ABRUPTO

8.10.05


TAMBÉM EU ME LEMBRO

da "casa de Anselmo Braancamp" e de todos que a habitavam. Soma mais uma sombra a essa memória, ou, se calhar, uma luz.

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COISAS SIMPLES


William Eggleston, Untitled (Greenwood, Mississippi)

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EARLY MORNING BLOGS 618

Tattoo


The light is like a spider.
It crawls over the water.
It crawls over the edges of the snow.
It crawls under your eyelids
And spreads its webs there—
Its two webs.

The webs of your eyes
Are fastened
To the flesh and bones of you
As to rafters or grass.

There are filaments of your eyes
On the surface of the water
And in the edges of the snow.


(Wallace Stevens)

*

Bom dia!

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7.10.05


SOBRE AS MICRO-CAUSAS NOS BLOGUES



Há uma coisa que a comunicação social fora da rede ainda não percebeu, ou não quer perceber. É que não vale a pena fazer de conta que certas questões levantadas pelos blogues, quando são sensatas, favorecem o espaço público, e implicam uma exigência legítima de esclarecimento, desaparecem por si. É completamente contraproducente, e só amplia o significado da causa, por micro que seja, ignorá-las.

Podem dizer que só uma pequena minoria das pessoas que lê jornais, lê os blogues. É verdade. Mas as pessoas que os lêem estão no centro da opinião que conta e são multiplicadores naturais. Uma micro-causa com sentido funciona como um vírus, e, ou há remédio e o vírus morre, ou a infecção gera um novo estado de coisas, um novo pool genético, por eliminação. A comunicação social tradicional já não controla sozinha o debate público, cada vez mais é a simbiose entre os diferentes modos de comunicar (incluindo os blogues, mas não só) que conta. Viu-se com a OTA (e se calhar ainda se vai ver mais se o governo não cumprir a promessa, ou a montanha parir o "ridículo ratinho" da fábula) e vê-se com a exigência de esclarecimento ao Público.

Meus caros jornalistas, sejam bem-vindos ao admirável mundo novo do alargamento do espaço público. Apesar de todos os seus defeitos, os políticos já lá estavam. Contra a sua vontade, mas é assim que as coisas mudam. Para todos.

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INTENDÊNCIA

Actualização das bibliografias dos ESTUDOS SOBRE O COMUNISMO.

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OS NOVOS DESCOBRIMENTOS:
CONVERSA DE PROMETEU COM OS ANÉIS



Prometeu, passando pelos anéis, deixando marcas.
Os anéis dizem: tu rasgas-nos de todas as vezes que passas.
Prometeu responde: só se for com as minhas correntes, porque estou preso à vossa poeira.
Os anéis: nós mudamos, todas as vezes que passas por nós.
Prometeu: e eu não fico na mesma.
Saturno: o Tempo, meu pai, o dirá.
Dirá?

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O POPULISMO JUSTICIALISTA



Passou em Portugal do PRD, para Manuel Sérgio, deste para Paulo Portas, e veio desaguar em Louçã. Nenhuma campanha foi mais claramente populista e justicialista do que a de Louça no BE nestas eleições. As suas intervenções são tão parecidas com as do Portas pré-Moderna, que, se fossem sobrepostas, o “som” era o mesmo. Portas (antes) e Louçã (agora) sabem que o papel que representam rende votos, e é por isso que estes dois partidários do cinismo em política o usam. Ao lado deles, Santana Lopes era um populista muito mais saudável, porque se sabia pecador e não era tão cínico. Portas e Louçã sabem também que poucas coisas bloqueiam mais a mudança e a saída de Portugal do seu atraso, do que este discurso. Por isso, a campanha do BE, personalizada em Louçã, deveria ter provocado a maior das urticárias se houvesse uma esquerda ideologicamente sólida em Portugal. Como não há, continua tudo alegre e contente.

Há, ainda há outra coisa que deveriam saber, mas como são arrogantes, fazem de conta que não é com eles. É que este populismo justicialista cai sempre em cima da cabeça dos seus autores.

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COISAS SIMPLES


Sylvie Fleury, Naughty but nice

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EARLY MORNING BLOGS 617

El Hombre


It’s a strange courage
you give me ancient star:

Shine alone in the sunrise
toward which you lend no part!


(William Carlos Williams)

*

Bom dia!

