ABRUPTO

31.10.08


COISAS DA SÁBADO: OS TENEBROSOS COMENTADORES PAGOS



Eu acho sempre que há uma ironia fina que acaba por cair na cabeça dos que acham que a palavra “pago” significa, vendo-se a si próprios ao espelho, “comprar” algo mais do que trabalho, um trabalho aliás muito especial, competitivo e difícil. Para eles, o dinheirinho é sempre o cheiro do mal, eles lá sabem porquê e, num estilo arruaceiro, vociferam contra as opiniões que não gostam e ficam caladinhos quanto às outras por conveniência e interesse. Só as que não gostam são “pagas”, as outras são, como se sabe, “serviço ao partido”. Liberdade dentro da cabeça é coisa que certamente não têm, nunca prezaram, nem prezam. Prezam as carreiras.

É pena que a duplicidade absoluta, total, completa, cega, e de cegueira, lhes faça apenas olhar para um lado. Aqui tem um bom exemplo, em que não se trata apenas de “comentadores pagos”, mas de políticos no activo que aceitam aparecer num anúncio em pose gótica, com um cangalheiro no meio, como se estivessem à espera de um duelo terminal com os microfones da TSF como arma. A TSF faz bem, a publicidade é boa e bem feita. Já não estou tão certo que esta teatralização, que inclui fazer de figurante vampiresco de um anúncio, seja tão aceitável para pessoas que se apresentam a eleições com promessas de seriedade. A não ser que se queira ser como Coluche ou Beppe Grillo, mas esses eram comediantes e palhaços antes de virem para a política e entendiam essa actividade como uma extensão da anterior.

Não é tudo teatro, pois não?

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© José Pacheco Pereira
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