Primeira edição de um dos grandes clássicos da Química.
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Lembra-se do seu Early Morning Blogs sobre Clerihews? Pois bem: o primeiro Clerihew jamais escrito teve por tema Sir Humphry Davy. Foi publicado em 1905 (15 anos após ter sido escrito) e era assim:
Sir Humphry Davy Aboninated gravy. He lived in the odium Of having discovered sodium.
LENDO VENDO OUVINDO ÁTOMOS E BITS de 3 de Janeiro de 2009.
A espantosa transformação da mensagem presidencial numa carta delicodoce a favor da concórdia dos cidadãos, feita a partir daquilo que se diziam ser as expectativas de mata e esfola, - um mecanismo mediático habitual em que se cria uma pseudo-realidade com a qual a realidade é depois medida, - é um interessante critério para medir as simpatias escondidas do comentário com o governo do nosso "engenheiro". Para mim, bastou-me ouvir a mera menção de que "é preciso falar verdade" para perceber qual era o alvo presidencial.
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Ontem na SIC dizia-se que a "revolta árabe (sic) foi contida pela Autoridade palestiniana", que como nós sabemos é constituída por aborígenes australianos.
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Na RTP repete-se em directo e em diferido que o facto de o Hamas continuar a lançar mísseis Qassam sobre a população das aldeias e cidades israelitas é o sinal de que a ofensiva israelita não tem tido resultados em enfraquecer o Hamas. Como é habitual no noticiário prosélito da RTP (Iraque, Obama e conflito israelo-palestiniano tem sempre cobertura comprometida por causas) as "notícias" são feitas em círculo vicioso: o preâmbulo dito por um jornalista, opinativo ou conclusivo, enquadra uma reportagem destinada a justificar os pressupostos enunciados antes. O que manda na "notícia" não é a notícia, mas a opinião. Alguém por favor explique à RTP e aos seus correspondentes que o Hamas pode estar reduzido a vinte homens que continua a poder lançar mísseis Qassam cuja técnica de lançamento é muito simples. A prazo, o argumento tem sentido, porque já não é tão fácil produzi-los e manter os stocks, mas a curto prazo podem ter a certeza que o Hamas mantém ainda um número suficiente para continuar a dar razão à RTP.
Un jour un missionnaire, se promenant dans la banlieue de Nankin, s'aperçut qu'il avait oublié sa montre, et demanda à un petit garçon quelle heure il était.
Le gamin du céleste Empire hésita d'abord; puis, se ravisant, il répondit: "Je vais vous le dire." Peu d'instants après, il reparut, tenant dans ses bras un fort gros chat, et le regardant, comme on dit, dans le blanc des yeux, il affirma sans hésiter: "Il n'est pas encore tout à fait midi." Ce qui était vrai.
LENDO VENDO OUVINDO ÁTOMOS E BITS de 2 de Janeiro de 2009.
Como se torna uma mensagem dura para o Governo numa inócua afirmação de pacificação nacional? Através da magia do sítio habitual: noticiário das 13 horas da RTP.
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A complacência com a ditadura de Fidel na nossa comunicação social é generalizada e manifesta-se por absurdas afirmações sobre o apoio dos cubanos à "revolução". Sempre gostava de perceber como é que os jornalistas que escrevem estas enormidades "sabem" quem o povo cubano apoia, num país com presos políticos, sem liberdades, em que não há eleições, com milhões de exilados que votaram com os pés, e que, se se abrir a porta, terá muitos mais "eleitores" desse tipo. Mas eles "sabem"...
É o desemprego, é o desemprego, é o desemprego. É o desemprego o principal factor de crise social e de empobrecimento que se manifestará em 2009, e tudo o resto é secundário. O desmprego é hoje uma brutal realidade e baterá à porta de muitas famílias por esse Portugal fora. Atingirá mais o Portugal fora de Lisboa, onde o funcionalismo público tem um elevado peso na composição do emprego e que permanecerá mais defendida da crise. Mas no Norte, no Porto, em Aveiro, no Vale do Ave, em Setúbal, na Margem Sul, em Leiria, em toda a parte do país onde ainda houver tecido industrial o desemprego baterá muito forte e será o factor singular mais importante no empobrecimento, na disfunção familiar, na depressão das famílias e das pessoas. O desemprego será o grande distribuidor de infelicidade.
MAIS VALE TER TRABALHO DO QUE NÃO TER
O que vou escrever vai por os cabelos em pé a muita gente. Mas nestes dias de crise mais vale ter emprego, mesmo que mau, desprotegido, sem direitos, precário, do que não ter emprego nenhum. E é por isso que o reforço dos direitos laborais, o aumento das contribuições sociais, a dificuldade de contratar a recibo verde, a penalização do trabalho “negro”, têm um enorme preço em deixar mais gente na miséria. Em teoria nada há de mais aceitável, na prática nada há de mais injusto, porque em nome de quem tem trabalho e direitos adquiridos, penaliza-se quem quer qualquer trabalho, porque não encontra um trabalho decente. Para além disso é ineficaz, porque muita gente que não aceitaria trabalhar em condições de precariedade está hoje disposta a fazê-lo em quaisquer condições. A necessidade obriga e a necessidade tem muita força. É um retrocesso em termos sociais? Certamente que é, mas a alternativa é um retroceso ainda maior, é a pobreza. Não estamos em períodos de normalidade, precisamos de soluções excepcionais, mesmo que temporárias, indexadas por exemplo, aos indicadores de desemprego e de pobreza. Porque na prática, há por aí muita procura de trabalho que não se materializa, porque empregar sai demasiado caro.
