ABRUPTO

30.1.06


EARLY MORNING BLOGS 711


This is the first thing

This is the first thing
I have understood:
Time is the echo of an axe
Within a wood.

(Philip Larkin)

*

Bom dia!

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29.1.06


RETRATOS DO TRABALHO EM SETÚBAL


Peixeiro no Mercado do Livramento em Setúbal (vulgo Praça)

(Simão dos Reis Agostinho)

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O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES: COISAS SIMPLES



Maria, leitora do Abrupto, 11 anos.

"Ó mãe vais mandar para o Abrupto, não vais?" Eu tentei explicar-lhe que aquele blogue não é meu, que quem manda nele não sou eu, e que ela tinha que perceber que pobre dono do Abrupto entraria em crise se todas as mães e pais mandassem as pinturas dos filhos para lá para além de provavelmente entupir a sua caixa de correio."

(Mãe da Maria)

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O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES: VAZIO



Não é “fantasticamente” deprimente que, se hoje não tivesse nevado, e se não tivessem feito leituras às radiações emitidas pelos telemóveis nos centros comerciais (?), não tinham havido os Jornais da uma, os jornais da tarde e os jornais da noite?

(Sofia Silveira)

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RETRATOS DO TRABALHO NO CAMBODJA E NO VIETNAM


Vendedor de patos em Hanói.


Sucateiros em Phnom Phen.

(M.L.)

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DIA RARO E INCOMUM 4


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DIA RARO E INCOMUM 3


Acabou de nevar, levantou-se o céu, está azul e branco. Os gatos não sabem como andar na terra. Tiram e pousam as patas, escorregam. O que é que aconteceu? Que mundo é este? Os limões e as laranjas têm um pequeno chapéu branco. Nalguns sítios escondidos, a água virou vidro.

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INTENDÊNCIA

Actualizada a nota AS COTERIES E OS BENS ESCASSOS.

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DIA RARO E INCOMUM 2

Tudo branco. Está a nevar e a neve está a pegar.


BALADA DA NEVE

Batem leve, levemente,
como quem chama por mim.
Será chuva? Será gente?
Gente não é, certamente
e a chuva não bate assim.

É talvez a ventania:
mas há pouco, há poucochinho,
nem uma agulha bulia
na quieta melancolia
dos pinheiros do caminho...

Quem bate, assim, levemente,
com tão estranha leveza,
que mal se ouve, mal se sente?
Não é chuva, nem é gente,
nem é vento com certeza.

Fui ver. A neve caía
do azul cinzento do céu,
branca e leve, branca e fria...
– Há quanto tempo a não via!
E que saudades, Deus meu!

Olho-a através da vidraça.
Pôs tudo da cor do linho.
Passa gente e, quando passa,
os passos imprime e traça
na brancura do caminho...

Fico olhando esses sinais
da pobre gente que avança,
e noto, por entre os mais,
os traços miniaturais
duns pezitos de criança...

E descalcinhos, doridos...
a neve deixa inda vê-los,
primeiro, bem definidos,
depois, em sulcos compridos,
porque não podia erguê-los!...

Que quem já é pecador
sofra tormentos, enfim!
Mas as crianças, Senhor,
porque lhes dais tanta dor?!...
Porque padecem assim?!...

E uma infinita tristeza,
uma funda turbação
entra em mim, fica em mim presa.
Cai neve na Natureza
– e cai no meu coração.


(Augusto Gil)

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DIA RARO E INCOMUM

Está a nevar.

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RETRATOS DO TRABALHO EM NIASSA, MOÇAMBIQUE


Transportador de bambu em Cuamba, no Niassa, Norte de Moçambique.

(Carmo Pupo Correia)

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RETRATOS DO TRABALHO EM SINTRA, PORTUGAL (INÍCIO DO SÉCULO XX)



(Enviado por Ricardo de Carvalho.)

*
Curiosa a fotografia, pois retrata - se não estou em erro - uma actividade hoje já praticamente extinta devido, fundamentalmente, à expansão urbana do concelho, mas tb aos erros da legislação vitivinícola e à evolução do próprio mercado do vinho: a plantação da vinha de Colares (casta "Ramisco") em "chão de areia". Feita a uma certa profundidade, onde, depois de escavada a camada arenosa, as raízes da videira encontravam terreno firme, isso fez com que resistisse à filoxera no final do séc. XIX. Durante o séc. XX foi, por isso, a única região em Portugal Continental, para além de pequenas vinhas localizadas, onde o cultivo da vinha se continuou a fazer a"pé franco", isto é, sem recurso a pés de videira americana resistentes à filoxera que são depois enxertados na casta europeia. Os custos de mão de obra foram, claro, tb uma causa importante para o seu desaparecimento.

(João Cília)

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EARLY MORNING BLOGS

Salmo 73


Verdadeiramente bom é Deus para com Israel, para com os limpos de coração.

Quanto a mim, os meus pés quase que se desviaram; pouco faltou para que escorregassem os meus passos.

Pois eu tinha inveja dos néscios, quando via a prosperidade dos ímpios.

Porque não há apertos na sua morte, mas firme está a sua força.

Não se acham em trabalhos como outros homens, nem säo afligidos como outros homens.

Por isso a soberba os cerca como um colar; vestem-se de violência como de adorno.

Os olhos deles estão inchados de gordura; eles têm mais do que o coração podia desejar.

São corrompidos e tratam maliciosamente de opressão; falam arrogantemente.

Põem as suas bocas contra os céus, e as suas línguas andam pela terra.

Por isso o povo dele volta aqui, e águas de copo cheio se lhes espremem.
E eles dizem: Como o sabe Deus? Há conhecimento no Altíssimo?

Eis que estes são ímpios, e prosperam no mundo; aumentam em riquezas.

Na verdade que em vão tenho purificado o meu coração; e lavei as minhas mãos na inocência.

Pois todo o dia tenho sido afligido, e castigado cada manhã.

Se eu dissesse: Falarei assim; eis que ofenderia a geraçäo de teus filhos.

Quando pensava em entender isto, foi para mim muito doloroso;

Até que entrei no santuário de Deus; então entendi eu o fim deles.

Certamente tu os puseste em lugares escorregadios; tu os lanças em destruição.

Como caem na desolação, quase num momento! Ficam totalmente consumidos de terrores.

Como um sonho, quando se acorda, assim, ó Senhor, quando acordares, desprezarás a aparência deles.

Assim o meu coração se azedou, e sinto picadas nos meus rins.

Assim me embruteci, e nada sabia; fiquei como um animal perante ti.

Todavia estou de contínuo contigo; tu me sustentaste pela minha mão direita.

Guiar-me-ás com o teu conselho, e depois me receberás na glória.

Quem tenho eu no céu senão a ti? e na terra não há quem eu deseje além de ti.

A minha carne e o meu coração desfalecem; mas Deus é a fortaleza do meu coração, e a minha porção para sempre.

Pois eis que os que se alongam de ti, perecerão; tu tens destruído todos aqueles que se desviam de ti.

Mas para mim, bom é aproximar-me de Deus; pus a minha confiança no Senhor Deus, para anunciar todas as tuas obras.



*

Bom dia!

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28.1.06


RETRATOS DO TRABALHO NA ÍNDIA


Barqueiros no Ganges.

(Sara Belo)

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AS COTERIES E OS BENS ESCASSOS



Voltemos à questão das coteries literárias, um tema tanto mais interessante quanto muito pouco, ou quase nada discutido por cá. Aqui há uma diferença com o passado para pior, porque a existência de “escolas” e “movimentos” tornava a coisa confrontacional, logo mais reveladora. Sabia-se quem estava com quem e a pancada era mútua. Agora não, há demasiados silêncios e demasiadas conivências, e era de alguma maneira essa a questão inicial colocada na nota do Esplanar: “Temos uma crítica literária jornalística de fachada.”;” influências que se movem, sectarismo, medievalismo. Textos que se escrevem em função dos favores, críticas que se cozinham como benesses e mesuras a amigos e colegas de trabalho (é assim que se formam as clientelas, alguma dúvida?).” Era este o ponto de partida e muito curiosamente ninguém se lhe refere. Aliás o que gera polémica é a nota do Abrupto e não a do Esplanar, muito mais cruel. Percebe-se, como infelizmente é pecha nos blogues, como tudo se torna ad hominem, e é preferível atirar ao lado para não se ir ao fundamental. Daí a revolta proletária contra o monopolista dos “bens escassos”, a mais irónica confirmação de que tinha razão no que escrevi. (Oh! Meus amigos, eu trabalho muito, trabalho com gosto e as encomendas não faltam no mercado. Não querem censura nem quotas, pois não?)

Não, a questão é outra. É fácil bater no José Rodrigues dos Santos, ou na Margarida Rebelo Pinto. Eles estão fora dos “nossos”, só vendem muitos livros. Eles não circulam nos mesmos meios, só vendem muitos livros. A cena da sopa de peixe é ridícula, mas é pulp fiction, não tem pretensões a ser literatura. E as “nossas” cenas ridículas que pretendem ser literatura? E as dezenas de livros menores que os “nossos” publicam todos os anos e que são protegidos pela “crítica literária jornalística de fachada”? Ou são tudo livros geniais, como para o Jornal de Letras, tudo é bom? Eu, como não sou crítico literário não vou fazer esse trabalho, mas estranho que ninguém o faça, e não se dê por ele. Há excepções solitárias, mas confirmam a regra.

E depois, gente que acha (e bem) que na política há compadrio e favores, passa róseo, pelo mundo literato que tem face à política muito menos escrutínio crítico, muito menos conhecimento dos meandros que se movem. E não é só na literatura, mas no mundo “cultural” no sentido lato, agora muito colado ao entretenimento, onde também há dadores de emprego, grupos de interesses, jogos de editoras, produtoras, programas de televisão, encomendas e serviços? Onde é que eu posso ler sobre isso? Em sítio nenhum. Só vejo exercícios de elogios mútuos, protecções de grupo, reputações que se sustentam em amigos e não em livros, trabalho, obra.