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6.10.05


COISAS DA SÁBADO:
TEXTOS ESQUECIDOS



Temos pouca memória e, com o tempo, perdemos ainda mais esse escasso fio que nos une ao passado. Periféricos de quase toda a história do século XX, escasseiam entre nós os testemunhos portugueses dos grandes acontecimentos mundiais. Mas, quando se é bibliófilo encontram-se preciosidades, dezenas, se não centenas, de livros ignorados, que, pelo menos em textos escolhidos e em antologias, mereciam ser salvos do esquecimento.
É o caso destas memórias alemãs do Visconde do Porto da Cruz, um adepto do Nacional-Socialismo, palestrante aos microfones da Rádio Berlim, admirador do povo alemão, anti-semita, que assistiu em Berlim e em Munique aos últimos dias do Reich e aos primeiros meses de ocupação, e nos dá um testemunho em que se misturam recordações pessoais, boatos, opiniões, anedotas e incidentes.

O Visconde publicou o seu livro logo a seguir, em 1946, com elogios à heroicidade de Goebbels, manifestada entre outras coisas no seu suicídio e da mulher, matando os cinco filhos, na Chancelaria, na solução soft do “problema judeu” com o envio dos judeus para Madagáscar, a "limpeza" de Berlim dos comunistas feita por Goebbels e a reconstituição do PC Alemão com antigos nacionais-socialistas. O Visconde também relata alguns episódios retratando as vicissitudes de um não-ariano, um português, na Alemanha nazi dos últimos dias.

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MUITO, MUITO PREOCUPANTE 2



A inversão do ónus da prova conduziria, num país como Portugal onde a administração pública, incluindo a máquina fiscal e as polícias, estão muito politizadas, à discricionariedade dessa exigência de prova, tornando-a numa arma política que nenhum governo deixaria de usar. Basta só parar para pensar no que já acontece, para se poder antever com elevado grau de certeza a poderosa arma que vai ser colocada ao serviço do abuso dos governos. É muito, muito preocupante.

*

As vezes penso que JPP exagera nas suas preocupações regulares sobre os danos que o Estado e a organização da sociedade moderna causam na privacidade.Esta proposta do Presidente da República, se transformada em lei, seria trágica. Não é só por poder ser usada como instrumento político. É que nós não temos um sistema judicial que, em tempo útil, elimine as injustiças e determine a indemnização dos danos. Eu aceito o Estado fiscal, o Estado em que a igualdade fiscal é um dogma infrangível, em que há fiscalização e penas pesadas para os que não cumprem, atentando assim contra a igualdade e a subsistência do próprio Estado social. Mas aceito-o apenas porque tenho bons e eficazes instrumentos para me defender. Num País onde a pendência média das impugnações e execuções é de 7 a 10 anos, onde a Administração demora mais de dois anos em média a responder às reclamações dos contribuintes, a sugestão do PR só criaria arbítrio e prejuízo para os mais fracos.

Será preferível, então, assumir que a tributação é sobre o acréscimo patrimonial anual, e não sobre o rendimento. As pessoas passariam a declarar anualmente a diferença entre o valor do seu património no início e no fim de cada ano. Não há nada pior do que discursos em efemérides e medidas avulsas!

(António Lobo Xavier)
*
Em conversa com colegas de trabalho, a resposta que me deram quando disse não concordar com a inversão do onus da prova foi: "Quem não deve não teme!!!"
Como explicar que a liberdade pessoal , o direito à privacidade (incluindo a fiscal), a presunção de inocencia são principios fundamentais do estado de direito? Eu apresento contas em sede de IRS. Daí em diante exigo ser tratado como pessoa de bem!

(Alberto Mendes)
*
Concordo com a exposição feita no Abrupto relativamente à inversão do ónus da prova sugerida pelo Presidente da República, mas não foi esta a única fonte de preocupação que encontrei. A forma redutora como são encarados os direitos de cidadania, a relação entre cidadãos e Estado e o próprio papel dos partidos políticos, aparentemente é aceite como uma inevitabilidade, uma espécie de destino fatal que ocasionalmente se recorda sem nunca contrariar.

Assim, o Estado vê os cidadãos não como aqueles a quem é suposto servir, mas como mero suporte financeiro de decisões muitas vezes erradas e de um despesismo incontrolado, enquanto rejeita de foam implícita ou explícita a colaboração daqueles que ainda pensam ter um contributo a dar. Quando o PR alega que existe falta de empenho cívico dos cidadãos, ai ignorar o autismo do Estado, reforça a posição de tantos governantes para quem a culpa do estado da Nação é sempre dos mesmos.

