ABRUPTO

1.11.08


COISAS DA SÁBADO: A GLORIOSA MÁQUINA DE PROPAGANDA DO GOVERNO



Nestes dias, a gloriosa máquina de propaganda governamental está de vento em popa, alimentada por múltiplos personagens, ministros e assessores, gabinetes de comunicação, empresas de comunicação e relações públicas, jornalistas “amigos” e comunicação social do estado, blogues escritos e alimentados por assessores do governo, tudo isto oleado por muito medo de fazer ondas, não vá haver retaliações.

A facilidade com que se fazem acusações sobre a existência de retaliações por parte do governo sobre empresas e pessoas só pode ser comparada com a sinistra indiferença com que são recebidas. O caso mais absurdo e revelador é a célebre lista de credores do estado, onde, de milhares de empresas com dívidas, acabaram por sobrar meia dúzia que, em total desespero de causa, aceitaram fazer parte da lista. A esmagadora maioria das outras empresas não quer ondas com o governo, porque sabe muito bem que, do chefe do PS local ao ministro, podem ser rotuladas de “inimigas” e ficar preteridas em quase tudo.

Os empresários que operam na área da comunicação social, esses então estão na linha da frente de uma “mão invisível” que eles conhecem bem demais e que lhes diz com clareza o que podem ou não podem fazer com os seus jornais e televisões, os “agrados” e “desagrados” do senhor Primeiro-ministro e dos seus pares. A campanha contra o Público é um exemplo típico, a acentuada governamentalização de outros jornais, idem aspas. Acresce que muitas redacções estão mergulhadas até ao pescoço em relações próximas com os gabinetes ministeriais, onde muitos dos seus ex-colegas trabalham e de onde muitos deles também regressaram vindos de assessorias de imprensa de volta às redacções.

Ajudava muito à clarificação da vida política portuguesa que se conhecessem estas transumâncias passadas e actuais, porque elas reflectem reais conflitos de interesse numa parte sensível da nossa democracia, a formação da opinião pública. Ou seja, é importante sabermos quem, na redacção do jornal ou do canal televisivo X ou Y, foi assessor de Marques Mendes, Mário Lino, Sócrates, Santos Silva, Pedro Silva Pereira, Barroso ou Lopes. E, igualmente importante, saber quem exerceu este mesmo tipo de funções nas empresas públicas, ou em qualquer outro cargo cuja nomeação implique confiança política. Convém não esquecer que a função de assesssor na área da comunicação social é das mais sensíveis que existe hoje e de inteira confiança política. E como já vi jornalistas sairem da cobertura de uma campanha eleitoral directamente para os gabinetes daqueles que escrutinavam uma semana antes, valia a pena, nesta era de “transparência”, ir mais longe no registo de interesses. Não são só os ex-ministros que vão dirigir empresas em áreas em que antes governavam, são também os jornalistas que vêem do spin governamental, da colocação de notícias favoráveis e do controlo dos danos, para “informar” nas redacções.

Talvez assim se perceba alguma coisa da enorme eficácia da gloriosa máquina de propaganda do governo, em que este governo socialista mete num bolso todas as pobres tentativas de “centrais de comunicação”. E uma das razões da eficácia é exactamente cobrir os traços, apagar as pegadas e indignar-se muito quando a “independência” dos orgãos de comunicação social face ao governo é escrutinada.

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(Sandra Bernardo)

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LIVROS DE QUATRO GERAÇÕES (82)

Entre os livros familiares há alguns mais familiares do que outros: os que eu li de maneira especial, ou por mérito do livro, ou por estranheza do leitor. Um dos livros que nunca mais esqueci, mesmo não o vendo fisicamente há dezenas de anos, foi o Amor em Portugal no Século XVIII, de Júlio Dantas. Li-o com 16 ou 17 anos, já então um feroz anti-Dantas por efeito do Manifesto de Almada, que o tinha tirado de moda e o tinha tornado um autor símbolo do mau gosto, cuja leitura para um jovem vanguardista com pretensões literárias "modernas", era contra natura. Mas a verdade é que o li e nunca mais o esqueci e foi preciso esperar pelas Memórias de Marcelo Caetano, descrevendo o Dantas, com quem partilhou um camarote numa viagem ao Brasil, usando mesmo as ceroulas que o Almada gozava, para atentar numa coisa que Marcelo (o da Bayer) dizia: Dantas escrevia muito bem. E muitas vezes com muita graça, elegância e humor. Pensando bem este livro não só me divertiu, fornecendo aquelas histórias mais ou menos anedóticas que fazem parte do nosso património de contar aos outros, como nos ensinava como mudam os costumes, pelo lado do humor.