Nota: reflexos em Estado Civil, Da Literatura, O Amigo do Povo, e , de novo, no Esplanar.

*
Um sinal curioso da pequenez de que fala no nosso meio cultural está bem patente, por contraposição, na elaboração das contracapas das edições anglo-saxónicas onde frequentemente estão presentes recomendações de personalidades de alguma modo ligadas ao tema dos livros. Em portugal as contracapas quase invariávelmente se limitam a trazer um extracto, uma pequena biografia do autor ou no caso de traduções o resumo do conteúdo.

(António Filipe Fonseca)

*

Lei de Gersham

A questão da crítica é (ou deve ser) uma questão central neste País paradoxal onde se lê pouco mas se escreve e publica muito, onde não se vai ao teatro mas há dezenas de companhias de teatro, onde não se vai ao ballet mas se fazem abaixo assinados contra a extinção de companhias de bailado. E onde se lêem as críticas e é tudo fantástico.
Se houvesse verdadeira crítica, séria, isenta, consistente, sabedora, profissional, talvez houvesse menos paradoxo e mais qualidade.

A questão inicialmente focada na nota do Esplanar incidia sobre a crítica literária mas foi alargada no Abrupto à crítica à produção cultural em geral. Entretanto, no Estado Civil e no Da Literatura, surgiram exemplos vivos do que JPG e JPP referiram: porque é que nós não havemos de defender o nosso território se tu defendes o teu? Não defenderam a qualidade e consistência do seu trabalho, nem negaram que se escreve muitas vezes de e para amigos. Não negaram que muito do que se escreve sobre livros ou outras produções culturais (algumas fictícias) são simples conversas entre amigos, amigos que aliás o são e deixam de ser ao sabor das necessidades e desejos editoriais de cada um. No entanto, os blogues são muito transparentes nessa matéria. Como sempre, é de influência e poder que se está a a falar. Se se ampararem bem uns aos outros, lá vão construindo carreiras.

Não tenho particular gosto em ouvir dizer mal de um livro ou de um escritor. Não me parece que seja critério exclusivo de qualidade de uma crítica apontar aspectos negativos. Acho que a crítica deve ser uma análise global de características ou qualidades de um livro, de um quadro, de uma música ou de uma peça. Qualidades que podem ser positivas ou negativas.

Os críticos também têm gostos e é natural que eles transpareçam da sua análise.
Também gosto de ler os trocadilhos, de palavras ou ideias, que pululam por muitos blogues literatos/culturais. Divertem-me. Mas vai uma grande distância entre um trocadilho, uma ideia divertida ou uma frase melancólica e uma obra literária. É suposto um crítico saber ver isso. Para se criticar de forma profissional, tem que se estudar e saber, não basta gostar ou detestar.

Em suma: usando uma ideia em voga, a má crítica afasta a boa obra de arte. E o "amiguismo" enquanto elemento de crítica é uma má crítica. Por isso é que acho esta uma questão verdadeiramente importante. E convém não esquecer que os leitores são os críticos dos críticos.

(RM)
*

Estes são os nossos críticos literários: parecem ter algumas limitações a interpretar textos, ou então o que será que os move? O problema também está no facto de terem poucos consumidores para os bens que oferecem. Só uma minoria é que lê algumas das críticas literárias que são publicadas. Eu que leio livros "difíceis" tenho a maior dificuldade em ler críticas "difíceis". Basicamente quero saber se gostaram ou não de determinada obra, porquê e quero que a enquadrem, para que eu, que não leio todos os livros do mundo, e que tenho de fazer escolhas, possa ter alguma informação que me ajude a minimizar uma má compra. Os desfiles de citações, referências - a autores certamente interessantíssimos - e efabulações teóricas e especulativas que enchem as páginas de crítica literária, mas em que pouco se fala da obra em questão, verdadeiramente pouco interessam a uma larga maioria das pessoas que gostam e ler e que compram livros, mas não se querem perder nos meandros das teorias literárias. A sensação com que se fica é que "eles" escrevem para "eles".

Se soubesse que ía escrever este texto tinha preparado alguns exemplos do que não gosto (é só ir ao Mil Folhas) e do que gosto (é só ir aos sites literários anglo-saxónicos: não sendo intelectual eu, tal como muitos portugueses, lemos em várias línguas). O que era interessante saber é como é que se mede a audiência que tem a crítica literária. Porque a audiência de comentadores políticos (ver caso Marcelo Rebelo de Sousa) é sempre medido, ou em audiências ou em número de tiragens das publicações. A crítica literária só sobrevive se for em suplemento a outra publicação. Como seria se os jornais em causa baixassem os seus preços às Sextas ou aos Sábados e não oferecessem suplementos literários? Será que isso não obriga a reflexão? Mas sem culpar o "povo", por favor!
(...)
Já li um livro (o "Sei lá!"?) de Margarida Rebelo Pinto e essa experiência chegou para perceber o estilo. Já li um livro ("A Filha do Capitão") do José Rodrigues dos Santos e não me parece de todo justo pô-los no mesmo saco. MRP é literatura light sem mais nada: lê-se rápido e fica-se com azia. JRS, não sendo uma experiência literária nirvanesca, tem o mérito de pesquisar e construir uma bela narrativa, com algumas limitações, que não irei enumerar, mas consegue aquilo a que se pode chamar uma obra "honesta". Vendem livros os dois: sorte a deles! Mas parece-me injusto, a nível literário compará-los, só se podem colocar lado a lado no facto de serem outsiders. E outsiders que vendem...

(J.)

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RETRATOS DO TRABALHO EM TRÁS-OS-MONTES



Cavando batatas : "Estas fotos, fizeram parte de uma exposição intitulada "Lugares e Olhares" realizada em 2000 no concelho de Vinhais, promovida por uma pequena Associação Cultural local"(enviado por Luis Vale).

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LENDO / VENDO /OUVINDO
(BLOGUES, JORNAIS, TELEVISÕES, IMAGENS, SONS, PAPÉIS, PAREDES)
(28 de Janeiro de 2006)


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O New York Times desmantela com ferocidade o livro de Bernard-Henri Lévy, American vertigo - Traveling America in the Footsteps of Tocqueville. Uma amostra:
"Bernard-Henri Lévy is a French writer with a spatter-paint prose style and the grandiosity of a college sophomore; he rambled around this country at the behest of The Atlantic Monthly and now has worked up his notes into a sort of book. It is the classic Freaks, Fatties, Fanatics & Faux Culture Excursion beloved of European journalists for the past 50 years, with stops at Las Vegas to visit a lap-dancing club and a brothel; Beverly Hills; Dealey Plaza in Dallas; Bourbon Street in New Orleans; Graceland; a gun show in Fort Worth; a "partner-swapping club" in San Francisco with a drag queen with mammoth silicone breasts; the Iowa State Fair ("a festival of American kitsch"); Sun City ("gilded apartheid for the old");a stock car race; the Mall of America; Mount Rushmore; a couple of evangelical megachurches; the Mormons of Salt Lake; some Amish; the 2004 national political conventions; Alcatraz - you get the idea. (For some reason he missed the Sturgis Motorcycle Rally, the adult video awards, the grave site of Warren G. Harding and the World's Largest Ball of Twine.) You meet Sharon Stone and John Kerry and a woman who once weighed 488 pounds and an obese couple carrying rifles, but there's nobody here whom you recognize. In more than 300 pages, nobody tells a joke. Nobody does much work. Nobody sits and eats and enjoys their food. You've lived all your life in America, never attended a megachurch or a brothel, don't own guns, are non-Amish, and it dawns on you that this is a book about the French. There's no reason for it to exist in English, except as evidence that travel need not be broadening and one should be wary of books with Tocqueville in the title."
(Sublinhados meus.)

Conclusão: "Thanks, pal. I don't imagine France collapsing anytime soon either. Thanks for coming. Don't let the door hit you on the way out. For your next book, tell us about those riots in France, the cars burning in the suburbs of Paris. What was that all about? Were fat people involved?"

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RETRATOS DO TRABALHO NA CHINA


Carregadores de bagagens de turistas no rio Yangtze

(Joana Lopes)

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EARLY MORNING BLOGS 710

Libation Mongole

C'est ici que nous l'avons pris vivant. Comme il se battait bien nous lui offrîmes du service : il préféra servir son Prince dans la mort.

Nous avons coupé ses jarrets : il agitait les bras pour témoigner son zèle. Nous avons coupé ses bras : il hurlait de dévouement pour Lui.

Nous avons fendu sa bouche d'une oreille à l'autre : il a fait signe, des yeux, qu'il restait toujours fidèle.

o

Ne crevons pas ses yeux comme au lâche ; mais tranchant sa tête avec respect, versons le koumys des braves, et cette libation :

Quand tu renaîtras, Tch'en Houo-chang fais-nous l'honneur de renaître chez nous.

(Victor Segalen)

*

Bom dia!

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27.1.06


RETRATOS DO TRABALHO NO JAPÃO


Varredoras no Parque da Paz em Hiroshima.

(Joana Lopes)

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O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES:
SOBRE "A LENTA DISSOLUÇÃO DOS PARTIDOS"




Achei muito interessante o artigo que escreveu no Público e que publica no seu blogue a propósito da lenta dissolução dos partidos. Trata-se de uma perspectiva em que nunca tinha pensado e que analisada com atenção faz de facto um certo sentido. Julgo que há também alguns factores que contribuiem para o cenário que descreve:

1. A complexificação da governação, hoje em dia o poder efectivo do governo é de certa forma pulverizado devido à dinâmica complexa e descentralizada do Estado.

2. A distinção entre classes sociais torna-se cada vez mais simbólica do que material fruto do progresso económico.

3. Cada vez menos a nossa sociedade se vêm confrontanto com grandes causas definidas e fracturantes. Não temos guerra, não somos completamente pobres nem totalmente ricos. Existem micro-causas que por definição se circunscrevem a minorias.

