ABRUPTO

7.4.08


EXTERIORES: CORES DO DIA DE HOJE

Clicando na fotografia fica na boa dimensão. Para se ver



(Ochoa)



Hoje. (António Cabral)



Luz da manhã. (Ochoa)

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INTENDÊNCIA



Os Estudos sobre o Comunismo estão a ser actualizados.

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EARLY MORNING BLOGS


1270 - Winter Landscape

The three men coming down the winter hill
In brown, with tall poles and a pack of hounds
At heel, through the arrangement of the trees,
Past the five figures at the burning straw,
Returning cold and silent to their town,
Returning to the drifted snow, the rink
Lively with children, to the older men,
The long companions they can never reach,
The blue light, men with ladders, by the church
The sledge and shadow in the twilit street,
Are not aware that in the sandy time
To come, the evil waste of history
Outstretched, they will be seen upon the brow
Of that same hill: when all their company
Will have been irrecoverably lost,
These men, this particular three in brown
Witnessed by birds will keep the scene and say
By their configuration with the trees,
The small bridge, the red houses and the fire,
What place, what time, what morning occasion
Sent them into the wood, a pack of hounds
At heel and the tall poles upon their shoulders,
Thence to return as now we see them and
Ankle-deep in snow down the winter hill
Descend, while three birds watch and the fourth flies.

(John Betjeman)

*

Bom dia!

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6.4.08


EXTERIORES: CORES DO DIA DE HOJE

Clicando na fotografia fica na boa dimensão. Para se ver



Berlenga vista do cabo. (Manuela Bello)



Barcos no Sado. (Ochoa)



Cartaz no Chiado. (RM)



Jogadores do Amarante F.C. e do Aliados de Lordelo, cumprimentando-se antes do jogo de hoje. (Helder Barros)



Viseu.



Incêndio em Alcofra. (Sandra Bernardo)



Rio Sizandro. (Ana Ferreira)



Serralves. (José Carlos Santos)




Passagem do tempo por um banco do jardim de S. Amaro. (RM)

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REVISITAÇÕES AOS LOCAIS INFECTOS



Escrever sobre Maio 68 e começar por Sarkozy não é muito auspicioso. O homem, na campanha, num comício em Bercy em Abril de 2007, gritou "que era necessário liquidar a herança de Maio de 1968". Um ano depois, o mesmo Sarkozy casou com uma senhora que foi modelo, que no exercício da sua carreira apareceu várias vezes em trajes menores e mesmo sem trajes nenhuns e que, sem Maio de 1968, muito dificilmente poderia ser primeira-dama de França, nem a ninguém passaria pela cabeça que fosse, a começar pelo putativo esposo. Na tradição de Mitterrand e Chirac seria quando muito uma espécie de "segredo de Estado" permitido e consentido por velhas regras machistas e pela douce France, num universo paralelo ou em Tóquio, mas não no Eliseu. Goste-se ou não - e eu não gosto da exposição excessiva da privacidade, mas gosto que Sarkozy possa escolher ter a vida que quiser -, os costumes mudaram. As sociedades têm face à vida pessoal uma atitude mais laica e menos normativa, a hipocrisia continuou mas desabitou alguns lugares e isso é do "espírito do tempo". O problema de Maio 68 é que o mês "a liquidar" está bem dentro da cabeça dele e ele não sabe, ou faz que não sabe.

Escrever sobre Maio de 1968 começando pela vida que Sarkozy expõe como vida privada ainda é menos auspicioso. Na verdade, não foi só Maio de 1968, que é uma abstracção construída também pela ficção, que fez a vida privada de Sarkozy poder ser exibida sem um grande escândalo nacional que o incapacitasse de continuar Presidente, mas foi o que fez o Maio de 1968 que também a fez.