Entre as páginas inesquecíveis deste livro estava a descrição do "namoro de estafermo e de estaca" e a da arte do beliscão dentro das igrejas, a "sensualidade sonsa do beliscão português". Vale a pena ampliar estes dois fragmentos do livro de Dantas e esperar que seja rapidamente feita uma reedição.


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EARLY MORNING BLOGS

1427 -Horses and Men in Rain

Let us sit by a hissing steam radiator a winter’s day, gray wind pattering frozen raindrops on the window,
And let us talk about milk wagon drivers and grocery delivery boys.

Let us keep our feet in wool slippers and mix hot punches—and talk about mail carriers and messenger boys slipping along the icy sidewalks.
Let us write of olden, golden days and hunters of the Holy Grail and men called “knights” riding horses in the rain, in the cold frozen rain for ladies they loved.

A roustabout hunched on a coal wagon goes by, icicles drip on his hat rim, sheets of ice wrapping the hunks of coal, the caravanserai a gray blur in slant of rain.
Let us nudge the steam radiator with our wool slippers and write poems of Launcelot, the hero, and Roland, the hero, and all the olden golden men who rode horses in the rain.

(Carl Sandburg)

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31.10.08




(G. Jeanniot)

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COISAS DA SÁBADO: OS TENEBROSOS COMENTADORES PAGOS



Eu acho sempre que há uma ironia fina que acaba por cair na cabeça dos que acham que a palavra “pago” significa, vendo-se a si próprios ao espelho, “comprar” algo mais do que trabalho, um trabalho aliás muito especial, competitivo e difícil. Para eles, o dinheirinho é sempre o cheiro do mal, eles lá sabem porquê e, num estilo arruaceiro, vociferam contra as opiniões que não gostam e ficam caladinhos quanto às outras por conveniência e interesse. Só as que não gostam são “pagas”, as outras são, como se sabe, “serviço ao partido”. Liberdade dentro da cabeça é coisa que certamente não têm, nunca prezaram, nem prezam. Prezam as carreiras.

É pena que a duplicidade absoluta, total, completa, cega, e de cegueira, lhes faça apenas olhar para um lado. Aqui tem um bom exemplo, em que não se trata apenas de “comentadores pagos”, mas de políticos no activo que aceitam aparecer num anúncio em pose gótica, com um cangalheiro no meio, como se estivessem à espera de um duelo terminal com os microfones da TSF como arma. A TSF faz bem, a publicidade é boa e bem feita. Já não estou tão certo que esta teatralização, que inclui fazer de figurante vampiresco de um anúncio, seja tão aceitável para pessoas que se apresentam a eleições com promessas de seriedade. A não ser que se queira ser como Coluche ou Beppe Grillo, mas esses eram comediantes e palhaços antes de virem para a política e entendiam essa actividade como uma extensão da anterior.

Não é tudo teatro, pois não?

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POEIRA DE 31 DE OUTUBRO

Hoje, há mil quinhentos e trinta e três anos, um rapaz que não sabia bem o que lhe estava a acontecer, foi proclamado imperador romano do Ocidente usando o nome de Romulus Augustus. Muitos chamavam-no de "Augustulus", um diminutivo pejorativo, o "pequeno Augusto". Seu pai, um usurpador do trono, que ninguém reconhecia como imperador, usou-o como fachada para o seu próprio poder, já frágil e escasso, face aos chefes germânicos que controlavam militarmente o que sobrava do império ocidental. Menos de um ano depois, um desses chefes, Odoacro, conquistou o que sobrava do império, pondo um ponto final a cerca de mil anos de poder romano.

