ABRUPTO

23.9.06


O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES: TEORIAS DA CONSPIRAÇÃO

http://www.dhs.alabama.gov/TAP/twin%20towers%20w.%20plane%20aimed.jpgTenho seguido fascinado as diversas teorias (da conspiração e não só) relacionadas com o 11 de Setembro. Fizeram-me pensar nas frases que abrem um livro muito interesante (e difícil de obter): «A budget of paradoxes», de Augustus de Morgan (1806-1871). A tradução é minha.
«Se tivesse diante de mim uma mosca e um elefante, jamais tendo observado outra entidade com qualquer dos dois tamanhos, e se a mosca se dedicasse a convencer-me que era de facto maior do que o elefante, eu talvez me visse numa posição difícil. A criatura aparentemente pequena poderia usar argumentos relativos ao efeito da distância bem como apelar a leis relativas à visão e à audição que eu, caso não fosse conhecedor desses assuntos, poderia ser incapaz de rejeitar. Mas se houvesse mil moscas, todas a zumbir, tanto quanto me podia aperceber, em torno do grande animal, se cada mosca afirmasse por conta própria ser maior que o quadrúpede, se todas avançassem argumentos distintos e frequentemente contraditórios e se cada uma desprezasse e se opusesse às razões das restantes - então poderia ficar descansado. Certamente diria: Minhas amiguinhas, a argumentação de cada uma de vós é destruída pelas das restantes.»

Com efeito, o que é que se pode pensar do entusiasmo que cada nova explicação suscita, quando elas se contradizem entre si? Consideremos, por exemplo, a reacção de George W. Bush no próprio dia dos atentados. As pessoas que viram as imagens do presidente americano filmadas nesse dia numa escola (que se podem ver, por exemplo, no documentário Fahrenheit 9/11, de Michael Moore) manifestam-se geralmente impressionadas com a impressão que ele transmitiu nessa altura de ser uma pessoa totalmente ultrapassada pelos acontecimentos. Mas ao mesmo tempo é bastante popular a teoria de que os atentados foram perpetrados pelo próprio governo americano! Ou seja, o homem é simultaneamente o orquestrador do golpe e fica claramente sem saber o que fazer quando este ocorre! Outra contradição que me impressiona neste assunto consiste em constatar que muitas pessoas defendem que o governo americano negoceie com a Al-Qaeda e defendem ao mesmo tempo que foi esse mesmo governo que levou a cabo os atentados. Mas então, se a Al-Qaeda trabalha para o governo americano, o que é que pretendem? Que aquele governo negocieie consigo próprio?

(José Carlos Santos)

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Fico sempre espantado quando as pessoas tentam refutar com argumentos “sérios” propostas que são de mera ficção. Esta questão dos atentados de 11/9 faz-me lembrar a seriedade com que se argumentou contra o Código da Vinci. Como concluía o filme Wargames “a melhor maneira de ganhar certos jogos é não jogar” ou ainda parafraseando Marx (Groucho claro) “nunca faria parte de um clube que me aceitasse como sócio”.

(Fernando Frazão)

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© José Pacheco Pereira
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