"Give me some light!" cries Hamlet's uncle midway through the murder of Gonzago. "Light! Light!" cry scattering courtesans. Here, as in Denmark, it's dark at four, and even the moon shines with only half a heart.
The ornaments go down into the box: the silver spaniel, My Darling on its collar, from Mother's childhood in Illinois; the balsa jumping jack my brother and I fought over, pulling limb from limb. Mother drew it together again with thread while I watched, feeling depraved at the age of ten.
With something more than caution I handle them, and the lights, with their tin star-shaped reflectors, brought along from house to house, their pasteboard toy suitcases increasingly flimsy. Tick, tick, the desiccated needles drop.
By suppertime all that remains is the scent of balsam fir. If it's darkness we're having, let it be extravagant.
O PSD não está bem, mas está muito melhor do que estava há um ano. Lembram-se de Menezes, aquele que ainda não percebeu que o partido o apeou com alívio? Nesse contexto a vitória de Manuela Ferreira Leite foi uma espécie de última oportunidade para o partido se redimir de uma decadência política acelerada que se acentuou com a experiência governativa. Muita gente no PSD ainda não compreendeu que para um partido de poder e de governo, que teve como Primeiro-ministros Sá Carneiro e Cavaco Silva, foi uma verdadeira tragédia a experiência Barroso – Lopes, que minou a sua credibilidade governativa.
Sobre os escombros, Manuela Ferreira Leite ganhou, mas o que ganhou vale pouco dentro. Dentro, o PSD é uma máquina que de há muito deixou de estar em consonância com os seus militantes (senão não ganhava), mas acima de tudo com os seus eleitores. E que não quer saber disso para nada, mas sim dos seus interesses de lugares, benesses, pequenos poderes. Não é no PSD, com excepção das autarquias onde o partido tem bons autarcas, que Manuela Ferreira Leite pode encontrar forças para contrariar a decadência, mas sim fora. É por isso que iniciativas como o relançamento do Instituto Sá Carneiro são positivas e a escolha da face do mau governo de 2005 para a mais importante autarquia nacional dá o sinal errado.
A última ofensiva contra Manuela Ferreira Leite será quando as listas para deputados estiverem a ser feitas, porque isso é uma matéria que interessa e muito às estruturas internas, a principal fonte da oposição à liderança. Se essa ofensiva vai mais longe e a faz cair, o partido, que está numa encruzilhada complicada, não corre o risco imediato duma cisão orgânica, como o PS, mas pode continuar a esgotar-se na sua dimensão nacional e ficar pouco mais do que um partido autárquico e populista.
O PCP está bem e recomenda-se. A política identitária de Jerónimo de Sousa deu ao partido uma nova alma e mobilização. Não chegará para crescer muito, mas chega para travar a decadência e mostrar, principalmente através dos sindicatos, que é muito mais uma realidade social e política a contar em períodos de crise, do que um BE na moda, mas socialmente confinado à burguesia chique radical.
BE
O BE é o nana da comunicação social que o trata como se fosse um grande partido nacional e que não escrutina nada do que lhe diga respeito. Encontra-se numa encruzilhada entre os partidários de um PS radical e um PCP que o impede de ir para as fábricas e os sindicatos, onde só a parte da UDP ainda sobrevive.
PP
O PP tem com Portas a sua razão de existência e a sua razão de inexistência. Com ele, permanece activo no sistema do “aparecer” mediático, a que se acrescenta uma agenda política em 2008 com mérito nalgumas questões, como a fiscalidade. Mas também com ele, os limites para o seu crescimento estão inscritos a fogo
PS
O PS é hoje o “partido do governo”, ou seja, não existe politicamente. A questão central está em saber se também Alegre vai ajudar o PS a ser o “partido do governo” dando-lhe um escape retórico à esquerda, ou se se toma a sério e cria uma novo partido socialista de esquerda, ao exemplo de outras cisões já ocorridas em partidos socialistas europeus. Se o fizer abre um ciclo de mudança no sistema partidário, que se pode estender a outros partidos.
O ANO A CAMINHO DO FIM (5): O “JORNALISMO POLÍTICO” QUE PASSA POR SER JORNALISMO E É SÓ POLÍTICA
A degradação do jornalismo político, os jogos de interesses dos donos dos jornais e televisões, que depois chegam às redacções como silêncios e falas, a cada vez maior promiscuidade entre escrever num blogue político e redigir num jornal as “notícias” com os mesmos amores e ódios do blogue, a geral impunidade para os erros, as falsificações, as intrigas e a pura má fé, são hoje um dos principais factores na desqualificação do jornalismo. Não, não se trata de “matar o mensageiro”, trata-se de mostrar que não há mensageiro nenhum. O jornalismo político é feito na sua maioria por políticos que têm a profissão de jornalistas.