais fluente. JS tem um discurso demasiado plástico ("debita a lição") denunciando algumas dificuldades não só na organização do discurso (falta de espontaniedade, excesso de repetições) como na articulação vocal.

(Carlos Oliveira)

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META-DEBATE 42

A verdade está à vista: um debate envergonhado, talvez propositadamente escurecido e baço no que respeita a cenário, para combinar com os dois "líderes", frases feitas e decoradas com afinco para perguntas previsíveis e repetitivas, soluções solúveis e vagas para problemas sólidos e reais, o reflexo de uma campanha amorfa de conteúdo e "rica" de teatralidade. A dura realidade de dois partidos, cujas faces visíveis convergem na falta de carisma, ideias e capacidades.

(José Barata)

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META-DEBATE 42

Precisamos muito de uma coisa como o FactCheck.org.
Não só era útil ter uma organização independente que verificasse e, sendo caso disso, desmentisse os factos alegados pelos candidatos, como talvez fosse uma maneira de fazer a universidade prestar um serviço ao público e deixar de contemplar o umbigo.

(PVS)

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META-DEBATE 41

A declaração final de PSL foi um desastre. A de JS melhor preparada, menos dispersa e reactiva.

*
Pelo contrário, a intervenção final de JS foi completamente de plástico!
A de PSL foi mais bem preparada e propositadamente dispersa, para aparentar expontaneidade...
(Jorge Nuno Silva)

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META-DEBATE 40

O Primeiro Ministro José Sócrates parece muito mais à vontade do que o Líder da oposição Pedro Santana Lopes...

(Alvaro Martins)

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META-DEBATE 39

Penso que fica a ideia de que, com outros protagonistas, o PSD poderia ganhar estas eleições por KO. Ou então com os mesmos protagonistas mas com mais (muitos mais) debates televisivos.
Mas este modelo de debate, verdadeiramente, não dá para atestar nada. Nem sequer para fazer juízos posteriores sobre as promessas feitas. Fica pouco na memória das pessoas por causa do pouco tempo e do ritmo de "parada-resposta".

(Rui Esperança)


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META-DEBATE 38

J. Socrates apesar de hirto a dominar os dossiers. Em relação à Segurança Social não teve tempo de explicar que o plafond não é uma certeza. è uma hipótese de trabalho já muito contestada. Estes debates pecam por ser curtos e não deixarem explicar as questões ao fundo para as pessoas perceberenm quão complexas são os temas dos quais dependem a sua qualiudade de vida.

Acabo com um comentário aos comentaristas. São demasiado supérfulos e dizem fait-divers.

É pena, compete-lhes também a eles estudar mais.

(Maria das dores ribeiro)

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META-DEBATE 37

Com a oportunidade do debate ser televisionado em dois canais simultaneamente, como é que ninguém se lembrou de em pelo menos um, se fazer uma tradução para deficientes auditivos?

(João Nabais Antunes)

*

O debate está a ser traduzido em linguagem gestual na 2:

(SARA Caixinhas)

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META-DEBATE 36

Até agora só concluo que são ambos bons oradores.

Quanto ao conteúdo só me apercebo que ambos fogem a questionar as promessas do outro, tendem a "aumentar" a parada. Indo por outro caminho... óbvio, mas é pena que nenhum encare a verdadeira situação do país.

(Luis Vaz de Carvalho)

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META-DEBATE 35

O Engº Sócrates "esquece-se" de esclarecer um "pormenor": um funcionário público reformado, com tempo completo, custa tanto ao Estado como um no activo.

(Maria Manuel)

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META-DEBATE 34

Os simpatizantes do PPD/PSD comentam que PSL é bom e os do PS acham que JS é o melhor: Como no Sporting e no Benfica.
Viva as cabeças em formato de bola.

(Manuel Ferreira)

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META-DEBATE 33

Parece um jogo de ténis entre amadores, a ver se o adversário falha a bola primeiro, para marcar pontos. Lento, lento, lento...
PSL saíu-se mal na fiscalidade. A economia não permite boas perspectivas de receita. O jogo dos números dos impostos cobrados não convence.
Falta de réplica de JS.
Esperava melhor. Dos dois.

(João Paulo Martins)

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META-DEBATE 32

PSL esforca-se por citar numeros e passar uma imagem de competencia; parece calmo. Se nao conhecessemos os ultimos quatro meses, talvez nos deixassemos enganar... Socrates parece tenso e pouco a vontade, por vezes soando agressivo. Nem parece que leva mais de dez pontos de avanco nas sondagens.

Andre Faria (debate seguido via radio online)

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META-DEBATE 31

JS saltou logo da cadeira e afastou-se de Santana.

(José Alegre)

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META-DEBATE 30

PSL sobre as matérias "morais" revela como elas foram coladas à última hora para justificar a questão do "casamento dos homossexuais". Ignora o muito que já está decidido e o trabalho já realizado na Assembleia.


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META-DEBATE 29

O que está a acontecer com o seu blog é fantástico, os portugueses mostram um grande pessimismo em relação ao futuro, mas este baseia-se em inovação e boas ideias, e nesta área não temos de ter complexos, é na realidade impressionante o que está a acontecer "online" mundialmente com cerca de 180 utilizadores espalhados pelos Estados Unidos, Canadá, Brasil, Moçambique (!), Macau, e pela Europa quase toda, é único !

Creio que temos de ter grande confiança relativamente ao futuro.

