ABRUPTO

6.1.09


EARLY MORNING BLOGS

1460

Fifteen men on the dead man's chest--
...Yo-ho-ho, and a bottle of rum!
Drink and the devil had done for the rest--
...Yo-ho-ho, and a bottle of rum!

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5.1.09

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COISAS SIMPLES



(Nicolaas van der Waay)

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EARLY MORNING BLOGS

1459 - Fala

Fala a sério e fala no gozo
Fá-la p'la calada e fala claro
Fala deveras saboroso
Fala barato e fala caro
Fala ao ouvido fala ao coração
Falinhas mansas ou palavrão
Fala à miúda mas fá-la bem
Fala ao teu pai mas ouve a tua mãe
Fala francês fala béu-béu
Fala fininho e fala grosso
Desentulha a garganta levanta o pescoço
Fala como se falar fosse andar
Fala com elegância - muito e devagar.

(Alexandre O´Neill)

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4.1.09


A FALSA EQUIDISTÂNCIA E A IRRELEVÂNCIA DA POLÍTICA EUROPEIA NO MÉDIO ORIENTE



O Público publicou (2/1/2009) uma dessas periódicas missivas de senadores internacionais sobre o conflito do Médio Oriente, neste caso com o título ameaçador de “a humanidade está em jogo em Gaza”. Assinam esse texto um conjunto de personalidades heteróclitas, como de costume ecleticamente representando “civilizações” distintas, para dar um ar de universalidade. Bastava esta composição dos abaixo-assinados para nos fazer desconfiar de tanto politicamente correcto: o checo Vaclav Havel, o príncipe Hassan bin Tala, tio do actual rei jordano, o teólogo progressista Hans Küng, o neo-zelandês Mike Moore, antigo director da Organização Mundial do Comércio, Yohei Sasakawa um filantropo japonês , Desmond Tutu, Prémio Nobel da Paz , e um nobre Karel Schwarzenberg, actual ministro dos Negócios Estrangeiros da República Checa. Esta última assinatura, de um ministro que está neste momento em exercício na Presidência da UE, dá ao documento o ar oficioso de uma declaração da célebre (e na verdade inexistente) “política externa europeia”.

Temos pois, como deve ser, dois europeus do Leste, um plebeu e um nobre, um alemão, um principe árabe, um bispo anglicano africano, um japonês, um representante dos antípodas, ou visto de outra maneira, um bispo, um benemérito, um escritor, um árabe moderado, e um político no activo, ou visto de outro modo, um branco, um árabe, um negro, um amarelo, ou visto ainda de outro modo, um cristão católico, um cristão anglicano, um muçulmano, um xintoista, um agnóstico, etc, etc. O mundo como os multiculturalistas pensam que ele é.

O texto permite entender as razões pelas quais a política europeia para o Médio Oriente é o fracasso conhecido, e comporta um visão que, pretendendo-se equidistante, legitima a violência palestiniana radical, e acaba por ser mais condenatório de Israel do que da beligerância do Hamas, cujo objectivo de destruir o estado de Israel nunca entra em conta nestas equidistâncias. Nada que não seja habitual neste tipo de “equidistância”, muito comum na Europa “comunitária”, e uma das razões pelas quais a União Europeia, sendo o principal apoiante humanitário da Autoridade Palestiniana, não tem qualquer papel de relevo no conflito palestiniano e que não é reconhecida por nenhuma das partes como protagonista sério em qualquer esforço de negociação. Pelo contrário, os pouco equidistantes EUA e, do outro lado, o Irão, são peças fundamentais de qualquer entendimento e o que dizem e fazem é tido em total conta pelos países e grupos em conflito. Se houver tréguas, paz, estado palestiniano, é com eles e por eles também. A Europa, que por razões de todo o tipo, históricas, políticas e geopolíticas, devia ser uma chave para a resolução do conflito, é um inexistência real e limita-se a proferir declarações de boas intenções como a carta a que nos referimos.

A nova “linguagem de pau” dos tempos modernos passa por cartas como esta em que, ou por omissão da verdade, sugestão de falsidade ou por pura falsidade, se toma posição jurando estar-se acima das partes. Veja-se esta frase que Orwell instantaneamente reconheria como doublespeak:
"O impasse ao nível da segurança que existe entre Israel e a liderança palestiniana em Gaza também conduziu aos bloqueios de ajuda alimentar por Israel, que obrigaram os 1,5 milhões de habitantes de Gaza a enfrentar uma situação de fome real. Israel, ao que parece, continua a enfatizar a primazia da segurança "dura" nas suas negociações com os palestinianos de Gaza, mas essa ênfase serve apenas para bloquear oportunidades para soluções criativas e não-violentas da disputa entre Israel e a Palestina."