(Nuno Miguel Cabeçadas)

*
A medida de combate à corrupção e fraude fiscal proposta pelo Presidente, precisamente no dia 5 de Outubro, é a ginja em cima do bolo passado de prazo que foi todo o seu segundo mandato. Ninguém o diz, mas a crise do sistema democrático de que todos se queixam, passa também pelo exercício do seu "magistério de influência", em especial nos últimos 5 anos, onde desde falar por recados nos jornais até dissolver parlamentos em câmara lenta para que aprovasssem orçamentos "falsos", tudo valeu, sem que, de tal, resultasse qualquer mácula no prestígio presidencial.

De um homem que defendeu presos políticos nos tribunais plenários do Estado Novo, a inversão do ónus da prova, num país de gente invejosa, tomado, segundo o próprio, pela corrupção, era a última coisa que se deveria esperar. Gostaria de ter ouvido o Presidente Jorge Sampaio falar sobre como dotar a Polícia Judiciária e o Ministério Público dos meios necessários à realização das suas missões, no fundo, sobre o que deve o Estado fazer para que efectivamente se aplique a justiça em nome do Povo. Ao invés, fomos todos nós declarados culpados até prova em contrário.

O Governo da República deveria ter-se distanciado de tal proposta no minuto seguinte. Pelo contrário, se não me engano, o ministro de justiça já veio declarar que alterações legislativas nessa área serão oportunamente apresentadas, no âmbito de mais uma reforma, não sei muito bem qual. Nem me lembro de tal coisa ter sido proposta no programa eleitoral da actual maioria ou no programa do governo. Vou ter de o ler novamente, se calhar com mais atenção. Mas parece-me previsivel o que aí vem. (...)

(Mário Almeida)
*
Cumpre à Administração, que representa o Estado. nas suas diferentes vertentes, no que diz respeito a eventuais anomalias no comportamento do cidadão, detectar, analisar e actuar, propondo correcções às anomalias detectadas do cidadão perante o Estado e, sempre bem fundamentadas.

Tudo aquilo que signifique a transferência dessa responsabilidade para o cidadão comum, demonstra, apenas, incapacidade de exercer a função que lhe foi conferida pelo Estado. Fiscalizar é sempre uma função inalienável de quem tem o dever de fazer cumprir a normalidade; delegar essa função no cidadão comum é inaceitável. Os órgãos dum Estado que se demitam de fazer cumprir a normalidade, tornam fraco o próprio Estado.

E, fazer cumprir é explicitamente verificar se o foi; não esperar que outros sugiram que o não foi. Além disso, parece-me, o ónus da prova é sempre de quem acusa e, não de quem é acusado.

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INTENDÊNCIA

Actualizadaa as notas MUITO, MUITO PREOCUPANTE e O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES: VENTO, VENTO, VENTO.

*

Sobre a mesma matéria reproduzo uma nota que escrevi há semanas na Sábado:

A MELHOR MANEIRA DE FAZER PASSAR MEDIDAS INTRUSIVAS DA NOSSA PRIVACIDADE

A melhor maneira de fazer passar medidas intrusivas da nossa privacidade ou mesmo dos nossos direitos é nunca as associar à luta antiterrorista. Se tal for feito é certo e sabido que há um verdadeiro levantamento cívico explicando-nos que ao tomá-las estamos a deixar os terroristas ganhar a guerra. Não. A melhor maneira é outra, é associá-las à maior eficácia do estado, a uma “racionalização” qualquer do funcionamento da burocracia, como seja este chip que é suposto terem os automóveis, ou o cartão único, que serve de Bilhete de identidade, número de contribuinte, e da segurança social, etc.

Mas há uma maneira ainda mais perfeita, absolutamente perfeita de fazer passar medidas mesmo no limite dos nossos direitos, com o aplauso de toda a esquerda tradicional e radical, que ai aceita tudo, toda a espionagem da vida privada: é associar essas medidas ao fisco, com o pretexto do combate à fraude fiscal. Aí aceita-se tudo. Um governo que queira tomar algumas medidas de vigilância sobre os seus cidadãos, por boas ou más razões, tem aí a receita milagrosa - apresenta-as como medidas de combate à fraude fiscal. Serão aplaudidas. Ninguém terá a coragem de gritar pelos seus direitos ofendidos, sem ser linchado como um enganador do fisco.

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COISAS SIMPLES


Norman Rockwell, The Right to Know

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EARLY MORNING BLOGS 616

Os paraísos artificiais


Na minha terra, não há terra, há ruas;
mesmo as colinas são de prédios altos
com renda muito mais alta.

Na minha terra, não há árvores nem flores.
As flores, tão escassas, dos jardins mudam ao mês,
e a Câmara tem máquinas especialíssimas para desenraizar as árvores.

