ABRUPTO |
semper idem Ano XIII ...M'ESPANTO ÀS VEZES , OUTRAS M'AVERGONHO ... (Sá de Miranda) _________________ correio para jppereira@gmail.com _________________
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12.4.08
1274 - Akebonoya
akebono ya shirauo shiroki koto issun in the twilight of dawn a whitefish, with an inch of whiteness (Bashô, traduzido para inglês por Haruo Shirane) * Bom dia! (url) 11.4.08
Eu tenho uma tese acerca de onde nascem estas coisas. Estão os nossos dirigentes políticos, mais os deputados, mais os seus amigos e funcionários, em permanente conversa. A conversa, 24 horas sobre 24, é sempre sobre as mesmas coisas: sobre as malfeitorias dos Inimigos Próximos e dos seus tenebrosos motivos, da rede de interesses, dinheiros, cama e parentela que os une com a comunicação social numa conspiração “contra o líder”; e, as menos importantes e acima de tudo menos mobilizadoras de fúria, as malfeitorias dos Adversários, que até são uns tipos com quem se pode beber um copo, mas a quem tem que se parecer que se quer ganhar eleições, principalmente quando eles não querem partilhar o bolo. Dessas conversas resultam um conjunto de anedotas, factóides, informações em terceira mão, títulos de jornais, pseudo-análises, opiniões avulsas, mas acima de tudo muito daquilo a que se costuma chamar “bocas”. Muitas e muitas “bocas”, uma espécie de blogue verbal. A isto soma-se uma ou outra coisa desirmanada ouvida num almoço com uma personalidade que aceitou vir encontrar-se com o “líder” e que deu uma ou outra ideia “engraçada”, que, de regresso à sede, se torna numa iniciativa política a apresentar no jantar com militantes logo à noite, pré-anunciada aos jornalistas como “uma grande iniciativa política” e pensada já com título no jornal de amanhã. Se o jornal de amanhã não deu título, ou a “mensagem” saiu mal, a culpa é dos Inimigos Próximos que a corromperam dizendo coisas malévolas, como “mas isso é contraditório com o que ele disse há um mês”, ou “ele não fez as contas bem em quilómetros de auto-estrada”, ou “qual é o nexo, qual é o interesse, em que é que isso interessa ao país?” De um modo geral, tudo isto é feito na base de muitas conversas de café, bar e restaurante, pouca leitura que não seja dos jornais e revistas, quinhentas chamadas de telemóvel, pouca observação que não seja a da televisão, meia dúzia de recados, do género, “olhe que eu acho que você devia levantar esta questão porque isto é muito grave e o X só faz asneiras nesta área”, intenções avulsas, frases engraçadas, citações erradas, e muita conversa em circuito fechado entre pares, com os mesmos “conhecimentos” e, acima de tudo, a mesma vida. A tudo isto soma-se a convicção pessoal de que se é portador de um génio político inato, de uma intuição mil vezes testada pela adversidade “mas que me fez chegar onde estou” e logo temos uma política. Ou melhor, duas, ou melhor várias no tempo, ou melhor, uma para hoje e outra para amanhã, ou melhor, um “discurso”, uma “mensagem”, um “desígnio”, um “destino”. O que é que leva um partido como o PSD a considerar como matéria de iniciativa pública, com envolvimento parlamentar, o facto de a RTP ter feito uma encomenda em 2007 a uma produtora externa (o que é uma prática habitual de todas as televisões) de um programa sobre bairros sociais e de essa empresa ter encomendado um trabalho a uma jornalista profissional do Diário de Notícias que já tinha escrito sobre a matéria e tinha experiência de televisão? Não se percebe qual a razão de interesse público para um partido levantar a questão. Produtoras externas na televisão pública quando “deveria ter optado por um profissional da casa”? Esta foi a explicação de recuo, por quem pelos vistos nunca vê a RTP, que floresce de produtoras externas. Nunca viram os Gatos Fedorentos das Produções Fictícias? A Contra-Informação da Mandala? Tudo coisas em que se “deveria ter optado por um profissional da casa”? Mas a “razão” percebe-se quando se está atento às palavras. Diz Branquinho: “Trata-se de uma decisão escandalosa, pornográfica até.”. Diz Rui Gomes da Silva no Congresso do PSD da Madeira que “questionou as competências profissionais da jornalista e levantou suspeitas sobre eventuais relacionamentos pessoais que terão favorecido a escolha.” (sublinhados meus) Eu sei a “razão” e é a pior. A jornalista em causa é tida como próxima do primeiro-ministro, o tipo de matérias que floresce como bolor nas conversinhas que referi acima, entre o machismo e a maledicência. Só isso. Não há nada de interesse público no caso. Apenas uma política que voa muito, muito baixo. E é assim que se mata um partido. (url)