Dizia-se que Odoacro poupou a vida ao pequeno Romulus porque este, quando foi preso, depois do seu pai ser morto, usava um alfinete com um pequeno leopardo de ouro segurando a túnica. A tribo de onde era originário, os Scirii, consideravam que matar um leopardo podia acabar com o mundo, interrompendo o Tempo. Foi assim que Romulus pôde continuar a ter tempo. Borges interessou-se por esta história e escreveu um poema intitulado os Portadores do Tempo, que nunca publicou.

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LENDO
VENDO
OUVINDO

ÁTOMOS E BITS

de 31 de Outubro de 2008

Do modo como estão as coisas nas pouco sadias relações Portugal - Angola, feitas de muitos silêncios e cumplicidades, de jogos de interesses e de ameaças públicas e privadas, as notícias do Público de hoje sobre o envolvimento português nos mecanismos de corrupção das altas esferas do governo angolano e do MPLA, mostram muita coragem. Essa coragem é tanto maior quanto uma pesquisa com o nome de Falcone, personagem chave do processo que corre em França, nos motores de busca dos outros jornais diários portugueses não revela nenhum especial interesse no processo em curso e que diz muito respeito a Portugal. Se diz.

*
Multiplicando-se os telefonemas que o PM desta nação alegadamente “europeia” faz para a comunicação social, torna-se interessante e até recomendável recorrer aos benefícios do “choque tecnológico”, que nos dá a possibilidade de ver e ouvir novamente alguns debates do passado recente na Assembleia da República. Num deles, o líder da oposição dizia isto ao PM da altura, corria o ano de 2004:

“...e esse caso não é resolvido pelo seu silêncio. Esse é um caso a que não pode fugir. E é o caso seguinte: é o caso de um ministro do seu governo, que fez uma pressão ilegítima junto de uma estação privada e que conduziu à eliminação de uma voz incómoda para o seu governo. E o senhor primeiro-ministro desculpar-me-á, mas quero dizer-lho com clareza: esse episódio é um episódio indigno de um governo democrático e é um episódio inaceitável. E isso é uma nódoa que o vai perseguir, porque essa nódoa não vai ser apagada facilmente, porque é uma nódoa que fez Portugal regressar aos tempos em que havia condicionamento da liberdade de expressão. E peço-lhe, senhor primeiro-ministro: resista à tentação do controle da comunicação social. Não vá por aí, porque nós cá estaremos para evitar essas tentações.”

Assim sendo, estaremos agora entre 1936 e 1937, no início da tentação, ou então este Sócrates não é o mesmo, é outro.

(Paulo Loureiro).

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(Susana)

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EARLY MORNING BLOGS

1426 - To Homer

Standing aloof in giant ignorance,
Of thee I hear and of the Cyclades,
As one who sits ashore and longs perchance
To visit dolphin-coral in deep seas.
So thou wast blind;--but then the veil was rent,
For Jove uncurtain'd Heaven to let thee live,
And Neptune made for thee a spumy tent,
And Pan made sing for thee his forest-hive;
Aye on the shores of darkness there is light,
And precipices show untrodden green,
There is a budding morrow in midnight,
There is a triple sight in blindness keen;
Such seeing hadst thou, as it once befel
To Dian, Queen of Earth, and Heaven, and Hell.

(John Keats)

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29.10.08


VÍRUS

Um francês muito especial.

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EARLY MORNING BLOGS

1425 - To Qiwu Qian Bound Home After Failing an Examination
















































































































































So you, a man of the eastern mountains,
Gave up your life of picking herbs
And came all the way to the Gate of Gold --
But you found your devotion unavailing.
...To spend the Day of No Fire on one of the southern rivers,
You have mended your spring clothes here in these northern cities.
I pour you the farewell wine as you set out from the capital --
Soon I shall be left behind here by my bosomfriend.
In your sail-boat of sweet cinnamon-wood
You will float again toward your own thatch door,
Led along by distant trees
To a sunset shining on a far-away town.
...What though your purpose happened to fail,
Doubt not that some of us can hear high music.

(Wang Wei, traduzido por Bynner.)

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28.10.08


NOVOS DESCOBRIMENTOS



Afinal sempre havia Pólos. O do Sul em Saturno.

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VÍRUS

Uma outra América.

