ABRUPTO

1.2.05


O 31 DE JANEIRO NO PORTO, DO PORTO

A ler o texto de joaomacdonald sobre o 31 de Janeiro no Barnabé.

A rua foi sempre para muitos portuenses “31 de Janeiro” quando se chamava “S. António”. Acrescento à parte histórica do texto que, durante os anos da ditadura, a oposição tentava fazer manifestações na rua com a mesma cegueira militar dos revoltosos republicanos de 1891. A rua era a menos apropriada para estas exibições de coragem: íngreme, pouco larga e propícia a ser varrida pela metralha de cima (como em 1891) e pela pancada da polícia de baixo. Os raros comícios da oposição permitidos no Porto eram no Coliseu ou no Olímpia, e a manifestação, que invariavelmente se formava à saída, tentava chegar à Avenida dos Aliados, para o que só tinha ruas com desnível. Resultado era ser “dispersada”, como se dizia, logo a seguir a meia dúzia de “desacatos”, como também se dizia na língua de pau salazarista. Como também lá andei aos "desacatos", não me esqueço.

A favor da rua diga-se que tinha (tem) uma livraria em cima, outra no meio (que eram duas coladas) e outra no fim, e, nos anos sessenta e setenta, duas das melhores lojas de discos da cidade.

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Se não estou em erro, o local de onde os revoltosos foram metralhados em 1891 era mais amplo na altura do que é actualmente. Actualmente, aquela plataforma de onde se avista toda a rua 31 de Janeiro (bem como a dos clérigos) termina aproximadamente no prolongamento do eixo central da rua.

Quanto à cegueira dos revoltosos de 1891, creio que se pode explicar, pelo menos em parte, pelo boato que se espalhou entre eles de que tinham o apoio do oficial (cujo nome me escapa neste momento) que comandava então os militares que foram destacados para os enfrentar.

Quanto às casas de discos, creio que se está a referir à Discoteca Santo António e à Valentim de Carvalho. Efectivamente, eram muito boas, mas o que é espantoso para uma rua daquele tamanho é que nos anos oitenta e noventa havia lá ainda mais duas casas de discos, na parte de baixo.
(José Carlos Santos)

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© José Pacheco Pereira
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