O debate tem sido elevado e não fica atrás dos debates Presidenciais nos Estados Unidos, os 2 candidatos a PM mostram um bom conhecimento dos assuntos o que revela tb uma evolução significativa em relação ao passado.

(Rui Martins)

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META-DEBATE 28

A “entourage” do PSD tinha razão numa coisa: Eram precisos mais debates.

(José Mesquita)

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META-DEBATE 27

JS tem um discurso mais claro, directo, frontal, combativo. Negativo: a tensão da voz e no discurso

PSL mais defensivo, com um discurso menos linear. Alguns apartes para destabilizar o adversário e mais à vontade com as câmaras.

(José Mesquita)

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META-DEBATE 25

Pormenor FULCRAL relativamente à questão do princípio genérico "por cada dois funcionários públicos que se reformam, só entra um": as necessárias reestruturações implicitas para tornar este princípio sustentável, poderão ser feitas em tempo útil?

####

JS escuda-se em mais estudos para não ter que anunciar medidas impopulares relativamente à questão da (in)sustentabilidade da Segurança Social.
PSL assume claramente medidas impopulares relativamente à mesma questão...

(Helder Alves)

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META-DEBATE 26

Tenho a certeza que há partes do debate, na parte económica, em que nenhum dos dois ouviu o outro.

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META-DEBATE 23

Não sei se lhe passou despercebido, mas PSL cometeu um erro ao falar sobre as receitas fiscais e despesa pública.

As receitas fiscais de 2004 -- 33000 milhões de Euros -- não são ca. 1/3 da despesa pública, como disse PSL, mas metade. Segundo estimativa do relatório do orçamento de Estado para 2005, a despesa pública total é de ca. 67000 milhões de euros (47,2% do PIB).

Como confiar num Primeiro-Ministro que não conhece com precisão o valor da despesa quando a estabilização das finaças públicas devia ser a prioridade do Governo? E como confiar num candidato a Primeiro Ministro que não o corrige de imediato?

(FS)

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META-DEBATE 23

O debate do stress. O modelo achado para o debate não leva a lado nenhum..
Não sei se ainda haverá muita gente a ver-ouvir

E agora finalmente não houve réplica ...

(JCPereira)

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META-DEBATE 22

PSL defende o principio de “não tocar nos direitos adquiridos”. Fica-lhe bem, mas talvez já não vá a tempo de (re)ganhar os votos dos trabalhadores da Caixa Geral de Depósitos.

(Pedro Martins)

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META-DEBATE 21

PSL não se saiu mal da questão do aumento das pensões. JS parece, por vezes, não ter argumentos para contrapor o seu adversário.
No que diz respeito à função pública, o que se esperava: nenhum dos dois, apesar das várias teses apresentadas, parece ter uma solução ou proposta viável para um ds maiores poblemas do país.

(Helder Beja)

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META-DEBATE 20

Debate: PSL a surpreender pela positiva: mostra estar melhor preparado e, sobretudo, adaptar-se muito melhor a este tipo de debates. É mais "real".
JS: plastificado. Parece pouco à vontade. Menos experiência.
A ver vamos se ainda muda.

(Rui Esperança)

Se PSL se agita mais um bocadinho lá se vão os auxiliares de memória que lhe prepararam...

(João Paulo Martins)



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META-DEBATE 19

A discussão sobre a segurança social foi boa, e menos adversarial do que parece.

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META-DEBATE 18

Quem os viu e quem os vê. Na RTP1 a sintonia era mais usual. O quanto divergem agora...

(Fernando Gonçalves)

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META-DEBATE 17

As perguntas do editor de economia da SIC são muito bem formuladas. PSL responde-lhes bem, mostrando ter-se preparado.

*
As perguntas do editor de economia da SIC são muito bem formuladas. PSL responde-lhes bem, mostrando ter-se preparado.
este comentário é bem a prova de que não é nada disso que se espera habitualmente de PSL
(antonio)

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META-DEBATE 16

Estas "propostas" referentes à pobreza dos "idosos" é uma clara mudança relativamente à politica do rendimento minimo, e destinada a ocupar um "nicho" que o drº Paulo Portas ocupou à una anos atrás.

(Pedro Jorge)

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META-DEBATE 28

Crise, Qual crise?
Ambos esperam que a economia cresça para financiar o aumento do Estado.
Perguntados se cortavam serviços ou não aumentavam a função pública, ignoraram a primeira e juraram aumentar a função pública. Mas prometem aumentar pensões aos pobres, pagar estágios profissionais, etc, etc...
Estes ainda não se aperceberam do tsunami.

(António Alvim)



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META-DEBATE 14

JS vai com o discurso demasiado decorado e mostra por vezes dificuldades em adaptar a agulha aos argumentos de PSL. demonstra ser demasiado plástico

PSL não se conseguiu desenrascar do problema do "colo".

e viva a rádio online, pois sem ela não ouvia o debate.

Abraços desde Bona,

(Gonçalo)

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META-DEBATE 15

Nunca tinha reparado nisto até hoje, mas creio que a voz de Santana Lopes passa mal quando interessa mesmo ouvir o que ele está a dizer. Fala de uma forma monocórdica, sem picos de entoação (muito parecido com o do António José Seguro - será das escolas das juventudes partidárias?), como se tivesse a boca cheia de berlindes. Parece contentar-se com o tom de voz e esquecer a melodia. Sócrates está um bocadinho melhor nesse aspecto e introduziu um elemento de indignação, que se nota mesmo quando o ruído da sala abafa o que diz.

