ABRUPTO

21.9.06


LENDO
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OUVINDO

ÁTOMOS E BITS

de 21 de Setembro de 2006


A caveira e tíbias é o símbolo dos produtos tóxicos.
É tudo tão evidente - a maioria, a maioria esmagadora das pessoas que na imprensa comenta o discurso do Papa, nunca o leu. Conhecem quando muito a meia dúzia de transcrições a pender para o sensacional que a imprensa divulgou. Para quem leu o texto é tão evidente, tão evidente... Pura negligência, é como servir comida estragada. Nós estamos muito preocupados com a "segurança alimentar" e bem pouco com a "comida para o cérebro".

A diferença num comentário de quem leu: "Il faut une bonne dose de sottise, de perversité – ou des deux –, pour trouver dans cette leçon magistrale une offense quelconque à l'égard de quiconque." Assim mesmo: sottise e perversité. E mais uma coisa que os europeus estão rapidamente a esquecer - o que é uma universidade, mesmo com o Papa lá dentro.

*

Aqui está uma boa ideia que fazia melhor pelo Parlamento que todas as reformas apressadas do estatuto dos deputados e do regime de faltas:
"O procurador-geral da República é a pessoa que tem procuração, incumbência e mandato para representar perante a justiça os interesses da comunidade dos cidadãos e do Estado. É um dos pilares da justiça e o seu desempenho pode influenciar fortemente a saúde do Estado de direito. Daí não ser obviamente indiferente o conhecimento ou desconhecimento geral do perfil e das ideias do procurador-geral da República. Não é uma questão de confiança ou desconfiança na dupla escolha da responsabilidade do Governo e do Presidente da República. É uma questão de clareza e respeito pelos cidadãos-eleitores.

O processo de nomeação obedeceu aos preceitos constitucionais. Nada a dizer da óbvia legitimidade do novo procurador. O que falta, como notou esta semana o constitucionalista Gomes Canotilho, é uma audição parlamentar pública que permita perceber melhor o seu pensamento e os seus critérios de actuação. É uma tradição anglo-saxónica, uma boa tradição que importa considerar e que tem precedentes em Portugal. O presidente da Entidade Reguladora da Comunicação Social é ouvido pelos deputados antes da nomeação. O mesmo acontece ao director do Serviço de Informações de Segurança, neste caso ouvido à porta fechada. Não está em causa qualquer escrutínio político, tão-só um conhecimento pormenorizado de um homem a quem são atribuídos amplos poderes."
Insisto: "um conhecimento pormenorizado de um homem a quem são atribuídos amplos poderes."

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© José Pacheco Pereira
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