ABRUPTO

30.1.07


JARDINS DE INVERNO

S. Miguel, Açores.

(Marco Ventura)

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JARDINS DE INVERNO

Pomar antigo de pereira rocha em leito de cheia.

(Nuno Matos Silva)

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LENDO
VENDO
OUVINDO

ÁTOMOS E BITS

de 30 de Janeiro de 2007


Acho obscena, assim mesmo: obscena, a utilização de crianças e adolescentes em programas como o Prós e Contras de ontem para falarem ou se manifestarem sobre o aborto. Tal me parece ser da mesma exacta natureza que o inquérito sobre os costumes sexuais dos pais, que tanta condenação suscitou e bem. Antigamente, no tempo em que os animais falavam, havia uma regra deontológica dos jornalistas que impedia entrevistas a menores sobre estes temas. Caducou?
NOTA: A Fátima Campos Ferreira informou-me que nenhum dos entrevistados tinha menos de 20 anos. Fica feita a correcção e apresentadas as desculpas devidas. Quanto à presença no programa de adolescentes, que se manifestaram como se de uma claque se tratasse, quer neste quer no anterior programa sobre o aborto, ela é incontroversa. Reitero no entanto, a referência a entrevistas a crianças e adolescentes sobre o aborto, em noticiários da RTP, como aquele em que se cobriu uma manifestação "pela vida". A questão deontológiva que pretendi levantar permanece váilida.
*

Um sinal de como as coisas estão para além da nossa enganadora vaidade futebolística: petição para manter o português na Universidade de Cambridge.
To: University of Cambridge
At present, papers on Portuguese Language, Linguistics, Literature, History and Culture of Portugal, Brazil and Portuguese-speaking Africa, covering periods from the 16th century to the present day are taught as a full Tripos language in the University of Cambridge. The Portuguese government grants 30 000 euros (about £ 20 000) to the University of Cambridge for their teaching of Portuguese, via the Instituto Camões which sponsors Portuguese language and their teaching worldwide.
Portuguese in Cambridge is a thriving and growing subject. It is vigorous in terms of research and publications and has been growing exponentially in student applications. Past postgraduates all now hold academic posts either in Russell Group universities or in major universities in the USA. Portuguese has been twice singled out for praise by University Reviews of the Faculty of Modern and Medieval Languages, and it is officially regarded by the Faculty and by the University as one of its success stories.
The Faculty of Modern and Medieval Languages has now endorsed the proposal to suspend Portuguese as a full Tripos language on financial grounds. This proposal was initiated not by the University but by the Department of Spanish and Portuguese, under no pressure and at no suggestion from either the University or the Faculty of Modern and Medieval Languages, and with total disagreement from the University Teaching Officer in Portuguese. If this proposal goes ahead, no student, whether undergraduate or postgraduate, will emerge from a degree in Cambridge with more than a reading knowledge of Portuguese. A postgraduate degree attempted by anyone with reading but no written or oral command of the language, would almost certainly be doomed to failure. This would also entirely discredit scholarship in that subject as well as the institution that purported to grant it.
If the University lacks the funding it has not been because of lack of payment by the Instituto Camões, and therefore it can be hardly understandable. This situation is a shame and it brings the University into disrepute. Portuguese is the fifth most spoken language in the world (about 232 000 000 native speakers), and a language of the European Union. It's the language of one of the world's largest and growing economy (Brazil). Portuguese as a language has an irrefutable role in World's History and Literature.
If you wish to object and express your views on the proposed closure of Portuguese at Cambridge, please sign this petition.

Sincerely,
The Undersigned
*
A petição para manter o ensino do português em Cambridge faz naturalmente sentido e assinei-a. Contudo, gostaria de fazer um par de comentários, espero que construtivos. Primeiro, talvez fosse útil apresentar simultaneamente o texto da petição em português, já que nem todas as pessoas interessadas em lê-la dominarão necessariamente o inglês e todas as assinaturas são importantes. Segundo, o texto diz que "o governo português disponibiliza 30.000 euros (cerca de 20.000 libras) à Universidade de Cambridge pelo seu ensino do português, por via do Instituto Camões" e, mais adiante, "Se a Universidade tem falta de fundos, ela não se deve a falta de pagamento por parte do Instituto Camões e, como tal, é dificilmente compreensível." Não será este raciocínio um pouco simplista, podendo mais tarde fornecer razão à Universidade de Cambridge para dar pouca importância à petição? Se as referidas 20.000 libras são uma contribuição anual do governo português (o texto não especifica), parece-me bem magra, não chegando sequer para cobrir o salário dum docente. E se esta é a única ou uma das principais fontes de financiamento do ensino do português na Universidade, então é afinal compreensível (o que não quer dizer louvável) que se considere a hipótese de lhe pôr fim... Julgo que a questão fulcral é a de como deve ser dividida a responsabilidade de financiamento do ensino da língua, entre uma Universidade estrangeira e o governo português. Assim, pergunto-me se a Universidade de Cambridge será o único destinatário óbvio duma petição como esta.

