ABRUPTO

10.9.05


FANTASMAS



Há fantasmas. Há mesmo qualquer coisa parecida com fantasmas, brumas, visões, passagens. Reinos. Sombras. Coisas que passam.

Esta fotografia vinha no meio de uma vida que foi parar ao lixo. “Sabe, eu vivo daquilo que os outros não querem”, disse-me o homem do papel, quando trazia mais uma cesta da vindima com os livros. Podiam ser uvas, podia ser milho, podia ser lixo. Na pilha que ficou, onde está uma vida, estão cadernos escolares, diplomas, certidões, multas, cartas, agendas, fotografias, recortes de jornais. Uma vida: livros, cadernos escolares, diplomas, certidões, cartas, agendas, fotografias, recortes de jornais. Foi o que ele deixou. Bíblias anotadas, livros de alemão, livros de mecânica, uma ou outra revista com mulheres nuas, erótica dos anos sessenta, alemãs. Uma foto vestida de polícia de viação, a antiga PVT, uma mota. Daí a mecânica. Postais, um com a irmã Lúcia. Cartas, “minha mãe coma fruta que lhe faz bem”, bilhetes, a “encomenda vai na camioneta”. E fotos, a desaparecer. Como esta, película Agfa, mais nada. Quem eram, quem tirou a fotografia a estas sombras, uns rapazes pelo meio da rua, ainda não devia haver muitos carros, uma rua de paralelípedos, sinal de mão de obra barata. As casas de uma vila rica, do interior, quando ainda havia agricultura. Fragmentos, como sempre, visões, fantasmas.

Guardarei a foto. Diz demasiado. Os mortos falam.

*
Não é uma vila rica, é Évora.
Trata-se da, hoje chamada, Rua de República que liga o Rossio à Praça do Giraldo. A fotografia não é assim tão antiga, pois reconhece-se nela o edifício da antiga "Setubalense" que é dos anos cinquenta. Na fachada oposta, há um quarteirão e um jardim oitocentistas no local onde, no século XVI, se edificava o palácio real.

(Luís Carmelo)
*
O Luís tem razão, é Évora. Mas engana-se quando diz que não foi há muito tempo. A cidade mudou mais em 50 anos que em duzentos. A fotografia é também o fantasma de uma cidade misteriosa e silenciosa, com raríssimo trânsito. Pela Rua da República ia eu para casa dos meus avós. Por ela subiam e desciam os moços e mulheres de mandados às lojas da Praça do Giraldo. As senhoras não iam às ccompras. Mandavam recados escritos às lojas do que queriam , os lojistas, detrás dos seus balcões enviavam as amostras dos tecidos, as linhas, os elásticos, os botões. depois os moços ou as mulheres voltavam a subir a rua com a escolha escrita e desciam-na de novo com o mandado feito. O telefone apareceu em Évora nos anos 50. Eu treinei a minha leitura nas listas de telefones da minha avó.
Foi há muito tempo.

(Maria José Metello de Seixas)
*

Reconheci de imediato a foto que publicou. Foi onde cheguei a Évora de camioneta, nos final dos anos 70, para onde fora estudar. Aí viria a chegar muitas vezes durante dois anos. No princípio dos anos 80 ainda era exactamente assim. Quanto às casas nessa zona da cidade, são quase todas senhoriais, incluindo, não longe dali, a casa da família Espanca, isso mesmo me contou pessoalmente Túlio Espanca, parente de Florbela. Uns metros mais acima, do outro lado da rua, fica a Igreja de S. Francisco, com o seu Anjo das Misericórdias e esse estranho local de meditação conhecido por Capela dos Ossos.

(Octávio Gameiro)

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(NÃO) OBJECÇÕES

Leia-se no Bloguitica o comentário sobre estas objecções. Tentarei ajudar no que puder e sugeria que se começasse por Lisboa, Porto e Coimbra, onde a composição das direcções partidárias é mais fácil de obter para o PS e o PSD, até na Internet.

Pelo que conheço, ver-se-á a gravidade da transformação dos aparelhos partidários em mecanismos de ascensão social, dando aos que neles fazem carreira melhores "situações sociais" do que aquelas a que acederiam pelo seu mérito pessoal e profissional, ascendendo apenas pelo exercício de pequenos poderes em núcleos muito fechados de decisão, e tornando inviável, a prazo, a saída da vida política sem grande perda de estatuto pessoal. Como os bens são escassos, essas estruturas tendem a ser cada vez mais fechadas sobre si mesmas, a seguir "más práticas" para usar o jargão empresarial, a corromperem-se. Os partidos perdem a noção do "bem público" e abandonam qualquer actividade cívica. Nada que qualquer estudioso de ciência política não saiba sobre o carácter oligopólico dos partidos. Só que, em democracia, é com eles que se vive.

