ABRUPTO

29.9.06


COISAS DA SÁBADO: ANOS INQUIETOS - TRÊS CIDADES, TRÊS MOVIMENTOS

Anos InquietosRui Bebiano e Maria Manuela Cruzeiro (organização), Anos Inquietos, Vozes do Movimento Estudantil em Coimbra (1961-1974), Porto, Afrontamento, 2006

Embora a crise estudantil de 1962 seja a mais estudada e citada, em grande parte pelo destino e papel de alguns dos seus principais protagonistas, a começar por Jorge Sampaio, a crise de Coimbra não lhe fica atrás. O livro de entrevistas organizado por Rui Bebiano e Maria Manuela Cruzeiro é um dos primeiros a recolher sob a forma oral as histórias de vida de alguns dos protagonistas do movimento estudantil de Coimbra, à volta do seu annus mirabilis de 1969. O livro merece uma outra análise mais atenta, mas dois factores são patentes nas entrevistas, que fornecem um excelente ponto de partida para estudos posteriores: um, o carácter muito sui generis do movimento coimbrão, com poucos pontos de contacto com Lisboa e Porto; outro, a peculiar fragmentação da organização dos estudantes comunistas, sem paralelo com o que se passava em Lisboa e Porto que tinham unidade de direcção.

No seu livro sobre a crise de Coimbra, Celso Cruzeiro revela como era difícil fazer entender aos dirigentes associativos de Lisboa, com uma politização mais explicita e radical, o que se passava em Coimbra. Este testemunho mostra a estranheza peculiar a alguns passos das entrevistas para quem não era de Coimbra (o Conge, os IBM, etc,), e revela uma idiossincrasia especial do movimento. Em Coimbra, havia a universidade, centralizada, sem fragmentação associativa, - a AAC é o centro e quase tudo anda à volta do centro , mesmo quando outras entidades, como o Conselho das Republicas o substitui ou complementa por necessidade - permeado por um cultura estudantil local antiga, com a praxe, as “repúblicas”, e uma hierarquia entre veteranos e caloiros, que seria absurda em Lisboa e Porto. No movimento estudantil de Coimbra são muito fortes, a cidade, a “cidade universitária”, e a memória sob forma de tradições, umas vezes usadas, outras recusadas pelo movimento dos estudantes.

Com este livro avança-se para perceber como o movimento estudantil nacional era diversificado por detrás da sua aparente unidade. Mas falta estudar tudo o resto no movimento estudantil nacional, em particular Lisboa depois de 1962, onde só o episódio da morte de Ribeiro Santos é razoavelmente conhecido e praticamente tudo sobre o Porto, cujo movimento era mais parecido com o de Lisboa, mas mais clandestinizado pela escassez de associações legais . O interesse de relevar estas omissões, de que os seus autores não têm responsabilidade, é porque assim seria possível colocar a crise de Coimbra fora de Coimbra, fora dos quadros narrativos e interpretativos internos a um movimento estudantil muito peculiar.

Esta dificuldade é acentuada, aqui já por escolha dos seus autores, pela falta da dimensão esquerdista, - os “contestas” como depreciativamente eram classificados pelo núcleo comunista, - sem a qual a partir de 1969 não se percebe o movimento estudantil. Esta última opção é mais contestável, porque mantêm uma visão ortodoxa, “proprietária” da crise de Coimbra, que ganharia em ser medida com os seus limites e com episódios de que pouco se fala, como o “pedido de desculpas” posterior de alguns dirigentes associativos a Américo Tomás que gerou grande indignação em Lisboa e Porto. Como diria um “contesta”.

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RETRATOS DO TRABALHO EM GABROVO, BULGÁRIA



(Sílvia Mota)

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EARLY MORNING BLOGS / BIBLIOFILIA

877 - The bookworm

There is a sort of busy worm
That will the fairest books deform,
By gnawing holes throughout them;
Alike, through every leaf they go,
Yet of its merits naught they know,
Nor care they aught about them.

Their tasteless tooth will tear and taint
The Poet, Patriot, Sage or Saint,
Not sparing wit nor learning.
Now, if you'd know the reason why,
The best of reasons I'll supply;
'Tis bread to the poor vermin.

Of pepper, snuff, or 'bacca smoke,
And Russia-calf they make a joke.
Yet, why should sons of science
These puny rankling reptiles dread?
'Tis but to let their books be read,
And bid the worms defiance.

(J. Doraston)

*

Bom dia! Sem Lepisma saccharina, claro.

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28.9.06


RETRATOS DO TRABALHO EM RUIVÃES, PORTUGAL



O regresso do rebanho de ovelhas a casa, aguardando que a sua dona abra o portão.
Vila de Ruivães, há minutos atrás.

(Paulo Miranda)

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ESTADO DO ABRUPTO

O Abrupto atingiu cinco milhões de pageviews e três milhões e novecentas mil visitas. Na realidade, os números são um pouco mais altos, mas devido às rupturas dos contadores ocorridas no seu primeiro ano e ao episódio de pirataria (embora haja elementos sobre esse episódio para que aceitei confidencialidade, posso revelar que ele foi resolvido directamente pelos engenheiros do Google, depois de várias tentativas falhadas anteriores do Blogger) os registos não são exactos. Os números de hoje do Sitemeter dão-lhe uma média de 4537 visitas e 5128 pageviews. Todos os anos o Abrupto tem tido mais leitores e mais pageviews do que no ano anterior, da ordem das dezenas de milhar como se pode ver neste gráfico de Setembro a Setembro (e ainda faltam alguns dias). Podia acrescentar-se qualquer outro indicador, que os resultados são muito animadores.



O Abrupto está de boa saúde e recomenda-se. Muito obrigado a todos.

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RETRATOS DO TRABALHO EM ROUSSE, BULGÁRIA



(Sílvia Mota)

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LENDO
VENDO
OUVINDO

ÁTOMOS E BITS

de 28 de Setembro de 2006


Nenhuma cadeia de televisão nacional, nenhuma estação europeia de "serviço público", nenhuma estação séria em todo o mundo passou o documentário Loose Change com excepção da RTP, a julgar pelas referências no artigo da Wikipedia sobre a divulgação do "documentário" conspirativo (*). Várias se lhe referiram, mas sempre dentro de um contexto infomativo sobre teorias da conspiração, como por exemplo fez a BBC. Na lista fica apenas a RTP, um canal de cabo australiano e outro paquistanês. É bom que se perceba, no meio da desinformação e dos baixos critérios de exigência deontológica do canal público, politicamente motivados, por que razão há um problema jornalístico e editorial na forma como o Loose Change foi tratado. Já agora será que a RTP financia um documentário a mostrar que foram homenzinhos verdes que descobriram o caminho marítimo para a Índia? Tenho provas que o governo sempre ocultou...

  • (*)Portuguese public TV Station RTP showed the documentary on the 10 of September, 2006 in prime time hours, and again in RTP2 on September 17th 2006.
  • Australian Pay TV Channel, The History Channel, showed it during prime time hours on September 11 2006.
  • A Pakistani channel, Geo TV, showed Loose Change - dubbed into Urdu - on the fifth aniversary of 9/11.
*
Eu bem sei que a esmagadora maioria daqueles que dizem acreditar em teorias como a exposta no Loose Change está predisposta, devido aos seus preconceitos e sectarismo, a engolir todo esse tipo de lixo. Mas de qualquer modo deixo aqui um link para um site onde poderão ver desmascaradas as teorias conspirativas acerca do 11/9:.