A matéria desse annus mirabilis ou horribilis, conforme a versão, veio de trás e continuou para a frente. A data é simbólica porque muito visível, mas o verdadeiro "culpado" são os anos 60. É a década que fez mudar muita coisa, em múltiplos sentidos. À luz da década, vista globalmente, de São Francisco a Praga, o Maio francês não é sequer o mais significativo. Maio de 1968 beneficiou do último suspiro de influência francesa nas modas intelectuais, mas já estava no limite dessa influência. Sartre está no fim, Althusser e Lacan tinham uma influência equívoca como a do estruturalismo, Foucault, Debord, Deleuze sobreviveram pela influência numa parte dos campus universitários americanos mais à esquerda, mas a coisa estava a acabar.

Mesmo a parte propriamente estudantil e política, as revoltas nas ruas do Quartier Latin, as barricadas, a ocupação da Sorbonne, representavam uma mistura de movimentos e grupos ultrapolitizados como nunca as "massas" o são, anarquistas, maoístas e trotsquistas, cuja relação com os operários grevistas, controlados pelo PCF, era equívoca, para não dizer de oposição frontal, quase tanta oposição como a que tinham com De Gaulle. Os operários queriam mais sous, os estudantes repetir a Comuna de Paris.

Talvez por isso, passada uma dúzia de anos, passada a tentação terrorista que é a que vem sempre com o refluxo, todas aquelas pessoas entraram no mainstream de tudo, da política, da universidade, da comunicação social, da vida. Só que o mainstream, o rio principal, já não era o mesmo, e eles já não sabiam viver da mesma maneira que os seus pais e que os seus filhos. Gostavam de dinheiro e estatuto, mas não sabiam tão bem como os seus pais e principalmente como os seus filhos ganhá-lo. Gostavam de poder e de influência, mas coexistiam bem com um mundo mais conflitual e menos respeitador, até porque "não confiavam em ninguém com mais de 30 anos" e agora tinham-nos. Eram mais democratas que os seus pais e tinham causas, mesmo que às vezes essa democracia fosse laxista e condescendente e as causas confusas, mas deram o corpo ao manifesto por causas que as gerações anteriores dominadas pelas ideologias de ferro ignoravam e atacavam, como, por exemplo, o apoio aos dissidentes soviéticos.

Mais importante do que o destino dos estudantes e intelectuais franceses, que são a face do Maio de 1968, são, nos anos 60, as mudanças de influência que se passam na cultura de massas, nos consumos culturais de massas. Já havia precedentes, alguns dos quais absorvidos mesmo no padrão intelectual francês, como o cinema, a banda desenhada e os romances policiais, que já eram em 1968 objectos de culto "americanos", lidos pelos Cahiers du Cinema ou pela miríade de revistas como a Tel Quel. Mas eram, nesses anos, entendidos como icónicos, colocados no mesmo plano dos novos ícones emergentes, o col Mao e o "Yukong que movia montanhas" e vinha nas Citações de Mao Zedong, então Mao Tsetung.

Os franceses foram os últimos a perceber que o Maio dos outros era mais poderoso que o seu. Subterraneamente, o francês estava a declinar como língua franca de tudo, mesmo da revolução. O grafismo vinha de Londres e de Haigh Ashbury, a música de Londres e de Woodstock, a moda de Londres e de São Francisco, os Beatles varriam o mundo e escreviam uma canção chamada Lucy in the Sky with Diamonds:
Imagina-te num barco num rio
Com arvores de tangerina e um céu feito de marmelada

Alguém te chama e tu respondes muito devagar

A rapariga com olhos de caleidoscópio.
Quando as ruas de Paris ardiam, esta canção tinha um ano. A maioria dos estudantes franceses não a entenderiam, não perceberiam por que razão "tu respondes muito devagar" e o céu era "feito de marmelada" e a rapariga tinha "olhos de caleidoscópio", mas, nas ruas de São Francisco, isto tinha um nome: LSD. Outro mundo, outras influências, um retorno para dentro, com todas as ambiguidades, mas que mostrava uma pulsão individualista e hedonista que as drogas revelavam mais eficazmente do que as causas políticas da Gauche Proletarienne. Para nosso bem ou mal, foi assim.

