ABRUPTO

10.1.09


EARLY MORNING BLOGS

1462 - Les Bienfaits de la lune

(A Lua vista de Sul, José Manuel de Figueiredo)
La Lune, qui est le caprice même, regarda par la fenêtre pendant que tu dormais dans ton berceau, et se dit: "Cette enfant me plaît."
Et elle descendit moelleusement son escalier de nuages et passa sans bruit à travers les vitres. Puis elle s'étendit sur toi avec la tendresse souple d'une mère, et elle déposa ses couleurs sur ta face. Tes prunelles en sont restées vertes, et tes joues extraordinairement pâles. C'est en contemplant cette visiteuse que tes yeux se sont si bizarrement agrandis; et elle t'a si tendrement serrée à la gorge que tu en as gardé pour toujours l'envie de pleurer.


Cependant, dans l'expansion de sa joie, la Lune remplissait toute la chambre comme une atmosphère phosphorique, comme un poison lumineux; et toute cette lumière vivante pensait et disait: "Tu subiras éternellement l'influence de mon baiser. Tu seras belle à ma manière. Tu aimeras ce que j'aime et ce qui m'aime: l'eau, les nuages, le silence et la nuit; la mer immense et verte; l'eau uniforme et multiforme; le lieu où tu ne seras pas; l'amant que tu ne connaîtras pas; les fleurs monstrueuses; les parfums qui font délirer; les chats qui se pâment sur les pianos et qui gémissent comme les femmes, d'une voix rauque et douce!

"Et tu seras aimée de mes amants, courtisée par mes courtisans. Tu seras la reine des hommes aux yeux verts dont j'ai serré aussi la gorge dans mes caresses nocturnes; de ceux-là qui aiment la mer, la mer immense, tumultueuse et verte, l'eau informe et multiforme, le lieu où ils ne sont pas, la femme qu'ils ne connaissent pas, les fleurs sinistres qui ressemblent aux encensoirs d'une religion inconnue, les parfums qui troublent la volonté, et les animaux sauvages et voluptueux qui sont les emblèmes de leur folie."

(Charles Baudelaire)

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9.1.09


LENDO
VENDO
OUVINDO

ÁTOMOS E BITS

de 9 de Janeiro de 2009.

O Expresso da Meia Noite na SICN consegue fazer um debate sobre o conflito em Gaza sem haver um único interveniente que não seja hostil a Israel e sem achar que haja qualquer problema por isso. Mais, a maioria nem sequer se trata de gente vagamente inclinada para o lado palestiniano, mas militantes pró-palestinianos cujas posições são bem conhecidas. Assim não vale.

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EXTERIORES: CORES DE HOJE (2)



A neve em Sul, à noite, fotografada com a ajuda de infravermelhos.











Neve em Vouzela.



Neve em Sul. (José Manuel de Figueiredo)





Neve na Escola Secundária/3 de Amarante, sexta-feira, inicio da tarde. (Helder Barros)



Madrid. (José Maria Brito)


Clicando na fotografia fica na boa dimensão. Para se ver

Bom Jesus de Braga. (Emanuel Ferreira)

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COISAS DA SÁBADO: REFLEXÕES SOBRE UMA ENTREVISTA

1 -UM PAÍS SEM ESPERANÇA

Portugal é já há muito tempo um país sem esperança. Vão longe os tempos em que cresceu pela última vez, quando o progresso do país se podia ver nas fotografias aérias, quando vilas e pequenas cidades quase duplicavam no interior do país. Era no tempo em que a primeira vaga de “betão” atravessava literalmente o país, o tempo dos cartazes “europeus” anunciando os apoios que a recente entrada na Europa fazia jorrar pela primeira vez, era o tempo em que “modernizações” (como o IVA) que ficaram até hoje mexiam no tecido arcaico da nossa burocracia, o tempo em que uma revisão constitucional bloqueada tempo demais restituiu ao país o dinamismo de uma economia fora do estado, o tempo em que a privatização da televisão, dos jornais e a explosão das radios mexeram numa modorra ainda salazarista, o tempo em que com uma maioria de governo se governou e com uma presidência que acabou com as veleidades de “socialismo aprofundado” que numa primeira volta travaram o seu ultimo combate institucional, foi o tempo de Cavaco Silva primeiro-ministro e de Mário Soares no primeiro mandato.