(António Ferreira)

No discurso socrático saiem bolhas de ar que lhe roubam as sílabas.

(Paula Lopes)

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META-DEBATE 12

JS diz que todos ouviram o que PSL disse em Braga.

O problema é que ninguém (Portugueses) ouviu as alegadas declarações relativa aos "colos". O que de resto acho estranhíssimo dada a cobertura mediática da campanha.
O que tivemos foi um artigo/novela e a partir daí... Todos os meios de comunicação social replicam essas palavras.
Parece-me que PSL se defendeu muito bem dos ataques de JS. (muito melhor do que estava à espera)

(Helder Alves)

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META-DEBATE 13

Começou o debate das finanças e impostos sem grandes novidades. Demagogia de ambos. Ambos fazem propostas que implicam mais despesa.


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META-DEBATE 11

Ao insistir no "profundo respeito pelas opções pessoais" de cada líder partidário, e ao pedir logo a seguir um pedido de esclarecimento a Sócrates da sua posição sobre o casamento homossexual, PSL alimenta indirecta mas eficazmente o boato, desta vez na presença do visado.

(Paulo Azevedo)

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META-DEBATE 10

Quem está à frente das sondagens ... não tem que fazer papel de vítima...

(Tiago Azevedo Fernandes)

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META-DEBATE 9

PSL puxou o assunto do boato para dizer que é uma vítima dos boatos.
E quanto tempo até (...) apresentar as condolências à família do Adriano Cerqueira ?

Socrates abandonou a palavra "indigno"

percebeu o erro

e nega o boato : "mentiroso"

(Mário Almeida)

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META-DEBATE 8

Mal filmado: não se vê o que os debatentes mostram. JS mostra o cartaz da JSD contra ele e não se vê.

PSL diz que no cartaz se escreve "sabem quem é o eng. Sócrates?" : esqueceu o enfático "mesmo".

Sempre que JS acentua a "propaganda negra" revela a fragilidade de PSL.

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META-DEBATE 7

PSL tem razão em queixar-se de que a sua vida privada é usada contra ele, mas também é verdade que ninguém a expôs mais publicamente na imprensa cor-de-rosa.

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META-DEBATE 12

Como neste novo modelo os candidatos só têm 2,5 minutos para responder, os jornalistas repetem vezes sem conta a mesma pergunta!

Já lá vão 20 minutos sobre o mesmo tema!

(Pedro Martins)






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META-DEBATE 6

Temas de JS : "juízo sobre os últimos três anos" e propostas. Palavra-chave: "mudança".

Temas de PSL: informação "agressiva", défice de debates, “economia, finanças, moral”, boatos: "eu tenho vinte anos de boatos em cima".

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META-DEBATE 5

Saber quem vem com quem seria mais interessante do que saber a cor das gravatas. A escolha dos conselheiros é reveladora.

Do PS está o porta-voz.

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META-DEBATE 4

Santana Lopes (PSL) sugere que o modelo do debate está feito para que "ninguém perca ou ganhe", o que talvez possa ser verdade. Vamos ver.

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META-DEBATE 3

Quando a discussão se centrar em “hoje o que eu faço, vocês fizeram ontem”, ou qualquer outra variante de “equilíbrio” deste tipo, dando a entender que todos fazem o mesmo, ou ninguém (o outro) não tem autoridade para falar, está-se na politiquice. Ambos os partidos já fizeram tudo o que diziam que não faziam e vice-versa e não é por aí que se avança muito na discussão.

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META-DEBATE 2

As perguntas de João Miranda no Blasfémias.

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META-DEBATE 6

Coreografia: PSL cumprimentou primeiro os jornalistas, depois José Sócrates (JS).


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META-DEBATE 1

O modelo do debate parece-me demasiado rígido para um frente a frente, mas pode ser que resulte. Às luzinhas preferia um modelo como o do relógio do xadrez, de modo que cada um pudesse gastar o seu tempo na matéria que considerasse mais relevante, o que é também um indicador eleitoral.

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META-DEBATE: O ABRUPTO EM DIRECTO DURANTE O DEBATE SANTANA - SÓCRATES

A partir das 20.30, ou até um pouco antes, o Abrupto iniciará uma série de comentários ao debate em tempo (quase) real. Não se trata de saber quem "ganha", porque não é esta a escola da casa, mas de comentar o que vai sendo dito, a pertinência das perguntas, sugerindo perguntas (uma sugestão retórica, mas que pode suscitar a percepção do que falta), colocando em linha mensagens entretanto recebidas dos leitores.

Não sei se resulta, porque ver com atenção não é compatível com escrever ao mesmo tempo, mas é uma experiência de comentário rápido que vou fazer.

O endereço de e-mail vai estar em aberto para acrescentar comentários, sabendo os leitores que se seguem as regras editoriais habituais no Abrupto.

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NOVIDADES

no Abrupto a partir da tarde e uma iniciativa inédita na blogosfera. Até breve.

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2.2.05


APRENDENDO, PARA UM PAÍS EM ESTADO DE NECESSIDADE, AS BOAS MANEIRAS COM O SR. JOÃO FELIX (VIA RAMALHO ORTIGÃO) - 2

Tratando do modo de proceder à mesa do jantar faz o Sr. João Félix Pereira duas observações muitíssimo sábias.

A primeira é que não tomemos pitada de rapé pelo meio das coisas que estivermos comendo.

Compreende-se todo o alcance desta advertência, reparando-se, por um só momento que seja, nos equívocos a que podia dar origem a concorrência do rapé com os acepipes, resultando por exemplo lançar-se a pitada sobre a salada e meter-se no nariz beterrabas!

