ABRUPTO

13.10.07


MOMENTOS EM TEMPO REAL

Hoje, um pouco por todo o lado. Usando o Abrupto como janela.

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Princípio da noite de hoje em Lisboa.



Hoje à tarde. Passagem do tempo por um banco do jardim de S. Amaro.(RM)



Estrela da Manhã vista do Monte de Santa Luzia, Viana do Castelo.
(José Mariz)

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LENDO
VENDO
OUVINDO

ÁTOMOS E BITS

de 13 de Outubro de 2007

O que aconteceu na Covilhã na ida policial ao Sindicato, como aliás o que aconteceu com a manifestação dos "verdeufémios", devia chamar-nos a atenção para essa cadeia de transmissão partidário-governamental que são os Governos Civis. Têm ficado na sombra e, no entanto, têm grandes responsabilidades no que se passa.

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MOMENTOS EM TEMPO REAL

Hoje, um pouco por todo o lado. Usando o Abrupto como janela.

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Chove na Sierra Madre Oriental, México.

(Sérgio Lopes)

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EARLY MORNING BLOGS
1128 - A Gralha e os Pavões

Fez-se a Gralha bizarra e louca vestindo-se de penas de Pavões, que pediu emprestadas e desprezando as outras Gralhas, andava com os Pavões de mistura. Porém eles lhe pediram as suas penas, e começando a depená-la, todos lhe levavam penas e carne no bico. Depois querendo chegar-se às outras, ainda que com temor e vergonha, diziam elas: Quanto te valera mais contentares-te com o que te deu a natureza, que quereres mudar de estado; para vires a este em que estás, pelada, ferida e vergonhosa.

(Esopo, tradução do grego por Manuel Mendes)

*

Bom dia!

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12.10.07


NUNCA É TARDE PARA APRENDER: VIDAS ANTIGAS

Carl J. Richard, Twelve Greeks and Romans Who Changed the World, Rowman and Littlefield, 2003

Este livro de doze biografias clássicas devia ser traduzido. São biografias simples, corridas e a sua leitura sequencial, de Homero a S. Agostinho, permite construir uma história do mundo antigo na sua complexidade e riqueza. Na “parte em que mudaram o mundo” está também presente o “tamanho” desses homens, em particular nas biografias que me parecem mais conseguidas, todas elas sobre momentos de viragem em que a figura do biografado assume uma dimensão ética. É o caso das biografias que retratam figuras romanas do final da república e do início do império, em que homens de fortes convicções actuam por fidelidade ética com risco de vida que habitualmente perdem. O autor continua aqui a velha tradição dos fundadores dos EUA de se reverem na república romana e detestarem o tirano César. É o caso da biografia de Cipião, o Africano, ou na de Cícero, uma das mais interessantes, ou, mais tarde, na de Paulo de Tarso para explicar o impacto da atitude do “amor” cristão nos costumes cruéis do império.

Uma das razões pelas quais durante muitos séculos a educação incluía a leitura de biografias clássicas, por exemplo as feitas por Plutarco, é que nelas se encontravam “vidas exemplares” e a sua leitura tinha um sentido de educação ética. Hoje, as biografias estão tão cheias de psicologia e psicanálise, que os tormentos da vida não servem para educar, mas sim para satisfazer os estados de alma de uma multidão romântica que, vivendo vidas miúdas, quer escapar ao quotidiano pelo sentimento. Ontem, as leituras separavam-se por género, os homens concentravam-se nas biografias guerreiras, e as senhoras e meninas, nas sentimentais. Hoje, homens e mulheres têm leituras unissexo: vidas urbanas, namoros breves e fugazes, marcas de vinho, herdades no Alentejo, pores-do-sol numa praia mexicana de mão dada.

Cícero? Isso é o nome dum cão? Ah! Já sei, é um dos três porquinhos, Prático, Heitor e Cícero...

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11.10.07


RETRATOS DO TRABALHO EM LISBOA, PORTUGAL





Fotografias do interior da Sala Limpa do INESC-Microssistemas e Nanotecnologia instalada em Lisboa e não na Lua como às vezes parece. É um laboratório sem fins lucrativos com ligação a muitos outros laboratórios e Indústrias europeias onde se realiza investigação na área da Nanotecnologia há cerca de 20 anos tendo começado justamente por trabalhar no tipo de sistemas de magnetoresistência gigante pelo qual o Nobel foi atribuído. O Pacheco Pereira refere-se muitas vezes ao Espaço e por isso pareceu-me indicado recordar-lhe que, como disse Feynman, "há muito espaço lá em baixo". E ainda por cima, Portugal está com pés bem assentes nesse espaço lá de baixo e infelizmente ainda não está no espaço lá de cima.

A primeira foto é uma vista geral da Sala Limpa onde as pessoas têm que usar os fatos que vê para evitar a contaminação da Sala com partículas e poeiras que comprometeriam o funcionamento dos dispositivos de nanoelectronica que lá são fabricados. A segunda foto é uma vista particular de um sistema de nano-litografia que permite transferir padrões (i.e, desenhar elementos) com até 30 nanometros.

