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(JPP)
LIVROS DE QUATRO GERAÇÕES (79)
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Aqui está uma história simples de sentimentos simples, toda dentro de um livro. A gramática latina era um livro escolar muito comum, e o "
alumno nº 199" assinou-a em 12 de Outubro de 1875 como sua. Não sei se, na mesma data ou mais tarde já adulto, ou ele ou um seu parente (o nome de família "Miranda" é idêntico) colou no livro um ex-libris em nome de Eduardo José de Vasconcelos Araújo Miranda, ornamentado com o brasão familiar e a frase atribuída a Aristóteles
"Amicus Plato, sed magis amica Veritas". Muitos anos depois, como se pode ver pela letra infantil, um miúdo acrescentou uma tradução rudimentar "
sou
natural, sou amigo, sou porém mais da verdade" no ex-libris original. Mas, o mesmo miúdo, Nuno Castilho, resolveu que também tinha direito a um ex-libris e a um título de nobreza. Não esteve com meias medidas e inventou-o intitulando-se "Conde-Duque", um título que não existe em Portugal. Talvez, nas suas ambições adolescentes, tivesse ouvido falar de Olivares, ele sim Conde Duque. Mas o nosso "Conde Duque Nuno Castilho" ilustrou o seu ex-libris com a frase "
Sempre fiel", que espero o tenha acompanhado toda a vida, mesmo quando abandonou os seus sonhos de nobreza. É que na frase há mais nobreza do que no
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espavento do título e muito mais dificuldade em ser fiel ao "
sempre fiel", do que em obter armas e brasões.
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