A segunda advertência é que nunca metamos bocado nenhum na boca enquanto não tivermos engolido o bocado antecedente. Ninguém imagina sem o ter experimentado quanto importa ser cauteloso na matéria deste capítulo! Metendo na boca os bocados sem tomarmos a deliberação de os irmos sucessivamente engolindo, chegamos por espaço de tempos a uma indefinida aglomeração de bocados dentro da nossa boca. As pessoas que insistem, por tenaz grosseria, em não engolirem os bocados que vão metendo consecutivamente na boca caem, ao cabo de alguns dias dessa terrível incúria, na dura necessidade de depositarem os bocados antigos que tenham entre a maxila superior e a maxila inferior, a fim de receberem bocados novos. Quando isto haja de se fazer convém que se tenha em vista o que o Sr. João Félix discretamente consigna com respeito aos escarros, isto é: que tais esvaziamentos se façam o menos que ser possa sobre os penteados das pessoas que nos cerquem, e muito mais particularmente quando estas tenham tido a precaução de nos advertir de que tais depósitos feitos sobre as suas cabeças lhes inspirem ideias asquerosas. Neste caso, toda a insistência da nossa parte correria o perigo de ser taxada de menos cortês.

Depois do que fica exposto nada mais nos resta para aprender do modo como nos devemos apresentar na sociedade, a não ser o que o mesmo Sr. João Félix nos determina com relação ao nosso corpo, e isto importa muito que se saiba de cor. Vem a ser:

"Conservemos direito o nosso corpo, qualquer que seja a sua postura, em pé, sentado, de joelhos: não inclinemos a cabeça, já para um, já para outro lado: se nos for preciso fazê-lo, façamo-lo com toda a gravidade."

Seria muito para desejar que no grémio das sociedades cultas se conhecesse que tal doutrina começava a frutificar, ouvindo-se de quando em quando as seguintes vozes:

"Meus senhores e minhas senhoras, permitam-me vossas senhorias ou vossas excelências (segundo o tratamento que lhes convier pelas disposições a tal respeito do capítulo VII do grande livro do Sr. João Félix Pereira sobre a civilidade) que eu lhes exponha um caso. Achando-me desde que entrei nesta sala com a cabeça voltada a N.Nº. - ponto A - e acabando de ser chamado a N - ponto B - pela ilustríssima e excelentíssima senhora D. Joaquina, espero que a sociedade não tome por desfeita o excesso aparentemente inexplicável em que vou romper inclinando levemente a cabeça do ponto A para o ponto B."

E só depois de havida a competente vénia dos circunstantes, o suplicante se permita inclinar-se levemente a D. Joaquina.

É o que pedem a morigeração e a decência.

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APRENDENDO, PARA UM PAÍS EM ESTADO DE NECESSIDADE, AS BOAS MANEIRAS COM O SR. JOÃO FELIX (VIA RAMALHO ORTIGÃO) - 1

A arte de regular as maneiras por meio de uma combinação feita entre a nossa organização e a nossa vontade é uma das mais importantes coisas que se devem conhecer. Há homens que, sem plausivelmente sabermos porquê, alcançam tudo quanto querem nas pretensões do Estado, nas transacções comerciais, nas atenções das salas. Emerson, o célebre escritor americano, observando que os indivíduos que mais frequentemente obtêm esses triunfos não são os mais inteligentes, nem os mais belos, nem os mais honrados, averigua com muita lógica que o sucesso das nossas aspirações na sociedade depende principalmente do nosso porte. Por tal razão, Emerson define as maneiras - talento de dominar.

No modo como nós nos vestimos, como falamos, como olhamos, como nos movemos, há efectivamente uma espécie de indefinido magnetismo a cuja influência não pode furtar-se quem se lhe sujeita.

Napoleão I aprendia em lições particulares com Talma o melhor modo de traçar o manto e de se sentar no trono.

Madame de Girardin, escrevendo na Presse as cartas do Vicomte de Launay, deu aos seus compatriotas as mais delicadas regras do maintien. Balzac deixou entre os seus trabalhos inéditos um importantíssimo capítulo intitulado A teoria do modo de andar.

Carlos Dickens, por ocasião de uma viagem aos Estados Unidos, achou útil explicar aos Americanos, entre outros preceitos de civilidade, que não era de bom gosto, quando se estão vendo estátuas, bater nos mármores com as bengalas.

Em Portugal todas essas coisas se aprendem nas escolas de instrução primária, e da disciplina formada do conjunto desses preceitos são os alunos devidamente examinados nos liceus nacionais.

O mestre das maneiras portuguesas não é Talma, nem Madame de Girardin, nem Balzac, nem Emerson, nem Carlos Dickens. É simplesmente o Sr. João Félix Pereira, médico, engenheiro civil e agrónomo.


(continua)

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AR PURO


Gainsborough

(Seguindo uma sugestão de Pedro Burmester.)

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EARLY MORNING BLOGS 420

The Meditation of the Old Fisherman


You waves, though you dance by my feet like children at play,
Though you glow and you glance, though you purr and you dart;
In the Junes that were warmer than these are, the waves were more gay,
When I was a boy with never a crack in my heart.

The herring are not in the tides as they were of old;
My sorrow! for many a creak gave the creel in the cart
That carried the take to Sligo town to be sold,
When I was a boy with never a crack in my heart.