Tudo isto me faz lembrar a maior indústria de teorias conspirativas do Mundo - a que se ocupa do atentado a John Kennedy, e que foi profusamente servida pelo famigerado filme "JFK", de Oliver Stone. A este propósito dizia um saudável céptico: "a acreditar nas várias teorias mirabolantes acerca da morte de Kennedy mais de 500 pessoas estiveram envolvidas na conspiração, o que faz desta o segredo mais bem guardado do Mundo, pois até hoje nenhuma delas deu com a língua nos dentes".


(Alexandre Burmester)

*

A tradição de se acreditar que o governo, em particular o dos EUA , sonega informação, tem tecnologias incríveis e escondidas em remotos locais como a famosa base 51 guardada por fanáticos e mais um sem número de disparates é recorrente mas sempre capaz de divertir o mais sisudo.
Carl Sagan num dos seus últimos livros escreve longamente sobre este fenómeno, para mim um dos mais fascinantes da raça Humana, a capacidade aparentemente infinita para se acreditar em coisas fantásticas e pouco prováveis deitando fora todo o sentido crítico, aceitando religiosamente todos os factos como verdadeiros e vendo as críticas feitas por pessoas mais cépticas um disparate de quem não se apercebeu da evidência dos factos. No seu livro ele explica como surgiu nos meados do século passado a ideia de que o governo dos EUA “escondia” “coisas”.
Resumindo uma leitura fascinante, pelos vistos os relatórios dos serviços secretos, são divulgados ao público de x em x anos numa tentativa de tornar o processo mais transparente e desta forma afastar este tipo de ideias conspirativas. No entanto os que contém menções a pessoas vivas ou informação confidencial cruzada na altura da divulgação aparecem cortados a marcador preto nos locais sensíveis, dando um aspecto de censura e de mistérios tão estimados aos seguidores da Teoria. Este procedimento aliado á teimosia de não divulgar alguns relatórios sobre o incidente de Roswell, recentemente desclassificados e onde se pode verificar que se tratava de balões atmosféricos e sondas, transformou a tradicional desconfiança em relação ao estado na suspeita de práticas de actividades ilegais e criminosas com um caracter sinistro e malévolo, desde a captura e ocultação de OVNIS e dos seus ocupantes até esta teoria macabra em que se coloca um número elevado de pessoas em lugares chave do governo a orquestrar a morte de milhares de civis inocentes. Nunca compreendi muito bem qual seria o móbil do crime, mas de facto há mistérios que mais vale nem perceber.
Para acabar de vez com a teoria do atentado ao Pentágono existe um site que tem tudo bem explicado , desde o motivo do desaparecimento do avião até outras resposta a perguntas dos famosos “cépticos” da versão oficial.

Fica o link para quem tiver curiosidade de descobrir as diferenças entre uma explicação bem feita e que estranhamente convence á primeira e uma atabalhoada tentativa de fazer com que a ignorância bata certa com a realidade distorcendo a realidade na medida da ignorância.
Mas toda a gente sabe que só se percebe à primeira porque o site é financiado pela CIA em ligação com o ex-KGB e através da frequência do monitor envia sinais telepáticos ficando-se sem sentido crítico, a famosa lavagem cerebral mas á distância. Parece que tem funcionado muito bem por essa net fora....
De notar que o site também tem uma série de curiosidades sobre outros mitos que vão sempre aparecendo pela net, um excelente barómetro da histeria geral.

(RMR)

*

Escrevo este email, motivado essencialmente pelo debate associado ao documentário "Loose Change" e às teorias da conspiração a ele associadas, como uma espécie de desabafo a que está tb associada uma questão, que é a seguinte:

"Como é que um ocidental politicamente moderado, com um nível de
inteligência razoável, formação académica de topo, católico, aberto à teoria da evolução, admirador dos Estados Unidos, e da sua capacidade de desenvolvimento tecnológico, a nível universitário e empresarial, ímpar em todo o mundo, e igualmente da sua sociedade livre e aberta, que apoiou sem questionar a intervenção no Iraque, e que se encontra numa zona do mundo (China), onde no diálogo do dia-a-dia os argumentos utilizados são de nível civilizacional, isto é cultura ocidental (Greco-Romana) versus cultura oriental (Chinesa), mas dizia eu, como é que essa pessoa em face de, documentários como o "Fog of War - Eleven Lessons from the life of Robert S. McNamara", "Fahrenheit 9/11", "Loose Change", ou então de um livro como "20 Grandes Conspirações da História", de Santiago Camacho, pode defender sem dúvidas uma civilização que está em franca decadência e está a perder diariamente e de forma acelerada qualquer autoridade moral para se afirmar no diálogo mundial?"

Para além de todos os "image&sound-bytes" que circulam pelo planeta à velocidade da luz, esta é que creio ser a questão principal. Os argumentos apresentados no "Loose Change", podem ser pouco científicos e nalguns casos até pouco inteligentes na forma como são descritos, mas como é que os mesmos se podem combater, nomeadamente no caso do ataque ao Pentágono, através da disponibilização de uma imagem de uma câmara, que não esclarece nada ainda adensa mais as dúvidas que possam existir...

Apresento as minhas desculpas pelo desabafo, mas na realidade só podemos
ser credíveis quando conseguimos apresentar provas científicas que
confirmam sem dúvidas aquilo que afirmamos, e neste caso do 11 de Setembro e subsequente guerra ao terrorismo, as perguntas sem resposta são tantas e tão diversificadas, que temo pelo futuro da nossa civilização ocidental...

(Rui Martins)


*


Gostava apenas de partilhar consigo a mensagem abaixo, que recebi no meio de muito lixo da Internet. Repare-se na desinformação, nas mentiras, no disparate. Repare-se como tudo se faz passar como se fosse o acordar de algum lúcido que de repente viu a luz em relação à verdade (como se de repente tudo "encaixasse"). Repare-se como se fala da RTP e da BBC (!) para confirmar a verdade da coisa. Repare-se ainda como isto circula na Internet, vindo de funcionários de empresas, de amigos, de pessoas em quem confiamos. Quem passa o mail nem pensa bem no assunto e muito menos verifica o que quer que seja. É passar e já está. Assim se transmite uma estranha falta de discernimento ( i.e., estupidez) disfarçada de inteligência e lucidez.


(Marco Neves)


---------- Forwarded message ----------
From: xxx
To: xxx
Date: Mon, 18 Sep 2006 12:21:26 +0100
Subject: As mentiras dos americanos - para pensar....