A “liderança palestiniana em Gaza”, que os signatários recusam nomear, é o Hamas que se separou do governo e do presidente palestiniano Abbas, para ilegalmente tornar o território numa ditadura civil e militar fundamentalista, patrocinada pelo Irão, que usa a população civil como escudo para as suas actividades de agressão a Israel, mas também para atacar todos os sectores palestinianos mais moderados. O seu objectivo é explicito: impedir qualquer acordo de paz com Israel e, em consequência, militarizou todo o território, usando todas as oportunidades de abertura de fronteira para se rearmar e receber apoios externos, sacrificando o bem estar de milhares de palestinianos civis aos seus objectivos de guerra. No interior do território controla todas as ajudas humanitárias para, em primeiro lugar, privilegiar os quadros do Hamas e as suas famílias e, depois, para o enquadramento e doutrinação fundamentalista.

Tudo isto está mais que documentado. Não tenho a mais pequena dúvida que os signatários da carta sabem que é assim. Sabem até mais do que isso: sabem que o Hamas usa as ambulâncias para mover homens e armas, utiliza escudos humanos, armazena armas em mesquitas, escolas e hospitais. Sabem que o Hamas prepara crianças e jovens adolescentes nas suas escolas numa ideologia fundamentalista do martírio, organizando atentados indiscriminados contra a população civil. Os signatários da carta sabem muito bem que Israel não toma a população civil como alvo militar e que o Hamas não distingue entre um militar e um civil judeus, assassinando todos os que pode. Sabem ainda mais: que o Hamas viola todo o tipo de direitos humanos, fuzila opositores suspeitos de simpatizarem com a Fatah de Abbas e presumiveis ou reais informadores israelitas, impede qualquer liberdade de expressão, prende indiscriminadamente e tortura, introduziu a sharia, e outras práticas religiosas fundamentalistas.

Neste contexto, que segurança pode ter Israel que não seja “dura”? Alguns destes senadores conhecem alguma política “mole” que possa merecer o nome de segurança? Que política de segurança “mole” seria possível com grupos como o Hamas no contexto do Médio Oriente? E que solução de “protectorado” internacional funcionaria no Médio Oriente que pudesse garantir a segurança de Israel, sem tropas que estivessem prontas para desarmar o Hamas, e os grupos radicais palestinianos, para bloquear a inflitração iraniana para o Hamas e para o Hezbollah, para impedir os esquadrões da morte? Com que exército europeu?

Basta olhar para o Líbano onde as tropas internacionais continuam passivas face ao Hezbollah, violando o mandato internacional que receberam no âmbito de mais uma das “soluções criativas e não-violentas da disputa entre Israel e a Palestina” que tanto agradam aos signatários do documento. Se estes fossem israelitas aceitariam diminuir a sua própria segurança face a este tipo de intervenção “equidistante” que depois cede às relações de força no terreno e que permite que a Síria e o Irão continuem a controlar parte do território libanês e a transformá-lo numa base de guerra civil no Libano e internacional contra Israel?

As conclusões desta carta são de uma enorme hipocrisia. Sim, é verdade que “em Gaza, está em jogo o sentido básico de decência da humanidade”, só que para se ser completamente verdadeiro dever-se-ia ter ido mais longe: exigir da comunidade internacional a reposição da legalidade no território, desarmando o Hamas, entregando o controlo de Gaza ao governo legítimo da Autoridade Palestiniana, apoiando os esforços dos moderados palestinianos para um entendimento com Israel, mas sendo intransigente com a situação de segurança de Israel. Só neste quadro é que existe autoridade para criticar os excessos israelitas, se os houver. Isso é que permitiria “a coragem moral e a visão política para que a Palestina dê um salto quântico.” Embora esta do “salto quântico” se não for erro de tradução, é um lapso freudiano dos autores da carta, porque tal “salto” só se dá num espaço infinitamente pequeno.

(Versão do Público de 3 de Janeiro de 2009.)