And ah, you proud maiden, you are not so fair when his oar
Is heard on the water, as they were, the proud and apart,
Who paced in the eve by the nets on the pebbly shore,
When I was a boy with never a crack in my heart.


(Yeats)

*

Bom dia, with never a crack in my heart!

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NOTÍCIAS DO ABRUPTO

Hoje o Abrupto teve mais de 11000 "pageviews" (segundo o contador mais sóbrio), com todos os outros indicadores mostrando uma afluência excepcional, acontecendo, variadíssimas vezes ao dia, que mais de sete dezenas de leitores o consultavam simultaneamente em variados países, com relevo para Portugal e para os locais da diáspora portuguesa. Não custa compreender que isto é um duplo reflexo das notícias nos média clássicos a partir dos textos do blogue, e sinal da campanha eleitoral, mas revela também que o debate que aqui se trava não tem voz equivalente fora da blogosfera.

Muitas mensagens foram e continuam a ser recebidas com cabimento na correspondência de leitores associada à "crise de representatividade". Como escreve uma militante do PSD, identificada e com número de filiada, numa mensagem enviada ao Abrupto:

"A única coisa de reconfortante que verdadeiramente me aconteceu nestes últimos dias foi constatar que o universo de militantes e simpatizantes do PSD que partilham o meu desepero sobre a actual representação vai muito além do meu círculo de amigos."

Logo que possa prepararei uma segunda série.

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1.2.05


DRAMATIZAÇÃO

Era o que o PS mais precisava para se aproximar da maioria absoluta e não tinha até agora conseguido. A campanha do PSD do "colo" e do "sabemos quem é / não sabemos quem é" deu-a de mão beijada ao PS.

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UMA MEDIDA CORAJOSA

é a decisão do Ministro das Finanças de mandar executar as dívidas ao fisco dos clubes de futebol em plena campanha eleitoral, se for mesmo para aplicar. Já não digo que seja uma medida do governo, porque tudo indica que cada ministro está em roda livre.

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O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES: CÊNTIMO OU CENTAVO
Enviei, em tempos, email ao Banco de Portugal protestando contra a adopção do termo
cêntimo quando bem se poderia dizer, em Português, um Euro e cinquenta centavos (1,5 €). Note-se que o termo admite submúltiplos, mil avos, e que eu saiba não há "milêntimos".

Junto envio (textualmente) a resposta do Banco de Portugal:

Ex.mo Senhor: Tem razão na observação que faz. De um ponto de vista da correcta utilização da língua portuguesa não estaria incorrecto e até (eventualmente) estaria até mais correcto. Acontece que, quiçá, por uma questão de maior proximidade linguística com as designações adoptadas nooutros países, optou-se em Portugal pela designação "cêntimos".

O Regulamento (CE) nº974/98 do Conselho, de 3 de Maio de 1998, relativo à introdução do Euro afirma na sua alínea (2): "...que a designação dada à moeda europeia será «euro»; que o euro, enquanto moeda dos Estados-membros participantes, será dividido em 100 subunidades designadas «cent»; que a definição da designação «cent» não impede a utilização de variantes deste termo que sejam de uso comum nos Estados-membro...".

Em resposta a este Regulamento, foi respondido: "...in conformity with Council Regulation 974/98, national legislation has already adopted the parallel use of the words cêntimo/cêntimos as the Portuguese terms corresponding to cent/cents(the latter being spelled out as abbreviated
forms of the first ones). (...) We would therefore encourage the Commission services to follow this route."

Com os nossos melhores cumprimentos,

Banco de Portugal - Gabinete de Informação sobre o Euro
(António de Melo)


*
(...) também em tempos pugnei (creio que junto do Ministério das Finanças ou Secretaria de Estado do Tesouro) pela adopção da nossa expressão "centavo" em vez de "cêntimo"

na altura havia o argumento da conveniência de distinção entre a fracção do escudo e a fracção do euro, relevante para o êxito do processo de transição e para evitar maiores confusões na fase crítica de adaptação à nova moeda

tanto mais que o cêntimo foi a verdadeira unidade que substituiu o escudo, pela proximidade de valor, e não o euro, de moeda com o valor muito superior de 200 escudos, rectius 200$482

essa preocupação é agora relativa e na linguagem corrente refiro-me com frequência a centavos, com boa receptividade por parte dos interlocutores - por cá, pois no estrangeiro são mesmo cêntimos!

E vou acreditando que, a generalizar-se o uso corrente de "centavo", poderíamos recuperar esta nossa expressão por direito consuetudinário, enfim, pela tradição e força da linguagem popular

aliás, de há muito me intriga o facto de ainda não haver uma denominação popular para o euro, como para a antiga moeda havia "coroas", "paus", etc., sinal talvez de que o euro ainda está na fase da implantação oficial e não conquistou ainda o goto do povo
(antonio)


*
Não entendo a oportunidade do problema. Consulta-se o dicionário e encontra-se :

Centavo - s. m., centésima parte de um escudo (moeda); centésimo.

Cêntimo - do Fr. Centime, s. m., centésima parte da unidade monetária de diversos países.

Se podemos distinguir de uma forma tão simples as centésimas partes da anterior e actual moeda, por que não adoptar o termo cêntimo para o caso do euro?
(Jorge Oliveira)

*
Um destes dias a minha mulher (que é brasileira) passou um cheque de tantos euros e tantos centavos. Resultado, não quiseram aceitar o cheque. Eu lá expliquei aos senhores que a subdivisão do euro era o "cent" e que este poderia ser declinado conforme cada idioma e país achassem melhor (em Espanha, salvo, fala-se de centavos de euro). E que em Portugal sempre houve centavos e nunca cêntimos. O senhor do balcão resmungou mas aceitou o cheque. E eu agora descubro, com muita tristeza, que quem estava errado era eu, e que "cêntimo" é mesmo a designação oficial da subdivisão do euro em Portugal.