O cântico das aves — não há cânticos,
mas só canários de 3º andar e papagaios de 5º.
E a música do vento é frio nos pardieiros.

Na minha terra, porém, não há pardieiros,
que são todos na Pérsia ou na China,
ou em países inefáveis.

A minha terra não é inefável.
A vida na minha terra é que é inefável.
Inefável é o que não pode ser dito.


(Jorge de Sena)

*

Bom dia!

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MUITO, MUITO PREOCUPANTE



é a erosão de direitos fundamentais que se está a dar a pretexto da luta contra a corrupção e a evasão fiscal, contida em propostas como a que o Presidente da República fez hoje sobre a inversão do ónus da prova. Empurrado pelo populismo, pela visão jacobina e socializante, procura-se, com a diminuição de direitos fundamentais, esconder a incapacidade de ter um sistema eficaz de combate à criminalidade e à evasão fiscal. Muito, muito preocupante.

PS. - Passou também sem grande polémica a possibilidade da polícia de trânsito utilizar as câmaras da Brisa para vigiar os automobilistas...

*
(...) no Canadá não foi permitido ao governo colocar câmaras nas auto estradas.

(Liberal Correia)
*
José Pacheco Pereira tem sido dos poucos que tem alertado para vaga de intromissões do Estado na vida privada baseadas nos argumentos da "segurança rodoviária", do "crime económico e da corrupção" e sobretudo do "combate à evasão fiscal".
É muito perigoso aquilo que tem vindo a acontecer. Propostas como a inversão do ónus da prova, a utilização de câmaras como polícias nas auto-estradas, tornar a declaração de rendimentos pública, são ideias que se podem revelar muito perversas.
Na análise destas questões não podemos ter uma análise utilitária, calculando a liberdade perdida face à segurança/igualdade/justiça adquiridas. Uma análise deste género admitiria qualquer resultado, e é aquela que fazem os regimes securitários e totalitários.

Qualquer uma destas propostas (algumas já foram aprovadas e outras estão já em vigor) revestem-se de uma absoluta excepcionalidade num Estado de Direito democrático e liberal. Ora aquilo a que assistimos é à banalização do controlo, justificado pelos desígnios mais variados. A justeza e pertinência destes desígnios não nos devem afectar perante a perda de liberdade. Foi sempre assim que ela foi perdida. Viver em democracia e em liberdade implica certos custos para a nossa segurança e condição. Ao inserir estes custos numa equação utilitária, o resultado só pode ser o de admitir mais uma restrição, mais uma limitação, mais um controlo. Tudo à custa de mais um atropelo aos princípios fundamentais do Estado liberal, que existem exactamente para não serem inseridos em equações de segurança e justiça.

Talvez o mais preocupante nesta questão seja a falta de veemência com que defendemos a nossa liberdade, dado o preconceito existente na sociedade por aqueles que parecem recusar aqueles objectivos de igualdade, justiça e segurança. Dentadinha a dentadinha o Estado vai roendo a nossa liberdade e quando nos cercar, aí por fim, será perguntada e pergunta eterna da História: "como foi que chegámos aqui"? A liberdade também existe nas coisas pequenas e triviais. E nos últimos tempos já não falamos de coisas triviais

(João Lopes)

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5.10.05


EFEITOS DO ECLIPSE: MIL LUAS, SÓ UM SOL


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O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES:
VENTO, VENTO, VENTO





De salientar em primeiro lugar que em Portugal os "parques eólicos" não são parques, no sentido que se dá à expressão noutros países europeus. São moinhos mais ou menos isolados, espalhados pela paisagem, inevitavelmente nos pontos mais altos e mais visíveis, pois são os lugares com mais vento. Se as verdadeiras florestas de moinhos que se vêem noutros países são mais ou menos feias do que estes nossos moinhos, não sei dizer.

Devo confessar que eu gosto dos moinhos, sejam eles antigos ou modernos. Se há quinhentos ou seiscentos anos existissem blogs, provavelmente alguém teria protestado contra o elevado número de moinhos de vento na peninsula ibérica, e (se os protestos tivessem êxito) o heroi de Cervantes teria que arranjar outros inimigos. Acho que daqui a cem ou duzentos anos estas "eólicas" serão consideradas muito románticas, e (quem sabe?) alguém entre nós já está a escrever um romance em que as "eólicas" têm um papel fulcral ... Não lhe apaguem o assunto da paisagem, por favor !

