ABRUPTO

4.2.12


ESPÍRITO DO TEMPO:  HOJE

Passagem do tempo por um banco do jardim de S. Amaro. (RM)

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 O GENEPSD


Estou a ler, estou a ler... Com muita dificuldade porque é  confuso, contraditório, sem uma linha nem direcção, e muito menos um "gene". Aliás, esta modernice do GenePSD é apenas e só isto, porque é suposto não haver transmissão genética dos caracteres adquiridos e no PSD havia a tradição de se considerarem duas realidades programáticas: o programa escrito e o "programa não- escrito", a história e a memória do partido. Num partido sui generis como o PSD, o "programa não escrito" é muito relevante, mas compreendo que a memória possa ser incómoda. Para além disso, convenhamos, que alguns caracteres adquiridos não são brilhantes...
Este livro, tanto quanto se pode concluir numa primeira leitura rápida, é  uma síntese, usando a palavra síntese com benevolência, entre citações de Sá Carneiro, aquilo que os seus autores pensam ser o pensamento de Mounier, e umas frases de Aguiar Branco, mais as de alguns colunistas mais ou menos na moda à direita. Isso não significa que o documento não seja interessante, porque dá um retrato  das enormes dificuldades em compatibilizar a orientação ideológica da actual governação e o "gene" fundacional do partido, o que leva por reacção alguns textos a serem ultra-"sociais democratas", mas apenas no carácter retórico e e com efeito proclamativo, sem substância. Na sua apresentação, tanto quanto pude ver  pela comunicação social, Passos Coelho ainda contribuiu mais para a confusão misturando aquilo que na tradição social-democrata é a separação entre o "programa máximo" (na verdade, o programa do partido) e o "programa mínimo" (o programa eleitoral e certos aspectos dos programas de governo). Chegou ao ponto de incorporar o programa da troika como tendo a mesma identidade do "programa mínimo" (não lhe chamou assim, mas é o que é)  do PSD, algo que significa que, pelos vistos, este livro não leu.

NOTA: Uma nota sobre Mounier (em complemento ao que escreveu hoje Vasco Pulido Valente no Público):

Não se percebe que Mounier seja citado sozinho como o ideólogo fundacional do PSD, quando, por si só, a contribuição do seu personalismo caracteriza mais o CDS do que o PSD. Aliás, tem a dúbia honra de ser o único autor citado nessa categoria, o que tem o efeito perverso de reduzir o "pacote" ideológico de que ele faz parte, por exemplo, em Sá Carneiro. O contributo de Sá Carneiro é mais correctamente identificável como tendo a ver com a doutrina social da Igreja, muito presente na génese do PSD como contraponto á visão marxista da exploração e da luta de classes. Sá Carneiro e os fundadores do PSD  deram ao "trabalho" e ao seu valor e dignidade um papel muito mais importante no partido do que se imagina, hoje substituído pelos empresários e pelas empresas como sendo o centro da "economia".

(Continua.)


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AQUI...









... também não se aplica a neo-ortografia que abastarda de forma completa a língua portuguesa, em nome da ingerência do estado onde não deve, para fins ignorantes, inúteis e absurdos.

*
Também sou contra o Acordo Ortográfico e lastimo nada ter feito contra ele antes de entrar em vigor. Imagino que o seu texto tenha origem na decisão do Vasco Graça Moura relativa ao (não) uso do Acordo no Centro Cultural de Belém. Acontece que não acho bem esta atitude. O cidadão Vasco Graça Moura está no seu direito de não usar o Acordo Ortográfico nos seus textos, para além de se ter batido, e bem, para que este não fosse levado à prática. Mas não devemos confundir as pessoas com as instituições e o CCB não pode unilateralmente ficar de fora do uso do Acordo.

(José Carlos Santos)

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MUNDO DOS LIVROS



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EARLY MORNING BLOGS  
2156 - A Book

There is no frigate like a book
To take us lands away,
Nor any coursers like a page
Of prancing poetry.
This traverse may the poorest take
Without oppress of toll;
How frugal is the chariot
That bears a human soul! 
 