4. Por efeito da globalização e da inserção no espaço mundial o poder individual de cada cidadão é cada vez menor.

Se calhar daqui a alguns anos os partidos politicos nacionais tornar-se-ão em partidos transacionais centrados sobretudo em questões de geoestratégia e do ambiente.

(António Filipe Fonseca)

*

Ao ler o seu post "A lenta dissolução dos partidos" não pude, numa primeira análise, deixar de constactar a sua convicção na ausência ou, pelo menos, fraca presença do antipartidarismo e antiparlamentarismo, bem como do pensamento ideológico radical. Mais, que considera os dois "antis" como ditactoriais!

1º - Não vejo a razão, o fundamento, para o "passado da ditadura". De facto, podemos encontrar o antipartidarismo e parlamentarismo históricamente na ditadura (falando de Portugal). Contudo, não me parece saudável considera-los como seus filhos ou mesmo pensamentos exclusivos.
Da mesma forma que é de todo errado afirmar que os partidos são essênciais ao funcionamento da democracia. O senhor sabe bem que não o são... muito pelo contrário!

2º - O radicalismo... o radicalismo encerra em si uma vontade própria, insubstituivel e em qualquer outra parte inexistente, de ser fiel.
Porque se por um lado a relactividade não é bem o que parece, por outro a objectividade (entendamos dogmatismo) é bastante mal rotulada.
Dizer-se, ainda que implicitamente, que o radicalismo é fundamentalista, é tão errado quanto a interpretação e aplicação actuais da última expressão. Ser radical é ser fiel à raiz de um pensamento estruturador da vida social, económica, afectiva, etc... como a própria palavra indica!

3º - Como estudante de Comunicação Social, não posso deixar de concordar consigo ao antever a situação mediática que dá já hoje sinais. Este 4º poder que emerge mais e mais, transversal a todos os outros, depende e faz depender: depende do produto informartivo, ao mesmo tempo que o gera pela pressão que exerce devido aos meios de que dispõe. É quem os controla, aos meios e ao jogo de poder que estes potenciam, que verdadeiramente exerce autoridade. Como diz Harold Innis, "todo o império, toda a sociedade, que pretende uma certa perenidade deve realizar um equilibrio entre um media que favorece o controlo do espaço e outro que assegura a sua reprodução no tempo". E o poder que o novo paradigma multimédia tem em distorcer estas duas noções, a temporal e a espacial, cria no ciberespaço e nas possibilidades do hipertexo uma fuga a esse equilibrio forçado e com objectivos pré-definidos, numa democracia incomparavelmente participativa, construida pelos próprios, inventada a cada segundo, na fuga da capitalização da informação. Quem precisará dos partidos como estrutura que dá voz a um pensamento comum, quando poderemos individualmente (se a info-exclusão de Castells não for demasiado elevada) criar a nossa ideologia, num liberalismo de ideias desmedido, quem sabe acompanhado pelo economico (ainda que paradoxalmente)? Um liberalismo ideológico dependente da abstracta "consciência colectiva" e do sucesso da "juventudo metropolitana" que idealizou o futuro da rede.

(Simão dos Reis Agostinho)

*

O futuro dos partidos tradicionais é muito facil de antever visto que as similitudes entre Portugal e a Itália não se resumem ao''25 de Abril''.A grande diferença é ao nível da velocidade do processo politico que no nosso caso está mais rápido (fruto da sociedade de informação em que estamos inseridos).Nós tivemos menos anos de governos breves mas tambem eles acabaram por chegar aos governos de legislatura, agora será a nossa tendencia para chegar aos partidos como os que hoje disputam o poder em Itália (Oliveira ;Força Italia )no fundo movimentos de ''cidadania''(ou de cidadão!!)que pouco ou nada já têm a ver com os velhos partidos tradicionais que durante anos nos habituámos a ver a disputar as eleições em Itália.É só uma questão de tempo.As analogias entre os dois países são maiores do que o que parece.'' A ver vamos''.

(Alberto Andrade)

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LENDO / VENDO /OUVINDO
(BLOGUES, JORNAIS, TELEVISÕES, IMAGENS, SONS, PAPÉIS, PAREDES)
(27 de Janeiro de 2006)


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Nota certeira no Esplanar contra a troca grupal de elogios mútuos, uma das pragas da blogosfera, herdeira do mesmo tipo de atitude já antiga nos nossos meios literários. O problema é sempre o mesmo, e já é o mesmo há muito tempo: os bens são escassos e não chegam para todos. E há hoje no mundo literato vários sistemas e subsistemas grupais competindo pelos mesmos "bens", influência, artigos, colunas, programas de televisão, entrevistas, promoções, editoras, colóquios. É fácil criticar o Jornal de Letras (e merece-o bem) e a sua coterie, mas já é escassíssima a atenção crítica a outros grupos como o que ia do defunto DNA, para o grupo do "É Cultura, Estúpido", ou as Produções Fictícias, no mercado dos "produtos culturais" e do entretenimento. Há uma mudança geracional inevitável, mas os vícios mantêm-se. Os bens também continuam a ser escassos.

Esta nota, bem como a do Esplanar, são interessantes e gostava de acrescentar umas notas sobre a crítica literária que às vezes nos entra pela casa dentro. No último programa televisivo Livro Aberto cujo tema era debater as escolhas dos espectadores de uma votação informal que o programa e o seu blogue promoveram e à qual posteriormente o Mil Folhas aderiu, alguns dos quatro convidados, especialistas e críticos, tiveram um comportamento de considerei bizarro. Estavam mais interessados em comentar as escolhas dos Melhores de 2005 da nata intelectual publicadas no Mil Folhas do que debater as escolhas de espectadores anónimos que, como recomendação, só têm o facto de verem o programa Livro Aberto. Posteriormente desvalorizaram totalmente as escolhas dos leitores. Nunca se referiram à escolha para ficção portuguesa "Cavaleiro da Águia", nunca percebi porquê, e sobre as outras escolhas tiveram comentários cujo objectivo ainda tento entender. Dou como exemplo as escolhas de ficção estrangeira em que se encontravam nomes como Sebald ou Vila-Matas e que mereceram como comentário, de dois dos convidados, uma enorme estranheza por serem autores "difíceis": depreendi que, não sendo os espectadores membros de uma determinada casta intelectual, estão incapacitados de ler, apreciar, escolher e votar em autores "difíceis". Mas a coisa não se ficou por aqui porque no meio de insinuações de que votar em Sebald e Vila-Matas dá status social e intelectual (e eu a pensar que o Mercedes à porta cumpria bem melhor essa missão do que uma votação anónima!) tiveram o desplante de explicar "sem demérito para a obra de Sebald", não fossem os espectadores anónimos conspurcar o nome e a obra do autor.

Os tempos devem estar mesmo difíceis e há que serrar fileiras firme e guardar o couto, não vá algum anónimo querer lá entrar. O pior é que, como diz João Pedro George "esta gente lê, mas não aprende nada".

(J.)
*

Uma variante do Presidente vendido como um sabonete, num artigo de Luís Paixão Martins, "O desgaste das marcas partidárias", hoje no Diário de Notícias. Artigo que deve ser lido com muita atenção porque é típico dos tempos. Nele se diz, entre outras coisas:
Tal [desgaste] deve-se, em primeiro lugar, à descaracterização das marcas partidárias. É difícil encontrar pessoas que saibam explicar a diferença de atributos entre a marca socialista e a marca social--democrata, para referir as líderes no nosso país, para além dos símbolos do seu branding gráfico e das imagens dos seus principais protagonistas. Se os atributos de várias marcas se confundem, é natural que as próprias marcas tenham confundidos os territórios de imagem que vão definindo na mente dos seus "consumidores". "É tudo a mesma coisa" - diz-se que diz o povo.

Em segundo lugar, temos um problema de canal de comunicação. O marketing político não recorre, fora de momentos eleitorais e em outros muito específicos, a disciplinas de comunicação que, como a publicidade, permitem ao comunicador "finalizar" os conteúdos e, por conseguinte, obter a fidelidade da sua mensagem.
Pelo contrário, o marketing político usa, quase exclusivamente, o canal jornalístico para a sua comunicação, sendo assim forçado a codificar as suas intervenções segundo as regras do sistema mediático, isto é, de maneira simplificada, emocional e negativa.

Está bom de ver que uma marca cuja afirmação tenha de ser feita - sob pe-na de ser afastada do palco mediático - apenas de forma simplificada, emocional e negativa enfrenta muitas dificuldades de desenvolvimento se o seu objectivo for, por exemplo, demonstrar que deve ser escolhida para governar um país. É por isso, designadamente, que as marcas partidárias de "contrapoder", como o Bloco de Esquerda, ocupam mais espaço mediático que os partidos de "governo".
Boa publicidade para a LPM (reforçada pelas campanhas Sócrates e Cavaco), com algumas verdades pelo caminho. O recado é simples: deixem de fazer política, de fazer esses patéticos esforços para “sair bem” na comunicação social, façam só relações públicas e publicidade, as novas "disciplinas de comunicação". Se querem a mensagem limpa, vendam-na com uma marca nova, ou como se fosse uma marca nova.

É um caminho e há muita gente disposta a trilhá-lo. Em última instância, só depende do dinheiro que se está disposto a gastar, e da qualidade (baixa) política que se está disposto a fazer. Só que há outro caminho: façam outra política, com outros instrumentos, a partir de outros pressupostos, com outro tipo de pessoas, com outro tipo de discurso. É possível, há indícios um pouco por todo o lado de que é possível, sinais de outros modos de fazer, é só ter a coragem para romper, ou então fazer ao lado, noutros sítios.
Se a minha pequena nota o levou a concluir que eu defendo a comunicação publicitária - nomeadamente para as marcas partidárias –, custos acrescidos para as campanhas e um abaixamento da qualidade da política é porque não me fiz entender. O que eu julgo ter escrito é que, ao utilizarem, essencialmente, os “palcos mediáticos” (que são, de uma maneira geral, simplificados, emocionais e negativos), as marcas partidárias têm dificuldade em desenvolver-se se o seu objectivo for, por exemplo, demonstrar que devem ser escolhidas para governar um País – apresentando propostas complexas, racionais e positivas. Penso que esta é uma constatação que partilha comigo. Pela minha parte, partilho das suas reflexões finais.