(Cristian Barbarosie)

*

Num dos seus últimos blogues (já anteriormente se tinha referido ao assunto), lamenta a poluição paisagística provocada pela instalação dos geradores eólicos. Referiu, a propósito, o gerador colocado ao lado dos "cornos do Barroso". A localização do gerador também me chocou pois, embora lisboeta, desde adolescente que conheço (e percorri a pé) algumas das aldeias do Barroso, pelo que fiquei sentimentalmente ligado àquela região e a Trás-os-Montes em geral.

Porém, não me parece exacto que não haja ambientalistas a protestar contra a desfiguração da paisagem pelas centrais eólicas. Já li prorestos desses (não ultimamente, embora) e em que se referiam à perturbação causada pelo ruido e ao morticínio das aves apanhadas pelas pás. Bom, se estivermos dentro de um automóvel com os vidros fechados, não se houve nada. Além disso, ninguém vive no alto dos montes para que possa ouvir o o ruido. E que dizer das instalações sonoras que têm sido instaladas em quase todas as igrejas das nossas aldeias (não são os sinos!) e que em altos gritos espalham ruido por montes e vales? Quanto à morte das avezinhas, seria de esperar montes de cadáveres e de penas de aves por baixo dos geradores. Nem vê-los.

Poderá pensar que sou um incondicional defensor do eólico. Não sou (no presente enquadramento económico). O que se passa é que o preço pelo qual é vendida a energia eléctrica produzida é fixado administrativamente (por decreto) e não decorrente dos jogos de mercado, em competição com outras formas de produção. Dado que o preço fixado é altamente vantajoso, toda a gente quer instalar eólicas, mesmo em zonas em que a produtibilidade não é grande coisa. Este negócio chorudo e sem riscos também interessa às autarquias que cobram uma percentagem.

Mas a história não fica por aqui. Quando não há vento, as eólicas não produzem nada, e com vento fraco produzem bastante abaixo da sua potência nominal. O que significa que terá que haver outras centrais eléctricas que produzam o que as eólicas não conseguem produzir por não haver vento. Essas outras centrais, se forem térmicas, terão que estar sempre "quentes" para que possam arrancar suficientemente depressa e compensar o abaixamento de potência das eólicas, o que significa consumo de combustíveis (e respectivos custos e poluição). As centrais de compensação adequadas são as hídricas de albufeira cuja tomada de carga é rápida e não consomem combustíveis. Mas, quer umas quer outras, exigem investimentos, que são são justificáveis de per si mas como necessidade da instalação das eólicas. Logicamente, esses custos de investimento adicionais deverão ser tidos em conta quando se fala da energia eólica. Tudo isto significa que a economia da produção de energia eléctrica tem que ser analisada tendo em conta o conjunto de todas as centrais produtoras e não cada uma isoladamente. A satisfação do consumo de energia também é uma responsabilidade global.

Quanto à defesa do ambiente (e, sobretudo, à redução da nossa dependência energética) é obviamente útil aproveitar todas as fontes de energia nacionais e, particularmente, as renováveis e não poluentes. Mas, e aqui vêm os ambientalistas, continuam estes a protestar energicamente contra as centrais de albufeira (Foz Côa, Baixo Sabor, etc), como se não se tratasse de uma energia não poluente e renovável.
Os efeitos para a paisagem serão sempre de contrapor ao efeito que a queima de combustíveis produz. Se a produção de CO2 agravar significativamente o aquecimento da Terra, aquilo que não se perder por não se construirem centrais hídricas ou eólicas, acabará por se perder devido à seca. Mas não se use o argumento ambiental para justificar negociatas.

(António Tavares Pires)

*

Como refere e bem no seu “post” os parques eólicos proliferam hoje como cogumelos em Portugal, aparecendo em todos os cabeços de todas as serras. Esta é uma realidade que não acontece pela bondade ecológica dos investidores, mas única e exclusivamente pelas contrapartidas financeiras existentes para todos os intervenientes: para as empresas que para além de beneficiarem de apoios à construção das infra-estruturas, recebem também um subsídio pela produção da “energia verde”; para os proprietários dos terrenos, quer sejam eles privados quer sejam comissões de baldios, que assim recebem uma renda, muitas vezes elevada pelo arrendamento de terrenos que de outra forma não gerariam qualquer valia; para as autarquias que muitas vezes entram no negócio integrando as sociedades de exploração criadas.

