ABRUPTO

3.2.12


COISAS DA SÁBADO: UM ACORDO INÚTIL E PERIGOSO 
 
Portugal prepara-se para assinar um acordo internacional, o chamado “Pacto orçamental” que não pode em nenhuma circunstância cumprir: obriga-se a não ultrapassar um défice estrutural de 0,5 por cento e a ter uma dívida pública abaixo dos 60 por cento do Produto Interno Bruto (PIB). O resto são sanções pesadas para os incumpridores, para as quais, no meio da nossa miséria, mais vale já prepararmo-nos. Porque o que assinamos, repito, é impossível de cumprir, a não ser deixando o país completamente exangue, muito mais do que já está.

Tendo em conta aquilo que são os números do défice actual, já ameaçados pela má execução orçamental e dependentes de medidas extraordinárias como a incorporação dos fundos de pensões da banca, irrepetível por natureza, assim como pela dimensão da dívida que é impossível podermos reduzir para pouco menos de metade. Todos sabem disso, Primeiro-ministro, Ministro das Finanças, governo, Presidente, etc. Para que é que assinamos um acordo que não podemos cumprir, como Alberto João Jardim ao menos teve a clareza de o dizer? Para ganhar tempo? Para quê se esse tempo não pode ser usado para nos proteger do pior que aí vem, bem pelo contrário. Por que não podemos dizer que não a Merkel e a Sarkozy? Talvez. 

Seja como for, um pouco de lucidez deveria levar a perceber que este acordo que vamos assinar, sem debate público e como condenados no pelourinho, é o mecanismo ideal para afastar Portugal e Grécia do euro e da Europa, com o resto da Europa a lavar as mãos. Então eles não assinaram? O que é que esperam se não cumprirem? Daqui a algum tempo falamos de novo, quando toda a gente estiver a por as mãos na cabeça porque o défice e divida estão longe dos valores que “pactuamos”. 

Então é que vai ser um bom sarilho.

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© José Pacheco Pereira
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