ABRUPTO

10.10.07


O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES: O COMPLICADEX

Escrevo-lhe para o informar de mais um dos grandes males do nosso sistema (e que provavelmente já tem conhecimento por causa própria), e que muito me tem doído ultimamente, desde que nasceu a minha filha - A Segurança Social.

Sendo trabalhador por conta de outrem, sempre me foram feitos os descontos, silenciosamente, mês após mês, como é de direito ao estado. Eis que, aquando do nascimento da minha filha, dirigi-me naturalmente ao serviço de atendimento para solicitar abono de familia (1), subsídio de maternidade para a minha mulher que não irá trabalhar nos próximos 4 meses (2) e ainda um subsídio de risco (3), devido ao facto de no ultimo mês de gravidez, a minha mulher não ter podido trabalhar por risco de parto prematuro - o estado garante o pagamento de uma verba relativa a esse mês.

Preenchidas todas as papeladas e entregues todos os documentos para (3), recebo uma carta a informar que este pedido foi indeferido dado que a minha mulher nao descontou nos ultimos 6 meses. Incrédulos, por nao corresponder à verdade, tentamos ligar para os telefones e linhas verdes da SS (acho esta abreviatura bastante adequada, passo a ironia), endereços de email - os portugueses têm sido encorajados para o uso desta tecnologia no contacto com os serviços públicos - tudo em vão, pois por telefone somos informados que estes serviços estão sobrelotados ou simplesmente porque nunca recebemos a dita senha de acesso on-line.

Barrado este caminho, aproveitei os 5 dias uteis que a lei prevê para o Pai, e dirigi-me à loja do cidadão (ÚNICO local de atendimento no Porto, juntamente com a secção na Rua das 12 casas). Em 3 tentativas não consegui ser atendido, pois mal chegava, as senhas estavam já indisponiveis por excesso de fila de espera - ambiente saturado, pessoas a reclamar (quando não aos gritos), funcionários desgastadíssimos.

Perante a realidade decidimos levar a recém-nascida para exercer o direito de prioridade e assim podermos ser atendidos ao 4.º dia - triste necessidade. Conseguimos assim ser atendidos após 1 h de espera juntamente com mães grávidas, etc., pelo que, após entregarmos fisicamente os comprovativos das declarações de descontos, a funcionária muito simplesmente afirma que "essas declarações nao devem ter sido informatizadas pela SS e foi por isso que a SS não teve conhecimento". Kafka não conheceu o funcionamento da nossa SS, caso contrário a sua obra "O Processo" teria certamente outro título.

Para finalizar, o email já vai longo, deixamos cópias dos comprovativos sem a mínima esperença que algo aconteça. Digo isto porque ao contrário de outros serviços publicos que começam a mostrar sinais de competência, na SS não há ninguém a quem escrever uma carta, pois a mesma "morre" na pilha de requerimentos (fiz um em 2001, duas vezes, ainda sem resposta).
As informações que nos são dadas nos balcões de atendimento, resultam de "conferências" entre as funcionárias, cujo resultado recai em informação desadequada ou incompleta com enormes danos para quem a recebe - não me acredito que haja alguém a quem nunca tenha acontecido isto. Tudo isto confere-nos uma sensação de enorme impotência perante factos injustos que nos aparecem sempre como consumados.

A SS tem uma grave carência de gestores qualificados e de uma normalização de procedimentos/formação profissional dos seus funcionários, prestando um serviço inqualificável aos portugueses, com a agravante de ser utilizada como arma de propaganda do governo, para apoiar gravidez (subsídios ridiculos e apenas para quem muito pouco tem), desemprego, etc.

Paro aqui com o muro das lamentações, acho no entanto que esta problemática afecta demasiados portugueses e está demasiado adormecida.

Valha-nos a Vanessa Fernandes e a Serra do Gerês :)

(Gustavo)

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© José Pacheco Pereira
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