(Ricardo Ferreira)

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EARLY MORNING BLOGS
1127

tori ichiwa michizure ni shite kareno kana

Apenas um pássaro
Companheiro do caminho
Pelo campo seco.

(Senna, tradução de Edson Kenji Iura)

*

Bom dia!

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10.10.07


A MINHA CONTRIBUIÇÃO



para o Congresso do PSD. Pouco me importa se essa contribuição é desejada ou é um incómodo no clima de intolerância e anti-intelectualismo que se vive hoje no PSD. Podem pois poupar vaias ou assobios e, para os que desejam expulsar-me, porque calarem é difícil, se o fizerem, que seja por este corpo de delito.

Começará a chegar às livrarias entre amanhã e sexta.

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MOMENTOS EM TEMPO REAL

Hoje, um pouco por todo o lado. Usando o Abrupto como janela.

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Pontes 25 de Abril e Vasco da Gama. (António Cabral)






Estátua de Lenine no bairro de Fremont em Seattle.

(António João Correia)

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O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES: O COMPLICADEX

Escrevo-lhe para o informar de mais um dos grandes males do nosso sistema (e que provavelmente já tem conhecimento por causa própria), e que muito me tem doído ultimamente, desde que nasceu a minha filha - A Segurança Social.

Sendo trabalhador por conta de outrem, sempre me foram feitos os descontos, silenciosamente, mês após mês, como é de direito ao estado. Eis que, aquando do nascimento da minha filha, dirigi-me naturalmente ao serviço de atendimento para solicitar abono de familia (1), subsídio de maternidade para a minha mulher que não irá trabalhar nos próximos 4 meses (2) e ainda um subsídio de risco (3), devido ao facto de no ultimo mês de gravidez, a minha mulher não ter podido trabalhar por risco de parto prematuro - o estado garante o pagamento de uma verba relativa a esse mês.

Preenchidas todas as papeladas e entregues todos os documentos para (3), recebo uma carta a informar que este pedido foi indeferido dado que a minha mulher nao descontou nos ultimos 6 meses. Incrédulos, por nao corresponder à verdade, tentamos ligar para os telefones e linhas verdes da SS (acho esta abreviatura bastante adequada, passo a ironia), endereços de email - os portugueses têm sido encorajados para o uso desta tecnologia no contacto com os serviços públicos - tudo em vão, pois por telefone somos informados que estes serviços estão sobrelotados ou simplesmente porque nunca recebemos a dita senha de acesso on-line.

Barrado este caminho, aproveitei os 5 dias uteis que a lei prevê para o Pai, e dirigi-me à loja do cidadão (ÚNICO local de atendimento no Porto, juntamente com a secção na Rua das 12 casas). Em 3 tentativas não consegui ser atendido, pois mal chegava, as senhas estavam já indisponiveis por excesso de fila de espera - ambiente saturado, pessoas a reclamar (quando não aos gritos), funcionários desgastadíssimos.

Perante a realidade decidimos levar a recém-nascida para exercer o direito de prioridade e assim podermos ser atendidos ao 4.º dia - triste necessidade. Conseguimos assim ser atendidos após 1 h de espera juntamente com mães grávidas, etc., pelo que, após entregarmos fisicamente os comprovativos das declarações de descontos, a funcionária muito simplesmente afirma que "essas declarações nao devem ter sido informatizadas pela SS e foi por isso que a SS não teve conhecimento". Kafka não conheceu o funcionamento da nossa SS, caso contrário a sua obra "O Processo" teria certamente outro título.

Para finalizar, o email já vai longo, deixamos cópias dos comprovativos sem a mínima esperença que algo aconteça. Digo isto porque ao contrário de outros serviços publicos que começam a mostrar sinais de competência, na SS não há ninguém a quem escrever uma carta, pois a mesma "morre" na pilha de requerimentos (fiz um em 2001, duas vezes, ainda sem resposta).
As informações que nos são dadas nos balcões de atendimento, resultam de "conferências" entre as funcionárias, cujo resultado recai em informação desadequada ou incompleta com enormes danos para quem a recebe - não me acredito que haja alguém a quem nunca tenha acontecido isto. Tudo isto confere-nos uma sensação de enorme impotência perante factos injustos que nos aparecem sempre como consumados.

A SS tem uma grave carência de gestores qualificados e de uma normalização de procedimentos/formação profissional dos seus funcionários, prestando um serviço inqualificável aos portugueses, com a agravante de ser utilizada como arma de propaganda do governo, para apoiar gravidez (subsídios ridiculos e apenas para quem muito pouco tem), desemprego, etc.

Paro aqui com o muro das lamentações, acho no entanto que esta problemática afecta demasiados portugueses e está demasiado adormecida.