É nessa cultura de massas que percebemos o que mudou nos anos 60, mais no que nos intelectuais e nos estudantes de Maio de 1968, embora o seu ras-le-bol fosse feito da mesma matéria. A cultura dos anos 60 só era maoísta, francesa, intelectual e politizada na parte mais superficial do folclore político, porque por baixo, onde as coisas mudavam, era proletária e anti-intelectual (em Inglaterra), libertária na geração do baby boom americano, nos filhos de Archie Bunker, ou dos GI da II Guerra, que chegavam à universidade e ao flower power e, pela primeira vez, tinham dinheiro para moldar o consumo, todos os consumos, os materiais, como os seus pais, com as little boxes dos subúrbios, mas também os "espirituais" como só eles puderam fazer, discos, livros, revistas, espectáculos, shows televisivos, cinema, objectos e, mais tarde computadores, iPod, telemóveis. Eles fizeram a transição dos electrodomésticos para os gadgets, abriram caminho ao mundo da Internet e das novas tecnologias. Melhor, abriram caminho para o que nós pensamos ser o "poder" das novas tecnologias e para o seu uso.

Essa cultura era individualista num modo novo, hedonista num modo novo, "material" num modo novo, "espiritual" num modo novo, liberal e libertária num modo novo e que se incorporou no modo de vida das pessoas. Tinha uma enorme força: era feita para a felicidade terrestre e não para a celeste e os tempos estavam maduros para a receber. Por isso, as pessoas querem lá saber do Sarkozy mais a sua dama; quando muito é uma questão de gosto e nós somos mais condescendentes com as escolhas dos outros, porque prezamos a liberdade das nossas.

Eu não estou a dizer se Maio de 1968 foi mau e é para "liquidar", como quer Sarkozy, ou se foi bom como a nostalgia dos velhos combatentes soixante-huitards idealiza. O que digo é que o que foi é o que é. E o que é tem muita força por o ser e muita fraqueza porque está a deixar de ser. A grande fragilidade do mundo feito pelos anos 60 é que só sobrevive numa relativa prosperidade, precisa de riqueza, bem-estar material e segurança, para poder continuar a ser individualista, hedonista e idealista.

As fracturas no edifício dos anos 60 não vêm do retorno do conservadorismo europeu ou americano, mas da crise económica gerada pela dificuldade do mundo ocidental, onde os valores do Maio de 1968 "valem", em competir com a globalização, vem da dificuldade em manter uma abertura optimista às causas, num mundo em que há a Al-Qaeda, o 11 de Setembro, e o apocalipse está na esquina da rua, e em que um certo reforço identitário e cultural é a única defesa. Num mundo menos tolerante, e mais pobre, o adquirido do Maio de 1968 não sobrevive, nem em Paris, nem em Londres, nem em Nova Iorque. É isso.

(Versão do Público, 5 de Abril de 2008.)

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LENDO
VENDO
OUVINDO

ÁTOMOS E BITS

de 6 de Abril de 2008

Não era suposto estar a realizar-se um grande debate nacional sobre o Tratado europeu, conforme nos foi prometido pelo governo e pelos que votaram com ele, como alternativa ao referendo?

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COISAS DA SÁBADO: UM LIVRO DE REFERÊNCIA

Aconselhável a todos os que na política citam frases célebres e não acertam no nome dos seus autores, ou no contexto, ou na frase, ou em coisa nenhuma.






A edição pela Gradiva de um Dicionário de Termos e Citações de Interesse Político e Estratégico, de autoria de um militar com carreira distinta Henrique Lages Ribeiro, é mais uma contribuição para uma biblioteca que em Portugal é demasiado escassa, a das obras de referência. Este tipo de obras exige uma dedicação muito especial e muito, muito, muito, trabalho. Para o leitor saber onde fica localizada a “Schengenlândia” e quem é que falou de “revolução tranquila”, com citações em apoio.