(Emily Dickinson)

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3.2.12


COISAS DA SÁBADO: UM ACORDO INÚTIL E PERIGOSO 
 
Portugal prepara-se para assinar um acordo internacional, o chamado “Pacto orçamental” que não pode em nenhuma circunstância cumprir: obriga-se a não ultrapassar um défice estrutural de 0,5 por cento e a ter uma dívida pública abaixo dos 60 por cento do Produto Interno Bruto (PIB). O resto são sanções pesadas para os incumpridores, para as quais, no meio da nossa miséria, mais vale já prepararmo-nos. Porque o que assinamos, repito, é impossível de cumprir, a não ser deixando o país completamente exangue, muito mais do que já está.

Tendo em conta aquilo que são os números do défice actual, já ameaçados pela má execução orçamental e dependentes de medidas extraordinárias como a incorporação dos fundos de pensões da banca, irrepetível por natureza, assim como pela dimensão da dívida que é impossível podermos reduzir para pouco menos de metade. Todos sabem disso, Primeiro-ministro, Ministro das Finanças, governo, Presidente, etc. Para que é que assinamos um acordo que não podemos cumprir, como Alberto João Jardim ao menos teve a clareza de o dizer? Para ganhar tempo? Para quê se esse tempo não pode ser usado para nos proteger do pior que aí vem, bem pelo contrário. Por que não podemos dizer que não a Merkel e a Sarkozy? Talvez. 

Seja como for, um pouco de lucidez deveria levar a perceber que este acordo que vamos assinar, sem debate público e como condenados no pelourinho, é o mecanismo ideal para afastar Portugal e Grécia do euro e da Europa, com o resto da Europa a lavar as mãos. Então eles não assinaram? O que é que esperam se não cumprirem? Daqui a algum tempo falamos de novo, quando toda a gente estiver a por as mãos na cabeça porque o défice e divida estão longe dos valores que “pactuamos”. 

Então é que vai ser um bom sarilho.

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ESPÍRITO DO TEMPO:  HOJE

Passagem do tempo por um banco do jardim de S. Amaro. (RM)

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EARLY MORNING BLOGS  
2155

« Le public, le public !... Combien faut-il de sots pour faire un public ? »

(Chamfort)

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1.2.12


NOTAS DE INTENDÊNCIA


Por aí abaixo foram colocados vários comentários dos leitores do Abrupto a notas do blogue. Agradeço a atenção, e peço desculpa pelo tempo que muitas vezes demora a sua publicação.

Sobre o correio vou, infelizmente, repetir pela enésima vez que o seu atraso é irremediável...

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REFERENDO SIM!

ASSINAR A SUA PRÓPRIA SENTENÇA DE MORTE EUROPEIA 


O chamado "pacto orçamental", que tão diligentemente assinamos de cruz, é impossível de cumprir e como tal não tem como objectivo ser cumprido por países como Portugal. O seu objectivo é o de dar um enquadramento legal europeu ao afastamento da zona euro e da UE de países como a Grécia e Portugal. Por isso, o que assinamos foi a nossa própria sentença de morte europeia. Registem, para depois se lembrarem.

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ESPÍRITO DO TEMPO: ONTEM E HOJE


Passagem do tempo por um banco do jardim de S. Amaro. (RM)

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EARLY MORNING BLOGS  
2154 - My First Memory

This is my first memory:
A big room with heavy wooden tables that sat on a creaky
       wood floor
A line of green shades—bankers’ lights—down the center
Heavy oak chairs that were too low or maybe I was simply
       too short
              For me to sit in and read
So my first book was always big

In the foyer up four steps a semi-circle desk presided
To the left side the card catalogue
On the right newspapers draped over what looked like
       a quilt rack
Magazines face out from the wall

The welcoming smile of my librarian
The anticipation in my heart
All those books—another world—just waiting
At my fingertips.