Numa coisa PSD e PS são iguaizinhos: os seus especialistas de aparelho, que conhecem as técnicas todas, mostram uma imaginação sem limites para “ganhar” eleições. No PS da Guarda veio agora saber-se que entre 400 novos militantes, várias dezenas moram na Associação de Dadores de Sangue da Guarda e os que não moram lá, moram na sede do PS de Celorico da Beira, que deve ser local muito aconchegado. A não ser que se trate de um takover do PS da Guarda por um grupo de vampiros que até agora dormia sossegado numa caverna na serra da Estrela, é muito socialista dador de sangue, com tanto empenho que vive de tubo posto e até manda a correspondência para a cama da Associação. Estas maravilhas de inscrição de militantes envolvem outro militante que têm também o perfil habitual: militante do distrito - funcionário da sede do PS – assessor do Grupo Parlamentar – assessor de Sócrates, que, questionado, responde não comentar porque são “questões internas” do PS. Tudo perfeito. Onde é que eu já vi isto?
(url) 1273 - Let History Be My Judge We made all possible preparations,
Drew up a list of firms, Constantly revised our calculations And allotted the farms, Issued all the orders expedient In this kind of case: Most, as was expected, were obedient, Though there were murmurs, of course; Chiefly against our exercising Our old right to abuse: Even some sort of attempt at rising, But these were mere boys. For never serious misgiving Occurred to anyone, Since there could be no question of living If we did not win. The generally accepted view teaches That there was no excuse, Though in the light of recent researches Many would find the cause In a not uncommon form of terror; Others, still more astute, Point to possibilities of error At the very start. As for ourselves there is left remaining Our honour at least, And a reasonable chance of retaining Our faculties to the last. (W. H. Auden) * Bom dia! (url) 10.4.08
(url) (url) 1272 - On Time Fly envious Time, till thou run out thy race, Call on the lazy leaden-stepping hours, Whose speed is but the heavy Plummets pace; And glut thy self with what thy womb devours, Which is no more then what is false and vain, And meerly mortal dross; So little is our loss, So little is thy gain. For when as each thing bad thou hast entomb’d, And last of all, thy greedy self consum’d, Then long Eternity shall greet our bliss With an individual kiss; And Joy shall overtake us as a flood, When every thing that is sincerely good And perfectly divine, With Truth, and Peace, and Love shall ever shine About the supreme Throne Of him, t’whose happy-making sight alone, When once our heav’nly-guided soul shall clime, Then all this Earthy grosnes quit, Attir’d with Stars, we shall for ever sit, Triumphing over Death, and Chance, and thee O Time (John Milton) * Bom dia! (url) 9.4.08
1272 - Poema de la cantidad Pienso en el parco cielo puritano de solitarias y perdidas luces que Emerson miraría tantas noches desde la nieve y el rigor de Concord. Aquí son demasiadas las estrellas. El hombre es demasiado. Las innúmeras generaciones de aves y de insectos, del jaguar constelado y de la sierpe, de ramas que se tejen y entretejen, del café, de la arena y de las hojas oprimen las mañanas y prodigan su minucioso laberinto inútil. Acaso cada hormiga que pisamos es única ante Dios, que la precisa para la ejecución de las puntuales leyes que rigen su curiosos mundo. Si así no fuera, el universo entero sería un error y un oneroso caos. los espejos del ébano y del agua, el espejo inventivo de los sueños, los líquenes, los peces, las madréporas, las filas de tortugas en el tiempo, las luciérnagas de una sola tarde, las dinastías de las araucarias, las perfiladas letras de un volumen que la noche no borra, son sin duda no menos personales y enigmáticas que yo, que las confundo. no me atrevo a juzgar la lepra o a Calígula. (Jorge Luis Borges) * Bom dia! (url) EXTERIORES: CORES DO DIA DE HOJE