Valha-nos a Vanessa Fernandes e a Serra do Gerês :)

(Gustavo)

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MOMENTOS EM TEMPO REAL

Hoje, um pouco por todo o lado. Usando o Abrupto como janela.

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Hoje à tarde. Passagem do tempo por um banco do jardim de S. Amaro.

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LENDO
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OUVINDO

ÁTOMOS E BITS

de 10 de Outubro de 2007 (2)

A Europa está muito mais complicada do que transparece por cá, onde, ou há muito escassa informação, ou ela é de um proselitismo europeu que apaga as dificuldades para manter um optimismo que a realidade contraria dia a dia. Vejam-se estas muito recentes declarações de Barroso a um jornal belga:
"Le président de la Conmission européenne, José Manuel Barroso craint qu’à l’avenir, avec l’entrée en vigueur du nouveau traité, les Etats membres puissent être tentés de régler les probIèmes européens entre eux, en contournant les institutions communautaires. « Le nouveau traité comporte de grands risques pour l ‘avenir de la Commission et du Parlement européen », dans la mesure où avec la Présidence stable du Conseil européen, qui remplacera la Présidence semestrielle tournante, « un nouveau circuit, parallèle à la Commission et au Parlement, pourrait se créer », affirme-t-il dans une interview parue dans le quotidien belge De Standaard du 6 octobre. « Le danger est réel de voir que les gouvernements régleront leurs problèrnes entre eux, sans tenir compte des institutions communautaires (...). Aprês l ‘entrée en vigueur du nouveau tratté, nous devrons être vigilants en permanence pour que les nouvelles dispositions (du traité) ne soient pas détournées pour réduire le pouvoir des institutions communautaires », souligne M. Barroso.

Le président de la Commission critique aussi sévèrement l’Allemagne qu’il soupçonne d’instrumentaliser le principe de subsidiarité pour affaiblir les institutions communautaires. « Le plaidoyer allemand pour laisser les compétences lá où elles peuveni être exercées le plus proche possible des citoyens - à quoi je ne m ‘oppose pas - est enfait dirigé contre les institutions européennes », affirme-t-il dans la même interview. M. Barroso parle aussi de « certaines contradictions » dans la politique européenne de l’Allemagne, en citant le refus allemand de financer le projet Galileo par le budget communautaire et l’opposition de Berlin à certains aspects du paquet énergétique proposé par la Commission. L’attitude de Berlin dans ces deux dossiers « préoccupe » M. Barroso qui ajoute: « J ‘espêre que l ‘Allemagne ne perdra pas l ‘élan européen qu ‘elle a eu au cours de sa Présidence de l‘UE au premier semestre de cette année ».

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RETRATOS DO TRABALHO NO ALGARVE

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Intervenientes no fim da sua “performance” no Zoomarine.



Alimentação de golfinhos após espectáculo.



Trabalho nocturno na Marina de Vilamoura.



Preparação de um green às 7h30 no Algarve.



Preparação de um green às 7h30 no Algarve.

(Paulo Loureiro)

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OS NOVOS DESCOBRIMENTOS: MAIS UM INVERNO



Sim, eles ainda lá estão, muito para além da sobrevivência esperada, a funcionar, idosos, velhos, doentes, mas com uma indomitável força de vontade de ver, sentir, cheirar, tocar, Marte. O "Espírito" está coberto de pó, tem frio, arrasta uma perna, e está num sítio complicado, mas continua a olhar por nós para aquelas pedras que já não pode escalar.

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LENDO
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OUVINDO

ÁTOMOS E BITS

de 10 de Outubro de 2007


A feira do Midi, uma das poucas coisas que me "faltam" de Bruxelas, no fworld. Para além da Waterstones, da Tropisme, do supermercado Delhaize junto de minha casa e pouco mais...

*

Não era possível encontrar melhor confirmação daquilo que escrevi sobre o incómodo das palavras de José Rodrigues dos Santos na actual administração da RTP do que o que veio a acontecer. Não adianta estar a insistir que tudo diz respeito a 2004, porque o facto da equipa de 2004 ser a mesma de 2007, actualiza inevitavelmente as acusações. É isso que incomoda, por muito que os que tentam diminuir os estragos para o governo neste caso se esfalfem para acantonar tudo no passado. Pode o próprio José Rodrigues dos Santos andar para trás e para a frente com as suas declarações, que o problema que ele suscita em 2007 é sempre o mais delicado para a RTP: a sua dependência do poder político.

A RTP não pode ser vista como uma empresa como qualquer outra, pelo simples facto de a sua cadeia de poder começar em José Sócrates, Primeiro-ministro e continuar em Augusto Santos Silva, Ministro da tutela (palavra bem significativa), na Administração da RTP e por fim em toda uma série de chefias por ela nomeadas.