(Pedro Gomes)

*

Após ter recebido o tal email enviado pelo Sr. Pedro, decidi responder
detalhadamente acerca da sua questão. Recebendo agora este último email que transcrevi pensei que seria igualmente adequeado dar uma resposta mais
correcta e coerente sobre o que se está a passar com o curso de Português
em Cambridge. Respondendo à primeira pergunta, a sociedade lusófona de
cambridge decidiu expor esta petição como forma de divulgar mundialmente
através da rede o que se está a passar. Naturalmente, esta petição é
dirigida à Vice-Reitora e ao conselho da Universidade, pois são estas
pessoas que ultimamente, vão decidir o destino do curso de Português. Expor
o texto também na língua portuguesa seria apenas desperdício de tempo. Pelo volume de assinaturas já obtido, não vejo que o texto em Inglês seja um
problema. Mais que isso, demonstra que países pequenos como o nosso
conseguem ter um nível de ensino de línguas bastante positivo sem ter
universidades mega-financiadas como a de Cambridge. Relativamente ao
Instituto Camões, há que notificar que é das poucas instituições a
financiar um curso específico dentro da universidade e não um departamento.
Suficiente ou não, penso que seja, pois o Instituto não financia
exclusivamente a universidade de cambridge e tem investimentos em pelo
menos 5 insituições britânicas incluíndo Oxford, que curiosamente, tem um
departamento exclusivo de português e estudos lusófonos. Se adicionarmos os valores investidos noutros países lusófonos onde são enviados professores
de português, vemos que o montante investido largamente ultrapassa os 2
milhões de euros (estando a arredondar muito por baixo!). A questão
central, não é a do montante investido pelo Instituto nem é se o governo
investe bem ou mal na divulgação da língua portuguesa, visto que o
Português é falado em vários países e nenhum deles financia nenhum curso no estrangeiro segundo sei. Isto não tem rigorosamente nada a ver com o
governo português nem com Portugal. Fico bastante triste ao ler certos
comentários expostos na petição a culparem o governo português por isto
(qualidade que, infelizmente, é característica do nosso povo). Tirando o
óbvio do caminho, passarei a explicar o que se sucedeu concretamente com
esta situação. Há já vários anos que o curso de Português (chamado de
Tripos, que deriva de tripartido, portanto um ano tronco comum
português-espanhol, segundo de especialização, 3º residencia num país
nativo da língua a aprender, e 4º tese e estudos aprofundados da língua e
literatura) tem sido um patinho feio do departamento de espanhol e
português pois, com muito menos recursos, conseguiu atingir um elevado
número de alunos, excelente qualidade de pesquisa reconhecida pela RAE (a
instituição britânica que qualifica o nível de pesquisa) e os seus
pós-graduados, (doutorados e mestres) conseguiram postos em universidades de renome nos estado unidos e Reino Unido. Tal como diz a petição, já foi
distinguido como caso de sucesso. Ora bem, o director e sub-director do
departamento de espanhol e português, curiosamente ligados ao ensino de
espanhol, decidiram, por si próprios e sem a consulta prévia da University
Teaching Officer do curso de Português, "restruturar" o tripos português.
Restruturar, significa acabar com o estatuto de tripos (licenciatura) e
apenas leccionar uma cadeira no 2º ano do curso de espanhol que é uma
introdução básica ao português, equivalente ao nível que se ensina a
crianças de 7-8 anos em Portugal, cadeira essa que já existe e é leccionada
prefrencialmente a pessoas de outros cursos de línguas como opcional. Ora,
a decisão desta "restruturação" foi ditada por "motivos financeiros". Isto,
sem qualquer incitação por parte da faculdade de linguas ou da
universidade. A proposta foi aceite pela Faculdade porque partiu do próprio
director... Tudo isto sem: anunciar aos alunos que estava uma proposta na
mesa para a tal restruturação. Esta foi anunciada como "fait acompli"; nem
uma palavra ao instituto camões (portanto, queriam continuar a receber o
dinheirinho sem haver nada para financiar), sendo este informado
primeiramente, veja só, pelo jornal dos estudantes de cambridge o Varsity.
Ultimamente, tudo feito pela "porta do cavalo" sem respeitar maioria das
regras da universidade no que toca a término de licenciaturas. A esperança
do departamento de espanhol e português, era que, acabava-se com isto, é
português ninguém se interessa, faz-se pouco barulho e continua-se a
receber o dinheirinho para sustentar o espanhol. Óbviamente, especulo, mas
sem dúvida que, pelos procedimentos apresentados, foi este o raciocínio dos
professores de espanhol que lideram o departamento. Felizmente, há muitos
alunos de espanhol que estão a apoiar totalmente a luta contra o fecho de
português. Explanado mais ou menos o historial do que se passa, aqui vai em
grosso modo, o comunicado oficial da pro-vice-reitora para a educação: A
"restruturação" acontece para "salvar" o ensino de língua portuguesa na
universidade. O curso tem corrido com problemas de staff pois estes têm uma
sobrecarga horária que não é permitida pelo EXCESSO de alunos a tirar o
curso. Finalmente, as razões para fechar não são totalmente financeiras...
Bem, tire as conclusões que quiser, mas pelos vistos, o curso vai fechar
porque é popular demais! Para mim, faria mais sentido abrir um departamento
de português independente e financiá-lo correctamente com mais docentes do que acabar com o curso. Felizmente, o conselho para a educação da
Universidade constituído por 10 membros, ouviu os alunos, concordou e
classificou a proposta do departamento como "chocante" e sem fundamento. 9 dos 10 votaram para revisão da proposta, isto é, vai para trás para ser
reformulada e refeita, pois os argumentos apresentados não são minimamente
válidos para acabar com uma licenciatura (ora que grande surpresa...).