(Luís Paixão Martins)
*

Excelente, excelente este Mar Salgado que cheira a maresia como deve ser.

*

Pelo Ponto Media cheguei aos blogues de fotojornalistas do Público, mais uma das razões para ficar cada vez mais preso à Rede, e verificar como a facilidade dos blogues (e a sua temporalidade) estão a mudar os media.


Veja-se este exemplo de Adriano Miranda que retrata todo um Portugal, solitário, antigo, que já não se reconhece nos "dias de hoje", e que se perde mostrando-se assim rectilíneo, homem e bandeira num só corpo, aconchegando-se, uma certa ideia que já verdadeiramente não compreendemos, romântica e ideal de Portugal. Mas ela está lá, com força suficiente para este homem a exprimir num acto, provavelmente contra todos, à frente de uma parede sintética e recente. Só a fotografia nos podia mostrar isto, nunca a televisão.

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RETRATOS DO TRABALHO NO ALENTEJO, PORTUGAL


Lavrando o campo, Serpa, Alentejo, Nov. 2005


Empregadas de balcão, Beja, Alentejo, Nov. 2005

(António Ferreira de Sousa)

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RETRATOS DO TRABALHO 9


Paul Sérusier, O estudo da Gramática

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EARLY MORNING BLOGS 709

Cependant que la Cour mes ouvrages lisait

Cependant que la Cour mes ouvrages lisait,
Et que la soeur du roi, l'unique Marguerite,
Me faisant plus d'honneur que n'était mon mérite,
De son bel oeil divin mes vers favorisait,

Une fureur d'esprit au ciel me conduisait
D'une aile qui la mort et les siècles évite,
Et le docte troupeau qui sur Parnasse habite,
De son feu plus divin mon ardeur attisait.

Ores je suis muet, comme on voit la Prophète,
Ne sentant plus le dieu qui la tenait sujette,
Perdre soudainement la fureur et la voix.

Et qui ne prend plaisir qu'un prince lui commande ?
L'honneur nourrit les arts, et la Muse demande
Le théâtre du peuple et la faveur des rois.


(Joachim du Bellay)

*

Bom dia!

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26.1.06


A LENTA DISSOLUÇÃO DOS PARTIDOS



Pouco a pouco, os partidos políticos democráticos (PS, PSD, CDS) conhecem uma lenta, mas segura, dissolução. Se se quiser, assiste-se uma mudança para outra coisa, menos poderosa, mais vulnerável do que a anterior, mais frágil. Esta é uma afirmação que se tem que escrever e ler com muita prudência, uma afirmação que deve ser lida com um grão de sal, e acima de tudo não deve ser tida como uma constatação de um facto, mas de uma tendência. Todavia, como tendência parece-me ter fundamento, à luz de mais uma série de acontecimentos recentes ocorridos à volta das eleições presidenciais. Não é um juízo de valor, é uma constatação de facto.

É verdade que os partidos ainda detêm um grande poder em Portugal, mas grande parte desse poder vem do monopólio que têm sobre a representação política, e, em todos os locais do sistema onde não o detêm, há uma crise de controlo. Já de há muito que os partidos perderam as suas características de agremiação cívica, sendo mesmo o seu papel como máquinas eleitorais contestável. Não me custa aceitar que toda a parte de "rua" desta campanha presidencial podia desaparecer sem alterar muito significativamente os resultados eleitorais. Televisão, outros media, marketing e publicidade fazem o grosso do trabalho, e ele é feito por jornalistas, especialistas de imagem, publicitários e não pelos militantes partidários.

Os partidos, hoje, são "pestíferos" e reduzir o fenómeno apenas ao antipartidismo e antiparlamentarismo vindo do passado da ditadura, ou gerado dentro da democracia por ideologias e correntes políticas como o populismo, o comunismo e o radicalismo parece-me pouco. Os partidos conhecem um desgaste que tem causas novas nas democracias, mais universais do que as circunstâncias portuguesas, que também ajudam. Como resultado, estão demasiado expostos nas suas fraquezas, cada vez melhor se conhecem os seus mecanismos perversos, cada vez aparecem como miméticos uns dos outros. Mesmo na versão clássica de oligarquias organizadas estão sujeitos a uma usura que tem precedentes, mas revela novidades, semelhantes ao mesmo tipo de usura que têm os parlamentos e começam a ter os tribunais. Uma parte significativa dessa usura tem que ver com a forte pressão para a democracia directa que os media modernos instituem, gerando sociedades cujo tempo e espaço simbólicos tiram oxigénio à democracia representativa. Por outro lado, a perda de autonomia dos partidos face aos interesses, aos grupos de pressão e aos lobbies muda-lhes as características originais e coloca-os, numa sociedade em transição como a portuguesa, numa encruzilhada.

Voltemos às presidenciais. Sejam quais forem as reservas que se tenham sobre a efectiva independência de Alegre do PS, e ao facto de o tom de a sua campanha ter sido antiaparelhístico mais por necessidade do que por vontade, o que é incontornável é que um candidato presidencial pode escapar ao controlo partidário, concorrer contra ele e obter bons resultados. É possível em eleições presidenciais e é possível em eleições autárquicas, como os casos de Oeiras e Gondomar revelaram. Só não é possível em legislativas, porque os partidos têm o monopólio da participação política nessas eleições, senão também se verificaria.

Embora o caso de Cavaco fosse diferente, e a sua distanciação dos partidos PSD e CDS tivesse na origem a sua autoridade política sobre eles, o que é certo é que a sua campanha os tratava como indesejáveis enquanto tal, embora recorresse aos seus serviços para montar uma infra-estrutura nacional. Mas, de novo, aqui repito o que disse antes: se Cavaco não tivesse os partidos para lhe assegurar a "volta" pelo país, seriam os resultados assim tão diferentes?

O que são hoje os partidos em Portugal? Estruturas particularmente desertificadas, pouco ou nada credíveis, com problemas na cabeça, no tronco e nos membros. Na cabeça, onde habitualmente se fazia o recrutamento mais qualificado, cada vez é mais difícil encontrar pessoas capazes. Existe uma enorme distanciação entre a disponibilidade para "dar o nome" em iniciativas simbólicas de carácter partidário - comissões de honra, conferências ou convenções pré-eleitorais, grupos de estudo - e a disponibilidade para exercer funções partidárias enquanto tais. Uma coisa é participar em colóquios e conferências, muitas vezes uma antecâmara para funções governativas, outra aceitar ser o porta-voz partidário para a justiça, ou a economia, ao mesmo tempo que se mantêm a actividade profissional normal.

O resultado é uma degradação da imagem partidária, que encontra apenas personalidades desconhecidas ou sem credibilidade para exercerem essas funções, o que é particularmente negativo nos partidos quando estão na oposição. A degradação acentuada dos grupos parlamentares (quantas vozes credíveis nos grupos parlamentares do PSD e do PS para falar de economia, ou de cultura, ou de educação?) é um retrato da idêntica degradação dos aparelhos partidários locais e da desertificação dos centrais.

A maioria das estruturas locais dos partidos é hoje constituída por pequenos grupos fechados, com pouca renovação (quase só feita pelo turnover geracional com as "juventudes" partidárias), estreitamente associados ao poder autárquico, quer estejam no governo, quer estejam na oposição. A ligação ao poder autárquico é correlativa da ligação com outro vértice do triângulo, os interesses da construção civil e da urbanização, que dissolvem a especificidade partidária.

Todo um conjunto de outros subsistemas está ligado a este cluster, incluindo associações locais, bombeiros, clubes de futebol, jornais e rádios locais, associações "culturais". A autonomia respectiva de cada um deste tipo de subsistemas ante o sistema autarquias-partidos políticos-interesses económicos é muito escassa. A alternância entre oposição e situação faz-se dentro de uma plataforma de interesses instalados rígida, muitas vezes favorecida pela participação da oposição local no governo da autarquia por via da concessão de pelouros ou de lugares nas empresas municipais. Também o corpo e os membros dos partidos estão doentes, para não dizer que já mutaram para outra espécie de animal que não o homo sapiens.

Funcionou a campanha de Mário Soares a contrario destas tendências? Sim e não. Sim por necessidade, porque Soares precisava como pão para a boca de tudo o que podia ter, e é verdade que a sua formação política o torna um defensor do sistema de partidos que ele tanto contribuiu para criar. Mas há um "não": quando lhe convinha, por exemplo na eleição presidencial de 1985-6, tentou manter os dirigentes do PS à distância, por razões não muito distintas das de Cavaco. Não os queria ao seu lado, não os queria nas fotografias, não os queria muito perto nos comícios.

Por tudo isto, contrariamente ao que se anda aí a dizer, a afirmação do primado dos partidos não chega para combater a sua crise, pode inclusive ser factor da sua aceleração, porque parece, e é, uma defesa das coisas como estão. Por isso, não basta acantonarem-se os defensores dos partidos na centralidade destes na vida democrática, para resolver a questão. O problema é que os partidos já não estão no centro da vida democrática, descentraram-se, perderam esse papel, e uma defesa a outrance do sistema partidário versus o populismo não chega. Há que pensar os partidos políticos em democracia de forma diferente, exactamente para manter as suas características de democracia representativa, mas isso significa que o velho modelo que combinava a pedagogia cívica com máquina eleitoral já não existe, e, mesmo que existisse, já não chegava para lhes restaurar o papel de expressão de "partes" da sociedade, das classes, dos grupos, dos interesses, das representações políticas e ideológicas.

(Continua)

(No Público de hoje.)

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RETRATOS DO TRABALHO EM TRÁS-OS-MONTES



Trabalhando num tear : "Estas fotos, fizeram parte de uma exposição intitulada "Lugares e Olhares" realizada em 2000 no concelho de Vinhais, promovida por uma pequena Associação Cultural local"(enviado por Luis Vale).