*
Para quem está habituado a lidar com questões do foro laboral, o comunicado emitido pela RTP relativo à entrevista do jornalista José Rodrigues dos Santos é absolutamente esclarecedor da vontade daquela instituição em tratar esta questão como se de pessoal se tratasse, com isso subalternizando a questão de fundo (a politização da RTP como órgão de informação).

Num comunicado oficial, que deveria ser claro, conciso e, acima de tudo, objectivo (o que não é sinónimo de neutro), vir dizer-se que «embora tenha deixado de ser Director de Informação em 2004, o Sr. Dr. José Rodrigues dos Santos continuou a auferir a mesma remuneração que o coloca como um dos quadros mais bem pagos da RTP, situação que lhe foi garantida por um contrato que assinou com a anterior Administração, e que a actual cumpriu enquanto vigorou» e, mais adiante, que «recentemente o Sr. Dr. José Rodrigues dos Santos mostrou alguma incomodidade por ter de cumprir horários normais como todos os demais quadros da empresa, tendo-lhe sido recusado o pedido para ser tratado com regime de excepção mais favorável», não é senão confundir tudo, demonstrando à saciedade que o que se quer a partir de hoje é humilhar e trazer para a praça pública factos que não interessam a ninguém e que apenas servem para enxovalhar quem – mal ou bem, não interessa – teve a desfaçatez de referir publicamente factos que são sensíveis e incomodam a actual administração da RTP.

Esta confusão e atropelo aos mais elementares princípios básicos da convivência democrática e civilizada, sobretudo quando vindos de uma entidade por muitos respeitada, demostram a qualidade dos decisores que temos em alguns lugares chave do nosso país. Triste sina a nossa.

(Rui Esperança)

*

Sou um grande admirador das coisas da natureza e de insectos trabalhadores como as abelhas e as formigas. E tem de se dar valor ao que tem valor: Aquele exemplo desencantado por António Luis Marinho, deve ter dado um trabalhão a encontrar.
Também gosto da letra grande que segundo a "netiquette" (Netiquette guidelines ) significa falar aos berros. Imagino o berreiro que irá na RTP neste momento... FANTÁSTICO!

(José Rui Fernandes)

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EARLY MORNING BLOGS
1126 -Sonnet To Liberty

Not that I love thy children, whose dull eyes
See nothing save their own unlovely woe,
Whose minds know nothing, nothing care to know, -
But that the roar of thy Democracies,
Thy reigns of Terror, thy great Anarchies,
Mirror my wildest passions like the sea
And give my rage a brother -! Liberty!
For this sake only do thy dissonant cries
Delight my discreet soul, else might all kings
By bloody knout or treacherous cannonades
Rob nations of their rights inviolate
And I remain unmoved - and yet, and yet,
These Christs that die upon the barricades,
God knows it I am with them, in some things.

(Oscar Wilde)

*

Bom dia!

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9.10.07


RETRATOS DO TRABALHO

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Ensaio da Orquestra do Teatro Mariinsky com o Maestro V.Gergiev na nova sala de concertos de S. Petersburgo.. (João Tiago Santos)



Trabalhos matinais em Lisboa. (RM)



Taxi em Buenos Aires. (João Almeida)

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LENDO
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OUVINDO

ÁTOMOS E BITS

de 9 de Outubro de 2007

Azáfama e emoção na estreia da nova RTP
Percebo agora o sentido da frase que escolheu para o seu blog: "M'espanto às vezes, outras m'avergonho". Preparam, certamente, os seus leitores para alguns dos seus escritos. Fiquei, de facto, espantado, com a sua resposta.

O senhor é um político, mas também historiador. E sou um leitor de vários dos seus trabalhos.
Sei que no seu blog faz política. Mas, onde está o rigor? A seriedade intelectual? Ou, contrariamente ao que vem afirmando, "em política, vale tudo"?

Pedi-lhe, simplesmente, que me respondesse a uma pergunta: "O que admitiu José Rodrigues dos Santos que tenha a ver com os últimos três anos? AFIRMA PEREIRA: " O que diz José Rodrigues dos Santos pode ter tido pretexto no que lhe aconteceu em 2004, mas, o modo como ele diz, só pode significar que considera que é pertinente para a actualidade." (sublinhado meu).

Eis aqui um caso de RIGOR ABSOLUTO.

O senhor consegue perceber pelo modo como diz, algo que lhe convem a si, mas que ele, efectivamente, nunca diz. Se leu declarações de José Rodrigues dos Santos ao DN, lá está: "Não ocupo nenhuma posição responsabilidade editorial, pelo que desconheço o comportamento da administração hoje em dia." Mais à frente: "Luís Marinho fala da sua experiência, eu falo sobre a minha."

Onde consegue o senhor ver aqui alusões ao presente? Claro que, como estas declarações já não lhe dão tanto jeito, acaba por afirmar que JRS "recuou". FANTÁSTICO.

Agora, sobre os seus "momentos-chávez".