(Nikki Giovanni)

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31.1.12


PERGUNTAS QUE NÃO LEVAM A PARTE NENHUMA


 

 

 

 

 

  

 

3. POR QUE RAZÃO FALHARAM AS ÚLTIMAS MANIFESTAÇÕES DOS "INDIGNADOS"?

A comunicação social tem estado relativamente silenciosa sobre o estrondoso falhanço das últimas manifestações "indignadas", como se não houvesse nada a perguntar, nem nada a analisar. O mesmo se diga da patética manifestação contra Cavaco Silva, que nem sequer 200 pessoas reuniu, apesar de ter sido abundantemente anunciada na comunicação social, incluindo a televisiva. Ora tenho para mim que qualquer manifestação hoje que mereça a simpatia benevolente da comunicação social (como aconteceu com os exemplos referidos) que tenha menos de alguns milhares de pessoas obriga a analisar não apenas os factores de atracção em que se baseia o apelo, mas também os factores de repulsão que afastam as pessoas.

A primeira manifestação da chamada "geração à rasca" (a designação de "indignados" era ainda muito minoritária) foi um grande sucesso. Mas é o caso típico de uma manifestação unanimista, que desde a JSD à extrema-direita, de grupos de "artistas" à extrema-esquerda, do PSD ao BE ao PCP, teve todo o mundo e ninguém a apoiar e uma comunicação social activa e ultra-simpática a divulgá-la. Só quem não era patriota é que não saía à rua. Ah! E havia um pequeno pormenor - era contra José Sócrates no clímax da sua impopularidade. Tinha que ser um sucesso e foi, mas gerou a ilusão de que poderia dar origem a um novo tipo de movimentos, o que também entusiasmou muitas redacções sempre prontas a encontrar "novos" movimentos sociais e depreciar os "antigos".

Mas o sucesso da segunda manifestação só existiu enquanto se esteve longe do folclore das "assembleias populares" em frente ao Parlamento e deveu-se ao mais antigo dos movimentos sociais, a CGTP, mais o PCP. Foi isso que encheu as avenidas e foi isso que se rarefez, quando as tropas disciplinadas dos sindicatos e do PCP se recusaram a participar nas cenas excitadas de grupos que acham que o povo são eles e que podem fazer um soviete a brincar nas escadas da Assembleia. Já aqui se percebeu que estavam em jogo factores de rejeição e que essa rejeição foi do vanguardismo mimético da cena entre o hippie e o leninista, no meio de tendas de campismo e lixo, que se pretendeu montar sob o arrogante nome de "assembleia popular".

Por isso, a terceira manifestação foi um falhanço completo. Sem a CGTP, ficou apenas o folclore, alguns genuínos indignados e uma extrema-direita que usa a mesma linguagem dos radicais indignados e por isso estava lá por direito próprio. O mesmo se pode dizer da micro-manifestação da "moedinha para o Cavaco", um ainda maior falhanço, apesar da publicidade na comunicação social, em que a todos os outros factores de rejeição se acrescenta o facto de os jornalistas gostarem muito do engraçadismo, mas a maioria das pessoas, mesmo irritadas com Cavaco Silva, não acharem bem o gozo com a figura do Presidente.

Como é que isto vai continuar? Um pequeno número de proto-leninistas e anarquistas vão tentar provocar incidentes, como se esses incidentes revelassem qualquer "luta de classes", os "artistas" vão continuar a fazer cenas de rua, e tudo isto só ultrapassará a paisagem do Camões e da Rua do Carmo, se a CGTP e o PCP quiserem. Até agora não quiseram.
  


 


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EARLY MORNING BLOGS  
2153 - Book Lover


I keep collecting books I know
I'll never, never read;
My wife and daughter tell me so,
And yet I never head.
"Please make me," says some wistful tome,
"A wee bit of yourself."
And so I take my treasure home,
And tuck it in a shelf.

And now my very shelves complain;
They jam and over-spill.
They say: "Why don't you ease our strain?"
"some day," I say, "I will."
So book by book they plead and sigh;
I pick and dip and scan;
Then put them back, distrest that I
Am such a busy man.