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RETRATOS DO TRABALHO EM S. TOMÉ


Alfaiate, São Tomé, STP, Out. 2005.

(António Ferreira de Sousa)

*
Desde há algum tempo que alguns colaboradores do blog tem incluído fotografias que retratam cenas quotidianas do trabalho em alguns locais do mundo, nomeadamente India, algumas das ex-colónias etc, onde se pode constatar a existencia de trabalho infantil mas fundamentalmente trabalho sem queixumes nas condiçoes mais deprimentes e se julgadas pelo prisma ocidental degradantes. Não vou fazer qualquer consideração acerca das fotos mas permito-me perguntar se não haverá uma estratégia maior que a par da diminuição dos direitos dos trabalhadores em Portugal se venha assim subliminarmente dizer-lhes que ainda estão cheios de sorte, primeiro por terem trabalho e segundo por as suas condições de trabalho serem melhores do que aquelas. Se é apenas coincidência e eu não percebi a intenção peço desculpa e vou-me embora.

(João Santos)
*
Podem-se considerar degradantes e deprimentes as condições retratadas pelas fotos Cenas do Trabalho que vem publicando no Abrupto, mas a impressão que me deixaram foi a oposta. A de que o trabalho dignifica. Esta ideia, cada vez mais estranha nas sociedades pós-industriais, fortemente orientadas pelo principio do prazer como indutor de consumo, torna dificil perceber que o trabalho retratado, orientado pelo principio da necessidade, não sendo uma benção, muito menos é um estigma.
Podemos ficar deprimidos ao constatarmos que nos nossos dias milhões de seres humanos trabalham duramente sem serem recompensados condignamente, sem conseguirem sair da miséria degradante. Mas recearmos que venham a correr tirar-nos o nosso emprego ou os nossos direitos laborais por causa deles é condená-los duplamente. É no fundo dizer que, se alguém tem que ser pobre, então antes eles do que nós. (...)

(Mário Almeida)
*

Os principais traços, porque comuns a quase todos eles, dos retratos do trabalho que têm vindo a ser publicados é o facto de serem trabalhos “manuais”, de um tempo que não é o nosso, apesar de muitas fotografias serem actuais (da comparação das fotografias actuais com as antigas ressalta que, em lugares diferentes, os tempos são diferentes, embora o Tempo seja o mesmo) e também de uma circunstância provavelmente muito diferente da da maior parte dos leitores do Abrupto. Talvez por isso a sensação de estranheza e até de desconforto que possam provocar. É curioso que os achem degradantes ou deprimentes. A mim parecem-me naturais.

(RM)
*
As fotografias que vêm sendo publicadas no Abrupto inserem-se numa temática “popularizada” por Sebastião Salgado de mostrar que ainda existem espalhados pelo mundo muitos trabalhos, manuais, artesanais, pesados, sujos, desgastantes fisicamente, perigosos, praticados sem equipamento de protecção, etc. Este tipo de trabalho há algum tempo que se encontra desfasado do imaginário da maioria da população urbana (classe média para cima) dos países desenvolvidos. No entanto esses trabalhos existem e por vezes não estão tão longe de nós quanto julgamos. Pareceu-me que a sua publicação apenas tinha por objectivo mostrá-los, avivar memórias, fazer-nos pensar sobre eles e não ser um “bicho mau” com que se ameaça as crianças que não comem a sopa. A mim pessoalmente fez-me pensar o mesmo que as fotos de Sebastião Salgado. Que quem nasceu a ocidente tem a sorte de estar mais afastado desse tipo de trabalho, pois mesmo aqueles que têm trabalhos com essas características no mundo ocidental têm mais protecção do que a que se vê nestas fotos. Por outro lado recordo um artigo recentemente lido na revista da Marinha sobre a actividade de desmantelamento de navios (que há anos foi objecto da objectiva de Sebastião Salgado) que, apesar da crescente procura, se transferiu totalmente para países pobres (Índia, Bangladesh, etc.) exactamente para fugir aos custos salariais directos, aos custos de protecção e segurança dos trabalhadores e aos custos de protecção ambiental. Resultado, enormes navios, portadores de imensos materiais perigosos, são encalhados em praias para serem desmantelados literalmente à martelada e por vezes com maçaricos (“luxo” a que apenas os trabalhadores com maiores “posses” se podem dar) com todos os riscos que isso implica para trabalhadores e com um enorme rasto de poluição deixado nas praias. Devemos pensar sobre este lado da “globalização” ou se queremos seguir o velho aforismo americano “it´s a dirty job, but some one has to do it”. And no matter how it is done, since we pay less for it and the dirt is far away from our door.

(Miguel Sebastião)

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LENDO / VENDO /OUVINDO
(BLOGUES, JORNAIS, TELEVISÕES, IMAGENS, SONS, PAPÉIS, PAREDES)
(26 de Janeiro de 2006)


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Hoje, um Rocketboom divertido. Vejam a parte suiça no fim...

*

No Clube dos Jornalistas da 2: discutiram-se as "interrupções" dando como exemplo as de Sócrates sobre Alegre e de Cavaco sobre Jerónimo, na noite das eleições. Não ficou bem clara a natureza completamente distinta dos dois casos: no primeiro, foi discurso sobre discurso, e a opção editorial seria sempre muito difícil de fazer (é legítimo considerar que sendo o PM a falar devia ser ouvido); a segunda é puramente de responsabilidade do "jornalismo" espectacular. Cavaco a sair de casa não é "notícia" que se deva sobrepor a uma declaração de um candidato presidencial. No primeiro caso, hesitaria em condenar as televisões, desde que uma imediata nota fosse feita do que se passou e uma reparação a Alegre se lhe seguisse, passando o seu discurso, como a SIC fez. No caso da saída de Cavaco versus discurso de Jerónimo, foi mau jornalismo.

*

No blogue de Assouline faz-se uma síntese de uma publicação académica sobre os "novos franceses", o livro de Sylvain Brouard e Vincent Tiberj, Français comme les autres ? , Les Presses de Sciences Po, 2005. O que há de interessante nessa síntese é o crescente peso da religião nas opções culturais e de vida:

* RELIGION Plus ils s'inscrivent dans la société française, moins ils sont musulmans, d'autant que les trois quarts de la seconde génération sont issus de mariage mixte ; ils sont comme les autres Français ouverts au mariage mixte mais beaucoup plus hostiles quand il s'agit des filles ... Les Français musulmans (autour d'y 1,1 million de personnes) n'en entretiennent pas moins une relations plus intense avec leur religion que le reste des Français. La proportion de musulmans est maximale chez les jeunes et décroît ensuite ; c'est par les 18-24 ans que l'on assiste aujourd'hui à un phénomène de réislamisation en France. Rien à voir avec le niveau d'études. Si la religion musulmane est bien l'islam, un tiers ne s'en réclame pas. Rien n'est plus faux que l'idée d'un bloc homogène de population immigrée musulmane.

* ESPRIT CITOYEN Ils sont 23% à déclarer ne pas être inscrits sur les listes électorales contre 7% chez les autres Français, mais on peut penser que cela a évolué depuis la récente crise des banlieues et l'idée d'un vote-sanction contre Sarkozy-le-karcheriseur. A noter que l'affiliation musulmane va de pair avec le taux de non-inscription.

* POLITIQUE Ils sont enracinés à gauche, comme les Noirs américains le sont le sont avec les démocrates. 76% d'entre eux se déclarent proches d'un parti de gauche. Paradoxe : la gauche étant peu incarnée à travers un leader fort qui s'impose, Jacques Chirac jouit d'une sympathie particulière parmi eux.

* INTEGRATION On peut parler d'une intégration réussie quand on constate leur légitimisme à l'égard des institutions et du modèle hexagonal, attitude pro-Etat supérieure aux autres Français qui s'explique autant par la culture de l'assistanat que par une forme de volontarisme à l'égard du travail. Ils sont plus attachés à la réussite que l'électorat de droite. Leur culture de leur réussite prime et perdure quelle que soit leur position dans la société. Ils font la synthèse entre liberté et égalité contrairement au reste de l'électorat français qui aura tendance à les opposer. Ils se distinguent des autres par leur dynamisme plutôt que par leur attentisme.

* MOEURS Ils sont moins permissifs que les autres Français dans trois domaines: homosexualité, séparation dans les piscines et interdiction des relations sexuelles avant le mariage pour les filles. Ils sont deux fois plus homophobes, conservateurs et intolérants que les autres Français, phénomène lié à la fréquentation des mosquées.

* RACISME Un sur trois de ces nouveaux Français rejette l'immigration. Ils sont beaucoup plus antisémites que les autres Français, notamment les 18-24 ans. Le préjugé antisémite perdure indépendemment de l'âge, des diplômes ou de l'univers politique. Le niveau d'antisémitisme est lié au facteur religieux et à la relation à l'immigration. Ils sont moins antisionistes qu'on ne le croit généralement. La minorité intolérante et ouvertement antisémite (33% d'entre eux) est musulmane pratiquante.

* DISCRIMINATION POSITIVE Leur position sur la question n'est pas formée. Ils semblent préférer ce qui s'éloigne le moins de l'égalitarisme républicain, une politique générale plutôt que des mesures spécifiques propres à eux seuls.

* COMMUNAUTARISME La concentration dans l'espace (cités, ghettos ...) est l'une des conditions du phénomène. Les originaires du Maroc ou d'Afrique noire se sentent plus proches que les autres de leur pays d'origine. Dans leur majorité, ils ne sont pas dans une logique communautaire."

(sublinhados meus)

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EARLY MORNING BLOGS 708

A UN POETA MENOR DE LA ANTOLOGÍA


¿Dónde está la memoria de los días
que fueron tuyos en la tierra, y tejieron
dicha y dolor y fueron para ti el universo?

El río numerable de los años
los ha perdido; eres una palabra en un índice.

Dieron a otros gloria interminable los dioses,
inscripciones y exergos y monumentos y puntuales historiadores;
de ti sólo sabemos, oscuro amigo,
que oíste al ruiseñor, una tarde.