Como se lembra, entre uma das centenas de vezes que atacou a Informação da RTP, desta vez em Agosto, falou de uma comparação que fez entre o Jornal da Tarde da RTP e o Primeiro Jornal da SIC, numa notícia envolvendo, como sempre, o Primeiro-Ministro.
O tema era o anúncio dac construção da barragem do Baixo Sabor.

Pivot da reportagem da SIC: " O concurso público para a construção da barragem do Baixo Sabor vai ser lançado na próxima semana, e a obra deverá começar no Verão de 2008.
O Primeiro-Ministro presidiu hoje à apresentação do projecto, que tinha mandado suspender há sete anos quando era ministro do Ambiente."
A reportagem tinha 1' 54, com uma declaração do PM (no palanque).

Pivot da reportagem da RTP: "O concurso para a construção da barragem do Sabor vai ser lançado na próxima semana. A obra , que arranca no início de 2008, será concluída no máximo de 5 anos.
O anúncio foi feito pelo Primeiro-Ministro, esta manhã, em Torre de Moncorvo".
A reportagem tinha um off de 50 segundos, seguido de uma declaração do PM (no palanque).

Na altura, o senhor afirmava: "Mostra como a RTP passa sempre o PM,em grande plano,sózinho, no palanque"... Mas onde quer que a RTP, como as outras televisões, filmem o PM, quando ele está, sózinho num palanque? Aliás, como o faz com outros protagonistas, quando falam, sózinhos, em palanques. Sugere, pora acaso, que contratemos figurantes para colocar atrás do PM, para ele não aparecer sózinho?

Quando leio as suas acusações, embora saiba que está a fazer política, e a utilizar a RTP como arma de arremesso, tento vislumbrar o historiador sério e rigoroso. Em vão.

(António Luís Marinho)
NOTA: A prática do Abrupto é dar a quem se sente visado um direito de resposta em termos que são mais favoráveis até do que os dos jornais. Muitas vezes nem sequer faço qualquer comentário, deixando ao leitor o julgamento final. No caso de Luís Marinho, que ocupa as funções de Director de Informação da RTP, assiste-lhe todo o direito a defender-se das acusações que tenho feito à informação da RTP e que são de sua responsabilidade, mesmo quando o faz com argumentos ad hominem e de uma forma desabrida. Por outro lado, Marinho sempre vem à discussão, coisa que as nossas “autoridades” evitam com todo o cuidado e isso é um mérito e exige uma resposta.

Quanto à substância do que diz, acrescento dois comentários, um sobre as afirmações de José Rodrigues dos Santos e outro sobre os “momentos – Chávez”.

Quanto à interpretação errada (e com dolo) que Marinho me acusa de ter das declarações de José Rodrigues dos Santos, pouco tenho a acrescentar ao que disse aqui. Aliás, Marinho nas citações que faz reforça a minha interpretação: José Rodrigues dos Santos está a falar da actual cadeia hierárquica da RTP e não de qualquer outra que estivesse em funções quando ele se afastou e tivesse sido substituída. É exactamente a mesma de 2004 que ainda está em funções, e a quem acusa de se prestar a “interferências ilegítimas (...) em matéria editorial” em 2004, mas de cuja denúncia ele próprio continua a pagar o preço (em 2007). Quando perguntado sobre se as coisas continuam na mesma, José Rodrigues dos Santos limita-se a dizer que como já não ocupa o cargo que tinha em 2004, não sabe : "Não ocupo nenhuma posição responsabilidade editorial, pelo que desconheço o comportamento da administração hoje em dia." (...) "Luís Marinho fala da sua experiência, eu falo sobre a minha." Mas não deixa de acrescentar de forma genérica (vale para 2004 e 2007) : “Na minha experiência, os governos contactam as administrações e depois estas passam, ou não, os recados."

Luís Marinho pode agarrar-se à sua interpretação, que eu fico na minha que me parece aliás mais rigorosa e sustentada, e a única que explica por que razão há tanto incómodo com essas declarações que poderiam inclusive suscitar um processo interno.

Quanto à segunda questão, a dos Momentos – Chávez, a fragilidade da resposta de Luís Marinho parece-me evidente. Arranjou um exemplo de Agosto, em que a SIC deu mais tempo que a RTP a uma intervenção do primeiro-ministro. Será que Marinho quer dizer que a SIC e a TVI fazem isso por regra? Fizeram-no ontem, anteontem, em Setembro, em Julho, em Junho? Claro que não fizeram. E, acima de tudo, por regra, fazem-no de outra maneira, com outro tratamento editorial menos favorável à transmissão acrítica da “mensagem”. Essa é que é a questão e não apenas o tempo (também é), - é o tratamento noticioso de sessões que são muitas vezes montagens de propaganda, sem qualquer conteúdo informativo e a que a RTP dá o melhor dos seus telejornais e muitos directos.