A corrupção das estruturas partidárias é hoje um gravíssimo problema em que quase ninguém tem mão nos partidos políticos, nem as suas direcções. Só com uma revolução, democrática claro. Como por exemplo, instituir uma moratória de dez anos em que o exercício de cargos partidários é incompatível com outros cargos no sistema político que não sejam por eleição (deputados, autarcas, etc.). Limpava-se e depois via-se no que dava. E, ao mesmo tempo, em conjunto com este tipo de medidas, um efectivo reforço do poder de decisão dos aparelhos partidários, assim reformulados, na condução política geral. E a obrigatoriedade, como em Inglaterra, dos ministros serem parlamentares. E mudanças no sistema eleitoral, para soluções mistas, entre os círculos uninominais e a representação proporcional. E por que não a possibilidade dos eleitores ordenarem os deputados nas listas? E a revisão completa do sistema de remunerações e incompatibilidades, para bem longe da demagogia actual, mas para a identificação dos problemas reais? E mais mil e uma pequenas medidas, que, talvez, talvez, permitissem alterar a actual situação. Estou consciente que todas elas geram outros efeitos perversos, mas não há soluções perfeitas para os negócios humanos.

De qualquer modo, o conhecimento do que está, sem ser fragmentário, pontual, jornalístico, escolhido a dedo, selectivo, que pode resultar da iniciativa reformulada do Bloguitica, é útil para perceber o que se tem pela frente.

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OBJECÇÕES



Tenho grandes objecções quanto à iniciativa do Bloguitica sobre a identificação dos laços de parentesco na política. O seu resultado vai permitir, sem dúvida , identificar casos de redes de interesse, emprego, favores, mas tem um problema de fundo – a lista final não pode ser editada, não possui em si mesmo um critério de edição que possa distinguir entre os casos de abuso e clientelismo e os naturais casos de interesse pela política em famílias em que a política tem um papel importante ou mil e uma razões válidas e legítimas num país com pequenas elites muito endogamicas.

Faria uma sugestão diferente: uma lista das estruturas partidárias nacionais e regionais dos grandes partidos do poder – Distritais do PSD e Federações do PS – com identificação dos cargos de nomeação partidária dos seus membros, agora e no passado. Depois, se houver condições, pode-se vir por ai abaixo até às secções, para se ver o peso da partidarização do estado e da falta de independência das estruturas partidárias dos “empregos” políticos. Esta lista fornece dados que são imediatamente relevantes para conhecer as teias de clientelismo e partidarismo do estado, onde o critério editorial está presente no critério de escolha à partida (no caso do parentesco, a mera lista não significa muito, a não ser que se introduzam depois outros critérios à chegada, que manifestamente o Bloguitica já anunciou que não pode e não quer fazer).

A diferença entre uma e outra lista, pode ser a diferença entre a crítica demagógica e a crítica democrática.

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CORREIO

Enquanto não resolvo um bizarro problema com o correio para o endereço que vem no blogue, pedia-vos o favor de usarem este endereço : jppereira@gmail.com

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COISAS SIMPLES


Yayoi Kusama, Fireflies on the water

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EARLY MORNING BLOGS 599:
"I'VE KNOW RIVERS"


The Negro Speaks Of Rivers

I’ve known rivers:
I’ve known rivers ancient as the world and older than the flow
of human blood in human veins.

My soul has grown deep like the rivers.

I bathed in the Euphrates when dawns were young.
I built my hut near the Congo and it lulled me to sleep.
I looked upon the Nile and raised the pyramids above it.
I heard the singing of the Mississippi when Abe Lincoln went down
to New Orleans, and I’ve seen its muddy bosom turn all golden
in the sunset.

I’ve known rivers:
Ancient, dusky rivers.

My soul has grown deep like the rivers.


(Langston Hughes)

*

Bom dia!

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9.9.05


COISAS SIMPLES
QUE PODEM SER VISTAS LOGO À NOITE


Jay Ouellet, Moon River

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EARLY MORNING BLOGS 598

THE GARDEN

En robe de parade.
Samain

Like a skien of loose silk blown against a wall
She walks by the railing of a path in Kensington Gardens,
And she is dying piece-meal
of a sort of emotional anaemia.

And round about there is a rabble
Of the filthy, sturdy, unkillable infants of the very poor.
They shall inherit the earth.

In her is the end of breeding.
Her boredom is exquisite and excessive.
She would like some one to speak to her,
And is almost afraid that I
will commit that indiscretion.


(Ezra Pound)

*

Bom dia!

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SODOMA E GOMORRA

(Do Público de ontem.)

Que alguma coisa correu muito mal nos primeiros dias no apoio às vítimas do furacão Katrina, é incontestável. Que parte do que correu mal se deve à administração federal do Presidente Bush, também me parece ser incontestável. Que os políticos em democracia têm um preço a pagar por coisas como estas, continua a ser incontestável. Que há muita coisa de errado na sociedade americana, que nem tudo é bom, e que está longe de ser perfeita, também é incontestável. Não é isso que está em causa. Não combato o discurso da culpa com o da desculpa. Enquanto se estiver nessa dança árida da culpa-desculpa, não se vai a lado nenhum.