Entre los asfodelos de la sombra, tu vana sombra
pensará que los dioses han sido avaros.

Pero los días son una red de triviales miserias,
¿y habrá suerte mejor que ser la ceniza,
de que está hecho el olvido?

Sobre otros arrojaron los dioses
la inexorable luz de la gloria, que mira las entrañas y enumera las grietas,
de la gloria, que acaba por ajar la rosa que venera;
contigo fueron más piadosos, hermano.

En el éxtasis de un atardecer que no será una noche,
oyes la voz del ruiseñor de Teócrito.


(Jorge Luis Borges)

*

Bom dia!

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25.1.06


LENDO / VENDO /OUVINDO
(BLOGUES, JORNAIS, TELEVISÕES, IMAGENS, SONS, PAPÉIS, PAREDES)
(25 de Janeiro de 2006)


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Desleixos, inadmissíveis desleixos.

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Painel de azulejos localizado junto do viaduto da Av. Estados Unidos da América que ladeia o Parque da Bela Vista, da autoria de Rolando Sá Nogueira. (Lembrança de becos & companhia e amnesia. ) Será que vai ser preciso colocar a imagem todos os dias até que alguém vá lá alguém compor o que se está a estragar?

*

Um muito interessante e "sério" Rocketboom mostrando como se dá a renovação dos media, a partir de uma entrevista feita na New England Cable News Station, combinando jornalismo clássico, "citizen journalism", um sítio na rede com notícias de um jornal (Boston Globe) e videos da televisão e dos ouvintes, um blogue local em cada terra, etc., etc. Nenhuma experiência de vanguarda, nenhuma tecnologia de ponta, numa emissora local, apenas o uso integrado do que já existe ao serviço dos "consumidores". Nada que não se pudesse fazer cá, em pequeno, em bem feito, sem ilusões de grandeza, mas sólido.

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RETRATOS DO TRABALHO EM S. TOMÉ



Pesca de cerco, Sto Amaro, STP, Out. 2005

(António Ferreira de Sousa)

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EARLY MORNING BLOGS 707

estação


Esperar ou vir esperar querer ou vir querer-te
vou perdendo a noção desta subtileza.
Aqui chegado até eu venho ver se me apareço
e o fato com que virei preocupa-me, pois chove miudinho

Muita vez vim esperar-te e não houve chegada
De outras, esperei-me eu e não apareci
embora bem procurado entre os mais que passavam.
Se algum de nós vier hoje é já bastante
como comboio e como subtileza
Que dê o nome e espere. Talvez apareça


(Mário Cesariny)

*

Bom dia!

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24.1.06


RETRATOS DO TRABALHO EM TIMOR-LESTE E EM S. TOMÉ



Dili, Timor-Leste. Tecedeira numa fábrica de Tais ( pano de fabrico artesanal ) em Dili. Habitualmente, os trabalhos são feitos por encomenda, conforme a côr, desenho e tamanho pretendido. Existem em todo o país, exibindo características diferentes, de região para região.

(Teresa Calado)



Peixeira na lota, São Tomé, STP, Out. 2005

(António Ferreira de Sousa)

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EARLY MORNING BLOGS 706

Colagem

com versos de Desnos, Maiakovski e Rilke

Palavras,
sereis apenas mitos
semelhantes ao mirto
dos mortos?
Sim,
conheço
a força
das palavras,
menos que nada,
menos que pétalas pisadas
num salão de baile,
e no entanto
se eu chamasse
quem dentre os homens me ouviria
sem palavras?


(Carlos de Oliveira)

*

Bom dia!

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23.1.06


NOVOS TEMPOS: UM LIVRO EM TEMPO REAL

sairá esta semana.

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LENDO / VENDO /OUVINDO
(BLOGUES, JORNAIS, TELEVISÕES, IMAGENS, SONS, PAPÉIS, PAREDES)
(23 de Janeiro de 2006)


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Lourenço Medeiros explica muito bem por que razão "o facto de não se utilizar no dia-a-dia as tecnologias de informação é muito mais grave do que parece", com o exemplo das disquetes do caso Casa Pia e das mãos por que passaram.

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RETRATOS DO TRABALHO EM S. TOMÉ


A caldeira do secador de cacau, Roça Milagrosa, STP, Out. 2005


Alfaiataria Jordão, São Tomé, STP, Out. 2005.

(António Ferreira de Sousa)

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OBSERVAÇÕES PRESIDENCIAIS AVULSAS 4


Ele há mau ganhar, mas duvido que se encontrem muitos exemplos significativos de mau ganhar até agora. Mas mau perder abunda por todo o lado, sendo até um dos traços distintivos destas eleições presidenciais. A história da "vitória tangencial" é um exemplo. Cavaco ganhou à primeira volta por uma maioria absoluta face a cinco candidatos que fizeram campanha contra ele, e à distância de 30% do segundo classificado, ganhou em todos os distritos do país com excepção de Beja, e ganhou "à tangente"?

*

E depois há frases inqualificáveis como as ditas por Vital Moreira no Causa Nossa:

"O problema com Cavaco Silva não é só ele ser o primeiro presidente oriundo da direita política, nem o inigma sobre a sua prática presidencial. É ele suceder a quem sucede: 10 anos de um presidente maior do que o País (Mário Soares); 10 anos de um dos presidentes mais cultos e "aristocratas"(no verdadeiro sentido da noção) que já tivemos (Jorge Sampaio). Ter agora um presidente que não ultrapassa os limites de uma cultura economista e tecnocrática é uma enorme sensação de despromoção..." (sublinhado meu)

*

Para uma antologia do mau perder:

"Pedro Santana Lopes, ex-líder do PSD, afirmou hoje que Cavaco Silva ganhou as eleições presidenciais à primeira volta devido à ausência de um outro candidato à direita. "Se houvesse outro candidato à direita, haveria uma segunda volta", referiu Santana Lopes em declarações à SIC-Notícias." (Portugal Diário)

Como é evidente, "só" haver um candidato "à direita", nada tem a ver com o mérito de Cavaco Silva, mas deve ter sido benemerência dos putativos candidatos.


*

No sítio do Diário de Notícias (diferente no seu arranjo gráfico do jornal em papel), a vitória de Cavaco Silva é um acontecimento menor ( o terceiro sem relevo, depois de uma história de penhoras e bancos e de outra sobre carros chineses), de tal maneira que pensei que o jornal lá colocado era o de ontem. É um absurdo comunicacional, já para não dizer outra coisa.

Actualização: a ordem das notícias foi mudada durante o dia, depois desta nota divulgada, e passou Cavaco a primeiro.

*

A interrupção do discurso de Alegre por Sócrates gerou, na pequena multidão que estava dentro da SIC, imediatas e sonoras manifestações de protesto, que ultrapassaram partidos e amizades políticas. Eu protestei alto e bom som na minha mesa, Helena Roseta na dela e, atrás de mim, no grupo a que a SIC chamou da "sociedade civil" ouviam-se também protestos. Os jornalistas que conduziam a emissão ficaram também perplexos e incomodados pela evidente e grosseira manobra de ocultação de Alegre, mas não era fácil não dar a prioridade ao discurso de Sócrates,no tempo real em que estas emissões se fazem. Sócrates é o Primeiro-Ministro e um dos responsáveis pelo desastre do PS e forçou ser ouvido. Justiça seja feita neste caso à SIC que se apercebeu de imediato que tinha que encontrar uma forma de reparar Alegre, que denunciou de imediato a malfeitoria e anunciou a repetição da declaração de Alegre. Não sei o que fizeram as outras televisões, mas tenho curiosidade em saber.

*

Mal anunciei que iria fazer o Abrupto directo da mesa da SIC e apelava à contribuição dos leitores, um "amador" qualquer enviou para o meu endereço de e-mail, uma série de ficheiros gigantescos para o bloquear, pelo que algum correio deve ter sido perdido.

Segundo o Google Analytics o Abrupto teve mais de 16000 "pageviews" ontem.

*
Provavelmente não se apercebeu (já que estava em directo na SIC) mas na TVI, M. Sousa Tavares e outros, alegaram que, tendo Cavaco Silva sido eleito presidente com o menor percentual e número de votos da história, o seu espaço de intervenção estava reduzido. Ora, sem sequer insistir no ponto óbvio de a vitória se ter verificado à primeira volta - o que só por si a torna necessariamente mais forte do que qualquer outra que se tenha registado à segunda -, convém também lembrar que Cavaco teve mais votos do que Sócrates nas últimas legislativas (2,8 milhões vs 2,6 milhões). Os números falam por si...

Francisco Barbosa

*

E ao menos sabe comer à mesa?

É impossível ler hoje o livro «Angústia para o jantar», de Luís de Sttau Monteiro, sem recordar as inúmeras observações de Mário Soares em desprimor de Cavaco Silva - de tal forma elas parecem inspiradas neste romance em que um outro António é humilhado da mesma forma torpe.Quando, nos anos 60, o li pela primeira vez, a personagem que faz o papel de snob-de-serviço provocou-me uma náusea que agora (no decorrer de uma segunda leitura) ressuscitou - e em duplicado, vá lá perceber-se porquê!

C. Medina Ribeiro

*

Quando Cavaco Silva saiu de casa, ouviram-se duas perguntas colocadas por um jornalista: «O que lhe vai pela cabeça?» e «O que foi que lhe disse o dr. Soares?» Cavaco Silva respondeu à segunda; obviamente, a resposta consistiu em dizer que não revelaria tal informação. A minha pergunta é: o que vai pela cabeça do jornalista ao perguntar o que foi que disse Mário Soares? Por acaso pensou que Cavaco Silva lho diria?

(José Carlos Santos)

*

Tanta "conversa" (em 96, 97?) por causa do voto dos emigrantes para a Presidência da República para, afinal, a taxa de abstenção dos portugueses residentes no estrangeiro ultrapassar os 90%!