Pode Luís Marinho pedir à ERC que lhe faça o trabalho de comparar o tratamento qualitativo favorável / desfavorável do primeiro-ministro entre a RTP, SIC e TVI, que mesmo a ERC terá muita dificuldade em ignorar o óbvio. Quanto à pergunta falsamente irónica de Marinho sobre o palanque - “ sugere, por acaso, que contratemos figurantes para colocar atrás do PM, para ele não aparecer sozinho?” – ela responde-se por si: não é preciso, o Primeiro-ministro faz isso bem, encarrega-se de arranjar os figurantes e o casting, que a RTP depois arranja-lhe o público.

Meu caro Luís Marinho, se isto tudo acontecesse numa televisão privada, eu podia não gostar, denunciar a manipulação e ficar por aqui. Mas a RTP é diferente, é paga com o dinheiro dos nossos impostos e é defendida com argumento ideológicos que implicam a superioridade e isenção do seu jornalismo, pelo que o seu escrutínio tem também natureza política. Não só, mas também. E nesse escrutínio não pode ser ignorado que a cadeia hierárquica da RTP sobe ao Ministro Santos Silva e termina no Primeiro-ministro Sócrates.

*
Se fala assim do "serviço" da RTP havia de ouvir um dia destes a RDP, nomeadamente a Antena 1, para ver como as notícias podem ser tratadas à la Chavez. E mais: quando alguém reclama - pelo site que é a única forma de falar com o provedor, ele não responde. Mas se não responde para que é que serve um provedor?

(Nuno Dias)

*

Foi com uma certa surpresa que vi o Eng. José Sócrates, Primeiro-Ministro, na inauguração da nova instalação da Pescanova, em Mira a discursar, tendo como pano de fundo a “marca” Pescanova. Fiquei surpreso e perplexo pois, por muito importante que seja qualquer investimento, o Primeiro-Ministro tem que ter um distanciamento sobre a promoção/publicidade do produto. Ao vê-lo falar, à frente do painel da Pescanova, lembrei-me do Capitão Iglo e, sinceramente, considero que o Capitão Iglo fica melhor no anúncio. Tem charme, mais alegria e mais bem disposto. De certeza que as crianças preferem o Capitão Iglo.

(António)

*

Esperemos agora com espectativa redobrada a atenção que a RTP vá dar aos “momentos-socrates” com manifs, após a visita policial para esclarecimentos de percurso. Tivesse outro qualquer primeiro-ministro dito o que o actual disse sobre a orquestração dos protestos, e vinha aí a imprensa com uma catelinária de bruááásss de exagero quanto ao sucedido ( se fosse o Santana então … vinha aí o fascismo).

Assim só uma foot note.

(António Carrilho)

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1125 - A Andorinha e as outras aves

Semeavam os homens linho, e vendo-os a Andorinha disse aos outros pássaros: Por nosso mal fazem os homens esta seara, que desta semente nascerá linho, e farão dele redes e laços para nos prenderem. Melhor será destruirmos a linhaça, e a erva, que dela nascer, para que estejamos seguras. Riram as Aves deste conselho e não quiseram tomá-lo. O que vendo a Andorinha, fez pazes com os homens e se foi viver em suas casas. Eles fizeram redes, e instrumentos de caça, com que tomaram e prenderam todos os pássaros, tirando só a Andorinha, que ficou privilegiada.

(Esopo, tradução do grego por Manuel Mendes)

*

Bom dia!

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8.10.07


LENDO
VENDO
OUVINDO

ÁTOMOS E BITS

de 8 de Outubro de 2007


Agora que José Rodrigues dos Santos admitiu a razão daquilo que entra pelos olhos dentro de todos os que são telespectadores da RTP, mais um motivo para continuar a denunciar os Momentos-Chávez de José Sócrates, que se repetem dia após dia, com pretexto ou sem ele, agora cada vez mais solitários apenas com a RTP a dar prime time a todas as sessões de propaganda do governo.

*
Era o nosso primeiro-ministro que discursava, ostentando o ar de optimista que gosta de compor para quem o vê. Era ele, de facto. Mas, por momentos, pareceu-me alguém de uma equipa de futebol patrocinada pela Pescanova, falando na habitual conferência de imprensa depois de um qualquer jogo. Desde o púlpito de onde discursava até ao pano de fundo que o enquadrava, tudo era publicidade à Pescanova. Somos o Estado dos douradinhos.

(Paulo Duarte)
*

Já perdi a conta aos ataques que fez à informação da RTP, mas ainda não perdi a capacidade de distinguir seriedade de desonestidade intelectual.

Aqui vai um exemplo, mais um, da sua desonestidade intelectual:

AFIRMA PEREIRA: " Agora que José Rodrigues dos Santos admitiu a razão daquilo que entra pelos olhos dentro de todos os que são telespectadores da RTP, mais um motivo para continuar a denunciar os Momentos - Chávez..."

Pergunta: O que admitiu José Rodrigues dos Santos que tenha a ver com os últimos três anos?

Quer responder?