O que está em causa é outra coisa, é a histeria anti-Bush, e antiamericana, que varreu a comunicação social, na portuguesa com o primarismo habitual, na de muitos outros países, incluindo os EUA, reproduzindo as clivagens da última eleição presidencial. Há hoje uma forte corrente de opinião mundial hostil aos EUA não só enquanto realidade política, mas enquanto realidade sócio-cultural. Pode até em parte ser culpa dos americanos, mas está cá para lavar e durar, e moldará a política europeia de uma forma muito perigosa, em primeiro lugar para os europeus, que dependem dos EUA para se defender e fazem de conta que não sabem isso.

Não é apenas a guerra do Iraque, embora esta seja um irritante muito especial, são muito mais coisas, é a "superpotência", é o sistema económico, é o "imperialismo" cultural de Hollywood, é a globalização, são os McDonalds, são os alimentos geneticamente modificados, é o Deus das notas do dólar, são mil e um pretextos, mil e um ressentimentos, Podem bater com a mão no peito e dizer que não senhor, não são antiamericanos, até gostam dos EUA, da música americana, da cultura americana, das ruas de Nova Iorque, do "espírito" americano, tudo abstraindo do país concreto que existe e não há outro. Nesse país concreto, foi eleito aquele Presidente e eu posso detestá-lo, mas não uso a desgraça dos americanos para obter uma pequena vingança política e ganhar uma maior auto-estima feita do mal alheio.

Este antagonismo antiamericano unifica muitos elementos, é poderoso porque vem da esquerda e da direita, tem raízes tanto no antiamericanismo filho do Kominform, como no antiamericanismo gaullista, que molda o perverso nacionalismo burocrático da União Europeia. Se há pensamento único, é aqui que se encontra nos nossos dias.
Não me venham dizer que o que se viu na zona atingida pelo furacão é o que se costuma ver no Uganda e no Ruanda, porque isso é um completo absurdo que não resiste à mais pequena análise. É puro discurso ideológico transformado em discurso "noticioso", ou então não sabem do que estão a falar, e do que aconteceu no Ruanda, no Uganda, na Serra Leoa, por aí adiante.

Não me venham agora dizer que descobriram a pobreza americana, com grande "surpresa", para fazerem uma catilinária contra o capitalismo selvagem, o "estado mínimo", e o american way of life que não dá aos seus pobres o que o Estado-providência europeu supostamente lhes dá. É um puro discurso ideológico, que, quando vem da esquerda, então é hipocrisia pura, porque o que sempre a esquerda radical disse é que a América era quase só isto.
A pobreza esteve lá sempre, nuns sítios mais, noutros menos. A desigualdade social também. Na América, a pobreza é mais nua e crua, tão inaceitável como em qualquer lado, mas nunca esteve escondida de ninguém por qualquer imagem de perfeição social que só existe inventada na imaginação da propaganda, para ser utilmente negada com falso escândalo.
Insisto, esta surpresa, este espanto, é de todo hipócrita. O retrato da pobreza e violência nos EUA entra-nos em casa todos os dias pelas séries televisivas e pelos filmes, já que agora não se lê literatura, porque, se se lesse, também entrava pelos livros. Por isso, não me venham agora dizer que se "descobriu" a pobreza do Sul e que ela é predominantemente negra. Não viram nenhum filme americano nos últimos anos, não viram nenhuma série televisiva?

Não custaria fazer uma lista dos muitos modos puramente ideológicos como o que aconteceu foi usado para a campanha antiamericana. Começa-se por se esquecer que houve um furacão, e desapareceram as imagens da violência da natureza, passados os primeiros dias, em que elas ainda eram politicamente neutras. O contraste com o tratamento do tsunami é flagrante, e, nem de perto nem de longe, as televisões passaram algo de semelhante à repetição mórbida das ondas que entravam terra dentro.
Os noticiários deram sempre em primeiro lugar, e às vezes em único lugar, a notícia da imputação da culpa, esquecendo quase de imediato o desastre natural, a não ser para reforçar a culpa, transformando a humanidade das vítimas numa abstracção e num libelo acusatório. Foi isso que interessou. O sujeito da desgraça de Nova Orleães foi Bush, não o Katrina e imediatamente se isentou toda e qualquer autoridade local e estadual para só referir a culpa do governo federal, como se os EUA não fossem um país feito de autoridades sobrepostas. Para muitos americanos, a começar pelos "pais fundadores", vinha daí a liberdade, mas talvez não seja tão eficaz como sistema de governo quando há uma catástrofe destas dimensões.

Nos EUA, as vítimas não são verdadeiras vítimas, servem como bandeira para mostrar que o sistema é mau e o Presidente péssimo, que há um contínuo entre a guerra do Iraque e o "cenário de guerra", que mil e um comentários referiram a propósito e despropósito de Nova Orleães. Não me lembro de tal léxico bélico para descrever as zonas devastadas pelo tsunami, que certamente também deveriam parecer zonas de guerra. No tsunami, como a Tailândia, o Sri Lanka e a Indonésia são longe e não são os EUA, a questão da culpa só foi aflorada numa referência inicial sobre se havia ou não aviso possível. Quem é que quer saber da culpa em tão remotas paragens. Aí a culpa é da natureza.