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O "JORNALISMO DE CAUSAS" OU SEJA A POLÍTICA QUE ESCONDE A FACE



Ler a cobertura jornalística do PSD no Diário de Notícias é perceber muito bem como é que funciona o "jornalismo de causas", ou seja a ausência do jornalismo e a sua substituição pelo empenhamento político dos seus autores. O resultado é um reporting tendencioso que funciona em primeiro lugar a favor do governo, que tem interesse em fragilizar o PSD, e depois da oposição interna ligada a Passos Coelho, a que estão ligados os jornalistas do Diário de Notícias que escrevem sobre o PSD regularmente. No caso do Diário de Notícias isso é tão evidente que nem vale muito a pena ir mais longe, se não fosse a vantagem de registar e documentar o que se passa.

Por exemplo, todos os dias qualquer declaração crítica contra Manuela Ferreira Leite tem direito a manchete, artigo de fundo e muitas vezes, capa. O mesmo não se passa em sentido contrário: os leitores do Diário de Notícias não têm direito de saber que a pessoa A ou B, cujo relevo público é semelhante à C ou D, citadas pelas críticas, exprimiram uma opinião favorável. Isto funciona como regra, para criar uma "imagem mediática". Um qualquer jornalista a trabalhar com as agências de comunicação explicará isso muito bem.

Podem proclamar a sete ventos que eu tenho um parti pris. Claro que tenho e nunca o escondi, mas nem por isso deixa de ser verdade o que estou a dizer. Experimentem discutir a substância e não o interlocutor. Peguem no jornal, leiam o que lá vem e façam de conta que foi uma máquina que escreveu isto (nunca o farão porque o processo de intenções está no âmago deste tipo de "jornalismo"). Desafio seja quem for a analisar o conteúdo da cobertura do PSD do Diário de Notícias desde que caiu Menezes ( e a data é relevante porque Passos Coelho emerge como candidato nessa altura) e mostrem-me onde está o jornalismo.

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LENDO
VENDO
OUVINDO

ÁTOMOS E BITS

de 4 de Janeiro de 2009.


A razão a contra-corrente:
Muito silêncio em redor da colagem de Cavaco Siva ao discurso de Manuela Ferreira Leite: o endividamento, "falar verdade" ( a primeira aposta de MFL depois de ter ganho as directas), escrutínio rigoroso dos investimentos públicos, etc. É natural. Com os analistas e os jornalistas ( uma espécie de binómio cinotécnico em versão palavrosa) quase unânimes em considerar o discurso de MFL vazio e despropositado , ser-lhes-ia agora impossível emendar a mão. (FNV no Mar Salgado)
Diria, de uma forma simples e genérica, que problema não está nos comentadores; em bom rigor qualquer um pode ser comentador, ou pagos na comunicação social dita “clássica” ou por gosto nos blogues: médicos, futebolistas, top models, engenheiros, politólogos, jornalistas, qualquer um pode ser comentador e veicular a sua leitura da actualidade. O problema parece-me ser o da falta de limite “higiénico” entre o acto de informar e o acto de comentar. O problema é querer fazer passar por informação o que afinal não passa de um comentário, mesmo que contenha alguma informação relevante. O problema é também decidir que muita irrelevância factual é informação. As fronteiras esbatidas propiciam a falta de clareza e de transparência entre informar - que deve ser feito por jornalistas - e comentar. Quem perde é a a sociedade em geral que não dispõe de uma informação verdadeiramente profissional. (jcd no Hole Horror.)

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LIVROS DE QUATRO GERAÇÕES (95)




Clicando fica na boa dimensão

Mais ex-libris (a somar a 1, 2, 3. e 4.)

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EARLY MORNING BLOGS

1458 - L'Invitation au voyage

Il est un pays superbe, un pays de Cocagne, dit-on, que je rêve de visiter avec une vieille amie. Pays singulier, noyé dans les brumes de notre Nord, et qu'on pourrait appeler l'Orient de l'Occident, la Chine de l'Europe, tant la chaude et capricieuse fantaisie s'y est donné carrière, tant elle l'a patiemment et opiniâtrement illustré de ses savantes et délicates végétations.

Un vrai pays de Cocagne, où tout est beau, riche, tranquille, honnête; où le luxe a plaisir à se mirer dans l'ordre; où la vie est grasse et douce à respirer; d'où le désordre, la turbulence et l'imprévu sont exclus; où le bonheur est marié au silence; où la cuisine elle-même est poétique, grasse et excitante à la fois; où tout vous ressemble, mon cher ange.