(António Luis Marinho)
NOTA: a resposta é muito simples: a administração e direcção editorial da RTP são exactamente as mesmas desde o governo Barroso - Santana Lopes até aos dias de hoje. O governo mudou, a administração não. Por isso, o que diz José Rodrigues dos Santos pode ter tido pretexto no que lhe aconteceu em 2004, mas o modo como ele o diz só pode significar que considera que é pertinente para a actualidade, até porque são as mesmas pessoas, a mesma cadeia do poder interno. Foi exactamente por isso que as suas palavras (em entrevista à Publica de 7 de Outubro) suscitaram o incómodo nessa mesma administração e na direcção editorial como se pode ver no Diário de Notícias de hoje, mesmo apesar do recuo do seu autor.

O que José Rodrigues dos Santos diz é que quando ele era director de informação acontecia isto:
"Uma coisa é a administração, que é nomeada pelo governo, tentar convencer-me a fazer algo na área editorial, mas a respeitar, mesmo com desagrado, a minha decisão de não me deixar convencer. Outra coisa é a administração tomar uma decisão na área editorial em substituição do director - na realidade, contra ele. Isso é interferência consumada." (...) "Falo na interferência da administração na área editorial. As minhas conversas com os governos, PS ou PSD, foram quase inexistentes. Na minha experiência, os governos contactam as administrações e depois estas passam, ou não, os recados."
E afirma:
"Julgo que foi crucial a defesa que fiz contra as interferências ilegítimas da actual administração em matéria editorial. Ainda pago um preço elevado por isso. (...) Sempre tive grande influência nos alinhamentos do Telejornal, mas hoje já não, e também por opção própria".(...) Ver o poder interferir despudoradamente na informação da forma como eu vi é algo que desmotiva. “ (sublinhados meus)
Isto é tudo tão claro que não percebo qual a dúvida. Acrescento apenas outra coisa que repetirei n vezes se necessário: o problema da dependência da RTP do poder político é estrutural e não conjuntural, não é deste ou daquele governo, é de todos. Mas seja como for, faço de novo o mesmo repto que já fiz a Luís Marinho: como é que se justificam em termos editoriais a sucessão quase diária de intervenções no palanque do Primeiro-ministro, com longos excertos sem novidade ou conteúdo informativo, sem tratamento editorial que mostre a reflexão do trabalho jornalístico sobre a propaganda que lhe é dada, únicos na sua "forma" no conjunto da televisão portuguesa?

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1124

inazuma ya kinô wa higashi kyô wa nishi

Trovão —
Ontem a leste,
Hoje a oeste.

(Kikaku, tradução de Edson Kenji Iura)

*

Bom dia!

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7.10.07


MOMENTOS EM TEMPO REAL

Hoje, um pouco por todo o lado. Usando o Abrupto como janela.

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Exposição dos vestidos de Valentino no Museu da Ara Pacis, Roma.





Céu cinzento em Veneza. (Luis Casanova)



Douro visto da aldeia de São Xisto



Manhã no Douro Sul - Vista de Paredes da Beira e Vale Penela (S. João da Pesqueira). (Fernando Moreira de Sá)



Café em Tomar. (Ochoa)

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UMA UNIÃO EUROPEIA SEMIDEMOCRÁTICA, SEMIEUROPEIA, SEMIUNIÃO


Numa altura em que se perde de vez a possibilidade de os portugueses se pronunciarem sobre o novo tratado europeu, com o abandono do compromisso pela actual liderança do PSD de fazer um referendo, dá-se mais um passo num triste caminho de criar uma entidade internacional que é cada vez menos democrática e a quem entregamos cada vez mais a nossa soberania nacional. É uma decisão, por parte do PSD e do PS, inqualificável de falta de respeito pelos compromissos assumidos, tornada ainda mais grave quando é claramente manchada pelo facto de ter como principal razão o medo dos resultados do referendo. Ou seja, não se faz o referendo porque os eleitores europeus e portugueses não podem, por diktat, dizer "não". Os Governos e os grandes partidos europeus substituíram a democracia na legitimação do processo europeu por decisões iluminadas, tomadas in camera pelos Governos, sobre matérias decisivas para o futuro de todos nós.

A verdade é que esta era a última oportunidade de fazer um referendo útil, a última oportunidade de, votando sobre importantes mudanças na construção europeia, legitimar ou não o caminho recente da União. Não compreendo, aliás, por que razão os europeístas mais fervorosos a perderam, tanto quanto compreendo bem que os que olham para a UE apenas como manancial de subsídios não queiram quaisquer ondas no barco bruxelense, que já de há muito se habituaram a considerar o verdadeiro governo de todos nós.

Não é preciso ir mais longe para se perceber o que é hoje a UE do que o facto de, a semanas de se conhecer um novo tratado europeu, com as trombetas e as fanfarras que o vão acompanhar, ser espantoso que não haja qualquer discussão pública sobre o seu conteúdo e consequências. O nosso primeiro-ministro, o nosso ministro dos Negócios Estrangeiros, assim como o nosso Presidente da República, entendem que quanto menos se falar sobre o assunto, melhor e como deixou de haver a ténue, mas mesmo assim existente, oposição à violação do compromisso do PSD e do PS, o silêncio entre o incomodado e o arrogante são a norma.