É por isso que há quem veja a "mão de Deus" no Katrina e não são só os fundamentalistas da Al-Qaeda, nem só os do Bible belt. A ideia de uma América e de um Presidente punidos pelo seu orgulho, ou a sua "falta de humildade", por cometer mil e um crimes no mundo e precisar de um revelador catastrófico da sua inerente maldade, está subjacente no modo como esta catástrofe se tornou numa metáfora política. Pior, numa metáfora moral sobre o mal castigado.
Quem conhece a sua Bíblia sabe onde isto vem: no episódio de Sodoma e Gomorra. Deus, na sua absoluta ira, pune as duas cidades viciosas pelo fogo. Os seus anjos não encontraram nenhum homem que não fosse pecador e, depois de Lot estar a salvo mais a sua família, Deus varreu as cidades para todo o sempre.
É uma forma de justiça não é?

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8.9.05


LENDO OS JORNAIS: DEPOIS DA MÃO, O SINAL DE DEUS



"O Katrina, para quem gosta de interpretações mais cabalísticas destas coisas, será um sinal de Deus aos americanos para que começam a olhar para o que se passa dentro das suas fronteiras, esquecendo por um bocado os seus ímpetos militaristas no exterior. Mas como vivemos dentro dos parâmetros do racional cartesiano, o Katrina foi, quanto mais não seja, uma terrível catástrofe natural que nos fez olhar de outra forma para os Estados Unidos da América e descobrir que por debaixo de uma fina máscara de modernidade e até de algum «glamour», está apenas um país de pobres e ao nível do que pior se encontra no Terceiro Mundo. Bye bye, América. O mundo merece outros donos."

José Diogo Madeira, no Jornal de Negócios de ontem.

A ilustração na versão em papel é uma bandeira norte americana esfarrapada.

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COISAS SIMPLES


Robert Mapplethorpe, Baby's Breath

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EARLY MORNING BLOGS 597

Navio


Tenho a carne dorida
Do pousar de umas aves
Que não sei de onde são:
Só sei que gostam de vida
Picada em meu coração.
Quando vêm,vêm suaves;
Partindo,tão gordas vão!

Como eu gosto de estar
Aqui na minha janela
A dar miolos às aves!
Ponho-me a olhar para o mar:
-Olha-me um navio sem rumo!
E,de vê-lo,dá-lho a vela,
Ou sejam meus cílios tristes:
A ave e a nave,em resumo,
Aqui,na minha janela.


(Vitorino Nemésio)

*

Bom dia!

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6.9.05


A CHUVA

cai na janela, ainda tímida, mas chuva. Não são aguaceiros, é chuva. Chove lá fora, aqui á minha frente, chove neste blogue, com contentamento. O Abrupto é um blogue outonal e invernal. Vem aí o bom tempo. Aquele que Zéfiro não traz.

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O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES: PERGUNTA



Se os média não reverenciassem Soares, ou se Soares não dominasse a generalidade dos jornalistas, haveria quem lhe perguntasse: Como é que a candidatura é de união e para todos os portugueses, e tem como objectivo nº 1 "derrotar a direita"?

(Fernando Gomes da Costa)

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LENDO OS JORNAIS. SERÁ A MÃO DE DEUS?



Os incêndios este ano. Números deste ano, sem os mortos:

"Os fogos florestais destruíram este ano pelo menos 151 primeiras e segundas habitações e danificaram outras 224. Há 39 instalações comerciais ou industriais afectadas pelas chamas, 19 das quais praticamente destruídas. Na agricultura a situação não é melhor: além dos perto de 900 anexos tocados pelo fogo, perderam-se 1000 hectares de olival, quase 450 de pomares e 125 de vinha. Arderam ainda 2500 colmeias e milhares de hectares de floresta. Nos equipamentos de combate aos incêndios também se contabilizam danos: 16 viaturas ficaram destruídas e quatro meios aéreos acidentados.
Quase ninguém avança com estimativas dos prejuízos, mas todos têm uma certeza: os números vão continuar a subir. Muitos dos elementos disponíveis reportam-se a meados de Agosto e ainda há muitos levantamentos por concluir. Apenas o Ministério da Agricultura (MA) arrisca uma avaliação de 300 milhões de euros de perdas no sector agrícola e florestal.
" (no Público)

Sobre as matas do Estado que não são propriedade privada:

"Cerca de 52 mil hectares de matos e florestas públicas já foram consumidos pelo fogo este ano, representando 22 por cento de toda a área ardida no país até 28 de Agosto. Esta é a pior marca dos últimos cinco anos, segundo dados ainda provisórios da Direcção-Geral de Recursos Florestais. Nem mesmo em 2003, quando os incêndios carbonizaram 425 mil hectares de área verde, o saldo nas florestas sob gestão total ou parcial do Estado foi tão negativo." (no Público)

Sobre a mão de Deus que esmaga a América para revelar os seus pecados de orgulho (como em Sodoma e Gomorra, lembram-se?):