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EARLY MORNING BLOGS


1269 - History

History has to live with what was here,
clutching and close to fumbling all we had--
it is so dull and gruesome how we die,
unlike writing, life never finishes.
Abel was finished; death is not remote,
a flash-in-the-pan electrifies the skeptic,
his cows crowding like skulls against high-voltage wire,
his baby crying all night like a new machine.
As in our Bibles, white-faced, predatory,
the beautiful, mist-drunken hunter's moon ascends--
a child could give it a face: two holes, two holes,
my eyes, my mouth, between them a skull's no-nose--
O there's a terrifying innocence in my face
drenched with the silver salvage of the mornfrost.

(Robert Lowell)

*

Bom dia!

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5.4.08


EXTERIORES: CORES DO DIA DE HOJE

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Early morning. (Ochoa)

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COISAS DA SÁBADO:
POR FAVOR, CONTINUEM A HESITAR (MUITO) SOBRE O KOSOVO




No meio de uma política europeia que tem sido de seguidismo, Portugal como nação, representado pelo governo e pelo Presidente da República, tem tido o bom senso de não se precipitar para cobrir mais um acto errado da política americana e franco-alemã no Kosovo, o reconhecimento unilateral da independência.

Os puristas europeus do beneplácito da ONU para o Iraque aqui não se importam de criar um país ilegal segundo as normas do direito internacional. E, sem o reconhecimento das Nações Unidas, impossível sem o voto da Rússia, o Kosovo permanecerá o que é: um protectorado da União Europeia e dos EUA, da OTAN como dizem os sérvios com razão, que dependerá sempre do dinheiro externo. Mas, ou me engano muito, ou quererá rédeas longas para poder ter polícia kosovar, tribunais kosovares, serviços secretos kosovares, para que a sua elite política ex-guerrilheira se dedique a actividades para que os Balcãs são uma excelente placa giratória: crime organizado. Na verdade, nem era preciso ser independente, é o que já acontece hoje. Mas ajuda.

Se querem mexer unilateralmente com as fronteiras, que é o que estão a fazer, então têm muito que fazer no mundo. Não é nenhum tabu absoluto, pode até nalguns casos ser a solução, mas é uma coisa que exige a máxima prudência, que é o que não se está a ter. A verdade é que se dividiu a Etiópia, a Checoslováquia, a Jugoslávia e, antes disso, o Paquistão. Mas não se deixou dividir o Biafra, nem o Katanga, nem se deixa dividir a Moldova, nem a Geórgia, nem a Federação Russa no Cáucaso, nem a Espanha, nem o Iraque. O Iraque é um bom exemplo. Está formalmente dividido, está de facto dividido pelo menos na zona curda, que tem auto-governo, forças militares e polícia própria, leis e administração locais, bandeira, farda e hino. Exactamente como o Kosovo, mas não tem direito a ser independente, porque se o fosse, o Sul xiita ficaria uma extensão do Irão e o triângulo sunita uma variante do poder do Baas de Saddam sem Saddam.

Não pode o Curdistão iraquiano, mas pode o Kosovo porque políticas de limpeza étnica, que é o que a independência do Kosovo albanês significa, só podem ser feitas quando o “limpado” está fraco, como é o caso da Sérvia e tem a bandeirinha azul das estrelas por cima. Não podem ser feitas quando os vizinhos poderosos, ainda por cima aliados instáveis, como é a Turquia, podem entrar em guerra por causa disso.

Por isso, santa prudência ilumine os nossos governantes e que não seja apenas “pelos riscos que correm as nossas tropas”, que é razão para cuidados, mas não é para políticas de fundo. Que seja lembrando-nos do efeito desastroso que o reconhecimento unilateral alemão da Croácia, depois imposto à UE, teve no desencadear da guerra nos Balcãs, e no pensar os riscos que uma Espanha com um governo fraco, mais uma vez refém dos nacionalistas bascos e catalães, onde há política da bala e da bomba, nos faz passar.