Tu connais cette maladie fiévreuse qui s'empare de nous dans les froides misères, cette nostalgie du pays qu'on ignore, cette angoisse de la curiosité? Il est une contrée qui te ressemble, où tout est beau, riche, tranquille et honnête, où la fantaisie a bâti et décoré une Chine occidentale, où la vie est douce à respirer, où le bonheur est marié au silence. C'est là qu'il faut aller vivre, c'est là qu'il faut aller mourir!

Oui, c'est là qu'il faut aller respirer, rêver et allonger les heures par l'infini des sensations. Un musicien a écrit l' Invitation à la valse ; quel est celui qui composera l' Invitation au voyage , qu'on puisse offrir à la femme aimée, à la soeur d'élection?

Oui, c'est dans cette atmosphère qu'il ferait bon vivre, - là-bas, où les heures plus lentes contiennent plus de pensées, où les horloges sonnent le bonheur avec une plus profonde et plus significative solennité.

(Baudelaire)

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3.1.09



CAÇA E RECOLECÇÃO (20)


Clicando fica na boa dimensão

Publicidade antiga.

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LIVROS DE QUATRO GERAÇÕES (94)


Clicando fica na boa dimensão

Primeira edição de um dos grandes clássicos da Química.

*
Lembra-se do seu Early Morning Blogs sobre Clerihews? Pois bem: o primeiro Clerihew jamais escrito teve por tema Sir Humphry Davy. Foi publicado em 1905 (15 anos após ter sido escrito) e era assim:

Sir Humphry Davy
Aboninated gravy.
He lived in the odium
Of having discovered sodium.

(José Carlos Santos)

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LENDO
VENDO
OUVINDO

ÁTOMOS E BITS

de 3 de Janeiro de 2009.

A espantosa transformação da mensagem presidencial numa carta delicodoce a favor da concórdia dos cidadãos, feita a partir daquilo que se diziam ser as expectativas de mata e esfola, - um mecanismo mediático habitual em que se cria uma pseudo-realidade com a qual a realidade é depois medida, - é um interessante critério para medir as simpatias escondidas do comentário com o governo do nosso "engenheiro". Para mim, bastou-me ouvir a mera menção de que "é preciso falar verdade" para perceber qual era o alvo presidencial.

*


Ontem na SIC dizia-se que a "revolta árabe (sic) foi contida pela Autoridade palestiniana", que como nós sabemos é constituída por aborígenes australianos.

*

Na RTP repete-se em directo e em diferido que o facto de o Hamas continuar a lançar mísseis Qassam sobre a população das aldeias e cidades israelitas é o sinal de que a ofensiva israelita não tem tido resultados em enfraquecer o Hamas. Como é habitual no noticiário prosélito da RTP (Iraque, Obama e conflito israelo-palestiniano tem sempre cobertura comprometida por causas) as "notícias" são feitas em círculo vicioso: o preâmbulo dito por um jornalista, opinativo ou conclusivo, enquadra uma reportagem destinada a justificar os pressupostos enunciados antes. O que manda na "notícia" não é a notícia, mas a opinião. Alguém por favor explique à RTP e aos seus correspondentes que o Hamas pode estar reduzido a vinte homens que continua a poder lançar mísseis Qassam cuja técnica de lançamento é muito simples. A prazo, o argumento tem sentido, porque já não é tão fácil produzi-los e manter os stocks, mas a curto prazo podem ter a certeza que o Hamas mantém ainda um número suficiente para continuar a dar razão à RTP.

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COISAS SIMPLES



(Nils Gustav Wentzel)

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EARLY MORNING BLOGS

1457 - L'Horloge

Les Chinois voient l'heure dans l'oeil des chats.

Un jour un missionnaire, se promenant dans la banlieue de Nankin, s'aperçut qu'il avait oublié sa montre, et demanda à un petit garçon quelle heure il était.

Le gamin du céleste Empire hésita d'abord; puis, se ravisant, il répondit: "Je vais vous le dire." Peu d'instants après, il reparut, tenant dans ses bras un fort gros chat, et le regardant, comme on dit, dans le blanc des yeux, il affirma sans hésiter: "Il n'est pas encore tout à fait midi." Ce qui était vrai.

