ABRUPTO

13.8.05


PERSEIDES

Quem não viu, sempre pode ouvir.

*
Em Portugal e em gíria popular não se diz noite de S. Lourenço desta noite de chuva de estrelas (de desejos) entre 12 e 13 de Agosto?

(Mónica Granja)

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O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES:
MAIS FOGOS (3)




A propósito do texto do médico Fernando Gomes da Costa, lembrei-me do que ouvi há uns dois ou três anos no Sul de França. A costa do Mediterrâneo, sobretudo à volta e para leste de Marselha, é, como se sabe, uma zona "clássica" de incêndios florestais, quando o mistral (vento muito forte de Norte ou Noroeste) se faz sentir no pino do Verão.

O que várias pessoas me disseram é que existe desde há uns anos um "pacto" com a comunicação social francesa no sentido de evitar dar demasiada cobertura (sobretudo visual) aos incêndios, pois chegaram à conclusão de que as imagens dantescas dos incêndios eram excelentes para atear pirómanos, que viam assim os seus actos "glorificados". Dito isto, não creio que a culpa seja sempre de pirómanos. Além dos casos em que há interesses económicos, há que lembrar que muitos incêndios se devem exclusivamente a "pironegligentes".

(Madalena Ferreira Åhman)

*

Dividir o País numa quadrícula, devidamente dimensionada, e colocar a concurso público o serviço de “garantia de prevenção e minimização de incêndios”.
Cada empresa (ou consórcio de empresas e/ou outras entidades) que ganhasse o concurso para uma determinada área, era-lhe atribuída uma verba anual de prémio correspondente à não ocorrência de incêndios ou a um valor de área ardida mínimo. A partir dessa atribuição inicial seria sistematicamente descontado um quantitativo, correspondente à área ardida/danos causados, por cada incêndio ocorrido na área de garantia concessionada.

Este esquema permitiria partir de um valor inicial de custos bem conhecido, o qual corresponderia ao custo máximo possível, sendo por isso mais seguramente orçamentado.
Por outro lado, colocaria a pressão económica do lado da prevenção dos fogos, pois cada empresa que ganhasse a concessão deste serviço desenvolveria todos os esforços (limpeza, vigilância, meios de intervenção rápida, accionamento de meios alternativos de combate, etc.) de modo a minimizar a área ardida/danos causados, pois só assim poderia assegurar a recepção da maior parte da verba inicialmente atribuída.

Com o passar dos anos seria possível também optimizar o valor destes prémios anuais iniciais, pois nos primeiros anos é natural que tenham tendência para alguma sobrevalorização.

O princípio desta sugestão baseia-se no esquema em tempos existente nas aldeias chinesas, em que o médico da aldeia vivia exclusivamente das doações dos aldeãos. Assim, só a manutenção de uma população saudável garantia a sobrevivência do próprio médico.

(Bravo Ferreira)

*

Por que é que não se fala mais do exemplo da Lousã? Lá não conseguem acabar por completo com os incêndios (isso não é possível) mas, com objectivos bem definidos e trabalho sério, muito tem sido feito, com sucesso, no sentido de os reduzir em número e em dimensão de área ardida.

E por que é que os governos (este e os anteriores) não estuda(ra)m este caso, não apoiam mais quem lá está e não o divulgam como exemplo?

Será porque este exemplo mostra que alguma coisa pode ser feita, para além de lamúrias e de atribuição das culpas aos outros, e isso revela a incompetência e a indiferença de muitos?

(PB)

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COISAS SIMPLES


H. Matisse

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FOGOS? QUERO LÁ SABER! QUERO É FESTA COM FOGUETES

Desde as oito da manhã as "alvoradas" das festas rebentam ao som dos foguetes num dos distritos de risco para os fogos, no qual são previstas altas temperaturas para o fim-de-semana. Aqui, ali e acolá. Nos dois últimos anos tinham acabado os foguetes, agora voltaram. Das duas uma: ou os bombeiros concederam as necessárias autorizações, o que me parece merecedor das suspeitas quanto à "indústria dos fogos", ou os foguetes são ilegais e, como não há autoridade, há impunidade.

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UMA FRASE REVELADORA: QUANDO O TELEFONE TOCA

O senhor primeiro-ministro telefonou-me mais de duas vezes questionando-me se devia voltar ou se não devia voltar.” (António Costa referindo-se a Sócrates, Primeiro-ministro de Portugal)

Para quem, como eu, que passo o dia a interpretar a “linguagem de madeira” dos partidos comunistas, onde os clássicos artíficios imperam, a omissio veri, supressio veri e suggestio falsi, esta frase é típica. Uma das coisas que aprendi é que se deve tomar estas frases, tipícas da suggestio falsi, mesmo à letra .“Mais de duas vezes” pode significar três, deixando um rabinho de palha que podem ser mil. Ou mais provavelmente, são dois telefonemas de viva voz, voz de Sócrates ouvido de Costa, e um outro por interposta pessoa, chefe de gabinete, outro ministro, recado deixado, qualquer coisa que justifique o preciso “duas vezes”, mas não o "três vezes". Mas a conclusão mais interessante não tem sido tirada pela desatenta imprensa: é que o Primeiro-ministro de Portugal não telefona sequer uma vez por dia, ou dia sim, dia não, apenas talvez uma vez por semana, ao seu substituto em funções. São férias mesmo a sério.

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EARLY MORNING BLOGS 576



And were an epitaph to be my story
I'd have a short one ready for my own.
I would have written of me on my stone:
I had a lover's quarrel with the world.

(Robert Frost)

*

Bom dia!

