ABRUPTO

8.10.07


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ÁTOMOS E BITS

de 8 de Outubro de 2007


Agora que José Rodrigues dos Santos admitiu a razão daquilo que entra pelos olhos dentro de todos os que são telespectadores da RTP, mais um motivo para continuar a denunciar os Momentos-Chávez de José Sócrates, que se repetem dia após dia, com pretexto ou sem ele, agora cada vez mais solitários apenas com a RTP a dar prime time a todas as sessões de propaganda do governo.

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Era o nosso primeiro-ministro que discursava, ostentando o ar de optimista que gosta de compor para quem o vê. Era ele, de facto. Mas, por momentos, pareceu-me alguém de uma equipa de futebol patrocinada pela Pescanova, falando na habitual conferência de imprensa depois de um qualquer jogo. Desde o púlpito de onde discursava até ao pano de fundo que o enquadrava, tudo era publicidade à Pescanova. Somos o Estado dos douradinhos.

(Paulo Duarte)
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Já perdi a conta aos ataques que fez à informação da RTP, mas ainda não perdi a capacidade de distinguir seriedade de desonestidade intelectual.

Aqui vai um exemplo, mais um, da sua desonestidade intelectual:

AFIRMA PEREIRA: " Agora que José Rodrigues dos Santos admitiu a razão daquilo que entra pelos olhos dentro de todos os que são telespectadores da RTP, mais um motivo para continuar a denunciar os Momentos - Chávez..."

Pergunta: O que admitiu José Rodrigues dos Santos que tenha a ver com os últimos três anos?

Quer responder?

(António Luis Marinho)
NOTA: a resposta é muito simples: a administração e direcção editorial da RTP são exactamente as mesmas desde o governo Barroso - Santana Lopes até aos dias de hoje. O governo mudou, a administração não. Por isso, o que diz José Rodrigues dos Santos pode ter tido pretexto no que lhe aconteceu em 2004, mas o modo como ele o diz só pode significar que considera que é pertinente para a actualidade, até porque são as mesmas pessoas, a mesma cadeia do poder interno. Foi exactamente por isso que as suas palavras (em entrevista à Publica de 7 de Outubro) suscitaram o incómodo nessa mesma administração e na direcção editorial como se pode ver no Diário de Notícias de hoje, mesmo apesar do recuo do seu autor.

O que José Rodrigues dos Santos diz é que quando ele era director de informação acontecia isto:
"Uma coisa é a administração, que é nomeada pelo governo, tentar convencer-me a fazer algo na área editorial, mas a respeitar, mesmo com desagrado, a minha decisão de não me deixar convencer. Outra coisa é a administração tomar uma decisão na área editorial em substituição do director - na realidade, contra ele. Isso é interferência consumada." (...) "Falo na interferência da administração na área editorial. As minhas conversas com os governos, PS ou PSD, foram quase inexistentes. Na minha experiência, os governos contactam as administrações e depois estas passam, ou não, os recados."
E afirma:
"Julgo que foi crucial a defesa que fiz contra as interferências ilegítimas da actual administração em matéria editorial. Ainda pago um preço elevado por isso. (...) Sempre tive grande influência nos alinhamentos do Telejornal, mas hoje já não, e também por opção própria".(...) Ver o poder interferir despudoradamente na informação da forma como eu vi é algo que desmotiva. “ (sublinhados meus)
Isto é tudo tão claro que não percebo qual a dúvida. Acrescento apenas outra coisa que repetirei n vezes se necessário: o problema da dependência da RTP do poder político é estrutural e não conjuntural, não é deste ou daquele governo, é de todos. Mas seja como for, faço de novo o mesmo repto que já fiz a Luís Marinho: como é que se justificam em termos editoriais a sucessão quase diária de intervenções no palanque do Primeiro-ministro, com longos excertos sem novidade ou conteúdo informativo, sem tratamento editorial que mostre a reflexão do trabalho jornalístico sobre a propaganda que lhe é dada, únicos na sua "forma" no conjunto da televisão portuguesa?

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