(Baudelaire)

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2.1.09


LENDO
VENDO
OUVINDO

ÁTOMOS E BITS

de 2 de Janeiro de 2009.

Como se torna uma mensagem dura para o Governo numa inócua afirmação de pacificação nacional? Através da magia do sítio habitual: noticiário das 13 horas da RTP.

*



A complacência com a ditadura de Fidel na nossa comunicação social é generalizada e manifesta-se por absurdas afirmações sobre o apoio dos cubanos à "revolução". Sempre gostava de perceber como é que os jornalistas que escrevem estas enormidades "sabem" quem o povo cubano apoia, num país com presos políticos, sem liberdades, em que não há eleições, com milhões de exilados que votaram com os pés, e que, se se abrir a porta, terá muitos mais "eleitores" desse tipo. Mas eles "sabem"...

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COISAS SIMPLES



(Jean-Baptiste-Siméon Chardin)

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COISAS DA SÁBADO



É O DESEMPREGO, ESTÚPIDOS

É o desemprego, é o desemprego, é o desemprego. É o desemprego o principal factor de crise social e de empobrecimento que se manifestará em 2009, e tudo o resto é secundário. O desmprego é hoje uma brutal realidade e baterá à porta de muitas famílias por esse Portugal fora. Atingirá mais o Portugal fora de Lisboa, onde o funcionalismo público tem um elevado peso na composição do emprego e que permanecerá mais defendida da crise. Mas no Norte, no Porto, em Aveiro, no Vale do Ave, em Setúbal, na Margem Sul, em Leiria, em toda a parte do país onde ainda houver tecido industrial o desemprego baterá muito forte e será o factor singular mais importante no empobrecimento, na disfunção familiar, na depressão das famílias e das pessoas. O desemprego será o grande distribuidor de infelicidade.


MAIS VALE TER TRABALHO DO QUE NÃO TER

O que vou escrever vai por os cabelos em pé a muita gente. Mas nestes dias de crise mais vale ter emprego, mesmo que mau, desprotegido, sem direitos, precário, do que não ter emprego nenhum. E é por isso que o reforço dos direitos laborais, o aumento das contribuições sociais, a dificuldade de contratar a recibo verde, a penalização do trabalho “negro”, têm um enorme preço em deixar mais gente na miséria. Em teoria nada há de mais aceitável, na prática nada há de mais injusto, porque em nome de quem tem trabalho e direitos adquiridos, penaliza-se quem quer qualquer trabalho, porque não encontra um trabalho decente. Para além disso é ineficaz, porque muita gente que não aceitaria trabalhar em condições de precariedade está hoje disposta a fazê-lo em quaisquer condições. A necessidade obriga e a necessidade tem muita força.
É um retrocesso em termos sociais? Certamente que é, mas a alternativa é um retroceso ainda maior, é a pobreza. Não estamos em períodos de normalidade, precisamos de soluções excepcionais, mesmo que temporárias, indexadas por exemplo, aos indicadores de desemprego e de pobreza. Porque na prática, há por aí muita procura de trabalho que não se materializa, porque empregar sai demasiado caro.

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EARLY MORNING BLOGS

1456 - Taking Down the Tree

"Give me some light!" cries Hamlet's
uncle midway through the murder
of Gonzago. "Light! Light!" cry scattering
courtesans. Here, as in Denmark,
it's dark at four, and even the moon
shines with only half a heart.

The ornaments go down into the box:
the silver spaniel, My Darling
on its collar, from Mother's childhood
in Illinois; the balsa jumping jack
my brother and I fought over,
pulling limb from limb. Mother
drew it together again with thread
while I watched, feeling depraved
at the age of ten.

With something more than caution
I handle them, and the lights, with their
tin star-shaped reflectors, brought along
from house to house, their pasteboard
toy suitcases increasingly flimsy.
Tick, tick, the desiccated needles drop.

By suppertime all that remains is the scent
of balsam fir. If it's darkness
we're having, let it be extravagant.