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LIVROS DE QUATRO GERAÇÕES (81)


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POEIRA DE 28 DE OUTUBRO



Hoje, há cento e noventa anos, a febre tifóide matava Abigail Adams na sua casa em Quincy, Massachusetts. Abigal era esposa de um Presidente dos EUA passado e mãe de outro Presidente futuro. No seu leito da morte dirigiu-se a John Adams dizendo-lhe: "Do not grieve, my friend, my dearest friend. I am ready to go. And John, it will not be long." Abigail não tinha tido educação formal, mas fora educada em casa e lera muito. A sua biografia faz nota que provavelmente nenhuma Primeira Dama fora mais erudita que Abigail, que durante toda a vida manteve uma intensa correspondência com seu marido John versando todas as matérias de estado.

O exemplo da sua defesa das mulheres (inútil porque só nos anos vinte do século XX é que passaram a ter direito de voto) mostra como Abigail era clara e certeira nos seus argumentos e como tinha muito mais razão e seriedade que o próprio Adams, um homem sensível e com uma enorme experiência intelectual e política. No dia 31 de Março de 1776, Abigail escrevia a John Adams
"I long to hear that you have declared an independency. And, by the way, in the new code of laws which I suppose it will be necessary for you to make, I desire you would remember the ladies and be more generous and favorable to them than your ancestors. Do not put such unlimited power into the hands of the husbands. Remember, all men would be tyrants if they could. If particular care and attention is not paid to the ladies, we are determined to foment a rebellion, and will not hold ourselves bound by any laws in which we have no voice or representation.

"That your sex are naturally tyrannical is a truth so thoroughly established as to admit of no dispute; but such of you as wish to be happy willingly give up -- the harsh tide of master for the more tender and endearing one of friend.


"Why, then, not put it out of the power of the vicious and the lawless to use us with cruelty and indignity with impunity?
"Men of sense in all ages abhor those customs which treat us only as the (servants) of your sex; regard us then as being placed by Providence under your protection, and in imitation of the Supreme Being make use of that power only for our happiness. "
Era pouco provável que a sensata e devota Abigail estivesse a pensar no argumento de Lisistrata, quando falava da "revolta" das mulheres, mas a Adams não deve ter escapado a possibilidade. A 14 de Abril, respondia-lhe com humor queixando-se de que todos acusavam os "revolucionários" de gerarem desordem e desrespeito
"We have been told that our struggle has loosened the bonds of government everywhere; that children and apprentices were disobedient; that schools and colleges were grown turbulent; that Indians slighted their guardians, and negroes grew insolent to their masters."
e que agora, ainda por cima, tinha que considerar "the first intimation that another tribe, more numerous and powerful than all the rest, were grown discontented." Mas Adams respondia no tom paternal habitual nos homens, dizendo-lhe que afinal não era bem verdade assim, porque quem mandava eram as mulheres e que esperava que mesmo os bravos comandados pelo general Washington não se subordinassem "to the despotism of the petticoat":
"Depend upon it, we know better than to repeal our masculine systems. Although they are in full force, you know they are little more than theory. We dare not exert our power in its full latitude. We are obliged to go fair and softly, and, in practice, you know we are the subjects.

"We have only the name of masters, and rather than give up this, which would completely subject us to the despotism of the petticoat, I hope General Washington and all our brave heroes would fight."
Abigail não desiste e a 7 de Maio esceve de novo a Adams
"I cannot say that I think you are very generous to the ladies; for, whilst you are proclaiming peace and good-will to men, emancipating all nations, you insist upon retaining an absolute power over wives.

"But you must remember that arbitrary power is like most other things which are very hard, very liable to be broken; and, notwithstanding all your wise laws and maxims, we have it in our power, not only to free ourselves, but to subdue our masters, and without violence, throw both your natural and legal authority at our feet.
"
Abigail tinha então 32 anos. Se a parte da sua correspondência sobre os direitos das mulheres é a mais conhecida, nem por isso o resto deixa de permanecer ainda hoje inteiramente vivo, com o humor, vivacidade, princípios e uma enorme estima pessoal e política por John Adams. Este correspondia-lhe prezando mais do que tudo aquela forte relação íntima e intelectual. Se John Adams vivesse hoje poderia dizer: "Thats my girl".