>Ontem a RTP transmitiu uma reportagem feita pela BBC sobre a verdade do
>atentado do 11 de Setembro. Nos vídeos que transmitiram a minha reacção
>foi de espanto ao reparar em pequenos detalhes que inicialmente nos
>escaparam, nestes vídeos os repórteres conseguem provar varias
>situações através das filmagens do atentado que nos deixam a pensar:
>
>- Os aviões utilizados nos atentados ainda continuam a voar (foram
>utilizados 2 "clones"), num dos filmes vê-se um dos aviões no aeroporto
>ao meio-dia e meio do dia do atentado, pois tinha aterrado as 10:30
>devido a uma denuncia de atentado a bomba, o filme mostra bem a
>matricula do avião, os referidos aviões continuam no activo e nunca foi
>dado baixa deles na FAA (entidade que controla os voo civis e militares)
>
>- 9 dos supostos terroristas ainda estão vivos e de boa saúde pois
>foram contactados pela BBC, mais de metade queixou-se de lhes terem
>roubado os passaportes.
>
>- O filme onde mostra o Bin laden a assumir a autoria do atentado é
>falso, pois o Bin laden é canhoto e no filme aparece a escrever com a
>direita e com um anel de ouro, coisa que o islamismo não permite.
>
>- O Bin Laden esteve num Hospital americano 3 dias antes do atentado.
>
>- A explosão no pêntagno tinha 5 metros e meio de diâmetro antes da
>parede ruir, um 757 tem uma envergadura de asa de 38 metros, e o motor
>de avião encontrado nos destroços da explosão nunca poderia ser de um
>Boeing, o avião é equipado com 2 motores de 6 toneladas cada e nunca
>poderia ter feito uma descida aquela velocidade pois teria se
>despenhado antes, afirmação feita pela Boeing e Rollys Royce
>(fornecedor de motores para o avião em causa), as
>caixas negras nunca foram encontradas o que é inédito na história da
>aviação.
>
>- Existiam 200 mil milhões de dólares em barras de ouro por baixo do
>World Trade Center, até agora ninguém explicou a sua origem
>
>- Foram descobertas provas por uma empresa alemã de que ficou de
>recuperar o conteúdo de alguns discos dos pc's que estavam no WTC onde
>se efectuaram transferências de valores astronómicos minutos antes do
>atentado.
>
>- O vídeo das torres a ruir mostra uma explosão controlada nos pisos
>inferiores ao embate do avião, segundos depois a torre cai.
>
>- Bombeiros, policias e pessoas que estavam nas torres, ouviram mais
>que uma explosão em cada torre.
>
>- A teoria do aço das torres ter cedido é mentira, a temperatura do
>fogo foi de 1600 graus, o aço das torres tinha certificação para
>temperaturas acima dos 2000 graus.
>
>- Todos os especialistas que contaram a verdade dos factos foram
>despedidos dos seus cargos.
>
>E muito mais situações, se pretenderem podem ver os vídeos em:
>
> www.loosechange911.com/
>
>Isto dá mesmo que pensar.....................

*

Em várias conversas tidas recentemente, apercebi-me que muita gente tomou como boa a informação contida no “documentário” Loose Change. “Se a RTP o passou é porque a coisa é credível” – disseram algumas dessas pessoas.

Sinceramente, penso que já nem sequer vale a pena insistir em contrariar essas pessoas. Se até agora ainda não perceberam o que está errado, não creio que o venham a perceber.

E o que está errado são os factos. Podemos especular sobre factos conhecidos – o que até pode ser um exercício interessante. Podemos até duvidar dos factos que nos são apresentados – sobretudo quando as fontes não nos oferecem confiança. Não podemos é deturpar, manipular, omitir e falsificar factos só para que estes encaixem nas nossas teorias. Se procedermos assim, então não há nada neste mundo que não possa ser provado/desmentido.

O mais grave neste “documentário” não é o ter sido realizado. O mais grave é o ter sido transmitido pela RTP, um órgão de informação que se diz credível. Tomemos um exemplo nacional. A RTP pode passar um documentário a dizer que a morte de Sá Carneiro foi um atentado. A RTP pode passar um documentário a dizer que a morte de Sá Carneiro foi um acidente. O que a RTP não pode fazer é passar um “documentário” que afirme que não foram encontrados corpos em Camarate, que afinal Sá Carneiro está vivo, e que tudo não passou de uma manobra de diversão para que ele pudesse fugir para as Maldivas com Snu Abecassis. Quem não consegue distinguir uma coisa da outra não merece ostentar uma carteira de jornalista, nem ter quaisquer responsabilidades na programação de uma televisão paga por todos nós para (alegadamente) prestar um serviço público.

Já agora: passou há dias na SIC Notícias um documentário sobre o primeiro homem a conseguir engravidar. Passaram entrevistas do próprio e de amigos. Passaram declarações do médico que lhe implantou um útero. Mostraram fotografias do procedimento cirúrgico e creio que até de uma ecografia. Houve mesmo um jornal que chegou a noticiar o caso. A coisa estava bem feita, e muitos teriam acreditado na história se, ao fim de largos minutos, os autores do documentário não tivessem confessado o embuste. Aqui, como no Loose Change, a informação foi propositadamente manipulada para induzir em erro os espectadores. Só que aqui, ao contrário do Loose Change, os autores fizeram-no para alertar os espectadores contra charlatães. Uma coisa é a dúvida legítima, outra é a crendice cega. Uma ajuda ao desenvolvimento da sociedade, a outra empurra-a para a idade das trevas.

(Carlos Carvalho)

*

Acompanha tanto a actividade da NASA que suponho que estará a par de que ... é tudo mentira. A começar pela ida à Lua. Evidência aqui e aqui (este ainda não li todo, mas parece-me que nos ilumina também de sabedoria) ou então aqui (este é maravilhoso, pois segundo percebi, os Russos nunca mentiram, nem falharam, as naves deles atingiram sempre o seu destino, embora saibamos hoje que esconderam todos os seus fracassos. Os americanos pelo contrário, pelos vistos, inventaram todos os seus sucessos). Razão tinha o meu avô que não acreditava naquilo.
Portanto, cuidado, aquelas fotografias de Marte e Saturno que nos anda a mostrar no Abrupto, também devem ser do deserto do Nevada ou visão de algum artista Nova Vaga.

(Mário Almeida )

PS: Vou mandar os nomes dos sites para a RTP. Talvez esta revelação chocante seja noticia de abertura do Telejornal às 20:00.

PS2: Aqui , pelos vistos temos a verdade sobre tudo. Uma verdadeira Bíblia. Extraordinário.

*

Reformulo palavras suas: «Já agora será que a RTP financia um documentário a mostrar que havia armas de destruição maciça que justificaram um atoleiro? Tenho provas que o governo sempre ocultou...»

Julgo que nesta questão um pouco mais de bom senso valeria a pena [a Wikipedia, que pode ser administrada e "actualizada" por qualquer um, agora já não levanta eventuais reservas ideológicas sobre os factos que apresenta?, isto apenas para recordar uma discussão antiga que, se não me falha a memória, também por aqui passou]. Não sou nenhum mentecapto que não saiba "ler" para além do documentário. Mas também sei seguir outros links do artigo da Wikipedia que ajudam a compor outro retrato: os órgãos de comunicação social que falaram do documentário (e que não o podem "publicar") incluem a Time, a Vanity Fair ou a Salon. E outras televisões, como a ABC [que disponibiliza mesmo no seu site um link para o filme!], comentaram o filme (com excertos e dando voz ao realizador)
Nisto tudo, estou com Bruno Sena Martins : «Sem avaliações insultuosas à capacidade intelectual de quem quer que seja , vale lembrar que o negacionismo e o voluntarismo inconsequente se irmanam na história da barbárie.»

(Miguel Marujo)

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OS NOVOS DESCOBRIMENTOS: VITÓRIA!

http://marsrovers.jpl.nasa.gov/gallery/press/opportunity/20060927b/site_B76_264_navcam_CYL_L-B952R1_br.jpg

As primeiras imagens da cratera Victoria, a que chegou a "Oportunidade", quase mil sols depois de estar em Marte. Velha "Oportunidade" que já devia estar morta há muito tempo e continua a ver por nós, devagar, devagarinho, mas a passo muito seguro. Vamos agora ter a festa científica e a tão importante "propaganda" que, a cada fotografia destas, aumenta a curiosidade criadora do público e "faz" novos cientistas entre os jovens.

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EARLY MORNING BLOGS

876 - A bookworm

The image “http://www.bodley.ox.ac.uk/dept/preservation/training/pests/damage.jpg” cannot be displayed, because it contains errors.

A moth devoured words. When I heard of that wonder
It struck me as a strange event
That a worm should swallow the song of some man.
A thief gorge in the darkness on a great man's
Speech of distinction. But the thievish stranger
Was not a whit the wiser for swallowing words.

And the answer: A Bookworm.