Depois houve momentos de euforia, mas já não de esperança. Era como se houvesse que aproveitar os milhões com que a bolsa fazia enriquecer muitos, enquanto o governo distribuía benesses aos empresários, aumentos de salários e milhares de empregos no estado. Valia tudo e muita gente ganhou muito dinheiro, mas todos sabiam que não se estava a construir, como nos anos anteriores, mas a gastar. Era primeiro-ministro António Guterres e foi com ele e com o seu ministro das Finanças Pina Moura que as nossas desgraças actuais começaram e começaram de forma quase criminosa. O país deve-lhes o maior desperdício possível no menor espaço de tempo, e uma factura que deixou o país de “tanga”, expressão não muito feliz, mas inteiramente verdadeira.

O pai e a mãe do nosso descalabro foram Guterres e Pina Moura, algo que não podemos esquecer com a tendência que o actual Primeiro-ministro tem em começar tudo em 2005. Barroso e Santana pecaram por falta de coragem em ir mais longe nas duras medidas restritivas necessárias (convém não esquecer que Barroso e o PSD encarregaram-se de afastar Manuela Ferreira Leite que as defendia e a quem acusavam de impedir o partido de ganhar as eleições), mas encontraram já a máquina frágil da nossa economia muito avariada pelo esbanjamento dos anos Guterres. Como os portugueses são sábios e muitos, ainda lembrados das suas recentes origens camponesas, manhosos, aproveitaram o que puderam, mas sabiam com o que contavam depois. Amanhã se veria.

2 -O PRIMEIRO-MINISTRO QUE FOGE EM FRENTE

Amanhã deu-nos Sócrates, vitorioso por sobre o desastre santanista, com todas as condições para tentar remendar o que o seu anterior governo (Sócrates foi ministro de Guterres) tinha originado e que a inconsistência Barroso-Lopes acabara por deixar intacto ainda por cima com o onus de iniciar a austeridade. Sócrates fez campanha por um programa expansionista, de redução de impostos, de investimentos do estado, contra a “obsessão do défice” e depois fez exactamente o contrário. Fez bem, mas pouco e atabalhoadamente e, vemos agora, sem grande consistência. Na verdade, antes do início da “crise que veio de fora”, estava instalada a “crise de dentro”, com os números de Sócrates muito perto dos de Santana em 2005, nalguns casos muito pior como no emprego. Mas Sócrates tinha um plano para ganhar as eleições.


Na verdade, mesmo antes da “crise” que agora serve para tudo, Sócrates contava regressar ao “betão” para que o “betão” lhe desse o habitual: empresas satisfeitas, autarquias agradecidas pelo “progresso”, emprego, e votos. Ou seja, Sócrates preparava-se para voltar ao mesmo padrão de Guterres e para, no final do mandato, começar a gastar muito dinheiro, com as eleições à vista. Enquanto Guterres distribuía dinheiro em grandes sessões em hotéis de luxo com os empresários, Sócrates chamou-os ao escuro dos gabinetes e aí negociou com eles. Só que as coisas correram mal, muito mal e a “crise que veio de fora” encontrou-se com todas as debilidades da “crise que veio de dentro”. E, como é seu hábito, Sócrates foge em frente, disparando medidas para todos os lados, acertando nalguns casos em que copia o modelo europeu, mas misturando irremediavelmente a sua idiossincrasia autoritária e controleira, com a sebenta estatista do socialismo. Entre duas medidas possíveis Sócrates escolhe sempre aquela que maior controlo dá ao estado, logo ao governo e aquela que menos conta com a liberdade e a individualidade de pessoas e empresas. Recusa-se por isso a fazer aquilo que melhor, mais imediata e menos burocraticamente daria resultados em melhorar a situação de pessoas e empresas – baixar os impostos – a favor do subsídio e do apoio directo do estado, logo do governo. E ele encontrou na crise uma excepcional maneira de mandar mais, nem que para isso tenha que atirar dinheiro, muito dinheiro, por cima dos problemas. Dinheiro que o país não tem e dinheiro, que a curto prazo, ninguém nos quererá emprestar. Aproxima-se um desastre, mas como só será para a década de dez, Sócrates não se importa. Sócrates fiel discipulo de Guterres, prepara-se para deixar as gerações futuras com uma dívida gigantesca, ou seja ,a a condenar o país à pobreza.

3 - E QUEM É QUE TINHA RAZÃO?