(Jane Kenyon)

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EXTERIORES: CORES DO PRIMEIRO DIA DO ANO (2)

Clicando na fotografia fica na boa dimensão. Para se ver






Rua Augusta e Rossio. (MJ)



(Susana)



Funchal. (Gustavo Lebreiro)

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O ANO A CAMINHO DO FIM (7): PSD

O PSD não está bem, mas está muito melhor do que estava há um ano. Lembram-se de Menezes, aquele que ainda não percebeu que o partido o apeou com alívio? Nesse contexto a vitória de Manuela Ferreira Leite foi uma espécie de última oportunidade para o partido se redimir de uma decadência política acelerada que se acentuou com a experiência governativa. Muita gente no PSD ainda não compreendeu que para um partido de poder e de governo, que teve como Primeiro-ministros Sá Carneiro e Cavaco Silva, foi uma verdadeira tragédia a experiência Barroso – Lopes, que minou a sua credibilidade governativa.

Sobre os escombros, Manuela Ferreira Leite ganhou, mas o que ganhou vale pouco dentro. Dentro, o PSD é uma máquina que de há muito deixou de estar em consonância com os seus militantes (senão não ganhava), mas acima de tudo com os seus eleitores. E que não quer saber disso para nada, mas sim dos seus interesses de lugares, benesses, pequenos poderes. Não é no PSD, com excepção das autarquias onde o partido tem bons autarcas, que Manuela Ferreira Leite pode encontrar forças para contrariar a decadência, mas sim fora. É por isso que iniciativas como o relançamento do Instituto Sá Carneiro são positivas e a escolha da face do mau governo de 2005 para a mais importante autarquia nacional dá o sinal errado.

A última ofensiva contra Manuela Ferreira Leite será quando as listas para deputados estiverem a ser feitas, porque isso é uma matéria que interessa e muito às estruturas internas, a principal fonte da oposição à liderança. Se essa ofensiva vai mais longe e a faz cair, o partido, que está numa encruzilhada complicada, não corre o risco imediato duma cisão orgânica, como o PS, mas pode continuar a esgotar-se na sua dimensão nacional e ficar pouco mais do que um partido autárquico e populista.

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1.1.09


O ANO A CAMINHO DO FIM (6):

PCP

O PCP está bem e recomenda-se. A política identitária de Jerónimo de Sousa deu ao partido uma nova alma e mobilização. Não chegará para crescer muito, mas chega para travar a decadência e mostrar, principalmente através dos sindicatos, que é muito mais uma realidade social e política a contar em períodos de crise, do que um BE na moda, mas socialmente confinado à burguesia chique radical.

BE



O BE é o nana da comunicação social que o trata como se fosse um grande partido nacional e que não escrutina nada do que lhe diga respeito. Encontra-se numa encruzilhada entre os partidários de um PS radical e um PCP que o impede de ir para as fábricas e os sindicatos, onde só a parte da UDP ainda sobrevive.



PP



O PP tem com Portas a sua razão de existência e a sua razão de inexistência. Com ele, permanece activo no sistema do “aparecer” mediático, a que se acrescenta uma agenda política em 2008 com mérito nalgumas questões, como a fiscalidade. Mas também com ele, os limites para o seu crescimento estão inscritos a fogo

PS

O PS é hoje o “partido do governo”, ou seja, não existe politicamente. A questão central está em saber se também Alegre vai ajudar o PS a ser o “partido do governo” dando-lhe um escape retórico à esquerda, ou se se toma a sério e cria uma novo partido socialista de esquerda, ao exemplo de outras cisões já ocorridas em partidos socialistas europeus. Se o fizer abre um ciclo de mudança no sistema partidário, que se pode estender a outros partidos.

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O ANO A CAMINHO DO FIM (5): O “JORNALISMO POLÍTICO” QUE PASSA POR SER JORNALISMO E É SÓ POLÍTICA


A degradação do jornalismo político, os jogos de interesses dos donos dos jornais e televisões, que depois chegam às redacções como silêncios e falas, a cada vez maior promiscuidade entre escrever num blogue político e redigir num jornal as “notícias” com os mesmos amores e ódios do blogue, a geral impunidade para os erros, as falsificações, as intrigas e a pura má fé, são hoje um dos principais factores na desqualificação do jornalismo. Não, não se trata de “matar o mensageiro”, trata-se de mostrar que não há mensageiro nenhum. O jornalismo político é feito na sua maioria por políticos que têm a profissão de jornalistas.

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EXTERIORES: CORES DO PRIMEIRO DIA DO ANO

Clicando na fotografia fica na boa dimensão. Para se ver



(RM)



Esta manhã nas Furnas. (Irene Lima)



(ana)




Passagem do ano no Funchal. (Gustavo Lebreiro)

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© José Pacheco Pereira
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