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LIVROS DE QUATRO GERAÇÕES (80)



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LENDO
VENDO
OUVINDO

ÁTOMOS E BITS

de 28 de Outubro de 2008
Ontem à noite, pelas 21 e pico, quem fizesse um rápido zapping pelos canais nacionais, veria as seguintes caras a falar em directo (acho que em directo todas mas não tenho a certeza)

António Vitorino na RTP1
Pedro Silva Pereira na SIC
Augusto Santos Silva na TVI

Parece-me que todos falando mais ou menos sobre o mesmo tema – o veto presidencial.

O rodapé noticiava que mais tarde na mesma noite Alberto Martins iria também falar. Nem há palavras porque se fica sem fôlego…

(Maria Baldinho)

*

Esta azafama de trabalho por parte do governo, do grupo parlamentar e do futuro cabeça de lista do PS ao Parlamento Europeu , apenas significa que algo os amedronta. Nunca vi coisa igual, desde as 21 h até ás 22 h todos lá estavam a comentar o Veto Presidencial , ou as declarações da líder do PSD.
Também não é de estranhar que pela segunda vez, uma entrevista da Dr.ª Manuela Ferreira Leite seja ripostada por uma entrevista do Eng Sócrates, será apenas coincidência ? Penso que não, e estamos apenas e só a um ano de eleições ...e o medo para os lados do Largo do Rato começa a vir ao de cima...

(Ricardo Martins Lobo)

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EARLY MORNING BLOGS

1424 - A Home Song

I read within a poet's book
A word that starred the page:
"Stone walls do not a prison make,
Nor iron bars a cage!"

Yes, that is true; and something more
You'll find, where'er you roam,
That marble floors and gilded walls
Can never make a home.

But every house where Love abides,
And Friendship is a guest,
Is surely home, and home-sweet-home:
For there the heart can rest.

(Henry Van Dyke)

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27.10.08


ÚNICA QUADRATURA DO CÍRCULO QUE CURA OS MALES DO MUNDO



(De uma espectadora atenta.)

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POEIRA DE 27 DE OUTUBRO: Εν Τούτῳ Νίκα

Hoje, há mil seiscentos e noventa e seis anos, Deus falou com o Imperador Constantino quando este se estava a preparar para uma batalha junto da pons Milvius, uma ponte que ainda lá está sobre o Tibre, por onde correm as suas águas toscanas. Os namorados romanos vão lá com um aluquete e prendem-no a um poste, fazem as juras que querem, e deitam a chave ao rio. E acreditam. Com o peso, o poste caiu e foi substituído por um mastro de aço, que também acabará por cair. Na Rede pode-se lá deixar lucchetti virtuais.

Foi ali perto que Deus apareceu em sonhos a Constantino dizendo-lhe que, com este "signo", venceria a batalha contra Maxêncio. O "signo" era o Chi Rho do Χριστός grego e é pouco provável que tenha sido mesmo usado naquela batalha, embora existam provas arqueológicas de que, mais tarde, os soldados de Constantino o tinham gravado nos escudos e nos capacetes. Mas a intenção deve ter chegado, porque Constantino venceu a batalha e o mundo do nosso lado ocidental ainda é cristão. Ele acreditou, como os namorados, no "signo".

*
Acho divertido que se fale do aniversário de um evento que teve lugar na antiguidade, pois é praticamente certo que se vai fazer referência a isso no dia errado. No caso do sonho de Constantino antes da batalha junto da pons Milvius: a que fez referência, escreveu que este teve lugar «há mil seiscentos e noventa e seis anos», ou seja, a 27 de Outubro de 312. Mas o evento teve lugar nessa data pelo calendário juliano e o nosso calendário é o gregoriano, pelo que há um desfasamento (pequeno, neste caso; se não estou em erro, é de três dias somente). Isto faz-me lembrar que a estreia do filme 1492, de Ridley Scott, teve lugar a 12 de Outubro de 1992, a fim de calhar no 500º aniversário da chegada de Colombo à América. Só que, devido ao desfasamento a que me referi, a estreia deveria ter tudo lugar a 21 de Outubro, pois, pelo calendário gregoriano, foi a 21 de Outubro de 1492 que teve lugar o evento central do filme.