Now, there's my Boswell and my Sterne,
my Gibbon and Defoe;
To savour Swift I'll never learn,
Montaigne I may not know.
On Bacon I will never sup,
For Shakespeare I've no time;
Because I'm busy making up
These jingly bits of rhyme.

Chekov is caviare to me,
While Stendhal makes me snore;
Poor Proust is not my cup of tea,
And Balzac is a bore.
I have their books, I love their names,
And yet alas! they head,
With Lawrence, Joyce and Henry James,
My Roster of Unread.

I think it would be very well
If I commit a crime,
And get put in a prison cell
And not allowed to rhyme;
Yet given all these worthy books
According to my need,
I now caress with loving looks,
But never, never read. 


(Robert Service)

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PERGUNTAS QUE NÃO LEVAM A PARTE NENHUMA

2. POR QUE RAZÃO NINGUÉM FALA EM PRIVATIZAR AS RÁDIOS PÚBLICAS?

A televisão é o grande instrumento de poder na comunicação social e por isso é normal que a atenção política se centre na privatização anunciada de parte da RTP e no desenho futuro ainda por conhecer da empresa estatal. Mas surpreende-me o silêncio e ausência de discussão sobre o facto de, no universo da comunicação social pública, haver um importante sector de rádio: vários canais de rádio tradicionais, e vários na Internet. Ora todos os problemas que se colocam com os canais televisivos da RTP colocam-se com ainda mais agudeza na rádio, onde a oferta privada é mais sólida e importante e não custa nada aos contribuintes. Temos a Rádio Renascença, ou a TSF, só para ir a dois exemplos influentes de um universo de rádios privadas numeroso e activo, cobrindo todas as formas de música, clássica, ligeira, portuguesa, fado, rock, e um jornalismo de qualidade, agressivo e competitivo. 
 
O que é que justifica existir um pesado sector comunicacional de rádios públicas? A resposta é certamente a mesma que é dada para os canais televisivos da RTP: à esquerda, ideologia da superioridade do público sobre o privado; à direita, poder manter um braço armado na comunicação social que depende de escolhas políticas.

 *
A garantia de uma oferta mínima de um certo tipo de programação audiovisual dita "erudita", uso o termo por facilidade, é uma opção política. Poderemos achar que essa garantia deve existir ou não existir, mas que a escolha tem que ser feita, isso tem. Pelo menos enquanto em Portugal vigorar um sistema de mecenato do qual as pequenas iniciativas raramente beneficiam, não poderemos pensar em vir a ter a já referida oferta garantida por privados como acontece na rádio e televisão pública dos Estados Unidos da América. Pessoalmente acho que sim, que deve ser garantida essa oferta, pela mesma razão que deve apoiar, por exemplo, a ópera. É uma questão de ter ou não ter. Por mais fé que tenhamos na livre iniciativa quanto à oferta cultural, são já vários os exemplos de ofertas que, por não serem de grandes massas acabam por morrer. 
É portanto uma questão de opção política e é legítimo que defendamos uma ou outra solução. O que me parece estranho, no caso deste seu artigo, é a afirmação de que "Temos a Rádio Renascença, ou a TSF, só para ir a dois exemplos influentes de um universo de rádios privadas numeroso e activo, cobrindo todas as formas de música, clássica, ligeira, portuguesa, fado, rock, e um jornalismo de qualidade, agressivo e competitivo." Como é evidente, na lista de géneros que refere há um que não é de massas e não faria sobreviver nenhuma rádio não apoiada pelo estado. Dizer que a Renascença ou a TSF cobrem o universo da música clássica parece-me, no mínimo, um enorme exagero. É apenas um pormenor no seu texto, mas parece-me ser um pormenor muito importante na elaboração da sua argumentação.
(João Tinoco)

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30.1.12


ÍNDICE DO SITUACIONISMO (144):  
GUERRAS
A questão do situacionismo não é de conspiração, é de respiração.
E, nalguns casos, de respiração assistida.

Nas guerras da informação e da contra-informação, a regra básica é fazer parecer aquilo que não é. Há muitos especialistas nesta arte por aí empregados para a exercerem.