"Não é preciso ser um religioso fundamentalista nem sequer ver no furacão Katrina a mão de Deus para constatar que ele constituiu para os Estados Unidos uma lição de humildade.
Uma lição de humildade perante a força dos elementos, que tornam evidente que mesmo para a nação mais poderosa da Terra não é sensato prescindir da ajuda internacional, mas também uma lição de humildade perante as violentas lacunas da organização social americana e perante a miséria preexistente que o desastre tornou dolorosamente visível.
" (José Vitor Malheiros no Público)

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COISAS COMPLICADAS


Albrecht Dürer, Lot fugindo com as filhas de Sodoma



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EARLY MORNING BLOGS 596:
"SERÁ BRANDO O RIGOR
"

Será brando o rigor, firme a mudança,
Humilde a presunção, vária a firmeza,
Fraco o valor, cobarde a fortaleza,
Triste o prazer, discreta a confiança;

Terá a ingratidão firme lembrança,
Será rude o saber, sábia a rudeza,
Lhana a ficção, sofística a lhaneza,
Áspero o a mor, benigna a esquivança;

Será merecimento a indignidade,
Defeito a perfeição, culpa a defensa,
Intrépito o temor, dura a piedade,

Delito a obrigação, favor a ofensa,
Verdadeira a traição, falsa a verdade,
Antes que vosso amor meu peito vença.

(Soror Violante do Céu)

*

Bom dia!

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5.9.05


O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES:
SOBRE O KATRINA

O que acho estranho é que em todas as análises se fala como se nós, seres humanos, pudéssemos moldar e controlar a natureza; quer através da prevenção, quer através da reacção. Tenho visto pouco, ou mesmo nada, que se possa avizinhar com uma atitude de real humildade nossa face ao poder da natureza e à fragilidade humana e da sociedade que nós construímos, face a ela. Como diriam os antigos (...) a natureza ainda é das poucas coisas que, de facto, nos surpreende.

(J.)

*

Temo que o furacão KATRINA seja acompanhado na Europa por uma não confessada auto-congratulação perante o flagelo dos outros. Ou seja, mais uma vez vamos escolher o caminho sobranceiro e professoral (aprendam umas lições...), olhando complacentemente para nós próprios e recusando-nos, mais uma vez, a aprender o que temos de aprender...Com "eles", apesar de tudo. Veja-se apenas o ranking internacional das Universidades hoje divulgado no Público (só 8 Universidades americanas nas 10 primeiras). É aspecto agora menor, certamente. Mas condena-nos a um medíocre e continuado sofrimento, a uma "apagada e vil tristeza", bem mais difícil de ultrapassar do que o momento catártico que agora se atravessa do outro lado do Atlântico. Quanto às lições que aí se terão de extrair, estou certo que "eles" as saberão extrair (basta ler os jornais "deles" e ver como, tão certeiramente, colocam o dedo nas feridas) e o facto de as seguirem ou não, verdadeiramente, não é problema nosso.

(Luís Coutinho)

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COISAS COMPLICADAS


Nicolas Poussin, Inverno. Dilúvio

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EARLY MORNING BLOGS 595:
"JÁ ME NAM DÁ DE COMER / SENAM MINHA FAZENDINHA"


De Joam Roiz de Castel-Branco, contador da Guarda, a António Pacheco, veador da moeda de Lisboa, em resposta dúa carta que lhe mandou, em que motejava dele.


Já me nam dá de comer
senam minha fazendinha;
rei nem roque nem rainha
nam queria nunca ver.

O pagar das moradias
é o que mais contenta,
o despachar da ementa,
as madrugadas tam frias;
trabalhar noites e dias
por ser na corte cabidos,
e, os tempos despendidos,
ficar com as mãos vazias.

Armadas idas d'além
já sabeis como se fazem:
quantos cativos lá jazem,
quantos lá vão que nam vêm!
E quantos esse mar tem
somidos que não parecem,
e quam cedo cá esquecem,
sem lembrarem a ninguém!

E alguns que sam tornados,
livres destas borriscadas,
se os is ver às pousadas,
achai-los esfarrapados,
pobres e necessitados
por mui diversas maneiras
por casas das regateiras
os vestidos apenhados.

Por isto, senhor Mafoma,
tresmontei cá nesta Beira,
por tomar a derradeira
vida, que todo o homem toma;
porque há lá tanta soma
de males e de paixam
que, por não ser cortesão,
fugirei daqui té Roma.

Fim

Agora julgai vós lá
se fiz mal nisto que faço:
em me tirar desse Paço
e mudar-me para cá;
pois é certo que, se dá
algum pouco galardam,
lança mais em perdiçam
do que nunca ganhará.


(João Roiz de Castel-Branco)

*

Bom dia!

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O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES:
UMA RESPOSTA À PERGUNTA SOBRE O CIBERDÚVIDAS


Acho que a questão à volta do Ciberdúvidas não passou de um equívoco. Pelo lado da Portugal Telecom sempre houve e sempre haverá a intenção de apoiar a sua existência. Nunca houve a intenção de deixar morrer este projecto, actualmente já apoiado por nós, assim os seus responsáveis o queiram e possam manter. É nesse sentido que já estamos a trabalhar com o seu principal mentor.