(Deve-se) tentar organizar o máximo número de personalidades para contactar a universidade e mostrar o desagrado. Isto é diplomaticamente grave e o
governo e partidos políticos só podem ajudar para que a proposta renovada
nunca seja aceite. Deixo desde já, a morada e contacto da Vice-Reitora da
Universidade de Cambridge:

Prof. Alison Richard,
Vice-Chancellor,
University of Cambridge,
The Old Schools,
Cambridge CB2 1TT
United Kingdom

Em anexo, ver

Statement issued by the Pro-Vice-Chancellor for Education
Professor Melveena McKendrick on 26th January 2007
,

See the Article in the Varsity


(André Almeida B.A. (cantab hons) Mphil Student Department of Biological
Anthropology, Leverhulme Centre for Human Evolutionary Studies, Fitzwilliam
Street Cambridge U.K.)

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JARDINS DE INVERNO

Pomar no Bombarral.

(Nuno Matos Silva)

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EARLY MORNING BLOGS

957 - Rêvé Pour l'hiver.

L'hiver, nous irons dans un petit wagon rose
Avec des coussins bleus.
Nous serons bien. Un nid de baisers fous repose
Dans chaque coin moelleux.

Tu fermeras l'oeil, pour ne point voir, par la glace,
Grimacer les ombres des soirs,
Ces monstruosités hargneuses, populace
De démons noirs et de loups noirs.

Puis tu te sentiras la joue égratignée…
Un petit baiser, comme une folle araignée,
Te courra par le cou...

Et tu me diras : "Cherche !", en inclinant la tête,
- Et nous prendrons du temps à trouver cette bête
- Qui voyage beaucoup...

En Wagon, le 7 octobre 70

(Arthur Rimbaud)

*

Bom dia!

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29.1.07


JARDINS DE INVERNO

Palácio de Cristal no Porto. Hoje.

(Gil Coelho)

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BLADE RUNNER NA CASA DE CAMILO

Há muitos anos que não ia à casa de Camilo em S. Miguel de Ceide e fiquei preso na memória de uma imagem da casa meio abandonada, sem mobiliário (o pouco que tinha sobrevivido ao incêndio, ou que tinha a fama de ter sobrevivido, porque havia a suspeita de que quase nada de original sobrava), a árvore, o fantasma do suicida, num dia apropriado de chuva e cinzento. Como as imagens da memória são poderosas pensava que ia encontrar tudo quase na mesma, lá bem no meio do Minho ruralíssimo e "camiliano"... Engano, claro.

http://www.brmovie.com/Images/Characters/Deckard/br_deckard_looking_for_pris.jpg Agora voltei lá para apresentar o habitual pas de deux "um livro-um filme" e só fiz escolhas bizarras, to say the least. Escolhi um livro de que não há edição decente em português (Do Androids Dream of Electric Sheep? de Philip K. Dick) e um filme, Blade Runner de Ridley Scott, que não podia estar mais afastado do fantasma habitante da casa. Eu lia as frases da exposição que estava no anexo do Siza e só me saíam frades e fidalgos e viúvas e estudantes e malfeitores, enterrados nas quintas minhotas ou nos penhascos do Marão. Bem me esforcei para pensar um único momento da dúzia de romances de Camilo que li (sempre são duzentos e muitos títulos) que pudesse ter alguma coisa a ver com os andróides do filme, ou com máquinas. Nada. Só me vinha à memória o elevador do palacete do Jacinto, que também tinha vontade própria, mas lembrar o Eça na Casa de Camilo podia ser funesto.

Atravessando o largo em frente, numa noite glacial, com todas as estrelas no seu sítio, entre o granito da capela e o alinhamento das janelas do casarão antigo, lembrando o meu Deckard e a minha Pris, desisti de todo de juntar o que não podia ser junto. E lá comecei com a pergunta "o que é o homem?" que Dick disfarçou dentro do teste de se saber se também os andróides sonham com carneirinhos eléctricos. Sonham eles e sonhamos nós.

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APRENDER COM CAMILO CASTELO BRANCO:
"HÁ-DE CHORAR AINDA QUE LHE CUSTE"

"A todos os que lerem
É uma historia que faz arrepiar os cabelos.
Há aqui bacamartes e pistolas, lágrimas e sangue, gemidos e berros, anjos e demónios.
É um arsenal, uma sarrabulhada, e um dia de juízo! Isto sim que é romance!
Não é romance; é um soalheiro, mas trágico, mas horrível, soalheiro em que o sol esconde a cara,
(...)

Há aí almas de pedra, corações de zinco, olhos de vidro, peitos de asfalto?
Que venham para cá.
Aqui há cebola para todos os olhos;
Broca para todas as almas;
Cadinhos de fundição metalúrgica para todos os peitos.
Não se resiste a isto. Há-de chorar toda a gente, ou eu vou contar aos peixes, como o padre Vieira, este miserando conto.
(...)
Tenha paciência; há-de chorar ainda que lhe custe."

Camilo dirige-se assim aos seus leitores prevenindo-os que O Que Fazem Mulheres, um "romance filosófico", tinha "cebola para todos os olhos". Ou choravam, ou ele ia pregar aos peixes. Excelente leitura para estes tempos em que o pathos escorre das paredes, blogues e ecrãs (a mesma coisa aliás) e o mundo se torna pegajoso de tantos sentimentos à solta e tanto amor a pingar por todo o lado. Bem sei que é o "espectáculo", - Camilo também sabia, chamava-o "soalheiro" -, o pano de fundo da superficialidade moderna e dos Pequenos Homens (e Mulheres) de quem Nietzsche não gostava. O que se há-de fazer senão fortalecer "almas de pedra, corações de zinco, olhos de vidro, peitos de asfalto" e sorrir?

(E ler Camilo que tem vindo a ser publicado numa excelente edição da Caixotim, já com doze livros cá fora.)

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JARDINS DE INVERNO

Campos do Bombarral.

