ABRUPTO |
semper idem Ano XIII ...M'ESPANTO ÀS VEZES , OUTRAS M'AVERGONHO ... (Sá de Miranda) _________________ correio para jppereira@gmail.com _________________
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22.9.06
COISAS DA SÁBADO: VIDA DE ARISTÓTELES A biografia de um filósofo muito antigo é difícil de fazer, por célebre que seja como é o caso de Aristóteles. Não há assim tantos testemunhos fidedignos da sua biografia, que ela se possa descrever com correnteza, sem hiatos, sem dúvidas, muitas vezes sem se saber quase nada ou com testemunhos contraditórios. Era alto, ou baixo? Era corpulento ou magro? Gaguejava? Parece que sim. Dedicava-se ou não aos “prazeres lúbricos” com outros homens? Como é que escreveu a sua obra? O que é que efectivamente escreveu? O que é que sobrou do que escreveu? Como é que foi lido na época o que escreveu, etc., etc. A biografia de Aristóteles, de António Pedro Mesquita, recém publicada pelas Edições Sílabo, não é um livro para ser popular, mas é um livro para os homens que desejem ser cultos, comummente cultos. O que nela se aprende não é apenas sobre Aristóteles, mas também sobre a fábrica de uma biografia antiga, as fontes, os textos, os boatos, os fragmentos, as querelas de autoria e de identificação, as versões próximas ou longínquas ao original. Este aspecto, sem desmerecer a qualidade da própria biografia, ensina-nos muito sobre como se investiga a partir de uma realidade que os anos fragmentaram, dispersaram e corromperam, e isso diz-nos muito sobre o que o tempo e a história fazem a uma obra e à memória de um homem. Etiquetas: António Pedro Mesquita, Aristóteles (url)
© José Pacheco Pereira
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