(José Carlos Baldino, Administrador PT.Com)

*

Como não fica claro (pelo menos para mim) a que equívoco se refere o dr. José Carlos Baldino sobre «a questão à volta do Ciberdúvidas» – e sob pena de a sua presente situação não ter passado de um logro (obviamente da minha responsabilidade) –, lamento ser obrigado a pôr os seguintes pontos nos ii, até pela consideração e estima que tenho pelo director do SAPO, a quem devo o alojamento do Ciberdúvidas no portal da PT, depois de ter ficado com a sua inteira responsabilidade, após o falecimento do seu “mecenas”, o meu saudoso amigo João Carreira Bom:

1- O Ciberdúvidas está suspenso desde Junho e desde Junho que é do domínio público o seu não regresso, caso eu e a Sociedade da Língua Portuguesa não conseguíssemos obviar parte do seu financiamento, por via do fim da habilitação POSI (graças, volto a repetir, ao empenho pessoal do então primeiro-ministro Durão Barroso);

2- Das muitas entidades, públicas e privadas, contactadas e que recusaram liminarmente qualquer apoio ou sequer se dignaram a uma resposta civilizada, a Portugal Telecom foi uma delas. Tão chocante quanto a sua natureza e os conhecidos apoios ao futebol profissional.

3- No caso da Portugal Telecom deu-se até o caso de a sua administradora Isabel Corte-Real ter recusado a proposta do Instituto Camões, cuja presidente, dr.ª Simoneta da Luz Afonso, tem tentado, por todas as formas, um apoio ao Ciberdúvidas, sob a alegação de a PT «já estar a fazer um grande favor» (sic) ao Ciberdúvidas, com o alojamento no SAPO.

4- Com o SAPO, com cujos responsáveis, incluindo o dr. José Carlos Baldino, cheguei a abordar o problema da publicidade que passa no Ciberdúvidas sem qualquer benefício seu (ao contrário do que estava previsto no acordo estabelecido há dois anos), nunca houve a mínima sensibilização para qualquer apoio suplementar que não o alojamento e apenas o alojamento.

5- Só na última sexta-feira, dia 2 de Setembro – portanto, três meses após encerramento do Ciberdúvidas e mais de 15 dias depois de estar a correr, já, a petição subscrita pelo australiano Chrys Chrystello (foi preciso ser uma australiano, não é mesmo espantoso?) –, recebi o telefonema de um colaborador do dr. José Carlos Baldino, dando-me conhecimento da abertura de o SAPO em auxiliar uma parte das despesas do Ciberdúvidas, enquanto serviço público, sem fins lucrativos ou comerciais, e com o papel que desempenha em todo o espaço lusófono.

Esta é a verdade dos factos, e só tenho a agradecer ao dr. Pacheco Pereira e ao seu excelente Abrupto a preciosa ajuda para este debate e do que ele produziu: o Ciberdúvidas vai mesmo continuar, graças a duas entidades privadas que a seu tempo se dará conhecimento. Só espero que o Estado português não se demita de um projecto que, até pela irrelevância das verbas em causa, deve estar obrigatoriamente associado.

(José Mário Costa)
*

Se dúvidas restassem estão esclarecidas, o problema do Ciberdúvidas afinal está resolvido. E isso era o mais importante. Não vou por isso contestar publicamente as afirmações do José Mario Costa por respeito ao próprio, ao projecto e aos nomes citados. Obviamente que não aceitamos a maior parte delas. O Ciberdúvidas sempre foi recebido de braços abertos no SAPO, tendo apoiado o projecto nos seus momentos mais dificeis e dando-lhe a visibilidade que merece. Parece-nos óbvio que isso não foi suficiente do ponto de vista do Ciberdúvidas. Não se pode agradar sempre. O importante é que o motivo que nos levou a apoiar tão importante projecto, a sua sobrevivência, está hoje resolvido. Desejamos por isso as maiores felicidades ao José Mario Costa e ao Ciberdúvidas.

(José Carlos Baldino, Administrador PT.Com)

FIM

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POR FALAR EM PENSAMENTO ÚNICO



Fora dos blogues não conheço um único órgão de comunicação social, televisões e jornais, que não tenha a mesma linha discursiva sobre o que aconteceu em Nova Orleães. Não me refiro aos factos, aos factos não adjectivados, que isso escasseia na nossa informação e esses são iguais para todos. E de passagem acrescento que atrasos, incúrias e erros na ajuda à população, são matéria factual, quando são tratados como tal, o que não é o caso. O que é preocupante é que uma comunicação impregnada de política anti-Bush, seja a única a que os portugueses têm acesso. O pensamento único é isto.