(Nuno Matos Silva)

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EARLY MORNING BLOGS

957 - After Prayers, Lie Cold

Arise my body, my small body, we have striven
Enough, and He is merciful; we are forgiven.
Arise small body, puppet-like and pale, and go,
White as the bed-clothes into bed, and cold as snow,
Undress with small, cold fingers and put out the light,
And be alone, hush'd mortal, in the sacred night,
-A meadow whipt flat with the rain, a cup
Emptied and clean, a garment washed and folded up,
Faded in colour, thinned almost to raggedness
By dirt and by the washing of that dirtiness.
Be not too quickly warm again. Lie cold; consent
To weariness' and pardon's watery element.
Drink up the bitter water, breathe the chilly death;
Soon enough comes the riot of our blood and breath.

(C. S. Lewis)

*

Bom dia!

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28.1.07


MARCAR OS LIVROS COM FRASES DE CAMILO



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COISAS DA SÁBADO: AS BANCADAS DA DERROTA

http://comunidades.net/noticias_imagens/assembleia_republica8.jpg

A turbulência vinda das bancadas parlamentares do PSD e do CDS contra as respectivas direcções partidárias só surpreende quem não conheça o modo como elas são constituídas e a mecânica que as rege. Habitualmente pacíficas e obedientes, as actuais bancadas da oposição parecem escapar à regra dessa placidez. Mas o mesmo que as faz sossegadas fá-las agora turbulentas. É a primeira lei da termodinâmica de uma bancada parlamentar: os deputados fazem tudo que é possível para assegurar que voltam a ser escolhidos pelos seus partidos para lugares elegíveis. É uma lei da conservação do lugar, que em períodos fartos implica estarem muito quietos para ficarem na fotografia (como no PS), noutros mexerem-se para ajudarem a correr qualquer direcção partidária que os possa afastar, o supremo poder de uma liderança partidária em tempos de vacas magras.

Para as bancadas do CDS/PP e do PSD é óbvio que a lei da conservação dos lugares passa por garantir que nem Ribeiro e Castro nem Marques Mendes estejam no seu cargo daqui a um ano e possam condicionar as escolhas dos deputados. Para isso tem que se mexer e muito e desde já. As bancadas parlamentares do PSD e do CDS/PP são bancadas da derrota: constituídas na sua maioria pelos deputados que foram escolhidos, com considerável sectarismo partidário, nas direcções de Paulo Portas e Santana Lopes, e que são um símbolo vivo do desastre eleitoral de 2005. Ambos sabiam que iam perder as eleições e que o seu poder dentro dos partidos poderia ser contestado, logo construíram bancadas de fiéis que lhes assegurassem um poder alternativo. É evidente essa situação no CDS/PP, e nas notícias de fontes anónimas da bancada parlamentar do PSD de que desejariam Santana Lopes como Presidente do Grupo Parlamentar. É tudo muito transparente e vai ser tudo muito mais turbulento. Estamos só nos preliminares e como é uma luta de matar ou morrer (pelo lugar) promete ser feia.

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BIBLIOFILIA: GRANDES CAPAS


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LENDO
VENDO
OUVINDO

ÁTOMOS E BITS

de 28 de Janeiro de 2007



Mais absurdos: no sítio do Diário de Notícias (ou deveria dizer do Papagaio Amarelo?)
O Diário de Notícias, promove o seguinte "inquérito":

"Concorda com a pena de seis anos de prisão imposta ao pai adoptivo da criança de Torres Novas?"

Eu, simples cidadã que gosta de emitir sentenças, principalmente sendo absolutamente irresponsável pelo resultado,e ainda por cima num caso que "puxa ao sentimento", fiquei mesmo satisfeita. Vou votar, vou julgar.

Com uma declaração de voto que é também uma pergunta: concorda que jornais nacionais de créditos firmados provoquem deliberadamente equívocos, desinformem, se aproveitem da especial emotividade de factos que eles transformam em "notícia", para induzir os leitores na doce ilusão de que têm uma palavra a dizer num processo judicial cujos elementos desconhecem e para os quais não estão habilitados a decidir?

(RM)
*

Será que ninguém acha estranho, para não dizer ilegal, que se conheçam em detalhe "planos do ministério público", opiniões do PGR através de "fontes", deliberações do Tribunal Constitucional que é suposto ainda não terem sido tomadas, decisões futuras negociadas (como, com quem, com que base legal?) entre "agentes da justiça" e "especialistas", que permitirão esta ou aquela "solução", a propósito do chamado "caso Esmeralda", todas no sentido de "libertar" o "pai do coração" da prisão, e de entregar a criança à família "do coração"? É difícil encontrar melhor exemplo da degradação da lei, do direito, da justiça, ao sabor de uma "justiça mediática" feita pela vox populi, do que o que se pode ouvir em notícias como as que o Telejornal da RTP está a dar. Passou tudo na lei, no direito, nos tribunais a ser plástico, moldável, adaptável, desde que haja uma campanha de opinião e uma causa popular.

*

Os militantes, soldados de causas e de partidos, não compreendem que, independentemente do mérito das suas causas e do valor dos seus partidos, as suas prioridades não são as das pessoas comuns.

Todo o debate sobre o aborto está inquinado pelo que interessa aos militantes, pelos ganhos que os militantes querem levar para o exército de que são soldados no dia 12 de Fevereiro..

No concurso dos Grandes Portugueses são os militantes que votam em Salazar e Cunhal. Se ganhar um ou outro haverá brilho nos olhos em muitos locais de trabalho. "Ganhar" por interposta figura faz bem aos egos dos militantes.

Nos blogues há muitos militantes.