Ao contrário de outro leitor, não me preocupa o ainda não ter aparecido o equivalente à "c'roa" ou ao "pau" com o euro. É só uma questão de tempo (e, lembro-me agora, até já há quem fale em "euricos", o que é divertido). Mas chateia-me que, de forma ignorante, Portugal tenha adoptado o termo "cêntimo" (que é um galicismo) quando nada nos obrigava a isso, perdendo o que era talvez a nossa última oportunidade de recuperar o belo termo "centavo".
(Rui T.)

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O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES: O ASSESSOR E O COVEIRO
Sabem qual é a diferença entre a carreira de Assessor no Instituto Português da Juventude (IPJ) e a carreira de Coveiro na Câmara Municipal de Lisboa...? Ora atentai lá nesta coisa vinda no Diário da República nº 285 de 6 de Dezembro de 2004:

No aviso nº 11 466/2004 (2ª Série), declara-se aberto concurso no I.P.J. para um cargo de "ASSESSOR", cujo vencimento anda à roda de 2500 EUR (500 contos).

Na alínea 7:..." Método de selecção a utilizar é o concurso de prova pública que consiste na ...apreciação e discussão do currículo profissional do candidato."

Em contrapartida...

No Aviso simples da pág. 26922, a Câmara Municipal de Lisboa lança concurso externo de ingresso para COVEIRO, cujo vencimento anda à roda de 350EUR (70
contos) mensais. "... Método de selecção:

Prova de conhecimentos globais de natureza teórica e escrita com a duração de 90 minutos. A prova consiste no seguinte:
1. - Direitos e Deveres da Função Pública e Deontologia Profissional; 2. - Regime de Férias, Faltas e Licenças; 3. - Estatuto Disciplinar dos Funcionários Públicos.
Depois vem a prova de conhecimentos técnicos:
- Inumações, cremações, exumações, trasladações, ossários, jazigos, columbários ou cendrários.

Por fim, o homem tem que perceber de transporte e remoção de restos mortais. Os cemitérios fornecem documentação para estudo.

Para rematar:
Se o candidato tiver:
- A escolaridade obrigatória somará + 16 valores;
- O 11º ano de escolaridade somará + 18 valores;
- O 12º ano de escolaridade somará + 20 valores.

No final haverá um exame médico para aferimento das capacidades físicas e psíquicas do candidato. ISTO TUDO PARA UM VENCIMENTO DE 70 CONTOS MENSAIS!
Enquanto o outro, com 500, só precisa de uma cunha e de uma breve conversa...!!

(José Pó Vinho)

Se isto é verdade, muita coisa se explica na função pública, e será interessante ver quem é o assessor escolhido.

Nota: vários amigos de outros blogues disseram-me que o texto circulava na rede e já tinha sido previamente publicado noutros sítios. Não importa, se for verdadeiro, e tudo indica que é, vale a pena divulga-lo.

*
A propósito do comentário que acabei de ver no Abrupto (O Assessor e o Coveiro) só quero dizer que não me surpreendeu.
Isso é de facto assim há já muitos anos na administração pública. Comparem-se as exigências das provas para a categoria de Assistente Administrativo e as de Técnico Superior de 2ª Classe. O que mostra, em minha opinião, que nem todas as responsabilidades do estado da A.P. cabe em exclusividade aos governos. Cabe, sim, aos "dirigentes" que têm o poder e que nunca foram responsabilizados pelas asneiras. Seria curioso fazer-se um levantamento, que não precisaria de ser muito exaustivo, sobre os avisos de concursos no Diário da República da 2ª série para nos apercebermos das manigâncias que se fazem para conseguir meter A, B ou C na Administração Pública.
E o que dizer, por exemplo,daquele concurso para um lugar de Técnico de um Centro Regional da Segurança Social situado no norte que exigia como requisito que os candidatos tivessem 36 ou mais anos de idade?
O que se faz para meter alguém com forte cunha!!
(Anibal Barca)

*
Achei estranha a comparação e a coincidência das datas, pelo que decidi procurar no site do Diário da República (DR) se o que circulava era, de facto, verdade.

Depois de encontrados estes dois endereços:
http://dre.pt/pdfgratis3s/2004/12/2004D283S000.pdf
http://dre.pt/pdfgratis2s/2004/12/2S285A0000S00.pdf , posso dizer o
seguinte:

O senhor José Pó Vinho esqueceu-se de transcrever algumas partes do citado aviso do DR, que me parecem importantes:

"Concurso interno de acesso geral para a categoria de técnico de 1ª classe - área funcional de engenharia civil."
<- Não se trata de um concurso para assessor, mas sim para técnico de 1ª classe ->

"2 - Área funcional - competem ao técnio de 1.ª classe funções técnico-consultivas de natureza científica e técnica, exigindo alto grau de qualificação, responsabilidade, autonomia e alto domínio da sua área de especialização e uma visão global de administração, tendo em vista a preparação de tomada de decisão na área da engenharia civil."
<- A pessoa a contratar terá que ser qualificada e com formação superior ->