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4.9.05


O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES:
DEMOCRACIA E CATÁSTROFES

A catástrofe que se abateu sobre Nova Orleães tem-me feito reflectir sobre a Democracia. Aparentemente, já há vários anos que diversos peritos faziam notar a necessidade de se reforçarem os diques, mas pouco se fez. Creio que isso se deve em grande parte ao facto de se tratar de um grande investimento com poucas contrapartidas políticas. Os políticos que implementassem tais medidas teriam bastante menos probabilidades de serem reeleitos do que no caso de terem investido as mesmas quantias em grandes infra-estruturas mediáticas ou até (por se tratar dos Estados Unidos) num reforço do orçamento militar.

(José Carlos Santos)

E UM BREVE COMENTÁRIO

É verdade o que diz José Carlos Santos, mas não é um dilema fácil de resolver nem pelos políticos, nem pelos cidadãos. Vejamos um caso concreto, o de Lisboa. Todos os estudos, do mesmo tipo dos que existiam para os diques de Nova Orleães, dizem que Lisboa corre um grande risco de sofrer um terramoto que provocará muitos mortos e destruições. Lisboa está numa zona sísmica, Nova Orleães na passagem de furacões. Não sei se a probabilidade de um terramoto em Lisboa é muito menor do que levar em cima com uma tempestade do grau 5.

Caso haja esse terramoto em Lisboa, ouvir-se-á certamente o mesmo tipo de comentários que hoje se ouvem sobre o furacão: sabia-se que era preciso fazer muita coisa e não se fez. Os políticos serão crucificados por terem gasto o dinheiro de outra maneira, seja qual for a razão, ou irrazão porque o fizeram (é por isso que me parece frágil dizer-se que não houve dinheiro para os diques porque se investiu na prevenção do terrorismo. Não sei sequer se é verdade. E se tivesse havido um atentado terrorista, o que é que se diria? Em Londres o governo foi acusado de não ter cuidado da segurança dos transportes públicos.)

O problema é: quem é que pode ganhar eleições propondo-se gastar a enorme quantidade de dinheiro que é necessária para minimizar os riscos, com o sacrifício drástico de todos os outros investimentos, como inevitavelmente será preciso para se defrontar o problema a sério, num país com poucos recursos como Portugal? Ninguém, porque os lisboetas não estão dispostos a fazer esse investimento, nem na cidade, nem a nível nacional. Considerarão um extravagante lunático e perigoso, nas margens do sistema, quem tiver esse programa. Claro que se houver um terramoto, mesmo que seja só um grande susto, as coisas podem mudar, mas antes do susto duvido. Não duvido, tenho a certeza.

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O seu comentário à posição do leitor José Carlos Santos suscita-me alguns comentários. Em primeiro lugar a probabilidade de ocorrer um sismo em Lisboa ou um furacão em Nova Orleães é muito diferente. Se pensarmos em situações extremas – caso de 1775 em Lisboa ou o Katrina em Nova Orleães – a minha convicção é a de que a probabilidade de ocorrer um sismo como o 1775 é substancialmente menor. Seria interessante saber se já ocorreram furacões semelhantes em intensidade ao Katrina na América. Julgo que sim mas com consequências menos devastadoras.

Quanto aos estudos relativos aos diques de Nova Orleães eles apontavam a necessidade de realização de obras de manutenção e reforço, cuja realização era justificada pelo envelhecimento dos existentes e por características específicas do local, em particular o tipo de solo de fundação. A principal medida de prevenção no caso americano teria sido o reforço dos diques. Tratava-se de um elemento fulcral na estrutura de protecção da cidade. A sua rotura, ainda que parcial, acarretava custos em vidas e bens intoleráveis. O seu reforço era/é exclusivamente uma responsabilidade pública.

No caso do potencial sismo em Lisboa a principal e mais eficaz intervenção a fazer no sentido da prevenção é a de garantir que as construções cumprem os regulamentos existentes de forma que o seu comportamento, caso se verifique um sismo de grande intensidade, seja o esperado. A intervenção pública faz-se sobretudo na fiscalização das novas construções, na reabilitação do parque público, feita ao longo dos anos, e no apoio à recuperação do parque privado quando as condições financeiras dos proprietários justifiquem esse apoio. Não custa muito dinheiro mas implica uma atitude diferente da que tem sido adoptada pelos diferentes poderes. Implica que o Estado seja eficaz a fazer respeitar a lei e não transija nessa defesa hipotecando a segurança das populações face a interesses corporativos de curto prazo. (Constrói-se hoje, em Portugal, pior do que há décadas atrás e não é por falta de conhecimento técnico. Existe uma confusão entre melhoria da qualidade arquitectónica das construções e melhoria da qualidade construtiva.)

A crítica que se deve fazer à incúria das autoridades americanas não é por terem gasto o dinheiro de outra maneira, mas por não terem gasto nestas obras o dinheiro que elas exigiam. Nas obras e na criação e manutenção de uma rede de serviços públicos capazes de uma resposta mais eficaz em caso de catástrofe.
Por último esta questão pode ser uma oportunidade para discutir o papel do Estado nas nossas sociedades. Reflectir se um modelo semelhante ao Americano com o esvaziamento das funções do Estado e com o desinvestimento em serviços públicos essenciais é desejável.