(M.F.Åhman, Suécia)

*

Embora seja prematuro estar a estabelecer cenários a eleição de Cavaco representa, de facto, uma rotura no que tem sido a centralidade política em Portugal.

O discurso oficial do PS e do PCP no passado, quando socialistas foram eleitos presidentes, foi o de logo à partida lhes atribuir um estatuto de independência, isenção e idoneidade que esquecia as suas origens políticas e lhes atribuía uma superioridade moral, de rigor e de dimensão ética.

Será curioso ver como irão reagir se Cavaco for presidente. O que, naturalmente, espero venha a acontecer.

(António Taveira)

*

Uma ilação interessante destas eleições presidenciais é o facto dos dois candidatos mais votados serem aqueles que mais fraca performance televisiva têm. Claro que performance televisiva é entendida, neste contexto, como a capacidade de gerar o sound-byte, de ter a pequena frase assassina ou em sentido mais lato de “ter conversa”.

Cada vez mais os portugueses avaliam, sobretudo, currículos e valores que atribuem a cada candidato ou partido e esses encontram-se, de um modo geral, bastante sedimentados na avaliação do eleitorado. Neste sentido a campanha tradicional perdeu muita importância.

(Miguel Alçada Baptista)

*

1) O vencedor ganhou e é acusado de ter preparado rigorosa e profissionalmente a candidatura. Queremos desenvolver o país, profissionalizar as actividades, acabar com o nacional-desenrascanço. Depois acusamos quem pratica esse profissionalismo de ter “ganho porque preparou tudo com antecedência e rigorosamente”. Em que ficamos? Relembremos que Cavaco ganhou as 3 legislativas em que esteve à frente do PSD, 2 delas com maioria. Perdeu umas presidênciais à 1ª volta e ganhou outras à 1ª volta sem ter que dar sais de fruto a ninguém.

2) Manuel Alegre valeu a pena. Teve valor acrescentado. Mostrou que o nacional- desenrascanço ainda vai funcionando, que ainda somos um país de poetas e que as pessoas gostam das “vitimas”. E mostrou também que é possível vencer os aparelhos partidários (de onde Alegre saiu) apesar das muitas fidelidades caninas às prebendas que os partidos no poder distribuem.

3) O grande derrotado, sem honra nem glória. Fez uma campanha ressabiado com Anibal e Alegre, mal educada, contraditória, sem fair-play, mostrou apenas um sentido de posse pelo Palácio Cor-de-Rosa, tipo a criança e o seu brinquedo preferido. E mais, mostrou que o animal político já não é o que era, qual Amália nos seus últimos anos. Desses tempos sem glória da fadista apenas ficou para a história o “obrigado, obrigado”. E os eleitores mostraram saber distinguir entre gratidão e capacidade para a função em causa no actual momento do país. Se a interrupção de Socrates a Alegre foi propositada, mostra arrogancia e mau perder, se foi um erro mostra falta de profissionalismo de quem quer modernizar o país. De facto o rigor e profissionalismo de Cavaco vão ser um valor acrescentado para o país. Relembremos que em 4 legislativas e 1 constituinte Mário Soares só conseguiu 3 vitórias e todas sem maioria absoluta. E nas presidênciais precisou de dar muitos sais de fruto aos comunistas para bater Freitas na 2ª volta.

4) O resto foram os figurantes do costume entre a esquerda Caviar-Champagne e a esquerda de rosto popular. A leste nada de novo.

(Miguel Sebastião)

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22.1.06


VOU PARA OUTRO LADO

já chega.

Quod erat demonstrandum. Não foi surpresa.

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"COM TODA A CLAREZA"

diz Cavaco, da decisão do "povo português". É. ter metade dos votos mais um na primeira volta, é mesmo "com toda a clareza". Não é "à tangente", é "à tangente na primeira volta", um resultado bem difícil de obter. Ou não tinha como adversário Mário Soares que tinha gerado o "maior nervoso" aos apoiantes de Cavaco (comno se dizia em tempos não muito remotos), ou que Monjardino dizia, numa entrevista ao Independente, que não precisava de fazer campanha para vencer.

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SÓCRATES QUER-NOS CONVENCER

que ninguém na campanha de Mário Soares estava a ver a televisão e não se apercebeu que Alegre, o arqui-adversário, começava a falar...

A questão é outra. É que lhe correu mal a cena.

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A MÁQUINA

para explicar que nada mudou (vinda dos que diziam que tudo ia mudar por causa do "golpe constitucional") vai começar amanhã.

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SÓCRATES

pensa que pode fazer tudo. E fez uma asneira revelando um dos seus aspectos mais negativos, prepotência e arrogância. Ao interromper Alegre, foi o que pior se portou nesta noite.

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ISTO ESTÁ BONITO!

Sócrates a interromper Manuel Alegre que vergonha!

Se fosse Alegre repetia a declaração.

Se fosse a televisão dava o PM em diferido, porque Sócrates não é candidato.

(António Lobo Xavier assina por baixo).

Há alguma revolta aqui na SIC vinda de vários lados.

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"APODERAR-SE?"

Com que então a "direita" "apoderou-se" (diz Jerónimo) da Presidência?

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DUAS QUESTÕES

Sou da opinião de que não deveriam passar na televisão imagens do interior da casa de Cavaco Silva (ou de qualquer outra pessoa) gravadas à revelia deste.

Acabei de ouvir o discurso de Francisco Louçã. Já lhe contaram que ficou em quinto lugar?

José Carlos Santos

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O NOVO "CAVAQUISTÃO"

Dia histórico para o distrito de Bragança, pois transformou-se no novo "cavaquistão".
Os resultados de Cavaco Silva no distrito são os maiores a nível nacional.

Bragança 67,30%
Viseu 65,68%

José Alegre Mesquita

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A PARTIR DE AGORA

o jogo da democracia centra-se na oposição. É Marques Mendes e Ribeiro e Castro que estão na primeira linha.

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NO COMÍCIO

que foi a declaração de Louçã, a palavra "grande" foi a mais repetida.

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EM PLENO COMÍCIO

Louçã.

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OS RESULTADOS

já não permitem incertezas. Cavaco Silva é Presidente. Manuel Alegre fica em segundo, Soares num escasso terceiro. Jerónimo e Louçã onde se previa e na ordem que se previa.

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QUE FARÁ ALEGRE COM OS VOTOS?

Apesar de todo o mérito da sua decisão de se candidatar, toda a campanha de Manuel Alegre foi baseada num simpático sofisma.

O que Alegre dirá, mais logo, no discurso de encerramento, quer haja segunda volta quer não, é que a sua candidatura é um imparável movimento de cidadãos e para os cidadãos, e carregado de cidadãos, e com trabalho de cidadãos, protagonizado por um cidadão. Resumindo, Alegre fará, como fez desde que se tornou num rebelde socialista, a apologia da cidadania.

No entanto, a verdade é que Alegre é um cidadão-novo: tornou-se, abruptamente, num cidadão, desligado de partidos. O que falta dizer, e isto raramente se diz, é que a candidatura de Alegre só é de cidadãos para cidadãos porque o PS não o escolheu. Doutra forma, os cidadãos poderiam ficar confortavelmente à porta do Altis, que a candidatura seria de um partido, e Alegre diria que assim é que deverá ser em democracia.

(Artur Vieira)

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O QUE BASTA

50,001% será tb a votação necessária e suficiente para a esquerda!

CMO

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OS 50,1% SERÃO MAIS DUROS

de obter do que parecia nas sondagens. Mas são os necessários.

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OS VOTOS DE ALEGRE

Que vai fazer Manuel Alegre com os seus votos?

Talvez o mesmo que Basílio Horta fez aos seus 14% obtidos em 1991 contra Mário Soares no CDS – nada!

Trata-se de um epifenómeno, circunstancial, que tem toda a probabilidade de se esgotar a partir de amanhã.

Se não há maiorias presidenciais, por maioria de razão não existem minorias presidenciais.

O fenómeno chamado poder tem uma considerável força agregadora que se encarregará de dissipar veleidades fragmentadoras.

João Pedro Dias

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QUESTÃO DA NOITE

E se de repente a questão da noite não for quem ganha, nem quem fica em
segundo lugar, mas o terceiro?

Pobre Mário Soares....

João Carvalho Fernandes

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MUITO POUCA POLÍTICA

se discute esta noite.

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O MILAGRE DAS ROSAS

duas vezes, Ana Gomes.

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TRUMAN SHOW À PORTUGUESA

O que se joga na noite de hoje está, há muito, preparado por José Sócrates. Está tudo equacionado para o segundo ou terceiro lugares e o líder do PS torce por uma maioria absoluta, pois é a oportunidade de se livrar dos soaristas e de desafiar Alegre no próximo congresso.
Sócrates é o realizador de um Truman Show à portuguesa, mas com dois Jim Carey's.

Pedro Gouveia Alves

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MINORIAS

Foi a ausência de uma candidatura de direita que permitiu a Cavaco Silva ser eleito Presidente à primeira volta. Quaisquer 5% de votos que essa candidatura obtivesse, teria impedido esta eleição à primeira volta. A importância das correntes de pensamento minoritárias, que estão para além do «centrão», sai reforçada.com esta eleição.

João Pedro Dias

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VALETES

Não vão faltar valetes a falar em nome da maioria presidencial, a sugerir a transformação subtil do PSD em Partido do Presidente. Será bom que Cavaco Silva recuse estes cantos de sereia.

António Lobo Xavier

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A PARTIR DE AGORA

é na oposição que se concentra a mudança possível de políticas. A presidência de Cavaco é um enquadramento para o governo e a oposição, mas é do terreno parlamentar e partidário que vem a diferença.

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SÍTIOS

Mesmo estando na SIC, dê um salto ao site da RTP, verdadeiro serviço público. O site desapareceu. Só temos resultados das presidênciais. O site da SIC parece também estar alterado, mas demasiado lento.

RAP.

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SONDAGENS

Melhor sondagem para Cavaco: a da SIC.

Melhor sondagem para Alegre: a da RTP

Melhor sondagem para Soares: a da SIC.