"7 - Método de selecção - os métodos de selecção a utilizar são os de avaliação curricular e entrevista profissional de selecção.
7.1 - Os critérios de apreciação e ponderação da avaliação curricular e da entrevista profissional de selecção, bem como o sistema de classificação final, incluindo respectiva fórmula classificativa, constarão das actas de reuniões do júri do concurso, sendo as mesmas facultadas aos candidatos sempre que solicitadas."
<- Como se pode ver, o critério de selecção está definido e pode ser visto pelos candidatos ao lugar. ->

O concurso para coveiro, publicado no DR de 03 de Dezembro de 2004, é, obviamente, uma situação diferente.
Não tem sequer cabimento a comparação.
Parece-me que o artigo (publicado em diversos blogues e até no Público) tem deturpações em relação à realidade.
(Jean)

*
Os casos dos “concursos” hoje referidos no Abrupto (que assim, e por motivos alheios à gerência, fica mais Absurdo do que Abrupto) parecem-me um bom pretexto para recordarmos que a Justiça, ou a falta dela, não passa só pelos Tribunais ao contrário do que os muito propalados “casos mediáticos” levam a pensar. Quem é excluído num concurso, quem passa horas à espera numa Repartição para lhe passarem em triplicado uma guia para pagar uma taxa, quem encontrou um papel colado na porta a notificá-lo para se dirigir com urgência à Repartição de Finanças para tratar de assunto do seu interesse quando nada deve, ou quem quer instalar um negócio e se vê afogado em burocracias irracionais e desnecessárias, sabe bem do que falo.
(RM)

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INTENDÊNCIA

Actualizada a nota CRISE DE REPRESENTAÇÃO (3). Cada vez recebo mais correspondência no sentido daquela que tem vindo aqui a ser publicada. Concordo e discordo com algumas afirmações dos leitores do Abrupto, mas não é isso que para mim é relevante. As cartas que selecciono são aquelas em que o voto e a vida se misturam, ou que enunciam razões que são vivas no debate público dos dias de hoje. A sua publicação não significa mais do que dar expressão pública (e informação pública) sobre preocupações partilhadas por muita gente e contribuirem para o debate eleitoral. Cada um forme depois a sua opinião.

Colocado no VERITAS FILIA TEMPORIS um texto, Antes e Depois, de Junho de 1994, sobre o golpe de estado na Argélia destinado a impedir que os fundamentalistas, que tinham ganho as eleições, assumissem o poder. Penso que o texto , feito em polémica com João Carlos Espada, tem a ver com os mesmos argumentos que hoje se usam para atacar as eleições iraquianas e a possibilidade de darem origem a uma maioria religiosa xiita. O argumento hoje tem muita má fé, porque é um sucedâneo do argumento contra as eleições "patrocinadas pelo ocupante", e, levado aos seus limites, é hostil ao princípio democrático. No entanto, é semelhante ao que levou muitos países ocidentais, com relevo para a França, a aplaudirem o golpe argelino.

Continuo por isso a achar que "aprende-se mais sobre a democracia com Weber e Nietszche do que com Popper".

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O 31 DE JANEIRO NO PORTO, DO PORTO

A ler o texto de joaomacdonald sobre o 31 de Janeiro no Barnabé.

A rua foi sempre para muitos portuenses “31 de Janeiro” quando se chamava “S. António”. Acrescento à parte histórica do texto que, durante os anos da ditadura, a oposição tentava fazer manifestações na rua com a mesma cegueira militar dos revoltosos republicanos de 1891. A rua era a menos apropriada para estas exibições de coragem: íngreme, pouco larga e propícia a ser varrida pela metralha de cima (como em 1891) e pela pancada da polícia de baixo. Os raros comícios da oposição permitidos no Porto eram no Coliseu ou no Olímpia, e a manifestação, que invariavelmente se formava à saída, tentava chegar à Avenida dos Aliados, para o que só tinha ruas com desnível. Resultado era ser “dispersada”, como se dizia, logo a seguir a meia dúzia de “desacatos”, como também se dizia na língua de pau salazarista. Como também lá andei aos "desacatos", não me esqueço.

A favor da rua diga-se que tinha (tem) uma livraria em cima, outra no meio (que eram duas coladas) e outra no fim, e, nos anos sessenta e setenta, duas das melhores lojas de discos da cidade.

*
Se não estou em erro, o local de onde os revoltosos foram metralhados em 1891 era mais amplo na altura do que é actualmente. Actualmente, aquela plataforma de onde se avista toda a rua 31 de Janeiro (bem como a dos clérigos) termina aproximadamente no prolongamento do eixo central da rua.

Quanto à cegueira dos revoltosos de 1891, creio que se pode explicar, pelo menos em parte, pelo boato que se espalhou entre eles de que tinham o apoio do oficial (cujo nome me escapa neste momento) que comandava então os militares que foram destacados para os enfrentar.

Quanto às casas de discos, creio que se está a referir à Discoteca Santo António e à Valentim de Carvalho. Efectivamente, eram muito boas, mas o que é espantoso para uma rua daquele tamanho é que nos anos oitenta e noventa havia lá ainda mais duas casas de discos, na parte de baixo.
(José Carlos Santos)

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COISAS SIMPLES


Vuillard

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EARLY MORNING BLOGS 419

A concha


A minha casa é concha. Como os bichos
Segreguei-a de mim com paciência:
Fechada de marés, a sonhos e a lixos,
O horto e os muros só areia e ausência.

Minha casa sou eu e os meus caprichos.
O orgulho carregado de inocência
Se às vezes dá uma varanda, vence-a
O sal que os santos esboroou nos nichos.