A notícia do Público sobre os "cavaquistas" é um típico exemplo. Primeiro, discordo em absoluto que os jornais publiquem meras opiniões políticas com base no anonimato das fontes. O anonimato só se justifica por outro tipo de razões, muito mais sérias, e não por covardia do opinador. Claro que tais comportamentos só existem porque o nosso jornalismo político os consente.  Segundo, gostaria que esses "cavaquistas", se existem,  dessem a cara para eu saber se é um ou são muitos, se merecem a designação de "cavaquistas" ou é apenas uma classificação de conveniência destinada a dar um envelope sensacionalista à notícia. Terceiro, para defesa do jornal, a classificação de "cavaquistas" é jornalisticamente inaceitável a não ser que saibamos a resposta à pergunta anterior: é um, são muitos, podem falar em nome de Cavaco, são seus próximos, etc. Quarto, a notícia seguiu com um isco, a de que se trataria de uma manobra destinada a desviar as atenções da gaffe presidencial, e houve quem mordesse o isco com todo o esplendor. Notícias com isco interpretativo, ainda por cima tão rudimentar, são para desconfiar.  

Mas é como isto está. Nas mãos de especialistas que seguem o moto salazarista de que o que parece é. Com sucesso.

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PERGUNTAS QUE NÃO LEVAM A PARTE NENHUMA


 

 

 

 

 

  1. POR QUE RAZÃO É QUE CONTINUAMOS SEM SABER SE HOUVE "DESVIO COLOSSAL" OU NÃO?

Com o início deste Governo deu-se algo de muito parecido com o início do Governo Sócrates de 2005 e muito parecido com o Governo Barroso de 2003: na retórica política encontrou-se um "facto-pretexto" destinado a justificar uma inflexão de medidas prometidas em campanha eleitoral. Barroso descreveu um país de "tanga" deixado por Guterres em que o "choque fiscal" seria impossível, embora fosse uma promessa central da campanha eleitoral. Sócrates encontrou no défice virtual convenientemente calculado pelo Banco de Portugal o modo eficaz de esquecer as suas promessas eleitorais de baixar os impostos. Passos Coelho encontrou no "défice colossal" o argumento para cortar metade do subsídio de Natal, que explicitamente jurara não fazer durante a campanha.

Compreende-se como estes argumentos são centrais nos mecanismos de legitimização política. Sem um forte motivo, não haveria maneira de manter a face perante os eleitores ainda bem lembrados por uma memória demasiado viva dos debates eleitorais. Mas eu referi tratar-se de "factos-pretexto", ou seja, tem que ter alguma factualidade. O relatório Constâncio sobre o défice veio a revelar-se muito pouco credível nos seus critérios, mas cumpriu a função legitimadora. O "desvio colossal" exerceu o mesmo papel, mas parece agora contestado por entidades independentes como "facto". Ou seja, a UTAO, muito gabada pela desmontagem que fez dos números orçamentais de Sócrates, agora vem pôr em causa a tese governamental PSD-PP. Ficamos assim sem saber ao certo o que se passou e não é de todo irrelevante tirarmos uma conclusão mais segura. O PS vai desejá-lo, porque isso o iliba, o PSD opor-se-á, porque isso o compromete. Eis uma pergunta que não terá pernas para andar, até porque muitos economistas com um papel central no discurso pró-governamental já se comprometeram com a justificação do abandono das promessas em nome do "desvio colossal".

(Versão do Público de 28 de Janeiro de 2012.)

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ESPÍRITO DO TEMPO: ONTEM E HOJE

Passagem do tempo por um banco do jardim de S. Amaro. (RM) 


Pôr do Sol na barra do Douro.(José Carlos Santos)

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SÓ PARA LEMBRAR O QUE ESCREVI HÁ VÁRIAS SEMANAS NA SÁBADO E QUE ENTRETANTO TEM VINDO A SER CONFIRMADO EM VÁRIAS NOTÍCIAS SUCESSIVAS E IGUALMENTE CONFIRMADO PELOS SEUS DESMENTIDOS QUANDO LIDOS COMO DEVEM SER