Tudo isto numa altura em que é mais que óbvio que nem a Europa nem a UE estão bem. A Europa porque se encurralou num "modelo social" que a prazo só tem duas consequências: o empobrecimento lento, mas seguro, dos seus cidadãos e a incapacidade de sobreviver num mundo globalizado a não ser como "fortaleza Europa". É verdade que quer a leste, quer a oeste, há excepções e resistências a este modelo, com o corolário de que aí não se empobrece como no "meio" do núcleo duro do "modelo", mas a tendência defensiva e proteccionista na UE continua a verificar-se. Os franceses e as suas "excepções" são a vanguarda de uma Europa que ergue fronteiras face ao Google, à Microsoft, aos transgénicos, ao iTunes, aos filmes de Hollywood, mas também ao chá moçambicano, aos vinhos sul-africanos, ao algodão egípcio, aos produtos agrícolas africanos e... ao canalizador polaco.

Quanto à UE, propriamente dita, e às suas instituições, a crise dos últimos anos, simbolizada no devolver à procedência dos Governos que a fizeram a Constituição Europeia com o voto "não" de holandeses e franceses, está a torná-la cada vez mais governamental e burocrática, num movimento único de recusa da legitimidade de eleitores e de enfraquecimento dos Parlamentos nacionais. Normalmente, na discussão da legitimação popular só se referem as objecções ao voto referendário, odiado em Bruxelas e agora colocado debaixo do tapete, apresentado como um voto impuro, o que "mistura" tudo, o que é contra os Governos, o que é xenófobo, o que é excitado apenas pelas mesquinhas agendas nacionais, o que é antieuropeu e "soberanista".
Mas esta sanha contra os referendos esquece que Bruxelas também não gosta dos Parlamentos nacionais, cada vez mais frágeis face à burocracia da UE, que são sempre apresentados como saindo reforçados de cada novo tratado, quando na realidade quem vê sempre os seus poderes acrescidos é o Parlamento Europeu, depois o Conselho e por fim a Comissão. O caminho para uma UE semidemocrática, uma condição semelhante, na sua impossibilidade, a estar semigrávida, deu mais um passo esta semana em Portugal e vai dar muitos mais nas semanas próximas.

http://ec.europa.eu/education/programmes/eu-usa/index_en.htmlhttp://www.essex.ac.uk/armedcon/images/country/headings/flags/turkey_flag_large.bmphttp://www.politicsonline.com/blog/archives/government/index.php

Sobre este impasse democrático, para não lhe chamar outra coisa, projecta-se um impasse ainda maior: o do retorno ao confronto nacional e de uma sua pouco observada consequência, a dificuldade em definir fronteiras da UE. A questão turca, apenas a face mais visível de outras questões por resolver, igualmente graves, é uma projecção de velhas diferenças europeias nas suas políticas externas, assim como de interesses diferenciados em função da situação nacional de cada país. Se somarmos a isso a inexistência de política face à Federação Russa, que se manifesta nas dificuldades face ao Kosovo, os Balcãs em geral e no tratamento da Ucrânia, compreende-se que a UE pode tentar há muito tempo ter um telefone para o sucessor do senhor Kissinger, mas este falará sempre primeiro para o número 10 de Downing Street, para o Eliseu, para a Chancelaria de Berlim, e até para o castelo em Praga e para a sede do Governo polaco, muito antes de falar para Durão Barroso e muito menos para Solana.

Claro que, daqui a uns dias, se os polacos não estragarem a festa e cederem à chantagem, como tudo indica, nada disto conta, nada disto será referido, nada disto será lembrado. Haverá champanhe e sorrisos, muitos cumprimentos, muitas fotos em família. O futuro da Europa será radiosamente apresentado, como o fim de uma longa "crise" que foi ultrapassada. Depois da festa, ninguém quererá ir perguntar ao homem da rua o que ele pensa sobre aquilo que no dia seguinte será apresentado como facto consumado, que só meia dúzia de perturbadores reclamam dever ir a votos. Claro que em muitos países da Europa o eleitorado não tem a apatia e indiferença portuguesas, e podem bem obrigar os seus Governos a fazer referendos, contrariamente a todas as recomendações, mais do que isso, ordens, que Sarkozy e Merkel têm dado. E não demorará muito tempo até se ver que nenhum papel, muito menos o que agora sub-repticiamente se quer aprovar, resolverá a "crise". Os genuínos defensores da Europa de Jean Monnet e Schumann vão arrepender-se de não ter actuado a tempo, mas, nessa altura, pode ser tarde. E já não falta muito tempo para se compreender que foi assim.

(No Público de 6 de Outubro de 2007

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