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EARLY MORNING BLOGS


1268 - Góngora

Marte, la guerra. Febo, el sol. Neptuno,
el mar que ya no pueden ver mis ojos
porque lo borra el dios. Tales despojos
han desterrado a Dios, que es Tres y es Uno,
de mi despierto corazón. El hado
me impone esta curiosa idolatría.
Cercado estoy por la mitología.
Nada puedo. Virgilio me ha hechizado.
Virgilio y el latín. Hice que cada
estrofa fuera un arduo laberinto
de entretejidas voces, un recinto
vedado al vulgo, que es apenas, nada.
Veo en el tiempo que huye una saeta
rígida y un cristal en la corriente
y perlas en la lágrima doliente.
Tal es mi extraño oficio de poeta.
¿Qué me importan las befas o el renombre?
Troqué en oro el cabello, que está vivo.
¿Quién me dirá si en el secreto archivo
de Dios están las letras de mi nombre?

Quiero volver a las comunes cosas:
el agua, el pan, un cántaro, unas rosas...

(Jorge Luís Borges)

*

Bom dia!

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4.4.08


EARLY MORNING BLOGS


1265 - Les arbres

Ô vous qui, dans la paix et la grâce fleuris,
Animez et les champs et vos forêts natales,
Enfants silencieux des races végétales,
Beaux arbres, de rosée et de soleil nourris,

La Volupté par qui toute race animée
Est conçue et se dresse à la clarté du jour,
La mère aux flancs divins de qui sortit l'Amour,
Exhale aussi sur vous son haleine embaumée.

Fils des fleurs, vous naissez comme nous du Désir,
Et le Désir, aux jours sacrés des fleurs écloses,
Sait rassembler votre âme éparse dans les choses,
Votre âme qui se cherche et ne se peut saisir.

Et, tout enveloppés dans la sourde matière
Au limon paternel retenus par les pieds,
Vers la vie aspirant, vous la multipliez,
Sans achever de naître en votre vie entière.

(Anatole France)

*

Bom dia!

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3.4.08


INTENDÊNCIA



Os Estudos sobre o Comunismo estão a ser actualizados.

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O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES



Florestas e fogo. Vamos entrar na época de fogos. Já estou a ouvir a gritaria....os bombeiros, o combate aos fogos, a protecção civil, as "populações afectadas"...
Ora acontece que o 3º quadro comunitário de apoio fechou no fim de 2006. O actual quadro comunitário de apoio está parado desde então no que se refere a apoios financeiros para limpeza de matas. Está portanto atrasado cerca de 1 ano e 4 meses. E não há notícia de que esteja para entrar em execução. Será que estão à espera da campanha eleitoral para pôr este assunto em andamento?
Eu sou agricultora. Tenho uma mata para limpar. Vou acabar por limpá-la do meu bolso e sem apoio financeiro quando ele existe e está apenas a só à espera de ser desbloqueado, mas não é.

(Inês Amorim)

*

É com grande assombro que vejo o desenrolar dos acontecimentos do Carolina Michaelis. A rapariga do telemóvel e o rapaz das filmagens, assim como as suas famílias, estão a ser crucificados na praça pública por todo o tipo de gente. Por “jornalistas” e até por gente com estudos jurídicos.

Por mim, não tenho claro que a gravação do telemóvel sirva de prova em Tribunal, pois não foi obtida de modo regular. Se com outros arguidos de crimes verdadeiramente graves são respeitados até a exaustão os direitos essenciais da lei processual penal, por maioria de razão isto deverá fazer-se com menores de idade.

Mas estes menores arriscam-se a pagar muito caro o que fizeram, pois tiveram a infelicidade de aceder ao estatuto de “caso exemplar”. Mas, se já foram transferidos de modo fulminante, que mais se pretende fazer com eles? Se vemos que há crimes noutro tipo de áreas, como a desportiva, com autores muito maiores de idade, que tardam em ser, não já punidos, mas apenas julgados porque são inúmeras as questões processuais levantadas (como a validade da obtenção da prova, sem ir mais longe), será justa a punição automática destes menores? Será que eles não têm direito de gozar da mais ínfima dose de “in dúbio pro reo” de que outros arguidos maiores e responsáveis usufruem à larga?