(José Carlos Guinote)
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Eu fui um dos que foi apanhado pela surpresa da dimensão das consequências do furacão Katrina. No meu caso concreto esta surpresa teve consequências concretas e nefastas para mim já que a minha actividade profissional esta ligada ao investimento em mercados financeiros e as ondas de choque do furacão, obviamente, também ai se fizeram sentir. Em termos económicos e financeiros debate-se já a importância que o furacão adquiriu como símbolo do momento de viragem na economia americana e na orientação da sua politica financeira. Mas este simbolismo faz-me reflectir sobre duas questões importantes.

A primeira questão que me é evidenciada é a surpresa geral que foram as consequências deste furacão. Os mercados financeiros são talvez o ambiente mais exigente e competitivo no uso da informação, inclusive mais do que o mundo da espionagem que actualmente se cruza frequentemente com o mundo financeiro. Todas as informações disponíveis são consumidas de forma voraz e escrutinadas exaustivamente nas suas variadas implicações e consequências. Assim desde os relatórios de contas de empresas, a anúncios de avanços científicos, a boletins meteorológicos, tudo que implicar alterações na vida dos mercados, ou seja das pessoas, é analisado e imediatamente repercutido nas avaliações dos activos. Portanto é para mim impressionante perceber que os agentes de mercado falharam por completo a análise e previsão do que seriam as implicações deste acontecimento. Isto demonstra que, independentemente das falhas na preparação e prevenção de um acontecimento desta magnitude, a esmagadora maioria das pessoas mais bem informadas do mundo não esperava o que aconteceu! Dai que este sentimento generalizado de critica face ao governo dos EUA de falta de previsão do que seriam as consequências, e portanto na ausência de preparativos adequados … parece-me hipócrita.

A segunda questão está relacionada com as falhas apresentadas nos sistemas de prevenção e auxilio à catástrofe. Sim, existem muitas falhas, e desgraçadamente muitos sofrem e morrem antes do tão necessitado auxílio. A palavra auxílio, vem de ajudar quem precisa, o que significa que é impossível retirar da vida das pessoas um acontecimento como este, apenas auxiliar e minorar os seus efeitos. E é por isso que eu me impressiono com as capacidades daquele país, com os seus organismos estatais, com as suas estruturas civis, com o seu exército, com os seus média e com a sua capacidade de critica e reacção. Mas impressiono-me sobretudo com o seu pragmatismo e com o espírito daquele povo. Eu não estou a olhar para as falhas, eu estou a olhar para a reacção ás falhas!

Face aquele espírito, não me resta nenhuma dúvida que daqui a um ano, quando as cicatrizes e marcas do furacão ainda forem visíveis e outros furacões se aproximarem, nada será o mesmo no que se refere à preparação deste tipo de catástrofes. Toda este acontecimento vai ser visto e revisto, pensado e analisado para que em caso de um novo e ainda maior cataclismo aconteça todas as falhas sejam equacionadas e corrigidas, todos os recursos necessários numa próxima vez sejam alocados e activados a tempo, todos os acontecimentos sociais desta catástrofe sejam prevenidos, e todos os responsáveis técnicos e políticos sofram as devidas consequências… E é isto que lhes invejo.

(André Almeida Santos)

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A LER

todo o Portugal dos Pequeninos e o BLOGUITICA recentes. No Acidental, América + Europa: um jardim regado com bílis (lá está "regago", uma gralha) de Henrique Raposo.

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COISAS COMPLICADAS


Daumier

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EARLY MORNING BLOGS 594:
"I STUDIED MERELY MAPS"

The Traveller


They pointed me out on the highway, and they said
'That man has a curious way of holding his head.'

They pointed me out on the beach; they said 'That man
Will never become as we are, try as he can.'

They pointed me out at the station, and the guard
Looked at me twice, thrice, thoughtfully & hard.

I took the same train that the others took,
To the same place. Were it not for that look
And those words, we were all of us the same.
I studied merely maps. I tried to name
The effects of motion on the travellers,
I watched the couple I could see, the curse
And blessings of that couple, their destination,
The deception practised on them at the station,
Their courage. When the train stopped and they knew
The end of their journey, I descended too.


(John Berryman)

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Bom dia!

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LER OS JORNAIS



Este artigo do Diário de Notícias, retomando um artigo do Expresso, sobre a compra da TVI pela Prisa e as eventuais cumplicidades PS-PSOE usando os respectivos governos, deve vir na secção de Media ou na secção de Política? Ao colocá-lo na primeira desvaloriza-se o significado da sua inserção na segunda, ou seja minimiza-se o significado político da operação, caso tenha existido. E caso tenha existido, é bem grave. ( Este artigo é um primeiro elemento para responder a uma pergunta já antiga, salvo erro, do Jornalismo e Comunicação,)

Eu não digo que a opção seja fácil. Ela implica uma avaliação da gravidade e um juízo de valor que pode sempre ser intencional no plano político. Mas que vale a pena discutir muito a sério o que lá se diz, isso vale.

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Ninguém se preocupa no jornal com a sucessão de notícias falsas na primeira página do Expresso ou já é um estilo?

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© José Pacheco Pereira
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