Clicando na fotografia fica na boa dimensão. Para se ver Mau tempo em Matosinhos. (Helder Barros) Chuva do fim da tarde no Funchal. (As fotografias enviadas em nome de Leonor Rodrigues são na realidade de autoria de Marco Freitas, a quem se pede desculpa por um erro de atribuição, mesmo sem ser de responsabilidade do Abrupto. ) Setúbal. (Ochoa) (url) 8.4.08
(url) 1271 - Lines Indited With All The Depravity Of Poverty One way to be very happy is to be very rich For then you can buy orchids by the quire and bacon by the flitch. And yet at the same time People don't mind if you only tip them a dime, Because it's very funny But somehow if you're rich enough you can get away with spending water like money While if you're not rich you can spend in one evening your salary for the year And everybody will just stand around and jeer. If you are rich you don't have to think twice about buying a judge or a horse, Or a lower instead of an upper, or a new suit, or a divorce, And you never have to say When, And you can sleep every morning until nine or ten, All of which Explains why I should like very, very much to be very, very rich. (Ogden Nash) * Bom dia! (url) 7.4.08
(url) (url) 1270 - Winter Landscape The three men coming down the winter hill In brown, with tall poles and a pack of hounds At heel, through the arrangement of the trees, Past the five figures at the burning straw, Returning cold and silent to their town, Returning to the drifted snow, the rink Lively with children, to the older men, The long companions they can never reach, The blue light, men with ladders, by the church The sledge and shadow in the twilit street, Are not aware that in the sandy time To come, the evil waste of history Outstretched, they will be seen upon the brow Of that same hill: when all their company Will have been irrecoverably lost, These men, this particular three in brown Witnessed by birds will keep the scene and say By their configuration with the trees, The small bridge, the red houses and the fire, What place, what time, what morning occasion Sent them into the wood, a pack of hounds At heel and the tall poles upon their shoulders, Thence to return as now we see them and Ankle-deep in snow down the winter hill Descend, while three birds watch and the fourth flies. (John Betjeman) * Bom dia! (url) 6.4.08
EXTERIORES: CORES DO DIA DE HOJE
Clicando na fotografia fica na boa dimensão. Para se ver Berlenga vista do cabo. (Manuela Bello) Barcos no Sado. (Ochoa) Cartaz no Chiado. (RM) Jogadores do Amarante F.C. e do Aliados de Lordelo, cumprimentando-se antes do jogo de hoje. (Helder Barros) Viseu. Incêndio em Alcofra. (Sandra Bernardo) Rio Sizandro. (Ana Ferreira) Serralves. (José Carlos Santos) Passagem do tempo por um banco do jardim de S. Amaro. (RM) (url) Escrever sobre Maio 68 e começar por Sarkozy não é muito auspicioso. O homem, na campanha, num comício em Bercy em Abril de 2007, gritou "que era necessário liquidar a herança de Maio de 1968". Um ano depois, o mesmo Sarkozy casou com uma senhora que foi modelo, que no exercício da sua carreira apareceu várias vezes em trajes menores e mesmo sem trajes nenhuns e que, sem Maio de 1968, muito dificilmente poderia ser primeira-dama de França, nem a ninguém passaria pela cabeça que fosse, a começar pelo putativo esposo. Na tradição de Mitterrand e Chirac seria quando muito uma espécie de "segredo de Estado" permitido e consentido por velhas regras machistas e pela douce France, num universo paralelo ou em Tóquio, mas não no Eliseu. Goste-se ou não - e eu não gosto da exposição excessiva da privacidade, mas gosto que Sarkozy possa escolher ter a vida que quiser -, os costumes mudaram. As sociedades têm face à vida pessoal uma atitude mais laica e menos normativa, a hipocrisia continuou mas desabitou alguns lugares e isso é do "espírito do tempo". O problema de Maio 68 é que o mês "a liquidar" está bem dentro da cabeça dele e ele não sabe, ou faz que não sabe. Escrever sobre Maio de 1968 começando pela vida que Sarkozy expõe como vida privada ainda é menos auspicioso. Na verdade, não foi só Maio de 1968, que é uma abstracção construída também pela ficção, que fez a vida privada de Sarkozy poder ser exibida sem um