É claro que se isto chega aos Tribunais, qualquer juiz concluirá pela irracionalidade desta trapalhada e mandará a sociedade descarregar as suas frustrações noutro lado.

Por fim, também não percebo como é que a RTP ainda não foi, ela sim, processada (em várias sedes, e até pela ERC) por ter mostrado a cena do Youtube sem se dar ao trabalho de tapar as caras dos intervenientes, pois assim é que passou pela primeira vez. Há aqui matéria para alguém lhe pedir indemnizações…

(Carmen Formigo)

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SÓ PARA SABERMOS DO QUE FALAMOS QUANDO FALAMOS DO IRAQUE

Clicando nos gráficos pode ver-se o detalhe.





Os numeros actualizados são daqui Measuring Stability and Security in Iraq. March 2008. Report to Congress In accordance with the Department of Defense Appropriations Act 2008 (Section 9010, Public Law 109-289). Eu sei que haverá sempre quem diga que os números são americanos e há um qualquer relatório de uma qualquer ONG que tem outros, mas são os que a imprensa internacional usa e a de cá ignora. O relatório tem até números mais favoráveis nalguns aspectos, mas como são mais subjectivos (por exemplo a pergunta aos iraquianos sobre se concordam ou não com a frase "o meu bairro está calmo", e que mostra a enorme disparidade regional na percepção da violência), não os cito.

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NOTÍCIAS DA FÁBRICA



Estou a acabar um pequeno livro, mais semana, menos semana, que é um subproduto dos meus trabalhos mais extensos sobre a história da extrema-esquerda em Portugal da década de 60 a 1974. Fará parte de uma série com o título provisório de Estudos sobre a Extrema-Esquerda e compreenderá mais um (sobre a imprensa clandestina e do exílio) ou dois até ao fim do ano. Ainda não sei onde será editado, mas isso não é problema.

O que está a acabar é um estudo sobre a génese dos grupos pró-chineses e albaneses no mundo ocidental, que eu saiba, pela bibliografia académica internacional existente, o primeiro a ser feito no seu conjunto para estes anos 1960-5, beneficiando de novos testemunhos e arquivos, como o albanês. Ou seja, mesmo para o momento muito inicial da coisa, antes de haver "maoísmo" e Revolução Cultural. Incluo depois com mais detalhe a parte portuguesa, ou seja, o modo como o conflito-sino-soviético se passa no interior do PCP e a criação da Frente de Acção Popular - Comité Marxista-Leninista Português, mas apenas tratada no seu contexto internacional, ou seja nas relações com a China e a Albânia e os outros grupos marxistas-leninistas da época. O título provisório será A FAP / CMLP no Contexto Internacional dos Primeiros Grupos Marxistas-Leninistas (1960-1965).

(Ao lado, uma edição clandestina do A Propósito da Prática de Mao Zedong feita pelo PCP antes da ruptura das relações com o PC da China na sequência do conflito sino-soviético.)


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BIBLIOFILIA: GRANDES CAPAS



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EARLY MORNING BLOGS


1264 - Al adquirir una enciclopedia

Aquí la vasta enciclopedia de Brockhaus
aquí los muchos y cargados volúmenes y el volumen del atlas,
aquí la devoción de Alemania,
aquí los neoplatónicos y los agnósticos,
aquí el primer Adán y Adán de Bremen,
aquí el tigre y el tártaro,
aquí la escrupulosa tipografía y el azul de los mares,
aquí la memoria del tiempo y los laberintos del tiempo,
aquí el error y la verdad,
aquí la dilatada miscelánea que sabe más que cualquier hombre,
aquí la suma de la larga vigilia.
Aquí también los ojos que no sirven, las manos que no aciertan las ilegibles páginas,
la dudosa penumbra de la ceguera, los muros que se alejan.
Pero también aquí una costumbre nueva,
de esta costumbre vieja, la casa,
una gravitación y una presencia,
el misterioso amor de las cosas
que nos ignoran y se ignoran.