(José Carlos Santos)

*

Relativamente ao desfasamento referido por José Carlos Santos, suponho que se refere ao facto de, aquando da adopção do calendário gregoriano em 1582, em que a uma quinta-feira, 4 de Outubro (final do calendário juliano) se seguiu a sexta-feira, 15 de Outubro (início do calendário gregoriano), dez dias (5 a 14 de Outubro, inclusive) foram eliminados. Este acerto permitiu corrigir a deriva que se vinha acumulando entre o ano civil e o ano solar. A fórmula de cálculo então adoptada para manter os dois valores muito próximos, leva a que nem todos os anos divisíveis por 4 sejam bissextos: se também forem divisíveis por 100 e não por 400, são anos comuns. Por exemplo, 1700, 1800, 1900, 2100, 2200, 2300, 2500, … correspondem a anos comuns, enquanto 1600, 2000, 2400, … correspondem a anos bissextos. Assim, durante mais de 5000 anos não temos que nos preocupar com o assunto.

Curiosamente foi o Imperador Constantino I que, em 325 (13 anos depois do acontecimento que refere), convocou o Primeiro Concílio de Nicaea, em Bithynia (actual Iznik, Turquia), onde foi também definida a data para celebrar a Páscoa, como sendo o primeiro domingo depois da primeira lua cheia que se seguia ao equinócio vernal (o ponto vernal ocorre à volta do dia 20 de Março). A reforma gregoriana, mil duzentos e cinquenta e sete anos depois, permitiu que o ponto vernal voltasse a ocorrer a 20 de Março, com a eliminação dos dez dias acima referidos.

Outra curiosidade: a Grã-Bretanha e parte dos EUA só adoptaram a reforma em 1752, como pode confirmar quem trabalha com sistemas Unix/Linux, executando o comando “cal 9 1752”, onde se verifica que, a 2 de Setembro, quarta-feira se seguiu 14 de Setembro, quinta-feira.

(Pedro Fernandes)

*

Ao comentário do seu leitor Pedro Fernandes, gostaria de acrescentar que a Rússia só adoptou o calendário gregoriano em 1918, após a chegada dos bolcheviques ao poder. É por isso que os aniversários da «revolução de Outubro» têm lugar em Novembro (25 de Outubro de 1917 no calendário juliano corresponde a 7 de Novembro do mesmo ano no calendário gregoriano).

(José Carlos Santos)

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INTERIORES / EXTERIORES: CORES DESTES DIAS

Clicando na fotografia fica na boa dimensão. Para se ver



O mar, o céu, a nuvem e o sol. A tarde de 18 de Outubro na Calheta, Madeira. (Leonel Silva )





Outono em Santarém. (MJ)



Igreja da Cartuxa em Caxias ao entardecer. (ana)



Jogadores do Lourosa a cumprimentarem a equipa de arbitragem e do Amarante F.C., num jogo em que os primeiros venceram os segundos, por quatro bolas a zero em pleno Municipal de Amarante. (Helder Barros)









S. Francisco - Alcochete. (Teresa Leite)

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EARLY MORNING BLOGS

1423 - Home, My Little Children, Here Are Songs For You


Come, my little children, here are songs for you;
Some are short and some are long, and all, all are new.
You must learn to sing them very small and clear,
Very true to time and tune and pleasing to the ear.

Mark the note that rises, mark the notes that fall,
Mark the time when broken, and the swing of it all.
So when night is come, and you have gone to bed,
All the songs you love to sing shall echo in your head.

(Robert Louis Stevenson)

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26.10.08


OUVINDO

Fischer-Dieskau a cantar "Fischerweise" e "Liebeslauschen" de Schubert.



O Quarteto Alban Berg a tocar a Morte e a Donzela de Schubert.