*
Concordo consigo que quem vota em Cunhal e em Salazar são os militantes. Mas não acha que o numero de votos de cada um (19 000 e 12000) é mais um prova que a militância está em baixa ?

(Eduardo Tomé)

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JARDINS DE INVERNO

Gerês.

(José Borges)

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JARDINS DE INVERNO

S. Miguel, Açores.

(Marco Ventura)

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RETRATOS DO TRABALHO EM MADRID, ESPANHA

Tatuagens, piercings, etc., etc. na Calle de la Montera.

(MJ)

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EARLY MORNING BLOGS

956 - Tombstones In The Starlight

I. The Minor Poet

His little trills and chirpings were his best.
No music like the nightingale’s was born
Within his throat; but he, too, laid his breast
Upon a thorn.

II. The Pretty Lady

She hated bleak and wintry things alone.
All that was warm and quick, she loved too well-
A light, a flame, a heart against her own;
It is forever bitter cold, in Hell.

III. The Very Rich Man

He’d have the best, and that was none too good;
No barrier could hold, before his terms.
He lies below, correct in cypress wood,
And entertains the most exclusive worms.

IV. The Fisherwoman

The man she had was kind and clean
And well enough for every day,
But, oh, dear friends, you should have seen
The one that got away!

V. The Crusader

Arrived in Heaven, when his sands were run,
He seized a quill, and sat him down to tell
The local press that something should be done
About that noisy nuisance, Gabriel.

Vl. The Actress

Her name, cut clear upon this marble cross,
Shines, as it shone when she was still on earth;
While tenderly the mild, agreeable moss
Obscures the figures of her date of birth.

(Dorothy Parker)

*

Bom dia!

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MIGRAÇÃO

O Abrupto está a migrar para o "novo" Blogger, ou seja em trabalhos de construção e manutenção..

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JARDINS DE INVERNO

Royal Botanic Gardens, Londres.

(Sara Bárrios)

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27.1.07


COISAS DA SÁBADO: O CERCO AOS PRÓ-AMERICANOS

Em Portugal, um número pequeno de jornalistas, comentadores e analistas apoiou a invasão americana do Iraque com diferentes argumentos e posições e razões. Eu fui um deles, como se sabe. Não era, nem nunca foi um grupo homogéneo, havendo diferentes maneiras de defrontar o problema do terrorismo, que estava subjacente em todo o desenvolvimento da política externa americana. Foi sempre uma minoria, muito minoria, e praticamente em nenhum momento teve qualquer espécie de hegemonia, quer no sistema comunicacional, quer na opinião pública. A maioria da opinião pública era-lhe desde sempre hostil e essa hostilidade foi-se agravando quer por erros próprios (a afirmação da existência das armas iraquianas de destruição massiva foi talvez o mais gravoso), quer pelo modo como os eventos da guerra se desenvolveram.

Mas não é tanto sobre as suas razões que escrevo, mas sobre o modo como tem sido atacados como se existisse para a questão iraquiana um delito de opinião que justificasse vários e sucessivos pedidos de silenciamento, contrição, auto-crítica, de pura e simples censura. Um dos alvos desse ataque censório tem sido o director do Público e, através dele, o próprio jornal. Quando a distância do tempo permitir ver estas coisas sem a dose maciça de má fé em que esse ataque assenta (uma das mais nefastas aquisições do debate sobre o Iraque que impregna tudo e foi analisada de forma certeira no livro de Fernando Gil / Paulo Tunhas), perceber-se-á como os argumentos com que, em artigos na imprensa e nalguns blogues José Manuel Fernandes é criticado, são ataques às suas opiniões como sendo impróprias de um director e de um jornal como o Público. Os ataques são políticos e censórios, uma etapa no cerco às opiniões que escapam ao unanimismo actual, a dele e a dos outros.

Um dos “argumentos“ mais absurdos é que a crise que o Público conhece (grave, mas menos grave do que a que conhece o Diário de Notícias, mesmo depois de uma profunda renovação) se deverá ao “conteúdo” pró-americano do jornal (que nem uma redacção e uma maioria de comentadores muito significativa contra a política americana no Iraque conseguiriam atenuar) e que só o “afastamento” do director (e por arrastamento dos que partilham da sua opinião) poderia evitar essa crise. Isto é um típico exemplo dessa mesma má fé, visto que as razões que explicam a crise do Público são comuns à imprensa escrita em geral e só por completa ignorância dessas razões é que se pode pensar que os artigos e os editoriais de opinião tem algum peso nessa crise. Aliás se fosse assim, o Le Monde Diplomatique seria o jornal mais lido em Portugal e o Diário de Notícias estaria a crescer exponencialmente com os leitores de “esquerda” que fogem do Público. Estas “análises” seriam disparates completos se não tivessem o seu claro intuito censório. Há quem não suporte um grão de diferença de opinião, fora do impante unanimismo dos nossos dias.

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26.1.07


JARDINS DE INVERNO

Avenida Brasil, Porto. Ontem.

(Gil Coelho)

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O DEBATE DO REFERENDO DO ABORTO



Havendo referendo, ou seja, uma escolha com significado político, é natural que haja debate público, que haja um contraditório a favor do convencimento das decisões e do voto. No entanto, nunca como agora eu desejaria que este referendo fosse silencioso, que este debate fosse quase inaudível, que ele pudesse ser feito quase por telepatia, por gestos subtis, sem voz, nem escrita, nem imagem. Tomem isto como uma metáfora, ou seja, não à letra, mas serve para dizer outra coisa que me parece mais importante.