(Jorge Luis Borges)

*

Bom dia!

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2.4.08


EARLY MORNING BLOGS


1263 - Journey Into The Interior

In the long journey out of the self,
There are many detours, washed-out interrupted raw places
Where the shale slides dangerously
And the back wheels hang almost over the edge
At the sudden veering, the moment of turning.
Better to hug close, wary of rubble and falling stones.
The arroyo cracking the road, the wind-bitten buttes, the canyons,
Creeks swollen in midsummer from the flash-flood roaring into the narrow valley.
Reeds beaten flat by wind and rain,
Grey from the long winter, burnt at the base in late summer.
-- Or the path narrowing,
Winding upward toward the stream with its sharp stones,
The upland of alder and birchtrees,
Through the swamp alive with quicksand,
The way blocked at last by a fallen fir-tree,
The thickets darkening,
The ravines ugly.

(Theodore Roethke)

*

Bom dia!

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1.4.08


LENDO
VENDO
OUVINDO

ÁTOMOS E BITS

de 1 de Abril de 2008 (2)

Depois de ver na RTP várias vezes e hoje no Público, este Dean Radin, investigador no Institute of Noetic Sciences da Califórnia, a "explicar" de ciência certa (e na RTP entre notícias científicas e médicas, sem distinção) aquilo que ele chama "premonição colectiva do 11 de Setembro", ou seja, adivinhação, eu de facto tenho pena que o Código da Publicidade tenha sido revogado neste artigo 22º-B por uma recomendação muito mais asséptica:
Produtos e serviços milagrosos 1 – É proibida, sem prejuízo do disposto em legislação especial, a publicidade a bens ou serviços milagrosos.

2 – Considera-se publicidade a bens ou serviços milagrosos, para efeitos do presente diploma, a publicidade que, explorando a ignorância, o medo, a crença, ou a superstição dos destinatários, apresente quaisquer bens, produtos, objectos, aparelhos, materiais, substâncias, métodos ou serviços como tendo efeitos específicos automáticos ou garantidos na saúde, bem-estar, sorte ou felicidade dos consumidores ou de terceiros, nomeadamente por permitirem prevenir, diagnosticar, curar ou tratar doenças ou dores, proporcionar vantagens de ordem profissional, económica ou social, bem como alterar as características físicas ou a aparência das pessoas, sem uma objectiva comprovação científica das propriedades, características ou efeitos propagandeados ou sugeridos.

3 – O ónus da comprovação científica a que se refere o número anterior recai sobre o anunciante.

4 – As entidades competentes para a instrução dos processos de contra-ordenação e para a aplicação das medidas cautelares e das coimas previstas no presente diploma podem exigir que o anunciante apresente provas da comprovação científica a que se refere o nº 2, bem como da exactidão material dos dados de facto e de todos os benefícios propagandeados ou sugeridos na publicidade.

5 – A comprovação científica a que se refere o nº 2 bem como os dados de facto e os benefícios a que se refere o número anterior presumem-se inexistentes ou inexactos se as provas exigidas não forem imediatamente apresentadas ou forem insuficientes.
Não é que eu ache que vai com códigos, mas sempre ajudam a entender o que está em causa. É que entre Dean Radin e o Professor Bambo não há assim tanta diferença.

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OS NOVOS DESCOBRIMENTOS: SAUDAÇÃO AO VIRGLE, O PLANO B


aqui.

Neste blogue vai-se ser membro, pioneiro, entusiasta, propagandista do Virgle.