(Kevin Crossley-Holland , a partir do Old English of The Exeter Book, musicado por Arthur Bliss com o subtítulo de "Hommage modeste à Maurice Ravel")

*

Bom dia!

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27.9.06


INTENDÊNCIA

Por iniciativa do INDÚSTRIAS CULTURAIS foram colocados em linha dois fragmentos em video da intervenção feita no Instituto Cervantes ( aqui e aqui no YouTube) parcialmente transcrita em O PASSADO É UM PAÍS ESTRANGEIRO.

Actualizadas as notas COISAS DA SÁBADO: BATALHAS DE RETAGUARDA - OS BELGAS E O GOOGLE e RETRATOS DE TRABALHO EM SINTRA, PORTUGAL.

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RETRATOS DO TRABALHO EM TROYAN, BULGÁRIA



(Sílvia Mota)

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O PASSADO É UM PAÍS ESTRANGEIRO

(Fragmento do texto O Passado é um País Estrangeiro - Memória pessoal da Guerra Civil Espanhola nos anos sessenta, lido na sessão de encerramento, no Instituto Cervantes, do Simpósio "Guerra Civil de Espanha: cruzando fronteiras 70 anos depois" organizado pelo Instituto em conjunto com a Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica Portuguesa.)

[NOTA: por iniciativa do INDÚSTRIAS CULTURAIS foram colocados em linha dois excertos em video da intervenção, aqui e aqui no YouTube.]


(...)

Na sua biografia de Ronald Reagan, Edmund Morris escandalizou a comunidade de historiadores americanos ao se colocar ele próprio ficcionalmente a testemunhar eventos da vida do seu biografado. Morris, cuja biografia de Theodore Roosevelt ganhara um Prémio Pulitzer e um American Book Award, era considerado um sólido praticante da história, com métodos tradicionais, que fora escolhido para biógrafo oficial de Reagan. Após uma longa expectativa, visto que Morris se atrasou muito na entrega do original, a sua obra Dutch. A Memory of Ronald Reagan usava esse device polémico que, não afectando o rigor das fontes e dos eventos, perturbava a distância que ia da narrativa, do sujeito da narrativa, ao autor da narrativa. No seu intróito, numa biografia excepcionalmente bem escrita do ponto de vista literário, Morris falava do impulso do biógrafo para o biografado, do autor para o tema, nestes termos:
“Memory. Desire. (…) Before we recede to our respective darkness, I must allow these floating fragments, these dusting of myself to sparkle in his waning light”
O primeiro capítulo abre logo no mesmo tom no seu título: “The Land of Lost Things”, uma variação do início do livro de L. P. Hartley The Go-Between, “The past is a foreign country; they do things differently there.

They do things differently there.”. Yes, they do. O título deste simpósio é “Cruzando fronteiras: 70 Anos Depois”. Que “fronteiras”? As da geografia entre a Espanha em guerra e Portugal quase em paz? Ou as mais difíceis fronteiras do tempo, perturbado por quase dois terços de um século de diferença?

As do tempo, claro, as mais difíceis de atravessar. Como é que eu as atravessei? Como é que na minha geração, geração - palavra que não quer dizer mais do que homens presos no tempo, feitos pelo tempo, - atravessamos essa fronteira da guerra espanhola, ainda tão viva, ainda mais viva do que está hoje, a caminho de morrer fora de Espanha e a caminho de viver em Espanha só pelas metáforas cruéis do “destino manifesto”?

Se cada geração constrói a sua memória da história, como é que essa memória pode ser “limpa” da história que a está de novo a recriar? E isso é particularmente verdadeiro, quando se trata de gerações que vivem em tempos densos e fortes. E a minha geração teve a sorte ou o azar (para os outros) de ter vivido os “tempos interessantes” prometidos pela maldição chinesa. “Que vivas tempos interessantes” , pois vivemos tempos interessantes e até agora tivemos sorte em vivê-los do lado dos vitoriosos. Não sei se será sempre assim, porque os “tempos interessantes” ainda estão longe de acabar.

No meio do caminho da minha vida, a revolução do 25 de Abril e, quinze anos depois, a queda do Muro de Berlim e o fim da URSS e da “guerra fria”, é dose de “tempos interessantes” demais para que não paguemos, mais cedo ou mais tarde, a sua factura. De um modo perverso, é o que está a acontecer. Ora, se a memória da guerra civil espanhola estava viva dentro do caminho e da realidade do 25 de Abril, já o não estava da mesma maneira quando da queda do Muro. Sem a “guerra fria”, ou se se quiser, com o fim da longa guerra civil mundial que atravessou o século XX, desde 1917 até 1989, a memória da guerra espanhola mudou completamente. É hoje mais perplexa do que foi alguma vez no passado e o revisionismo dos historiadores mais jovens, tornando-a aggiornata, retirando-lhe a densidade dramática de uma escolha impossível de se repetir, de se fazer com a clareza do passado. Será que na guerra de Espanha não há “lado bom” nem ”lado mau”, um pouco como na guerra entre o Irão e o Iraque em que se desejava que ambos os lados perdessem, como se isso fosse possível? Ou será que ao se fazer esta pergunta, se está no fundo a justificar Franco, igualando tudo, num relativismo de amálgama, que deixa para trás os dilemas dos que a viveram? Será que os dilemas de 1936, não são possíveis de formular do ponto de vista moral, ou se se quiser, apenas do ponto de vista das “lições” da história, ou seja, da política? Será que a história cuida de dar “lições”? Os historiadores dizem que não na primeira frase, mas acreditam que sim na segunda, senão não escreviam sobre história, mas sim sobre a mecânica dos fluidos.

Não restam dúvidas de que para a minha geração portuguesa, formada nos anos da década de sessenta, à volta da data simbólica do Maio de 68, cresceu a perplexidade sobre o que aconteceu em Espanha, dissolvendo-se a necessidade aguda da memória da guerra entre o 25 de Abril e a queda do Muro. Porquê? Por que é que antes nos lembrávamos, ou melhor, por que é que antes não queríamos esquecer, e hoje nos esquecemos tão naturalmente? Não é muito fácil responder, mesmo quando percebemos quanto era mítica a nossa lembrança espanhola, porque ela nos incomoda no presente, quando já não acreditamos em nenhum dos mitos que alimentamos no passado. “The past is a foreign country”.

(...)

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LENDO
VENDO
OUVINDO

ÁTOMOS E BITS

de 27 de Setembro de 2006

Como se faz manipulação de uma notícia: telejornal da hora do almoço da RTP, noticia-se a decisão de Bush de divulgar o relatório dos serviços secretos que tem vindo a ser "soprado" para os jornais em fragmentos selectivos cuidadosamente escolhidos. Sem nos dizer uma linha sobre o que está no relatório, sem dar a intervenção de Bush a não ser truncada, passa-se uma longa intervenção, essa sim com princípio, meio e fim, de um crítico de Bush. Não me lembro de ver jornalistas a criticar a divulgação integral de um documento, quando normalmente o que faziam era exigi-la. Mas agora vale tudo.

O documento desclassificado está aqui. Cada um julgue por si, que é uma liberdade que o proselitismo de alguma comunicação social não nos quer dar.

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EARLY MORNING BLOGS

875 - Guerra de Civilizações

A crusader’s wife slipped from the garrison
And had an affair with a Saracen;
She was not over-sexed,
Or jealous, or vexed,
She just wanted to make a comparison.

(Ogden Nash)

*

Bom dia!

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26.9.06


LENDO
VENDO
OUVINDO

ÁTOMOS E BITS

de 26 de Setembro de 2006


Saber que é preciso para se acreditar em teorias da conspiração (obrigado ao José Carlos Santos).

