ABRUPTO

2.1.09


O ANO A CAMINHO DO FIM (7): PSD

O PSD não está bem, mas está muito melhor do que estava há um ano. Lembram-se de Menezes, aquele que ainda não percebeu que o partido o apeou com alívio? Nesse contexto a vitória de Manuela Ferreira Leite foi uma espécie de última oportunidade para o partido se redimir de uma decadência política acelerada que se acentuou com a experiência governativa. Muita gente no PSD ainda não compreendeu que para um partido de poder e de governo, que teve como Primeiro-ministros Sá Carneiro e Cavaco Silva, foi uma verdadeira tragédia a experiência Barroso – Lopes, que minou a sua credibilidade governativa.

Sobre os escombros, Manuela Ferreira Leite ganhou, mas o que ganhou vale pouco dentro. Dentro, o PSD é uma máquina que de há muito deixou de estar em consonância com os seus militantes (senão não ganhava), mas acima de tudo com os seus eleitores. E que não quer saber disso para nada, mas sim dos seus interesses de lugares, benesses, pequenos poderes. Não é no PSD, com excepção das autarquias onde o partido tem bons autarcas, que Manuela Ferreira Leite pode encontrar forças para contrariar a decadência, mas sim fora. É por isso que iniciativas como o relançamento do Instituto Sá Carneiro são positivas e a escolha da face do mau governo de 2005 para a mais importante autarquia nacional dá o sinal errado.

A última ofensiva contra Manuela Ferreira Leite será quando as listas para deputados estiverem a ser feitas, porque isso é uma matéria que interessa e muito às estruturas internas, a principal fonte da oposição à liderança. Se essa ofensiva vai mais longe e a faz cair, o partido, que está numa encruzilhada complicada, não corre o risco imediato duma cisão orgânica, como o PS, mas pode continuar a esgotar-se na sua dimensão nacional e ficar pouco mais do que um partido autárquico e populista.

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© José Pacheco Pereira
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