Não é de agora que me interessa o Plano B. Escrevi sobre ele várias vezes desde os anos oitenta e no Abrupto está cá desde Novembro de 2003 (embora com as imagens perdidas...). Cito-me: "resolver o dilema malthusiano entre o crescimento da população e os recursos. Resolver este dilema sob as suas formas clássicas e modernas implica várias coisas difíceis: mudar o nosso modelo predatório de crescimento industrial , controlar as pressões sobre a ecologia geradas pelo acesso das multidões do terceiro mundo a consumos de massa, descobrir novos processos agrícola, encontrar na conquista espacial um novo “espaço vital” para a humanidade ."
E se for uma mentira do 1º de Abril vou lá torcer o pescoço ao e ao . Isto depois da bomba, claro. E, já agora, nestas não me importo de cair.

*

Enganado! Burro! Optimista ! Era mesmo para os "fools" de Abril, e eu, inocente e ingénuo, eu não reparo nas datas. Bom aqui está e se pensam que eu vou acreditar no "yet" desenganem-se:

Sorry, but the page you're looking for doesn't actually exist. Why? Well, because...we didn't have time to build it. Because we didn't think that particular page was all that important. Because this is just an early version of the Virgle site and lots more pages will be coming down the pike as the project --

-- oh, all right. Fine. April Fool's. Ha, ha, ha. It isn't real. There. Are you happy? Does it please you to drag us out of our lovely little fantasy world, to crush all our hopes and dreams? Is that really what you need to hear? Fine, you've heard it. Virgle isn't real.

Yet.


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LENDO
VENDO
OUVINDO

ÁTOMOS E BITS

de 1 de Abril de 2008


Interessantes conclusões do Relatório do Provedor do Telespectador da RTP (2007) - a admissão de que a RTP África não é um verdadeiro órgão de comunicação social, que responda apenas por critérios jornalísticos, feita nesta frase: "os conteúdos da RTP África não podem, em momento algum, comprometer politicamente as razões que justificam Portugal ter um canal direccionado para a lusofonia." (Sublinhados meus.)

*

Outra conclusão evidente, mas que vale a pena reconhecer e que tem muito a ver com a governamentalização: "os eventos desportivos continuam a ter um destaque desmesurado. O futebol é continuamente privilegiado em relação aos outros desportos, com incidência especial na actividade dos três clubes Porto, Benfica, Sporting."

*

E uma muito interessante conclusão sobre o "serviço público":
Não obstante toda a actuação que tenho desempenhado tendo presente os compromissos da RTP ser definida como detentora do «estatuto de serviço público» e das exigências que tal estatuto comporta, não deixo de ficar perplexo na sua execução prática quando me deparo com a realidade de que o programa de maior e mais constante audiência é o «PREÇO CERTO». E essa perplexidade e luta interior no próprio exercício da função e missão de Provedor não se simplifica quando me lembro das palavras que, um certo dia, o anterior Presidente do Conselho de Administração da RTP, S.A., o Dr. Almerindo Marques me dizia: «Não se esqueça que temos um compromisso: fazer televisão adequada à população que temos».

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EXTERIORES: CORES DO DIA DE HOJE

Clicando na fotografia fica na boa dimensão. Para se ver



Early morning. Primeiro raio de Sol na chaminé. (RM)

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EARLY MORNING BLOGS


1262 - Editor Whedon

To be able to see every side of every question;
To be on every side, to be everything, to be nothing long;
To pervert truth, to ride it for a purpose,
To use great feelings and passions of the human family
For base designs, for cunning ends,
To wear a mask like the Greek actors--
Your eight-page paper-- behind which you huddle,
Bawling through the megaphone of big type:
"This is I, the giant."
Thereby also living the life of a sneak-thief,
Poisoned with the anonymous words
Of your clandestine soul.
To scratch dirt over scandal for money,
And exhume it to the winds for revenge,
Or to sell papers,
Crushing reputations, or bodies, if need be,
To win at any cost, save your own life.
To glory in demoniac power, ditching civilization,
As a paranoiac boy puts a log on the track
And derails the express train.
To be an editor, as I was.
Then to lie here close by the river over the place
Where the sewage flows from the village,
And the empty cans and garbage are dumped,
And abortions are hidden.

(Edgar Lee Master, Spoon River Anthology )

*

Bom dia!

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© José Pacheco Pereira
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