NÃO DEVIA SER SURPRESA PARA NINGUÉM, ESTÁ CÁ TUDO, MENOS AS CONSEQUÊNCIAS
*
REPRODUZIDO  "PINTADO" COM DESTAQUES E SUBLINHADOS

A explicação de que se trata de um conflito de lojas contra lojas e maçonarias contra maçonarias oculta o pano de fundo político de toda esta questão. E esse pano de fundo remete para o projecto de fusão dos dois serviços de informação, para os seus mentores “discretos”, e para o plano até agora gorado, mas que está em curso, de criar uma chefia comum do serviço unificado ligada ao actual poder político. 
O jornal i relatou em Agosto em linhas gerais o que se conhece do plano:
Jorge Silva Carvalho, o ex-director do Serviço de Informações Estratégicas de Defesa (SIED) que está no centro do furacão que atinge as secretas portuguesas, aproximou-se do PSD no Verão do ano passado quando rebentou o escândalo das escutas a Belém.(…) Jorge Silva Carvalho chegou a estar muito próximo do PS. (…) Em Novembro de 2010 Silva Carvalho bate com a porta, nas vésperas da importante cimeira da NATO em Lisboa. O gesto foi tudo menos inocente. Em trânsito na Ongoing de Nuno Vasconcellos, Jorge Silva Carvalho tinha a esperança de regressar aos serviços de informações pela porta grande. Defensor da fusão do SIED com o Serviço de Informações de Segurança (SIS), pensava que seria o eleito pelo governo de Passos Coelho para pai dessa reforma importante e ao mesmo tempo transformar-se no grande patrão das secretas portuguesas. 
O que aconteceu nos últimos dois anos ainda está longe de ser esclarecido, desde a história do e-mail roubado ao Público e que comprometeu o Presidente, o modo como a questão foi gerida com grande prejuízo para a campanha de Manuela Ferreira Leite, o aproveitamento que José Sócrates fez dos serviços e algumas iniciativas que tomou no limiar da legalidade, a actuação de personagens ligadas ao poder económico muito dependentes nos seus negócios das informações, nacionais e internacionais e, por fim, o modo como a previsível mudança de poder político começou a mover peças em serviços muito fragilizados quer pelos cortes orçamentais, quer pela ligação dos seus dirigentes ao poder político. 
Tudo isto está longe de ser esclarecido e não é matéria póstuma, está bem viva e em curso. Um efeito perverso de ter feito gorar o plano original, de que Jorge da Silva Carvalho era a peça principal, com as fugas de informação que o comprometeram, foi permitir o saneamento de todos os que se lhe opunham nos serviços, moldando assim ainda mais o terreno para um takover político. O resultado de tudo isto é a progressiva destruição dos nossos nascentes e ainda frágeis serviços de informação, ou seja, os portugueses ficam ainda mais inseguros. 
Ah! E ainda há outra coisa, mas que em Portugal ninguém liga e que não tem consequências: muitas destas coisas são pura e simplesmente ilegais.

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29.1.12


O MUNDO DOS LIVROS



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ESTA MANIPULAÇÃO JÁ TEM HISTÓRIA

O que os Anonymous fazem hoje presta-se a tudo por detrás de uma ideologia cheia dos slogans que passam hoje por ser uma forma de pensamento político. Não são verdadeiros ludditas, nem anarquistas, nem “indignados”, e o seu comportamento anti-social para nos gadgets e na tecnologia. Vivem da mitificação dos hackers, de imagens de filmes menores, e de um mundo demasiado presumido e arrogante para ser criativo, entre a extrema-esquerda e a extrema-direita. Mas vivem sobretudo da ausência de valores críticos que desmitifiquem esse mundo de fancaria tecnológica e da velha complacência com a moda da comunicação social que faz com que basta colocar a máscara do Guy Fawkes, para tudo começar a salivar de excitação revolucionária. Não há, de facto, pachorra.

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EARLY MORNING BLOGS  
2152

Pro captu lectoris libelli habent sua fata.

(Terenciano)

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© José Pacheco Pereira
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