É. Pouca gente o dirá porque isso significa morder a língua das suas próprias afirmações e críticas, mas quem tinha razão foi Manuela Ferreira Leite. Quem pela primeira vez chamou a atenção para o problema social que se avizinhava, ainda Sócrates negava a crise? Quem pôs em causa a sustentabilidade do programa faraónico das obras públicas? Quem chamou pela primeira vez (em termos muito próximos dos que o Presidente usou agora) para o problema da dívida? Quem propôs medidas que iam noutro sentido – por exemplo, em vez de incentivos a novos empréstimos às pequenas e medias empresas, já muito endividadas, sugeriu que o estado pagasse as dívidas e baixasse os impostos? Ou seja, outro caminho muito diferente, alternativo, pensando na “crise que vem de fora”, mas evitando agravar a “crise que vem de dentro”. O patrulhamento que o governo faz da líder da oposição, assim como o ruído interno, tem tornado pouco audível a voz de Manuela Ferreira Leite, mas quanto aos factos não há volta a dar.

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EXTERIORES: CORES DE HOJE



Passagem do tempo por um banco do jardim de S. Amaro. (RM)



Banco em Paços de Ferreira. (Vítor Alexandre)



Neve no Porto. (Cecília Gama)





Eb 2,3 de Toutosa - Marco de Canaveses (Bruno Costa)


Clicando na fotografia fica na boa dimensão. Para se ver

Frio. (RM)

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O VÍRUS

no RCP acabou. Os últimos "vírus" não foram colocados em linha, pelo que não posso fazer uma ligação ao podcast.

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BOAS / MÁS / PÉSSIMAS COISAS NA COMUNICAÇÃO SOCIAL PORTUGUESA EM 2008
VISTAS POR UM GRANDE (EM QUANTIDADE) CONSUMIDOR (2)

(A acrescentar à primeira lista.)


As excelentes fotografias de capa do Público.

Tive dúvidas no início com o suplemento P2 do Público, mas desapareceram com o tempo. O suplemento continua muito "intelectualizado", mas, no fundamental, é bom.

O programa de Gomes Ferreira na SICN "Negócios da Semana", com entrevistas com conhecimento de causa, sérias e límpidas, uma absoluta excepção no mundo do jornalismo.

Uma estação que passa "apanhados" no mais nobre dos horários, como acontece com a SIC, pode ganhar audiências mas perde credibilidade.


Jornais e revistas cujos leitores mereceriam a transparência de uma declaração de interesses ou de tomada de posição "oficial" do jornal como existe na imprensa anglo-saxónica: o Público (sobre a Europa e o Porto); o Jornal de Notícias (sobre o Futebol Clube do Porto e a sua galáxia de interesses, pessoas e "opiniões"); o Diário de Notícias, a Focus (sobre o PS e o PSD) e o Semanário (sobre o PSD). Estes para já.

No Público não corre o "risco" de ter um noticiário crítico sobre a Europa, nem uma explicação séria das razões de polacos, checos, ingleses e de outros eurocépticos ou mais cépticos sobre a Europa e o seu curso recente; e, na sua redacção nortenha, Rui Rio é o Diabo incarnado; no Jornal de Noticias, idem, sobre o Futebol Clube do Porto; no Diário de Notícias e na Focus não corre o "risco" de ter um noticiário isento sobre o PSD, em particular qualquer notícia que lhes "pareça" favorecer Manuela Ferreira Leite, e o Semanário é uma antologia, transcrita em jornal, das mais absurdas teorias de conspiração que correm no interior do PSD.

(Continua.)

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EARLY MORNING BLOGS

1461

hito-goe no yahan o suguru samusa kana

No meio da noite,
A voz das pessoas que passam —
Que frio!

(Yaha, tradução de Edson Kenji Iura)

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8.1.09


APRENDENDO COM GORE VIDAL


Clicando fica na boa dimensão

na Esquire.

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COISAS SIMPLES



(Ivan Kramskoy)

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6.1.09


EARLY MORNING BLOGS

1460

Fifteen men on the dead man's chest--
...Yo-ho-ho, and a bottle of rum!
Drink and the devil had done for the rest--
...Yo-ho-ho, and a bottle of rum!

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5.1.09

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COISAS SIMPLES



(Nicolaas van der Waay)

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EARLY MORNING BLOGS

1459 - Fala

Fala a sério e fala no gozo
Fá-la p'la calada e fala claro
Fala deveras saboroso
Fala barato e fala caro
Fala ao ouvido fala ao coração
Falinhas mansas ou palavrão
Fala à miúda mas fá-la bem
Fala ao teu pai mas ouve a tua mãe
Fala francês fala béu-béu
Fala fininho e fala grosso
Desentulha a garganta levanta o pescoço
Fala como se falar fosse andar
Fala com elegância - muito e devagar.

(Alexandre O´Neill)

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© José Pacheco Pereira
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