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RETRATOS DO TRABALHO EM PORT-LOUIS, MAURÍCIAS



Um artesão a esculpir estátuas de madeira, uma das principais fontes de receita da ilha.

(António e Cristina Marques)

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EARLY MORNING BLOGS

874 - An Old Person from Gretna

There was an Old Person from Gretna,
Who rushed down the crater of Etna;
When they said, 'Is it hot?'
He replied, 'No, it's not!'
That mendacious Old Person of Gretna.

(Edward Lear)

*

Bom dia!

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25.9.06


INTENDÊNCIA

Actualizada a nota COMPROMISSOS.

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LENDO
VENDO
OUVINDO

ÁTOMOS E BITS

de 25 de Setembro de 2006


Duas breves questões/provocações: uma vez que se afirma tanto que Espanha vive de costas voltadas para Portugal, como explicar que, apesar de ser leitor/espectador bastante atento, nunca tenha encontrado matéria muito relevante (nos média portugueses) acerca das "teorias da conspiração" que em Espanha se vão debatendo em torno dos atentados de 11 de Março? (Notícias do El Mundo sobre o 11 de Março.) Afinal, quem vive voltado de costas para quem? (...) E não será algo duplo o critério que nos faz atentar apenas nos eventuais contornos cinzentos do 11 de Setembro?

(António Delicado)

*

Prémio para título sem pés nem cabeça: "Vida poderá não ser melhor em 2020 mesmo com expansão da Internet".

[NOTA: o título foi entretanto mudado para um muito mais sensato "Expansão da Internet não estará associada à melhoria da qualidade de vida".]

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COISAS DA SÁBADO: BATALHAS DE RETAGUARDA - OS BELGAS E O GOOGLE
Google

Um Tribunal belga proibiu o Google de incluir títulos de jornais belgas no motor de busca, a pedido de uma associação da imprensa local. Existe de facto um problema crescente de direitos de autor em linha e o Google revela-o e agrava-o. Tudo o que está a mudar com a crescente passagem do mundo dos átomos para o dos bits, vai tornar obsoleta toda a armadura jurídica que hoje defende a posse da propriedade intelectual. Só que não me parece que seja esta a melhor maneira de se defrontar estas questões e o efeito é pura e simplesmente excluir os jornais belgas do mundo global da informação.

É mais uma batalha de retaguarda como as que a UE trava contra a Microsoft, os franceses contra o ITunes (e o iPod) e a digitalização de bibliotecas pelo Google. O mais patético exemplo é a legislação francesa que obriga à utilização de termos técnicos universais, usados comummente em inglês, em francês. Já alguma vez procuraram no Google por um “logiciel” ou por um “ordinateur”?

*
Os franceses usam ainda o "octet" (em vez de "byte") e outras curiosidades semelhantes; mas a mais saborosa de todas talvez seja o "couriel" (em vez de "e-mail"), que vem de "courier électronique"...

(C. Medina Ribeiro)

*

Aproveito o seu post para lhe contar que a biblioteca da Universidade Complutense de Madrid (a segunda maior de Espanha depois da Nacional) vai estar disponível online graças ao acordo a que chegou com o Google. A notícia pode ser lida aqui.

Em relaçao ao termos técnicos sou completamente contra que seja o governo a obrigar este ou aquele termo mas além disso nao vejo qual é o problema. Quantas vezes procurei “ordenador”. O famoso Octet também é utilizado em Inglês como sendo 8 bits (octeto em Español). Nao esquecer que às vezes 1 byte nao sao 8 bits.
Já agora, espero que leia este “correo”.

(F. Bret)

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COISAS DA SÁBADO: VIOLAÇÃO DA VIDA PRIVADA VAI DE VENTO EM POPA


Who cares? Ninguém, a não ser aqueles que ainda prezam a sua privacidade e não sabem como defendê-la. Mais: a quem é negada a possibilidade de a defender, violando assim o direito que deveria ser concedido a cada um de viver como entende desde que tal não afecte os outros. Muito rapidamente a privacidade como direito vai desaparecendo e no caminho vai-se também degradando a intimidade, que tombará a seguir.

Este caminho de deterioração da qualidade de vida, que nenhuma lei hoje protege com eficácia, tem três motores: o voyeurismo crescente das massas que acrescentam aos seus consumos televisivos o da “vida real” dos outros; uma fauna de intermediários, jornalistas, fotógrafos, “cidadãos-jornalistas” que às escondidas ou ás claras, de máquina fotográfica ou telemóvel, tornam o espaço público e mesmo alguns espaços que deveriam ser privados numa selva de olhares indiscretos, e por fim, o exibicionismo de alguns notáveis da pele, da roupa, do “estar”, que vivem desse pavoneio e abrem caminho a um ambiente de promiscuidade que depois, naturalmente, se cansa deles e vai para o fruto proibido dos que não se exibem. Who cares?

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RETRATOS DO TRABALHO NA RÉGUA, PORTUGAL



Tanoeiros numa adega na Régua, reapertando os aros de um pipo.

(Gil Regueiro)

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EARLY MORNING BLOGS

873 - bababadalgharaghtakamminarronnkonnbronntonnerronn
tuonnthunntrovarrhounawnskawntoohoohoordenenthurnuk!

riverrun, past Eve and Adam's, from swerve of shore to bend of bay, brings us by a commodius vicus of recirculation back to Howth Castle and Environs. Sir Tristram, violer d'amores, fr'over the short sea, had passen- core rearrived from North Armorica on this side the scraggy isthmus of Europe Minor to wielderfight his penisolate war: nor had topsawyer's rocks by the stream Oconee exaggerated themselse to Laurens County's gorgios while they went doublin their mumper all the time: nor avoice from afire bellowsed mishe mishe to tauftauf thuartpeatrick not yet, though venissoon after, had a kidscad buttended a bland old isaac: not yet, though all's fair in vanessy, were sosie sesthers wroth with twone nathandjoe. Rot a peck of pa's malt had Jhem or Shen brewed by arclight and rory end to the regginbrow was to be seen ringsome on the aquaface. The fall
(bababadalgharaghtakamminarronnkonnbronntonner-

ronntuonnthunntrovarrhounawnskawntoohoohoordenenthurnuk!) of a once wallstrait oldparr is retaled early in bed and later on life down through all christian minstrelsy. The great fall of the offwall entailed at such short notice the pftjschute of Finnegan, erse solid man, that the humptyhillhead of humself prumptly sends an unquiring one well to the west in quest of his tumptytumtoes: and their upturnpikepointandplace is at the knock out in the park where oranges have been laid to rust upon the green since devlinsfirst loved livvy.

(James Joyce, Finnegans Wake)

*

Bom dia!

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24.9.06


RETRATOS DE TRABALHO EM SINTRA, PORTUGAL



Cesariana a uma vaca em pé onde se vê ainda a mão do vitelo a querer sair pelo sítio normal...

(António Castanheira)

*
Atendendo à normal fisionomia de um(a) vitelo(a) e ao elevado número de nascimentos/cesarianas a que já assisti, permita que lhe diga que não se trata de ” a mão do vitelo a querer sair pelo sítio normal...”. Trata-se de não um mas dois....São, ou eram, gémeos. Um, acaba se ser “rescatado”, encontrando-se o outro ainda no “sítio normal...”

Enfim, talvez mais um “Saber que é preciso para se acreditar em teorias da conspiração.”