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LIVROS DE QUATRO GERAÇÕES (79)

Aqui está uma história simples de sentimentos simples, toda dentro de um livro. A gramática latina era um livro escolar muito comum, e o "alumno nº 199" assinou-a em 12 de Outubro de 1875 como sua. Não sei se, na mesma data ou mais tarde já adulto, ou ele ou um seu parente (o nome de família "Miranda" é idêntico) colou no livro um ex-libris em nome de Eduardo José de Vasconcelos Araújo Miranda, ornamentado com o brasão familiar e a frase atribuída a Aristóteles "Amicus Plato, sed magis amica Veritas". Muitos anos depois, como se pode ver pela letra infantil, um miúdo acrescentou uma tradução rudimentar "sou natural, sou amigo, sou porém mais da verdade" no ex-libris original. Mas, o mesmo miúdo, Nuno Castilho, resolveu que também tinha direito a um ex-libris e a um título de nobreza. Não esteve com meias medidas e inventou-o intitulando-se "Conde-Duque", um título que não existe em Portugal. Talvez, nas suas ambições adolescentes, tivesse ouvido falar de Olivares, ele sim Conde Duque. Mas o nosso "Conde Duque Nuno Castilho" ilustrou o seu ex-libris com a frase "Sempre fiel", que espero o tenha acompanhado toda a vida, mesmo quando abandonou os seus sonhos de nobreza. É que na frase há mais nobreza do que no espavento do título e muito mais dificuldade em ser fiel ao "sempre fiel", do que em obter armas e brasões.





















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OUVINDO

John Denver a cantar Take Me Home Country Roads.
Almost heaven, west virginia
Blue ridge mountains, shenandoah river
Life is old there, older than the trees
Younger than the mountains, blowing like a breeze

Country roads, take me home
To the place, I be-long
West virginia, mountain momma
Take me home, country roads

All my memories, gather round her
Miners lady, stranger to blue water
Dark and dusty, painted on the sky
Misty taste of moonshine, teardrop in my eye

Country roads, take me home
To the place, I be-long
West virginia, mountain momma
Take me home, country roads

I hear her voice, in the mornin hours she calls to me
The radio reminds me of my home far a-way
And drivin down the road I get a feeling
That I should have been home yesterday, yesterday

Country roads, take me home
To the place, I be-long
West virginia, mountain momma
Take me home, country roads

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ROSTOS








(Sandra Bernardo)

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COISAS DA SÁBADO: A LEI DO DIVÓRCIO E O AUMENTO DA INJUSTIÇA PARA AS MULHERES

Cavaco Silva foi claríssimo:
'O novo regime jurídico do divórcio irá conduzir na prática a situações de profunda injustiça, sobretudo para aqueles que se encontram em posição de maior vulnerabilidade, ou seja, como é mais frequente, as mulheres de mais fracos recursos e os filhos menores'.
E mais: a lei
'padece de graves deficiências técnico-jurídicas' com “conceitos indeterminados que suscitam fundadas dúvidas interpretativas, dificultando a sua aplicação pelos tribunais e, pior ainda, aprofundando situações de tensão e conflito na sociedade portuguesa'.
E não foi só claro, como tem toda a razão. O PS apresentou esta legislação com a mesma irresponsabilidade e ignorância do país que tem o Bloco de Esquerda. Foi um misto de laicismo mação com causas “fracturantes”, com a enorme vantagem de ser grátis para o governo. O Presidente disse aquilo que qualquer sociólogo ou estudioso da realidade portuguesa, que não consiste apenas de divórcios de casais trendy em Telheiras, confirmará: esta lei é profundamente injusta para os mais fracos, e, se é grátis para o governo, está longe de ser grátis para muitas mulheres e muitas crianças.

*
Li muitas opiniões sobre a posição de Cavaco Silva relativamente à lei do divórcio e fiquei impressionado com a quantidade de comentadores que optam por tapar a realidade com as suas preferências ideológicas. Uma das facetas da dita realidade é mencionada no seu texto: esta lei é injusta para os mais fracos e, na realidade portuguesa actual, as mulheres estão mais frequentemente entre os mais fracos do que os homens. Mas o que Fernanda Câncio escreveu sobre o assunto em Agosto, foi típico da atitude que descrevi acima; para ela, o Presidente da República «informa que as mulheres são fracas e débeis». Infelizmente, é uma atitude bastante corrente.

(José Carlos Santos)

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INTENDÊNCIA



Os Estudos sobre o Comunismo estão em actualização.

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(Susana)

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© José Pacheco Pereira
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