Em territórios deprimidos, carenciados, esta nova realidade é uma espécie de “el dorado”, uma fonte de riqueza que ninguém negligencia ou desperdiça. As alterações profundas que estas infra-estruturas geram na paisagem (e não são só os aero-geradores, são também os acessos que são rasgados e as linhas de transporte de energia que são construídas), não são tidas em conta nem por decisores, nem pelas populações. São até muitas vezes aplaudidas! A paisagem não é por enquanto (e não sei se algum dia o será) um recurso a preservar. É um bem intangível, analisável subjectivamente, que no nosso país ainda não é valorizado nem intrínseca nem extrinsecamente.

Se perguntar a qualquer autarca do interior do país quais são as áreas de negócio que ele entende serem as alavancas para o desenvolvimento do seu concelho, terá respostas diversas, mas com toda a certeza o “turismo” será uma delas. Esquecem-se contudo que o turismo também se desenvolve em torno do “produto paisagem”, e não apenas em torno da gastronomia, do património construído, etc. Mas se a esse mesmo autarca for proposta a construção dum parque eólico, não haverá hesitações, será aprovada, com o aplauso dos seus munícipes. Incongruência de um país que apesar de tudo o que se diz e faz tem recursos para competir internacionalmente com outros países, por exemplo no sector turístico, mas que não tem depois os habitantes que o permitam.

(António de Campos)

*

Embora concorde que a instalação dos equipamentos de captação de energia eólica deveria ser objecto de estudos de impacte ambiental e de projectos paisagísticos, à imagem do que já vi acontecer noutros locais, através da promoção de concursos de arquitectura paisagista, por exemplo, sei também que o mundo real, em especial o português, está muito longe da perfeição e que, provavelmente, se houvesse lugar a esses estudos e projectos (que, mais uma vez, defendo) eles seriam sempre "adaptados" às conveniências do "lobby" em questão e serviriam apenas para mais alguns "próximos" do "lobby" ou, pior, dos "próximos" dos "poderes instalados", beneficiarem com o "negócio". Portanto, entre as opções "mal e depressa" e "um dia, quem sabe..." (depois de estudos e contra-estudos e de concursos e concursos contestados e impugnados), talvez a primeira opção seja a mais válida, infelizmente.

Já para não questionar a adopção de políticas que favorecem a solução eólica em detrimento da solar, num país quase sem vento (quando comparado com o resto da Europa) mas, em compensação, com muitas mais horas de sol por ano (quando comparado com o resto da Europa).
Como disse uma antigo Ministro da Energia, do tempo de Cavaco, às pessoas ligadas aos sistemas solares: "Meus amigos, organizem-se!".

Isto sim, é poluição visual. E dinheiro deitado à rua. O nosso dinheiro.

PC

*

Ouvi recentemente dizer ao administrador de uma das empresas que produzem energia eólica o seguinte: "alinhados, os aerogeradores que ainda falta construir em Portugal, seriam uma linha com 600km de comprimento".

Em Janeiro vai a concurso o triplicar da situação actual (da potência actual ainda não se construiram todos os parques), imagine-se então que cumeadas de serra com altitude acima de 700m ficarão livres. Uma preocupação: porque não desenhou o Administração Pública o mapa da localização dos parques eólicos? Não seria sua competência fazê-lo? Ministérios do Ambiente reaccionários (de só agirem em reacção aos problemas) são muito ineficazes e não nos evitam algumas asneiras. As condicionantes à localização até são simples: disponibilidade de pontos de entrega da electricidade na rede, vento, inexistência de outras condicionantes do ordenamento do território...

Uma curiosidade (que julgo não ser falsa e, se bem me lembro, é dita nos Guias de Portugal do Raul Proença): A Região do Oeste apresenta a maior densidade de moinhos da Europa (do Mundo?). Quem conhece a estrada de Madrid a Saragoça sabe que, aí, o recorde do Oeste foi amplamente batido...

As tecnologias da EE eram há pouco tempo muito mais impactantes na paisagem, hoje faz-se mais electricidade/moinho, e, dentro de 30 anos, parece que os moinhos serão removidos. Trata-se de uma solução de recurso para as nossas necessidades energéticas.

Interessou-me a ideia (ouvi-a também aquele administrador) de ser possível construir um megaMEGA parque eólico no Mar do Norte, uma espécie de seara de moinhos, com o objectivo de dotar toda a Europa de energia eléctrica...Não se justificará o medo de ver a Terra sair de órbita por força de tanta hélice a rodar.

(A. Carvalho)

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4.10.05


NOTAS TRANSMONTANAS:
A CAMINHO DO "CALIPSO"


1.

A caminho do “calipso”, como ouvi chamar ao eclipse. “Vai ver o calipso?” Vou, vou.

2.