E telhadosa de vidro, e escadarias
Frágeis, cobertas de hera, oh bronze falso!
Lareira aberta pelo vento, as salas frias.

A minha casa... Mas é outra a história:
Sou eu ao vento e à chuva, aqui descalço,
Sentado numa pedra de memória.


(Vitorino Nemésio)

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Bom dia!

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APRENDAMOS COM EÇA DE QUEIROZ SOBRE O DIABO

Conhecem o Diabo?

Não serei eu quem lhes conte a vida dele. E, todavia, sei de cor a sua legenda trágica, luminosa, celeste, grotesca e suave!

O Diabo é a figura mais dramática da História da Alma. A sua vida é a grande aventura do Mal. Foi ele que inventou os enfeites que enlanguescem a alma, e as armas que ensanguentam o corpo. E todavia, em certos momentos da história, o Diabo é o representante imenso do direito humano. Quer a liberdade, a fecundidade, a força, a lei. É então uma espécie de Pã sinistro, onde rugem as fundas rebeliões da Natureza. Combate o sacerdócio e a virgindade; aconselha a Cristo que viva, e aos místicos que entrem na humanidade.

É incompreensível: tortura os santos e defende a Igreja. No século 16 é o maior zelador da colheita dos dízimos.

É envenenador e estrangulador. É impostor, tirano, vaidoso e traidor. Todavia, conspira contra os imperadores da Alemanha; consulta Aristóteles e Santo Agostinho, e suplicia Judas que vendeu Cristo e Bruto que apunhalou César.

O Diabo ao mesmo tempo tem uma tristeza imensa e doce. Tem talvez nostalgia do Céu!

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31.1.05


A MAIS ENVIESADA DAS COBERTURAS TELEVISIVAS DAS ELEIÇÕES NO IRAQUE

Não valia a pena a RTP enviar um correspondente (Luis Castro) ao Iraque porque ele foi para lá com ideias feitas, atacou a realização de eleições por todos os meios, fez todas as previsões erradas, – que podia fazer de Lisboa porque elas são as suas opiniões e não factos –, e depois, encravado e atrapalhado nas suas infundadas previsões dos acontecimentos, trata de fazer um reporting sistematicamente enviesado para se justificar. Uma linha de continuidade: as eleições nada significam, nada importam. Não é jornalismo é ideologia.

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OS NOVOS DESCOBRIMENTOS: MAIS BELEZA INTRIGA A BOLINHA



- Por que é tudo tão bonito? É só ligeireza? É só gravidade? Porque é que ele tem um anel? É para mim?

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BIBLIOFILIA: VIOLÊNCIAS E FILOSOFIA





Richard Greene (Ed.) , The Sopranos and Philosophy. I Kill Therefore I Am, Open Court Publishing Co., 2004

James Tatum, The Mourners Song : War and Remembrance from the Iliad to Vietnam, The University of Chicago Press, 2004


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VOTO E DIGNIDADE





Votar, como nós deviamos saber com clareza depois do 25 de Abril, dá a cada um a dignidade de poder decidir. A dignidade conquistada pelos homens e mulheres do Iraque, atribulado que fosse o caminho, pertence-lhes inteiramente, até porque a conseguiram vencendo o medo. Não estava lá Saddam, mas o medo estava. E foi vencido. Não foram os americanos que o venceram, mas os iraquianos, mas todos os que contribuiram para este sorriso e para este dedo marcado de azul, só podem sentir alegria.

(Foto do New York Times)

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COISAS SIMPLES



(Harriet Backer, Chez Moi.)

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O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES: ÁRVORES

(...) no Porto passamos de 4 para 242 árvores classificadas de interesse público.
O nosso pedido feito em Janeiro de 2004 foi aceite e veio finalmente no Diário da Republica a lista (e o mapa da sua localização) das novas árvores classificadas. Assim os metrosíderos da Foz, as palmeiras e araucárias do Passeio Alegre, as magnólias de S. Lázaro, a ginkgo das Virtudes, o Jacarandá do Viriato,a araucária e os plátanos da Cordoaria estão classificados e desramar, podar, cortar, estragar estas árvores é (em princípio) mais difícil e a lei poderá punir!
Estamos contentíssimos. Contentes que nem cucos ... em cima des árvores.

(Manuela D.L Ramos dos Dias com árvores)

*

Parabéns! Não estraguem as árvores com tanta festa...

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EARLY MORNING BLOGS 418

A lucidez perigosa


Estou sentindo uma clareza tão grande
que me anula como pessoa atual e comum:
é uma lucidez vazia, como explicar?
Assim como um cálculo matemático perfeito
do qual, no entanto, não se precise.

Estou por assim dizer
vendo claramente o vazio.
E nem entendo aquilo que entendo:
pois estou infinitamente maior que eu mesma,
e não me alcanço.

Além do que:
que faço dessa lucidez?
Sei também que esta minha lucidez
pode-se tornar o inferno humano
– já me aconteceu antes.

Pois sei que
– em termos de nossa diária
e permanente acomodação
resignada à irrealidade –
essa clareza de realidade
é um risco.

Apagai, pois, minha flama, Deus,
porque ela não me serve para viver os dias.
Ajudai-me a de novo consistir
dos modos possíveis.
Eu consisto,
eu consisto,
amém.


(Clarice Lispector )

*

Bom dia!

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O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES: PARA CIMA DE VIANA ...



(Fátima Simões)

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© José Pacheco Pereira
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