grande escândalo nacional que o incapacitasse de continuar Presidente, mas foi o que fez o Maio de 1968 que também a fez. A matéria desse annus mirabilis ou horribilis, conforme a versão, veio de trás e continuou para a frente. A data é simbólica porque muito visível, mas o verdadeiro "culpado" são os anos 60. É a década que fez mudar muita coisa, em múltiplos sentidos. À luz da década, vista globalmente, de São Francisco a Praga, o Maio francês não é sequer o mais significativo. Maio de 1968 beneficiou do último suspiro de influência francesa nas modas intelectuais, mas já estava no limite dessa influência. Sartre está no fim, Althusser e Lacan tinham uma influência equívoca como a do estruturalismo, Foucault, Debord, Deleuze sobreviveram pela influência numa parte dos campus universitários americanos mais à esquerda, mas a coisa estava a acabar. Mesmo a parte propriamente estudantil e política, as revoltas nas ruas do Quartier Latin, as barricadas, a ocupação da Sorbonne, representavam uma mistura de movimentos e grupos ultrapolitizados como nunca as "massas" o são, anarquistas, maoístas e trotsquistas, cuja relação com os operários grevistas, controlados pelo PCF, era equívoca, para não dizer de oposição frontal, quase tanta oposição como a que tinham com De Gaulle. Os operários queriam mais sous, os estudantes repetir a Comuna de Paris. Talvez por isso, passada uma dúzia de anos, passada a tentação terrorista que é a que vem sempre com o refluxo, todas aquelas pessoas entraram no mainstream de tudo, da política, da universidade, da comunicação social, da vida. Só que o mainstream, o rio principal, já não era o mesmo, e eles já não sabiam viver da mesma maneira que os seus pais e que os seus filhos. Gostavam de dinheiro e estatuto, mas não sabiam tão bem como os seus pais e principalmente como os seus filhos ganhá-lo. Gostavam de poder e de influência, mas coexistiam bem com um mundo mais conflitual e menos respeitador, até porque "não confiavam em ninguém com mais de 30 anos" e agora tinham-nos. Eram mais democratas que os seus pais e tinham causas, mesmo que às vezes essa democracia fosse laxista e condescendente e as causas confusas, mas deram o corpo ao manifesto por causas que as gerações anteriores dominadas pelas ideologias de ferro ignoravam e atacavam, como, por exemplo, o apoio aos dissidentes soviéticos. Mais importante do que o destino dos estudantes e intelectuais franceses, que são a face do Maio de 1968, são, nos anos 60, as mudanças de influência que se passam na cultura de massas, nos consumos culturais de massas. Já havia precedentes, alguns dos quais absorvidos mesmo no padrão intelectual francês, como o cinema, a banda desenhada e os romances policiais, que já eram em 1968 objectos de culto "americanos", lidos pelos Cahiers du Cinema ou pela miríade de revistas como a Tel Quel. Mas eram, nesses anos, entendidos como icónicos, colocados no mesmo plano dos novos ícones emergentes, o col Mao e o "Yukong que movia montanhas" e vinha nas Citações de Mao Zedong, então Mao Tsetung. Os franceses foram os últimos a perceber que o Maio dos outros era mais poderoso que o seu. Subterraneamente, o francês estava a declinar como língua franca de tudo, mesmo da revolução. O grafismo vinha de Londres e de Haigh Ashbury, a música de Londres e de Woodstock, a moda de Londres e de São Francisco, os Beatles varriam o mundo e escreviam uma canção chamada Lucy in the Sky with Diamonds: Imagina-te num barco num rioQuando as ruas de Paris ardiam, esta canção tinha um ano. A maioria dos estudantes franceses não a entenderiam, não perceberiam por que razão "tu respondes muito devagar" e o céu era "feito de marmelada" e a rapariga tinha "olhos de caleidoscópio", mas, nas ruas de São Francisco, isto tinha um nome: LSD. Outro mundo, outras influências, um retorno para dentro, com todas as ambiguidades, mas que mostrava uma pulsão individualista e hedonista que as drogas revelavam mais eficazmente do que as causas políticas da Gauche Proletarienne. Para nosso bem ou mal, foi assim. É nessa cultura de massas que percebemos o que mudou nos anos 60, mais no que nos intelectuais e nos estudantes de Maio de 1968, embora o seu ras-le-bol fosse feito da mesma matéria. A cultura dos anos 60 só era