Melhor sondagem para Jerónimo: a da RTP.

Melhor sondagem para Louçã: a da SIC.

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PERGUNTA

Portugal vai ser o mesmo?

Sequeira Braga

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"SOCIEDADE CIVIL"

Representantes da Sociedade Civil ai na SIC

São poucos os comunistas, será que é o reflexo da nova sociedade, que por ai se aclama?

LLourenço

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QUOD ERAT DEMONSTRANDUM

o latim dá muita força.

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PREOCUPAÇÕES

Honestamente, mais do que os resultados destas eleições em termos de vencedores e vencidos, a minha curiosidade centra-se para os números da abstenção. Gostaria de ver estes números insignificantes. Em minha opinião isso seria o verdadeiro reflexo de uma melhoria qualitativa da classe política vigente em Portugal, pois das principais causas dos níveis de abstenção reside no facto de pouco ou quase nada se notar quando muda a cor política no panorama Nacional.
Para quê estarmos preocupados com as derrotas partidárias? Estamos ou não, de facto, preocupados com a crise que enfrentamos todos (ou quase todos)????


Catarina Ferreira

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A LEI

É a lei, compreendo... Resta-me reformular o meu ponto de vista. Ora bem: dado que é de todo impossível prever quem será o próximo Presidente da República, julgo que o ponto fulcral destas eleições está em saber quem recebe mais votos: se Alegre, se Soares. As consequências que poderão advir deste acto eleitoral, na minha opinião, serão inevitáveis. E, no que diz respeito a esta matéria, penso que a grande dúvida está em saber o que fará Manuel Alegre com os seus resultados (sejam eles quais forem).

Abílio Ribeiro

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FACES

Creio que sim as faces dizem tudo aquilo que a esta hora ainda não se pode dizer...

Filipe Freitas

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PERGUNTA

Gostava de saber a opinião de JPP sobre a continuidade de elaboração de sondagens que têm como amostra "lares com telefone fixo", sabendo-se que, cada vez mais, as pessoas optam pelos telemóveis em detrimento do telefone fixo. Não acha que se deve pensar no assunto?

João Paulo Lopes Martins

As sondagens julgam-se pela correlação entre os resultados virtuais e os reais. Os métodos são instrumentais em grande parte.

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A TRISTEZA OU A ALEGRIA VIOLAM A LEI?

Pode-se interpretar as faces nas sedes de campanha? Pode-se ignorar o que se vê, o que se lê?

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MEUS AMIGOS

não adianta enviarem mensagens que não podem para já serem publicadas.

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ROSAS?

«Alegre tem no gabinete, a seu pedido, rosas vermelhas...»

«Rosas em (22 de) Janeiro, Senhora? - estranhou o rei (...)»

CMRibeiro

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VIRTUALIDADES

A questão de se saber quase tudo...remete, forçosamente, para uma questão realista: Para além de uma campanha eleitoral virtual..feita de e para a TV, vamos ter agosra...pelo menos durante 1 hora...comentários e jornalistas virtuais..a fazer de conta que não se sabe nada e com medo de...não violar uma lei real!

Amanhã continuaremos na realidade virtual?

Paulo Gonçalves

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VAI ACABAR A TRANQUILIDADE

sou inteiramente a favor desta regra que chamam estúpida e que nos proporcionou um dia antes das eleições sem directos, sem golpes, sem manipulações e com notícias de outros mundos.

António Lobo Xavier

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COMO DE COSTUME

o Abrupto é feito por toda a gente da minha mesa, com a sua assinatura.

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NOVOS TEMPOS

Nos "quarteis generais" de Alegre e Jerónimo, para já os mais agitados, Alegre tem no gabinete, a seu pedido, rosas vermelhas e água, e na do Bloco de Esquerda há champanhe. Novos tempos.

(RM)

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COM MUITA CURIOSIDADE

A menos de uma hora de saber quem vai ser o proximo presidente da republica, todos nos questionamos sobre duas questoes:

- Quem será?
- Por que será?

Estas duas questões merecem uma breve reflexão... Quem será? Cada um dos candidatos com características pessoas, que agradam a diferentes manifestações... Penso que todos merecem uma oportunidade? Mas será que cada um dos candidatos tem a capacidade de honrar a confiança do portugueses?

Porquê? penso que é importante detectar as razões que fizeram com que o "escolhido" pelos portugueses tenha ganho este voto de confiança... Penso que este tipo de análise poderá ser a "pedra filosofal" para quem a descobrir... Penso que o "vencedor" será fruto de uma "campanha vencedora", a analise da mesma poderá entao chamar a atenção sobre alguns pormenores que nem sempre são correctos na campanha de alguns candidatos...

Com muita curiosidade

Marta Lourenço Wadsworth

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PERGUNTA

"O que é que quer dizer quando escreve "Já se sabe quase tudo"?", pergunta Luís Carmelo.

O que se pode saber (sondagens várias), o que não se pode dizer. Para já.

Neste caso, a lei tem sentido: não divulgar resultados virtuais, enquanto existem votações reais.

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COMEÇOU

como num preâmbulo, um introito, um momento de acalmia antes da tempestade. Já se sabe quase tudo, mas espera-se.

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À MINHA VOLTA

como num teatro, sentam-se as diferentes categorias de actores: os "comentadores", os "jornalistas", os "representantes da sociedade civil", tudo banhado numa luz crua. A luz da televisão.

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MAIS UMA VEZ: O ABRUPTO FEITO DA MESA DA SIC

a partir de agora.

Pelo e-mail recebem-se colaborações, comentários, ditos, coisas soltas sobre o assunto.

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OBSERVAÇÕES PRESIDENCIAIS AVULSAS 3


O mal já está obviamente a ser atribuído ao país. O país "que confunde progresso, e modernidade, com jipes topo de gama" (Da Literatura); o país dos "broeiros" (Natureza do Mal); o país que bebeu demais : "A embriaguez ou a excitação do momento podem levar um homem a acordar ao lado de alguém que, sem o benefício da maquilhagem, se revela um susto para o parceiro que entretanto recuperou a sobriedade." (JPC no Super Mário); o país que não percebe a "grandeza" e o mérito de "estar fora do tempo" (CCS no Espectro); o país em que "a grandeza acaba assassinada pelos seus pares" e o "tempo (...) é medíocre, os punhais brilham na sombra de César" (CFA no Expresso) e muitas, muitas outras páginas sobre o mesquinho, ignorante, ingrato, desmemoriado, masoquista, kitsch, traiçoeiro, rasteiro, e vil acto que os portugueses vão praticar hoje ou daqui a um mês.

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RETRATOS DO TRABALHO 8


Lewis Wickes Hine, Vidreiro fazendo equipamento de laboratório, Millville, N.J., 1937.

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EARLY MORNING BLOGS 705: "ROCIE ESTE APOSENTO"

"El cual aún todavía dormía. Pidió las llaves a la sobrina del aposento donde estaban los libros autores del daño, y ella se las dió de muy buena gana. Entraron dentro todos, y el ama con ellos, y hallaron más de cien cuerpos de libros grandes muy bien encuadernados, y otros pequeños; y así como el ama los vió, volvióse a salir del aposento con gran priesa, y tornó luego con una escudilla de agua bendita y un hisopo, y dijo: tome vuestra merced, señor licenciado; rocíe este aposento, no esté aquí algún encantador de los muchos que tienen estos libros, y nos encanten en pena de la que les queremos dar echándolos del mundo. Causó risa al licenciado la simplicidad del ama, y mandó al barbero que le fuese dando de aquellos libros uno a uno, para ver de qué trataban, pues podía ser hallar algunos que no mereciesen castigo de fuego. No, dijo la sobrina, no hay para qué perdonar a ninguno, porque todos han sido los dañadores, mejor será arrojarlos por las ventanas al patio, y hacer un rimero de ellos, y pegarles fuego, y si no, llevarlos al corral, y allí se hará la hoguera, y no ofenderá el humo. Lo mismo dijo el ama: tal era la gana que las dos tenían de la muerte de aquellos inocentes."

(Cervantes)

*

Bom dia!

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21.1.06


VER A NOITE 3


Um dia depois, tudo continua na mesma. Portugal profundo.

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OS NOVOS DESCOBRIMENTOS: PÓ DO OUTRO MUNDO


talvez pó que fez o nosso mundo, ou até pó anterior ao nosso mundo. O pó de que somos feitos, antes e depois.

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BIBLIOFILIA: AS EDIÇÕES TAUCHNITZ DE LEIPZIG



A arrumar uns livros apareceram-me dois ou três das edições da Tauchnitz. Qualquer pessoa que tenha contacto com bibliotecas, ou alfarrabistas com livros do início do século XX, já encontrou de certeza estes livros com uma capa simples e sóbria, baratos e abundantes, com textos de literatura inglesa. Nunca os tinha olhado com atenção, apesar de sempre ter gostado da sua simplicidade, e nem sequer reparei que se trata de edições alemãs de textos ingleses. Agora reparei e os pormenores tinham interesse. Por exemplo, este , apontando para o consumo europeu. Vim a saber depois que o barão Tauchnitz foi um pioneiro do pagamento dos direitos de autor, prática que não abundava nas edições publicadas no estrangeiro. Depois, o número espantoso de obras publicadas. Este do Emerson é o nº 4525 e, como se pode ver pela contra-capa, não eram propriamente junk books. A Tauchnitz publicou, entre 1847 e 1939, cerca de 5000 textos de autores anglo-saxónicos.

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INTENDÊNCIA

Actualizado o blogue ÁLVARO CUNHAL - UMA BIOGRAFIA POLÍTICA.

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RETRATOS DO TRABALHO EM TIMOR (ARREDORES DE DILI, HOJE)





Foto 1: Restaurante Ambulante.

Foto 2: Sr. Alfredo, ex-refugiado na Austrália, agora de Alfaiate, na estrada de Comoro - Díli.

Foto 3: Vendedores de Fruta, na estrada de Liquiçá - Díli.

(Amílcar Lopes António)

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© José Pacheco Pereira
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