Esta absurda cacofonia em que partidários do "sim" e do "não" esgrimem argumentos, opiniões, acusações, cada vez num tom mais alto, mais agressivo, mais descuidado, mais displicente, mais para se ouvirem do que para serem ouvidos, parte do princípio de que o essencial neste referendo é convencer. Duvido que alguém se convença nesta matéria, a não ser por rejeição - votava duma maneira mas ficou tão indignado(a) com uma frase ou uma atitude que passou a votar doutra. Talvez todos estes excessos possam servir marginalmente para mobilizar para o voto, embora duvide muito da sua eficácia, penso até que favorece mais a abstenção do que a mobilização. Posso estar enganado, são só impressões, não servem para nada.

Fique já bem claro que eu gosto do som e da fúria da política. Não tenho nenhuma das manias elegantes e preciosas de quem pensa que a política é só cumprimentos amáveis e frases subtis. Não sou dessa escola, nem me apanham na defesa de salamaleques de salão ou na condenação de compromissos e dedicações de quem está activamente nesta campanha. Não me esqueço nunca de uma tarde na Assembleia da República em que, depois de eu e mais dois ou três deputados termos passado uma hora de quezília parlamentar até conseguirmos que um respeitado deputado do CDS pudesse falar numa matéria que desejava e para a qual a maioria do PS fazia obstrução, a primeira coisa que o respeitado parlamentar disse no tempo que lhe tínhamos arrancado a ferros depois de uma cena pouco edificante de requerimentos, interpelações e outras guerrilhas parlamentares, foi manifestar o seu desgosto e enfado com a discussão a que tinha acabado de assistir. Fiquei, digamos, para o furioso, com a afronta de quem nos fez meter a mão na massa, para depois aparecer com luvas brancas acima do vulgo. Não é isso que pretendo dizer, se é que me faço entender. É o tom. E aqui o tom é quase tudo.

O que me desagrada nesta campanha - feita mais para os homens do que para as mulheres - é que ela passa ao lado, mais do que isso, desrespeita, ignora, menospreza, o carácter essencialmente existencial, vivido, do problema do aborto. É por isso que o aborto é mais uma questão das mulheres, como é a maternidade, e não é totalmente extensível e compreensível aos homens. Este é um dos casos que esquecemos muitas vezes, quando achamos que a igualdade é algo de adquirido sob todos os aspectos, e que tem a ver apenas com a sociedade, a economia, a cultura e o direito. Não, pelo contrário, há desigualdades, "diferenças" no dizer politicamente correcto, estruturais entre os seres humanos, uma das mais fundamentais é a que a maternidade introduz entre homens e mulheres. E para as mulheres, que, quase todas, ou abortaram ou pensaram alguma vez em abortar, ou usam métodos conceptivos que à luz estrita do fundamentalismo são abortivos, o aborto de que estamos a falar neste referendo não é uma questão de opinião, argumento, razão, política, dogmática, mesmo fé e religião. Também é, mas não só. É uma questão de si mesmas consigo mesmas, íntima, própria, muitas vezes dolorosa e nalguns casos dramática. Não é matéria sobre que falem, se gabem, argumentem ou esgrimam como glória ou mesmo como testemunho. Não é delas que vem esta estridência, nem é por elas que vêm os absurdos do telemóvel, do pinto, do ovo, do Saddam Hussein, do coraçãozinho. É mais provável que sintam tudo isso mais como insultos do que como argumentos que lhes suscitem a atenção. No seu silêncio votarão ou abster-se-ão, mas é por elas, por si, pelo seu corpo, pelos seus filhos, pelo seu destino, pela sua vergonha, pela sua dor, pela sua miséria, pelas suas dificuldades económicas, pela sua vida, pelos seus erros, pelas suas virtudes.

É verdade que, como em todas coisas, há irresponsabilidades, há mulheres irresponsáveis nos abortos que fazem, como nos filhos que fazem, mas duvido muito que sejam a regra. A regra é que aborto é sofrimento, físico e psicológico, e é sobre esse sofrimento que vamos votar. Eu vou votar sim, mas admito que, exactamente com a mesma consciência do mesmo problema, haverá quem vote não. Mas os moderados, estranha palavra rara no meio desta estridência, não podem deixar de recusar este folclore que infelizmente nalguns casos torna príncipes da Igreja iguaizinhos ao Bloco de Esquerda e vice-versa. Se percebêssemos esse silêncio interior da maternidade, mesmo quando dilacerada pelo aborto, seríamos menos arrogantes, menos estridentes, menos obscenos nas campanhas.

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25.1.07


JARDINS DE INVERNO

Jardim em Nijmegen, Holanda.

(José Pedro Rua)

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LENDO
VENDO
OUVINDO

ÁTOMOS E BITS

de 25 de Janeiro de 2007


Nos detalhes habita normalmente o Diabo. Mas nestes detalhes habita certamente Deus.

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Em Paris, no Panteão, a homenagem aos "justos" franceses (raros, raríssimos) que ajudaram a salvar judeus durante a guerra (fotos de José Manuel Fernandes)


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RETRATOS DO TRABALHO EM S. JOÃO DO MONTE - TONDELA, PORTUGAL

Na aldeia de Dornas, freguesia de S. João do Monte, concelho de Tondela, lavam-se as tripas do porco no ribeiro, morto nessa manhã, para fazer os enchidos.
Sábado passado, dia 20 de Janeiro.

(Miguel Torres)

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MAIS UMA VEZ


Um cidadão prepara-se para começar o seu trabalho, early morning. Ele prepara-se, mas a EDP não está preparada. Não há luz, mais uma vez. Uma hora depois a energia volta. O habitual, como em Tumbuctu.

