ABRUPTO

26.10.08


LIVROS DE QUATRO GERAÇÕES (79)

Aqui está uma história simples de sentimentos simples, toda dentro de um livro. A gramática latina era um livro escolar muito comum, e o "alumno nº 199" assinou-a em 12 de Outubro de 1875 como sua. Não sei se, na mesma data ou mais tarde já adulto, ou ele ou um seu parente (o nome de família "Miranda" é idêntico) colou no livro um ex-libris em nome de Eduardo José de Vasconcelos Araújo Miranda, ornamentado com o brasão familiar e a frase atribuída a Aristóteles "Amicus Plato, sed magis amica Veritas". Muitos anos depois, como se pode ver pela letra infantil, um miúdo acrescentou uma tradução rudimentar "sou natural, sou amigo, sou porém mais da verdade" no ex-libris original. Mas, o mesmo miúdo, Nuno Castilho, resolveu que também tinha direito a um ex-libris e a um título de nobreza. Não esteve com meias medidas e inventou-o intitulando-se "Conde-Duque", um título que não existe em Portugal. Talvez, nas suas ambições adolescentes, tivesse ouvido falar de Olivares, ele sim Conde Duque. Mas o nosso "Conde Duque Nuno Castilho" ilustrou o seu ex-libris com a frase "Sempre fiel", que espero o tenha acompanhado toda a vida, mesmo quando abandonou os seus sonhos de nobreza. É que na frase há mais nobreza do que no espavento do título e muito mais dificuldade em ser fiel ao "sempre fiel", do que em obter armas e brasões.





















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© José Pacheco Pereira
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