Fique já esclarecido que nada me move contra as energias renováveis, cujos méritos são imensos. Compreendo que algum sacrifício se paga sempre, e que não há, também aqui, almoços grátis. Mas basta andar pelo país para se perceber que estamos no limiar de o estragar ainda mais do que já está. Muito mais, mesmo muito mais, enchendo-o de eólicas, por todo o lado. Se as que já estão colocadas são, como se sabe, uma ínfima parte das que se prevêem, vamos ter um problema sério. Surpreendentemente, ou talvez não, pouco se lê sobre isto nos jornais e quase nada se ouve dos nossos ecologistas quanto a mais este sinal de desorganização da nossa paisagem. O Marão está cheio delas, e a vista límpida das serras transmontanas acabou já como paisagem natural.

3.

Era mesmo preciso colocar uma solitária eólica em cima de um dos Cornos do Barroso, um dos lugares simbólicos da serra, visível a muitos quilómetros de distância? Era mesmo necessário colocar uma ventoinha num dos Cornos, tornando tudo aquilo ridículo de se ver, como se alguém enfiasse um boné daqueles com uma vira-vento em cima na montanha? Ao menos coloquem já uma outra ventoinha no outro Corno para ficar completamente ridículo e a gente se esquecer de vez do Barroso, dos seus bois, da sua cultura pastoril, do seu relevo ondulado e manso…

4.

Incêndios, incêndios por todo o lado.

5.

Rotundas, rotundas, rotundas, por todo o lado. Em Chaves, vi uma no meio duma rua que não tinha nenhum cruzamento. A meio, de repente, uma rotunda que não distribui trânsito nenhum, para quê? Todas com estátuas, emigrantes, burros, camponeses, blocos de ferro a saírem de correntes, uma torneira, antas, monólitos diversos, monumentos grandiosos ao desperdício. Em meia dúzia de pequenas cidades, devemos ter mais estatuária urbana do que em Berlim. Muitas destas terras não têm saneamento básico.

(Continua)

*
O que vamos fazer ao país com os parques eólicos é o mesmo que fizemos com o turismo no Algarve e com a floresta no centro e norte do país: a utilização dos recursos naturais do país sem regras nem critérios para além da habitual cegueira do dinheiro fácil. Depois, daqui a 20 ou 30 anos, há-de haver os mesmos debates e indignações a que agora nos dedicamos afincadamente a pretexto dos erros que cometemos nos últimos 20 ou 30 anos.

Já vários bloggers se referiram a este problema (eu, há quase um ano e a propósito de mais um momento ridículo da política nacional, em A Natureza do Mal há algum tempo, bem como noutros que a minha memória perdeu); obviamente, agora que o tema foi trazido à tona no Abrupto, ganhará uma visibilidade que os grupos ambientalistas (estranhamente?) nunca procuraram para este problema, mas temo que seja tarde demais. Aliás, creio que em qualquer altura teria sido tarde demais. Lembro-me de há 20 anos se dizer dos eucaliptos o que o Diabo não disse da cruz e nem por isso o descalabro anunciado continuou -- e continua, mesmo depois dos últimos verões -- a ser preparado.

(Eduardo Basto)
*
Sabe o que me aborrece mais nas rotundas? Não é o dinheiro que custaram, a tacanhez que muitas vezes representam, a estátua pindérica lá em cima. É que na relva e florzinhas das rotundas, naqueles jardins de anedota, esgota-se o orçamento municipal para espaços verdes. Depois os miúdos jogam futebol nas playstation , os “shópingues” servem para passeio de domingo e o autarca moderno, regressado de mais uma viagem de confraternização com a cidade “germinada”, promete construir o grande parque como viu lá fora quando os da cor chegarem ao governo e libertarem aquela verbazinha...
(Teresa)

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A PERGUNTA



do Bloguitica tem toda a razão de ser: "PODE O PÚBLICO SFF ESCLARECER COM QUEM É QUE FÁTIMA FELGUEIRAS MANTEVE CONTACTOS NO SECRETARIADO NACIONAL DO PS? QUANDO É QUE ESSES CONTACTOS TIVERAM LUGAR? QUEM É QUE INFORMOU JAIME GAMA PREVIAMENTE DA LIBERTAÇÃO DE FÁTIMA FELGUEIRAS?". É uma questão demasiado séria para ficar assim no ar.

Já agora, que estamos em Outubro, espera-se a prometida divulgação na rede dos estudos sobre a OTA, todos, conforme o Ministro prometeu. Ninguém se vai esquecer. Com datas, autorias, conclusões, etc.. Governo a governo, ministro a ministro.