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Também eu tenho problemas deste tipo com a EDP. Falhas extemporâneas e por vezes muito curtas que afectam aqueles que não vivem nas grandes cidades. Tenho optado por reclamar por escrito, fornecendo informação sobre a hora do corte e a duração do mesmo. Invariavelmente recebo uma resposta (muito tempo depois) em que sou confrontado com a inevitabilidade das condições atmosféricas (se chove é porque chove, se não chove é porque não chove!) e com a certeza que a EDP presta um serviço dentro dos parâmetros de qualidade contratados e definidos pelo regulador.

A questão é que o ónus da prova fica com o cliente - ainda bem que as UPS dos computadores registam as horas das falhas - mas a EDP nunca devolve dinheiro aos clientes por incumprimento de contrato. Falta de concorrência, é o que é!

(António Ribeiro)

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Em Setembro passado, em Lagos, eu e mais dois familiares ficámos bloqueados num elevador, entre dois andares, devido a uma falta de energia eléctrica que durou cerca de uma hora e meia.

Com a ajuda de alguns vizinhos, acabámos por ser retirados de lá com bastante dificuldade e não pouca ginástica, e ficámos a saber que, no mês anterior, cenas dessas haviam sucedido quase todos os dias - um problema agravado pelo facto de o piquete da EDP ter de vir de Portimão, a uma vintena de quilómetros dali!

Acresce que, como muito bem sabe quem já passou por isso, essa intervenção é precedida por um frutuoso diálogo com o funcionário de serviço que, do outro lado da linha, pretende saber alguns dados que vêm nas facturas - uma pretensão que pode ter lógica, mas que tem de ser satisfeita à luz das velas quando a falha de energia se dá de noite.

Enfim... não sei o que pensarão os responsáveis (autárquicos e da EDP) acerca dessa curiosa mais-valia para o turismo algarvio, mas o mais certo é que não pensem rigorosamente nada - pelo menos, "à luz" dos factos...

(C. Medina Ribeiro)

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JARDINS DE INVERNO

Jardim Gulbenkian.

(Luisa Alpalhão)

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24.1.07


LENDO
VENDO
OUVINDO

ÁTOMOS E BITS

de 24 de Janeiro de 2007


Debate parlamentar: Sócrates é um exemplo do estilo de debate parlamentar que se tornou dominante nos últimos anos. Nesse estilo de debate é bom, faz bem a parada e a resposta, é ágil, agressivo no incidental, não tem pejo nenhum em usar expressões como "somos os primeiros na Europa a...", ataca sempre que pode o PSD (ele que é um pragmático sabe que o PSD é a alternativa e, mesmo minimizando a oposição, ataca-a frase sim, frase sim) mesmo em questões de Estado que implicariam distância da polémica inter-partidária. No seu conjunto, não tem grande vocabulário nem referências fora da política mais imediata, é eficaz para uma televisão complacente, repete o mesmo quantas vezes for preciso, para não dispersar o que quer dizer e condicionar a citação, é muito próximo do estilo jornalístico de tratar as questões, não tem dúvidas, nem hesitações. É monocórdico, proclama muito e ouve pouco. Tem umas noções de marketing e de comunicação, para além do treino que lhe dá a política profissional. Depois, Sócrates traz da sua formação académica de engenheiro, um know-how técnico e uma mentalidade tecnocrática. Hoje, ao falar de energia e de ambiente, de vez em quando lá aparecia o jargão, por exemplo quando falou de um "mix" de fontes de energia, pequenas palavras denunciadoras de um estilo de leitura de relatórios e de apresentações de PowerPoint.

É um estilo de intervenção parlamentar que ele partilha com a sua geração de políticos, com carreiras mais ou menos profissionalizadas nos partidos desde as juventudes. Vivendo num meio em que quase só se fala de política, só se lêem jornais, só se vê noticiários, adquire-se uma memória orientada para a narrativa política estereotipada, um traquejo no incidente e contra-incidente, na lembrança insidiosa ("tu acusas-me de fazer isto, mas tu também já fizeste aquilo"...), no responder ao lado, em habilidades múltiplas. Tudo isto ele faz bem, insisto, melhor do que os outros oficiais e os muitos aprendizes da mesma escola, que enchem o Parlamento.

Como hoje este tipo de discurso é hegemónico, é o “normal”, as pessoas já não conhecem alternativas, e tomam-no por único e bastante. Os outros estilos parlamentares quase desapareceram do hemiciclo, desde o velho estilo da retórica republicana (como era o de Fernando Amaral), ao estilo jurídico coimbrão, pesado e solene (Marques Mendes ainda mantém traços desse estilo que era o de Barbosa de Melo, por exemplo) ou a um estilo mais denso e "humanista" nas referências como era o de Jaime Gama nos discursos de fundo. Este é o cânone actual do “politiquês” parlamentar.

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Assisti em directo ao discurso do estado da União do Pres. Bush.

Li o respectivo texto disponibilizado na net.

É surpreendente - para mim, pelo menos - o grau de cortesia e afabilidade como decorreu esse acto público no Congersso dos E.U.A.

Desde o caloroso cumprimento - que me pareceu sincero e genuíno - dirigido à speaker Nancy Pelosi, até às frequentes ovações - de republicanos e democratas, note-se - com que foram brindadas muitas das afirmações e propostas do Presidente.

Que contraste com o nosso Parlamento !

(Paulo Silva)

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Concordo com o que o leitor Paulo Silva diz acerca das diferenças entre o discurso de Bush , do estado da Nação e a atitude de Sócrates perante o Parlamento.