(Nelson Muga)

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EARLY MORNING BLOGS

872 - Lights

When we come home at night and close the door,
Standing together in the shadowy room,
Safe in our own love and the gentle gloom,
Glad of familiar wall and chair and floor,

Glad to leave far below the clanging city;
Looking far downward to the glaring street
Gaudy with light, yet tired with many feet,
In both of us wells up a wordless pity;

Men have tried hard to put away the dark;
A million lighted windows brilliantly
Inlay with squares of gold the winter night,
But to us standing here there comes the stark
Sense of the lives behind each yellow light,
And not one wholly joyous, proud, or free.

(Sara Teasdale)

*

Bom dia!

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23.9.06


RETRATOS DO TRABALHO EM LISBOA, PORTUGAL



Rodagem de um filme, ou novela, ou série, em Lisboa.

(André Sá)

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O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES: TEORIAS DA CONSPIRAÇÃO

http://www.dhs.alabama.gov/TAP/twin%20towers%20w.%20plane%20aimed.jpgTenho seguido fascinado as diversas teorias (da conspiração e não só) relacionadas com o 11 de Setembro. Fizeram-me pensar nas frases que abrem um livro muito interesante (e difícil de obter): «A budget of paradoxes», de Augustus de Morgan (1806-1871). A tradução é minha.
«Se tivesse diante de mim uma mosca e um elefante, jamais tendo observado outra entidade com qualquer dos dois tamanhos, e se a mosca se dedicasse a convencer-me que era de facto maior do que o elefante, eu talvez me visse numa posição difícil. A criatura aparentemente pequena poderia usar argumentos relativos ao efeito da distância bem como apelar a leis relativas à visão e à audição que eu, caso não fosse conhecedor desses assuntos, poderia ser incapaz de rejeitar. Mas se houvesse mil moscas, todas a zumbir, tanto quanto me podia aperceber, em torno do grande animal, se cada mosca afirmasse por conta própria ser maior que o quadrúpede, se todas avançassem argumentos distintos e frequentemente contraditórios e se cada uma desprezasse e se opusesse às razões das restantes - então poderia ficar descansado. Certamente diria: Minhas amiguinhas, a argumentação de cada uma de vós é destruída pelas das restantes.»

Com efeito, o que é que se pode pensar do entusiasmo que cada nova explicação suscita, quando elas se contradizem entre si? Consideremos, por exemplo, a reacção de George W. Bush no próprio dia dos atentados. As pessoas que viram as imagens do presidente americano filmadas nesse dia numa escola (que se podem ver, por exemplo, no documentário Fahrenheit 9/11, de Michael Moore) manifestam-se geralmente impressionadas com a impressão que ele transmitiu nessa altura de ser uma pessoa totalmente ultrapassada pelos acontecimentos. Mas ao mesmo tempo é bastante popular a teoria de que os atentados foram perpetrados pelo próprio governo americano! Ou seja, o homem é simultaneamente o orquestrador do golpe e fica claramente sem saber o que fazer quando este ocorre! Outra contradição que me impressiona neste assunto consiste em constatar que muitas pessoas defendem que o governo americano negoceie com a Al-Qaeda e defendem ao mesmo tempo que foi esse mesmo governo que levou a cabo os atentados. Mas então, se a Al-Qaeda trabalha para o governo americano, o que é que pretendem? Que aquele governo negocieie consigo próprio?

(José Carlos Santos)

*
Fico sempre espantado quando as pessoas tentam refutar com argumentos “sérios” propostas que são de mera ficção. Esta questão dos atentados de 11/9 faz-me lembrar a seriedade com que se argumentou contra o Código da Vinci. Como concluía o filme Wargames “a melhor maneira de ganhar certos jogos é não jogar” ou ainda parafraseando Marx (Groucho claro) “nunca faria parte de um clube que me aceitasse como sócio”.

(Fernando Frazão)

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EARLY MORNING BLOGS

871 - .... an Old Man of the West

There was an Old Man of the West,
Who never could get any rest;
So they set him to spin
On his nose and chin,
Which cured that Old Man of the West.

(Edward Lear)

*

Bom dia!

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22.9.06


LENDO
VENDO
OUVINDO

ÁTOMOS E BITS

de 22 de Setembro de 2006


Tolerância sem tolerância.

*

Guerra de civilizações: a estranheza do Dubai .

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COISAS DA SÁBADO: VIDA DE ARISTÓTELES


A biografia de um filósofo muito antigo é difícil de fazer, por célebre que seja como é o caso de Aristóteles. Não há assim tantos testemunhos fidedignos da sua biografia, que ela se possa descrever com correnteza, sem hiatos, sem dúvidas, muitas vezes sem se saber quase nada ou com testemunhos contraditórios. Era alto, ou baixo? Era corpulento ou magro? Gaguejava? Parece que sim. Dedicava-se ou não aos “prazeres lúbricos” com outros homens? Como é que escreveu a sua obra? O que é que efectivamente escreveu? O que é que sobrou do que escreveu? Como é que foi lido na época o que escreveu, etc., etc. A biografia de Aristóteles, de António Pedro Mesquita, recém publicada pelas Edições Sílabo, não é um livro para ser popular, mas é um livro para os homens que desejem ser cultos, comummente cultos. O que nela se aprende não é apenas sobre Aristóteles, mas também sobre a fábrica de uma biografia antiga, as fontes, os textos, os boatos, os fragmentos, as querelas de autoria e de identificação, as versões próximas ou longínquas ao original. Este aspecto, sem desmerecer a qualidade da própria biografia, ensina-nos muito sobre como se investiga a partir de uma realidade que os anos fragmentaram, dispersaram e corromperam, e isso diz-nos muito sobre o que o tempo e a história fazem a uma obra e à memória de um homem.

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RETRATOS DO TRABALHO NO PORTO, PORTUGAL



Trabalho no Porto: terminado o serviço de reanimação de um cidadão, por uma equipa do INEM, na noite passada.

(Gil Coelho)

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COMPROMISSOS

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Há casos em que a distinção entre “sociedade civil” e mundo político é perversa e enganadora. Um deles, evidente como um enorme reclame de néon, é o do Compromisso Portugal. A iniciativa é política até ao tutano, traduzindo a politização do nosso mundo de gestores (e em menor grau de empresários, menos representados na reunião), mas afirma parar à porta da política, quer-se dizer da política partidária, mecanismo pelo qual nas democracias se conseguem os votos para governar.

O resultado é uma sensação de grande irrealidade. As propostas não são novas, mas isso seria apenas uma questão mediática que em nada invalidava a sua oportunidade. A questão é outra: é que, sabendo-se o que se deseja, nenhuma resposta é dada à questão de como realizá-lo, de como chegar lá. Que forças sociais podem ser mobilizadas, como se traduzem esses movimentos em votos, como se organizam e expressam politicamente para terem eficácia em democracia? Sim, porque em democracia o lobiismo de movimentos proto-políticos que não tem expressão partidária, nem vai às urnas, é apenas e só lobiismo. E o lobiismo, o mexer das influências, quando feito em público, sem sequência, nem consequência, fica mais fraco pela repetição. De cada vez que se repete a mesma coisa, sem acrescentar meios nem apontar instrumentos, a sensação de impotência cresce.

Eu também penso que há excesso de hegemonização da vida política pelos partidos e que é bom que haja outros parceiros activos na vida pública. Mas, a não ser que se queira apenas ser lobiista (e é isso o que muitos destes gestores sabem fazer bem nos meandros do poder, logo convencem-se que isso pode ser transposto para os eleitores) seria melhor usar os recursos disponíveis para intervir na sociedade civil para formar opinião. Formar opinião: invistam em think tanks, em estudos sérios, em jornais e revistas, em conferências, em ensino de excelência não apenas para as empresas mas para a actividade cívica, apoiem iniciativas modelo que mostrem a eficácia das propostas, etc, etc. Apoiem os políticos e os partidos que melhor pensam poder expressar essas propostas. Às claras, para se saber. Sem receios. Ou então façam um partido político e concorram às eleições, uma solução que daria uma grande legitimidade ao movimento e acabaria com algumas ambiguidades sobre as naturais ambições de alguns dos seus proponentes. E acima de tudo dêem o exemplo, a melhor das propagandas.