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AR PURO


Albert Bierstadt, Mountain Lake

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EARLY MORNING BLOGS 615

Sem data


Esta voz com que gritei às vezes
Não me consola de só ter gritado às vezes.

Está dentro de mim como um remorso, ouço-a
Chiar sempre que lembro a paz de segurança estulta
Sob mais uma pedra tumular sem data verdadeira.

Quando acabava uma soma de silêncios,
Gritava o resultado, não gritava um grito.

Esta voz, enquanto um ar de torre à beira-mar
Circula entre folhas paradas,
Conduz a agonia física de recordar a ingenuidade.

Apetece-me explicar, agora, as asas dos anjos.


(Jorge de Sena)

*

Bom dia!

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O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES:
ECLIPSES VÁRIOS

À boleia da sua nota "Um eclipse a ver" na revista Sábado, e da ideia que aproveitou Hergé para safar o seu herói de apuros, não resisto a dizer que talvez esse ardil do Tintin não fosse muito original. Ou melhor, não resisto a recomendar um livro delicioso de um fabuloso mestre da literatura, Mark Twain.

O livro intitula-se " Um americano na corte do Rei Artur" e conta as aventuras de um cavalheiro de indústria de Hartford, Connecticut, que tendo sofrido um forte safanão de um dos seus operários em finais do século XIX, acorda em ...Camelot. O desorientado sujeito ao recuperar a consciência é intimado, nem mais nem menos que por Sir Kay, Senescal da Corte, a justar, que é como quem diz a travar uma lide de armas por terras ou dama ou honra.
Indeciso entre as hipóteses de se encontrar num manicómio ou num circo, é imediatamente recrutado como prisioneiro do senescal para "no devido tempo, segundo o costume, ser encerrado numa masmorra e abandonado ali com escassas provisões, até que os amigos o resgatassem, a menos que apodrecesse antes". Isto não sem antes ser exibido ao rei e distinta corte para gáudio dos valentes nobres e frágeis damas e ilustrar as extraordinárias façanhas do cavaleiro que teve a boa dita de o aprisionar.
Condenado a morrer na fogueira, o infeliz e perplexo herói, ao descobrir que será queimado a 21 de Junho de 528, lembra-se de que nessa data ocorreu um eclipse e começa a vislumbrar uma escapatória para a sua delicada situação.

E mais não conto. É mais uma magistral sátira de Mark Twain, desta vez ao espírito cavalheiresco da nobreza medieval.

Não sei se será fácil encontrar este livro em português (o meu é uma edição da Portugália não sei de que ano, oferecido pelo meu avô e muito estimadinho), mas quem quiser pode encontrá-lo na versão original no site The Great Books. Vale a pena o livro e vale a pena o portal.

(Micaela Aparício)

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Aquele truque de invocação do eclipse não é original do Tintin. Já vem nas Minas de Salomão do Rider Haggard, que o Eça traduziu... (*)

(Vasco G. M.)

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Nem de propósito o começo do seu "post" para ver o anel que a Lua vai enfiar no Sol
Tendo a nossa imprensa escrita e falada divulgado até à exaustão o eclipse solar anular e não tendo, tanto quanto tenha lido ou ouvido, alguma alma caridosa tomado a inicitiva de emendar a alarvidade dos "pindéricos jornalistas" aqui vão dois links ( UM,DOIS) que comprovam que o eclipse é anelar e não anular, podendo ainda ser total ou parcial.

(Fernando Frazão)

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... quanto ao nome do eclipse, basta ver no dicionário em linha da Texto que as duas formas anelar e anular são sinónimas, e que quem usa anular são jornalistas mas também astrónomos.

(S.)

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Foto de Amílcar Lopes António

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Eduardo Proença, Eclipse, Oeiras, 9.53

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(*) E numa história que o filho de Colombo conta sobre o pai, acrescento eu...

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A sua observação «E numa história que o filho de Colombo conta sobre o pai, acrescento eu...» não está correcta; o eclipse em questão foi lunar e não solar. Não havia no tempo de Colombo conhecimentos suficientes para prever um eclipse solar com o grau de precisão que a história exige, pois ele não sabia a que longitude se encontrava. Em contrapartida, é muito mais fácil saber-se que vai ocorrer um eclipse lunar numa dada região mesmo sem se saber exactamente onde se está, pois o tempo durante o qual a Lua está no cone de sombra é de várias horas.

Pode ver uma ilustração deste acontecimento aqui.
(José Carlos Santos)

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3.10.05



Argozelo, hoje.




Círculos, semi-luas no chão.


O Sol duas vezes

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© José Pacheco Pereira
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