São os chamados " rituais de poder ". Aquelas pequenas tradições ( muitas vezes regras não escritas ...) que ajudam a cimentar as democracias , a aproximar os cidadãos e os políticos , a tornar a democracia mais perfeita , para lá das leis e da estrutura formal das instituições .

Nos EUA, são vários esses " rituais de poder. Recentemente, aquando da remodelação de Donald Rumsfeld por Robert Gates , Rumsfeld esteve presente na conferência de imprensa em que Bush anunciou essa decisão . Em Portugal, quem não se lembra de Manuela Arcanjo a defender um Orçamento Rectificativo no Parlamento, quando toda a gente sabia ( menos ela...), que ela já estava de saída ?

Outro exemplo é o facto de por regra antigos Presidentes dos EUA não criticarem o Presidente em funções . Quantos vezes Mário Soares não criticou antigos Primeiros - Ministros ( cargo equivalente , na medida em que é aquele que tem o poder executivo..) , fragilizando aqueles?

Poderia elencar mais "rituais de poder". Mas não vale a pena. Chega para demonstrar que Portugal ainda é uma democracia imatura e que os políticos Portugueses são imaturos.

A começar por José Sócrates , com uma atitude no Parlamento a roçar a má -educação. O dedo em riste , as caretas , as ironias venenosas e infantis, mandar calar deputados , são actos lamentáveis e que só envergonham o Pais. Afinal , José Sócrates é um representante de Portugal.

(João Melo)

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23.1.07


JARDINS DE INVERNO

Amanhecer no Porto, hoje.

(Gil Coelho)

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LENDO
VENDO
OUVINDO

ÁTOMOS E BITS

de 23 de Janeiro de 2007


Boas notícias:
Os editores do Jornalismo e Comunicação estão, como poderão ter reparado, impedidos de publicar ou alterar qualquer post desde o dia 27 de Dezembro de 2006 (nem mesmo nos foi possível deixar um aviso na caixa de comentários do último texto).Apesar dos inúmeros contactos já tentados com a equipa de gestão da Blogger não nos foi possível resolver o problema.Depois de alguma hesitação / ponderação (e depois de termos guardado os arquivos de quase 5 anos num espaço seguro) mudamos o blog para o Wordpress. O endereço - http://www.mediascopio.wordpress.com - está até mais próximo de reflectir a realidade presente do grupo.

(Luís Santos)

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O Projecto Gutenberg, a mais antiga biblioteca electrónica do Mundo, já está disponível em Português, na Internet. Os milhares de livros-e disponibilizados gratuitamente no PG são produzidos por voluntários de todo o Globo, sozinhos ou no sítio de revisão colectiva Distributed Proofreaders. A nova versão pretende aumentar as taxas de literacia e a produção de livros electrónicos gratuitos no Mundo de Expressão Portuguesa. Espera-se, dentro de uma década, ocupar a terceira posição no número de obras em línguas europeias. Um objectivo ousado, que depende da capacidade de mobilização de toda a Comunidade Lusófona.

Qualquer pessoa pode ser um voluntário. Apenas precisa de um livro velho. E de amor pelas Letras em Língua Portuguesa. Mais pormenores nesta página.

(Ricardo F. Diogo)


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MISSÃO 8

(Fotografias inéditas da missão dos paraquedistas portugueses no Afeganistão)


O castelo de Herat no decurso de uma missão de reconhecimento à região.


Pára-quedistas homenageiam no quartel de Camp Warehouse (em Cabul) o 1º Sargento Comando Romão Pereira, no 1º aniversário da sua morte.

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INTENDÊNCIA

Em actualização a lista de biografias de 2006 dos ESTUDOS SOBRE O COMUNISMO .

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JARDINS DE INVERNO

S. Miguel, Açores.

(Marco Ventura)

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EARLY MORNING BLOGS

955 - ...la alma es un principio o fuersa inrequieta con que se mueve la cosa.


TALES milesio dize: la alma es un principio o fuersa inrequieta con que se mueve la cosa. Ansí que aquello con que el animal se mueve lhama alma y todo aquello que se mueve tiene para sí ser animado y ansí la piedra calamita. Este varón fue uno de los siete sabios de Grecia, antes de los philósofos y siente que la alma es forma sustancial de las cosas y parece ser el primero entre los sabios, fabló en que la alma por su antigüedad. (Arato) Arato, astrólogo y philósopho, siguió esta opinión, al qual imitó (Virgílio) Virgílio, diziendo, todas las cosas son Dios y tanbién (Lucano) Lucano, hablando en persona de Catón. Iúpiter es todo lo que ves y todo aquello con que eres movido. (Apuleio) Apuleio tanbién sigue esto y parece esta opinión emanar de (Orfeo) Orfeo y moestra el que la tiene no saber nada de la alma, pues no hazen deferencia de lo animado a lo no animado.

(Daniel Arón Afia, Opiniones sacados de los más auténticos y antigos philósophos que sobre el alma escrivieron )


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Bom dia!

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VER A MANHÃ

Agora.

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22.1.07


BIBLIOFILIA: ENTRADAS

http://www.press.uchicago.edu/Images/Chicago/0226518892.jpeg http://yalepress.yale.edu/YupBooks/images/full/0300109733.jpg


Heinrich Carl Meier, Schmitt and Leo Strauss: The Hidden Dialogue

Pierre Boncenne, Pour Jean-François Revel : Un esprit libre

Anne Norton, Leo Strauss and the Politics of American Empire

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JARDINS DE INVERNO

S. Miguel, Açores.

(Marco Ventura)

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JARDINS DE INVERNO


Na Second Life.

(José Manuel Figueiredo)

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© José Pacheco Pereira
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