É um trabalho moroso e que só dá frutos a prazo, mas o único que pode ser eficaz. É que reunirem-se em fileiras cerradas, direitos e compostos, numa imagem sem qualquer modernidade e apelo, como qualquer especialista de marketing vos poderá dizer, com os jornais a divulgarem promessas com a mesma consistência das promessas eleitorais dos políticos, dá a pior das imagens e serve mal muitas das propostas com as quais concordo. Só que o mundo dos portugueses não tem a ordem asséptica das cadeiras do Beato e esse é que é o problema que o Compromisso Portugal não quer pensar, ou não sabe pensar, ou não pode pensar.

*
Escrevo-lhe a propósito da sua posta acerca do Compromisso Portugal. É inegável que a coisa tem defeitos e que as pessoas que o promovem e que nele participam possuem interesses económicos e políticos passíveis de serem afectados pelas propostas que fazem. Ou seja, há conflitos de interesses. Só que, conflitos de interesses temos todos na vida, e não me parece que isso seja motivo para não se opinar sobre determinado assunto. Julgo que as propostas do Compromisso Portugal devem ser discutidas pela proposta em si, e afastando-nos de quem as propõe, como em qualquer discussão de ideias que se quer civilizada.

Em segundo lugar, a exprssão de ideias políticas não deve estar subordinada exclusivamente à lógica partidária, e é muito bom que outras forças se organizem e proponham ideias - novas, velhas, recicladas, isso é com quem as propõe. Depois, que entender, pode criticar, defender ou ignorar. Parece-me até muito saudável que gestores e empresários, sempre conotados com conspirações e jogos de bastidores venham a público dizer o que pensam e que ideias têm para o país - é mais claro e sério.

Se as propostas estão incompletas, se não se explica como se chega lá, se são irrealistas, isso sim já me parece uma discussão válida, desde que baseada nos documentos produzidos e nas declarações feitas pelos promotores e participantes, e não no habitualmente indigente comentário jornalístico. Pessoalmente, do que pude ler e ouvir, pareceu-me que havia umas propostas com mais consistência que outras, pelo que a crítica genérica às propostas me parece simplista.

Depois, na minha opinião, a grande virtude de uma democracia liberal é que cada um possa dar a sua opinião ou contribuir com as suas ideias sem que tenha obrigatoramente que arregimentar tropas e ir a votos. Se assim fosse, toda a opinião publicada ou pública só seria sempre legítima se efectuada pela classe política, a única com a responsabilidade de ir a votos e de implementar as ideias, o que tornaria o debate francamente mais pobre. Nem todas as pessoas com ideias são políticos de profissão ou vocação, e cada ideia deve ser julgada per si, e não por quem a tem. Ou então já estamos noutro campo de discussão, mais próprio da luta política que do debate público de ideias.

Depois, julgo que a crítica de que estes empresários e gestores andam sempre em manobras obscuras a influenciar o poder político é parcialmente injusta. Num país como o nosso, em que o peso do Estado na economia (e na vida dos cidadãos) é asfixiante, é obrigatório que haja tentativas de influência por parte das empresas junto do poder político. Claro que aqueles senhores do Compromisso Portugal não são uns anjinhos bem intencionados, coitadinhos que não querem nada para eles, só para o país. E claro que é errado que haja jogos de bastidores e eles sejam mestres nisso, mas o que me parece é que não são os únicos culpados e que muitas vezes quem mais os critica é quem mantém as coisas como estão (e esta não é uma indirecta para si).

(Nuno Sousa)

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O QUE É QUE NO DISCURSO DO PAPA INTERPELA O ISLÃO?

Assistimos, hoje, à formação de um mecanismo de censura prévia que se acciona sempre que se falar, seja qual for o modo de se falar, do islão, de Maomé, do Alcorão. Agora foi o Papa, por ser o Papa e por ser o símbolo do mundo "dos cruzados". Nós estamos sempre a minimizar a dimensão religiosa do conflito, mas não somos correspondidos pelos muçulmanos fundamentalistas. Para eles, nós, mesmo que sejamos ateus, agnósticos, indiferentes, não praticantes, ou exactamente por isso, somos "cristãos" em guerra santa. Que melhor imagem para personificar os "cruzados" do que a do Papa, queimado em efígie numa capital árabe como se fosse um cavaleiro templário, com a cruz de Cristo das armaduras sobre as vestes brancas? Muita história, demasiada história.

Na sua conferência académica de Ratisbona, o Papa sabia exactamente o que queria dizer, mas ninguém pode hoje saber como vai ser ouvido. O ruído é, pela sua natureza, impossível de prever, caótico, e nem um Papa tem a omnisciência dos caminhos do acaso. Só se ficar calado. Basta ler e perceber a integralidade do texto para ser claro que nada na sua substância faria prever que suscitaria as reacções que teve. A não ser que se aceite que a mera menção do nome de Maomé por um cristão seja uma blasfémia. Corrijo: Maomé (s.a.w.), ou seja Maomé sallallahu alaihi wa sallam, que "Alá derrame a sua bênção e paz sobre ele" (Maomé), não vá o diabo tecê-las se eu não usar a fórmula canónica.


Quando digo que o Papa sabia exactamente o que queria dizer é porque o texto da conferência de Ratisbona é preciso, analítico e intelectualmente rigoroso. Diz sem ambiguidades o que quer dizer. Oferece poucas dificuldades de interpretação, a não ser pela sua densidade e compreende-se que, por não ser nem uma prelecção com meia dúzia de anedotas e frases assassinas, nem um discurso feito por qualquer especialista de marketing ou de "comunicação política", possa oferecer dificuldades de leitura nas redacções, que, para o entender, salvo as devidas excepções, o reduziram a um soundbite.

Toda a polémica gira à volta da frase de Manuel II Paleólogo, imperador de Bizâncio, que diz a um seu interlocutor muçulmano: "Mostra-me o que Maomé trouxe de novo e encontrarás coisas más e desumanas, como o direito de defender pela espada a fé que pregava." Esta é a frase que ficou como soundbite. Admitindo que tudo ficava por aqui, e poder-se-ia dizer que tal frase era redutora do islão e, acima de tudo, ocultava que também para os cristãos "o direito de defender pela espada a fé" foi durante muito tempo a prática habitual. O Papa estaria a pecar por omissão e duplicidade e por isso mereceria as críticas.

Mesmo que fosse assim, o Papa não deixaria de estar a dizer uma verdade sobre o islão ou sectores muito importantes e populares do islão que o tornaram nos dias de hoje a principal religião da espada. E depois? Não é? Que organizações extremistas praticam hoje o terrorismo global em nome da religião a não ser grupos que se reivindicam do islão? Se quisermos comparar com o que acontece do outro lado do mundo, pouco mais temos que uns grupúsculos americanos que colocam bombas nas clínicas que fazem abortos em nome do "direito à vida". É verdade que muitos muçulmanos nada tem que ver com a Al-Qaeda ou com as proclamações incendiárias dos clérigos xiitas, mas é maior o seu isolamento e, de longe, mais débil a sua voz, quando conseguem com grande coragem efectivamente distanciar-se. Os terroristas da Al-Qaeda estão hoje mais perto da identidade muçulmana do que os grupos violentos antiabortistas estão da identidade cristã. Esta é a verdade que se esperava que os muçulmanos dissessem todos os dias ao mundo, para se poder afirmar que existem "moderados", classificação cheia de ambiguidades e mais condenatória da situação actual do islão do que qualquer outra. O islão deixou-se sitiar pelos seus extremistas, e tal pode não ser definitivo, pode ser uma perversão da religião, mas é bastante grave.