maoísta, francesa, intelectual e politizada na parte mais superficial do folclore político, porque por baixo, onde as coisas mudavam, era proletária e anti-intelectual (em Inglaterra), libertária na geração do baby boom americano, nos filhos de Archie Bunker, ou dos GI da II Guerra, que chegavam à universidade e ao flower power e, pela primeira vez, tinham dinheiro para moldar o consumo, todos os consumos, os materiais, como os seus pais, com as little boxes dos subúrbios, mas também os "espirituais" como só eles puderam fazer, discos, livros, revistas, espectáculos, shows televisivos, cinema, objectos e, mais tarde computadores, iPod, telemóveis. Eles fizeram a transição dos electrodomésticos para os gadgets, abriram caminho ao mundo da Internet e das novas tecnologias. Melhor, abriram caminho para o que nós pensamos ser o "poder" das novas tecnologias e para o seu uso. Essa cultura era individualista num modo novo, hedonista num modo novo, "material" num modo novo, "espiritual" num modo novo, liberal e libertária num modo novo e que se incorporou no modo de vida das pessoas. Tinha uma enorme força: era feita para a felicidade terrestre e não para a celeste e os tempos estavam maduros para a receber. Por isso, as pessoas querem lá saber do Sarkozy mais a sua dama; quando muito é uma questão de gosto e nós somos mais condescendentes com as escolhas dos outros, porque prezamos a liberdade das nossas. Eu não estou a dizer se Maio de 1968 foi mau e é para "liquidar", como quer Sarkozy, ou se foi bom como a nostalgia dos velhos combatentes soixante-huitards idealiza. O que digo é que o que foi é o que é. E o que é tem muita força por o ser e muita fraqueza porque está a deixar de ser. A grande fragilidade do mundo feito pelos anos 60 é que só sobrevive numa relativa prosperidade, precisa de riqueza, bem-estar material e segurança, para poder continuar a ser individualista, hedonista e idealista. As fracturas no edifício dos anos 60 não vêm do retorno do conservadorismo europeu ou americano, mas da crise económica gerada pela dificuldade do mundo ocidental, onde os valores do Maio de 1968 "valem", em competir com a globalização, vem da dificuldade em manter uma abertura optimista às causas, num mundo em que há a Al-Qaeda, o 11 de Setembro, e o apocalipse está na esquina da rua, e em que um certo reforço identitário e cultural é a única defesa. Num mundo menos tolerante, e mais pobre, o adquirido do Maio de 1968 não sobrevive, nem em Paris, nem em Londres, nem em Nova Iorque. É isso. (Versão do Público, 5 de Abril de 2008.) (url)
LENDO
VENDO OUVINDO ÁTOMOS E BITS de 6 de Abril de 2008 Não era suposto estar a realizar-se um grande debate nacional sobre o Tratado europeu, conforme nos foi prometido pelo governo e pelos que votaram com ele, como alternativa ao referendo? (url) COISAS DA SÁBADO: UM LIVRO DE REFERÊNCIA Aconselhável a todos os que na política citam frases célebres e não acertam no nome dos seus autores, ou no contexto, ou na frase, ou em coisa nenhuma. A edição pela Gradiva de um Dicionário de Termos e Citações de Interesse Político e Estratégico, de autoria de um militar com carreira distinta Henrique Lages Ribeiro, é mais uma contribuição para uma biblioteca que em Portugal é demasiado escassa, a das obras de referência. Este tipo de obras exige uma dedicação muito especial e muito, muito, muito, trabalho. Para o leitor saber onde fica localizada a “Schengenlândia” e quem é que falou de “revolução tranquila”, com citações em apoio. (url) 1269 - History History has to live with what was here, clutching and close to fumbling all we had-- it is so dull and gruesome how we die, unlike writing, life never finishes. Abel was finished; death is not remote, a flash-in-the-pan electrifies the skeptic, his cows crowding like skulls against high-voltage wire, his baby crying all night like a new machine. As in our Bibles, white-faced, predatory, the beautiful, mist-drunken hunter's moon ascends-- a child could give it a face: two holes, two holes, my eyes, my mouth, between them a skull's no-nose-- O there's a terrifying innocence in my face drenched with the silver salvage of the mornfrost. (Robert Lowell) * Bom dia! (url)
© José Pacheco Pereira
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