Voltemos ao texto do Papa para além do soundbite. A conferência do Papa é um dos textos mais tolerantes que algum Papa fez até hoje, e talvez tenha sido por isso mesmo que foi atacada. Eu penso que há de facto razões para os fundamentalistas muçulmanos atacarem com violência o documento, exactamente pela sua substância e não pela citação fora do contexto. A frase que devia verdadeiramente irritar os fundamentalistas muçulmanos não é a que citaram, mas outra, do mesmo imperador: "Não agir segundo a razão, não agir segundo o logos, é contrário à vontade de Deus". Esta sim, pode ser entendida como um ataque ao islão de hoje, porque resulta expressamente do desenvolvimento do pensamento do Papa que com ela se identifica.

O que é que o texto papal diz? Que a razão humana, o logos dos gregos, é um elemento indissociável da voz de Deus, e que todas as tentativas de separarem razão e fé, colocando uma contra a outra, são um erro. O Papa identifica essencialmente duas correntes que cometeram esse erro: uma a que afirma a transcendentalização absoluta de Deus; a outra a que resulta da separação iluminista entre fé e razão, que foi transportada para o cientismo contemporâneo.

Muito do que diz o Papa tem que ver com a percepção que tem Manuel II Paleológo de que a violência ao serviço da fé é "desrazoável" e "contrária à natureza de Deus". O próprio Papa diz que esta constatação é a "frase decisiva em toda a argumentação", e que o imperador, um erudito de cultura grega clássica, estava a enunciar um dado fundamental da tradição clássica grega, absolutamente idêntico ao que é a "fé em Deus fundada na Bíblia".

Ora, aqui o Papa critica o islão, não por causa da violência da espada de Maomé, mas sim porque "na doutrina muçulmana Deus é absolutamente transcendente", ou seja, dito em breve e em grosso, não há verdadeira interacção entre Deus e os homens, não há necessidade da razão, a fé é essencialmente aceitação e obediência. O Papa refere, "para ser honesto", que na tradição teológica cristã surgiram tendências do mesmo tipo, mas condena-as na mesma crítica que faz ao islão.

Porque é que o Papa diz isto tudo? Está lá no texto em todas as entrelinhas e nalgumas linhas: ao valorizar a fusão plena da tradição grega do logos com o cristianismo, o Papa está a enunciar a tradição cultural da Europa, da história tumultuosa do seu pensamento e dos fundamentos da sua identidade. Está a falar de religião e de política, de cultura e de pensamento, da União Europeia e da Turquia, do cristianismo e do islão. Isto sim é que devia ser discutido, isto é o que o Papa esperava que fosse discutido. E isto é que interpela o islão, se ele se deixar interpelar.

(No Público de 21 de Setembro)

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870 - Ce qui est ferme, est par le temps détruit

http://www.wfu.edu/~drp/17prop.gif
Nouveau venu, qui cherches Rome en Rome
Et rien de Rome en Rome n'aperçois,
Ces vieux palais, ces vieux arcs que tu vois,
Et ces vieux murs, c'est ce que Rome on nomme.

Vois quel orgueil, quelle ruine : et comme
Celle qui mit le monde sous ses lois,
Pour dompter tout, se dompta quelquefois,
Et devint proie au temps, qui tout consomme.

Rome de Rome est le seul monument,
Et Rome Rome a vaincu seulement.
Le Tibre seul, qui vers la mer s'enfuit,

Reste de Rome. Ô mondaine inconstance !
Ce qui est ferme, est par le temps détruit,
Et ce qui fuit, au temps fait résistance.

(Joachim Du Bellay, Les Antiquités de Rome )

*

Bom dia!

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21.9.06


BIBLIOFILIA: LIVROS SOBRE LIVROS SOBRE LIVROS

http://medias.lefigaro.fr/photos/20060316.LIT000000226_1.jpg http://www.decitre.fr/pi/57/9782868534057TN.gif

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LENDO
VENDO
OUVINDO

ÁTOMOS E BITS

de 21 de Setembro de 2006


A caveira e tíbias é o símbolo dos produtos tóxicos.
É tudo tão evidente - a maioria, a maioria esmagadora das pessoas que na imprensa comenta o discurso do Papa, nunca o leu. Conhecem quando muito a meia dúzia de transcrições a pender para o sensacional que a imprensa divulgou. Para quem leu o texto é tão evidente, tão evidente... Pura negligência, é como servir comida estragada. Nós estamos muito preocupados com a "segurança alimentar" e bem pouco com a "comida para o cérebro".

A diferença num comentário de quem leu: "Il faut une bonne dose de sottise, de perversité – ou des deux –, pour trouver dans cette leçon magistrale une offense quelconque à l'égard de quiconque." Assim mesmo: sottise e perversité. E mais uma coisa que os europeus estão rapidamente a esquecer - o que é uma universidade, mesmo com o Papa lá dentro.

*

Aqui está uma boa ideia que fazia melhor pelo Parlamento que todas as reformas apressadas do estatuto dos deputados e do regime de faltas:
"O procurador-geral da República é a pessoa que tem procuração, incumbência e mandato para representar perante a justiça os interesses da comunidade dos cidadãos e do Estado. É um dos pilares da justiça e o seu desempenho pode influenciar fortemente a saúde do Estado de direito. Daí não ser obviamente indiferente o conhecimento ou desconhecimento geral do perfil e das ideias do procurador-geral da República. Não é uma questão de confiança ou desconfiança na dupla escolha da responsabilidade do Governo e do Presidente da República. É uma questão de clareza e respeito pelos cidadãos-eleitores.

O processo de nomeação obedeceu aos preceitos constitucionais. Nada a dizer da óbvia legitimidade do novo procurador. O que falta, como notou esta semana o constitucionalista Gomes Canotilho, é uma audição parlamentar pública que permita perceber melhor o seu pensamento e os seus critérios de actuação. É uma tradição anglo-saxónica, uma boa tradição que importa considerar e que tem precedentes em Portugal. O presidente da Entidade Reguladora da Comunicação Social é ouvido pelos deputados antes da nomeação. O mesmo acontece ao director do Serviço de Informações de Segurança, neste caso ouvido à porta fechada. Não está em causa qualquer escrutínio político, tão-só um conhecimento pormenorizado de um homem a quem são atribuídos amplos poderes."
Insisto: "um conhecimento pormenorizado de um homem a quem são atribuídos amplos poderes."

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869 - Je suis l'Empire à la fin de la décadence...

Je suis l'Empire à la fin de la décadence,
Qui regarde passer les grands Barbares blancs
En composant des acrostiches indolents
D'un style d'or où la langueur du soleil danse.

L'ame seulette a mal au coeur d'un ennui dense,
Là-bas on dit qu'il est de longs combats sanglants.
O n'y pouvoir, étant si faible aux voeux si lents,
O n'y vouloir fleurir un peu cette existence!

O n'y vouloir, ô n'y pouvoir mourir un peu!
Ah! tout est bu! Bathylle, as-tu fini de rire?
Ah! tout est bu, tout est mangé! Plus rien à dire!

Seul un poème un peu niais qu'on jette au feu,
Seul un esclave un peu coureur qui vous néglige,
Seul un ennui d'on ne sait quoi qui vous afflige!

(Paul Verlaine)

*

Bom dia!

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© José Pacheco Pereira
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