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12.8.05


OS NOVOS DESCOBRIMENTOS: MAIS UM A CAMINHO


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A LER

SOBRE O IMPACTO DOS BLOGUES
no Bloguítica.

Este artigo de Helena Garrido que diz o óbvio: o ministro Mário Lino teve que responder aos blogues, quando achava que já tinha resolvido o problema dos jornais.

Imagens no Outro,eu.

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O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES:
MAIS FOGOS




Os Incendiários dos Pirómanos

“A característica essencial da Piromania é a presença de múltiplos episódios de provocação deliberada e propositada de incêndios. Os indivíduos com este transtorno experimentam tensão ou excitação afectiva antes de provocarem um incêndio, existindo uma fascinação, interesse, curiosidade ou atracção pelo fogo e seus contextos situacionais (por ex., parafernália, usos, consequências). Estas pessoas são "espectadores" regulares de incêndios, podem accionar alarmes falsos e extraem prazer a partir de instituições, equipamentos e pessoal associados com incêndios. Experimentam prazer, satisfação ou libertação de tensão ao provocarem incêndios, testemunharem seus efeitos ou participarem de seu combate. O comportamento incendiário não ocorre, nestes indivíduos, visando a obter ganhos monetários, expressar uma ideologia sócio-política, encobrir uma actividade criminosa, expressar raiva ou vingança, melhorar as próprias condições de vida ou em resposta a um delírio ou uma alucinação, nem decorre de um prejuízo no julgamento (por ex., demência, atraso mental ou intoxicação com drogas).

Este texto, transcrito de um conceituado site de psiquiatria ( www.psiqweb.med.br ), leva-me a introduzir uma questão que me parece tão óbvia quanto escamoteada:
Até que ponto o alarmismo, dramatização exacerbada e intensidade do espectáculo mediático sobre os fogos, sobretudo nas televisões, não serão em si mesmos factores estimuladores e de incitamento ao acto pirómano?

Embora o discurso corrente seja o da motivação por interesses económicos, a verdade é que os incendiários detectados se enquadram maioritariamente no contexto de alterações mentais e do comportamento acima descritos, embora seja óbvio que possa haver aproveitamento secundário dos seus impulsos.
Esses impulsos são, como vimos, desencadeados e/ou reforçados pelo prazer patológico sentido na observação das consequências do acto incendiário.
A sensação de poder, corroborada pelas profusamente mediatizadas consequências das suas acções, constitui, com toda a probabilidade, um motor fundamental para a actuação do pirómano.
Face ao aparato mediático em torno dos incêndios, sobretudo nas nossas televisões, cujo conteúdo informativo é em muito superado pelo espectáculo novelesco, hiper-dramatizado e mesmo sádico como é tratado, não tenho quanto a mim dúvidas de que o estímulo e a gratificação psicológica dos efectivos ou até potenciais pirómanos são altamente potenciados até em quem, de outra maneira, não se sentiria compelido a tal.

Desde pequeno que me lembro de verões secos e quentes, com fogos, e com certeza que sempre existiram pirómanos. No entanto, hoje em dia há mais incêndios, apesar dos meios de prevenção e combate serem muito superiores ao que eram há 20 ou 30 anos. Podem existir várias razões para esse acréscimo, mas verdadeira grande diferença que noto é que nessa altura não havia, nem de longe, a profusão de directos televisivos e radiofónicos, de entrevistas melodramáticas e sem qualquer interesse informativo mas apenas emocional, enfim, um verdadeiro espectáculo feito em cima da desgraça alheia apenas com o objectivo de ter mais tempo de antena.
Na verdade, o pirómano não tinha nessa altura a possibilidade “voyeurista” que agora se lhe oferece várias horas por dia de satisfazer uma das suas principais motivações: ver (e gravar) o “fruto da sua obra” documentado por imagens impressionantes da destruição das chamas, complementado por pungentes registos das reacções de vítimas, comentadores, políticos, governantes. Em termos psicológicos é aquilo a que se chama uma elevada recompensa positiva.

O problema é que esta oferta de sensacionalismo, para além de ser mau jornalismo, é com certeza um verdadeiro acto incendiário dos instintos pirómanos.
Pode ser que no dia em que responsáveis e população em geral apontem certa comunicação social pela motivação de muitos incêndios, haja alguma mudança. Quanto mais não seja, para não perder audiências…. Pode ser que passem apenas a informar, o que não deve nunca estar em causa, em vez de excitar e publicitar.

Fernando Gomes da Costa (Médico)

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OUVINDO HANK WILLIAMS 2:
LONG GONE LONESOME BLUES




I went down to the river to watch the fish swim by
But I got to the river so lonesome I wanted to die ... Oh Lord!
And then I jumped in the river, but the river was dry.

He's long gone, and now I'm lonesome blue.

I had me a man who couldn't be true.
He made me for my money and she made me blue.
A woman needs a man that he can lean on,
But my leanin' post is done left and gone.

He's long gone, and now I'm lonesome blue.

I'm gonna find me a river, one that's cold as ice.
And when I find me that river, Lord I'm gonna pay the price, Oh Lord!
I'm goin' down in it three times, but Lord I'm only comin up twice.

He's long gone, and now I'm lonesome blue.

He told me on Sunday he was checkin' me out;
Long about Monday he was nowhere about.
And here it is Tuesday, ain't had no news.
I got them gone but not forgotten blues.
He's long gone, and now I'm lonesome blue.

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OUVINDO HANK WILLIAMS



enquanto escrevo sobre o dia a dia da oposição portuguesa nos idos de Janeiro e Fevereiro de 1958. Dia a dia, porque havia um informador da PIDE em todas as reuniões importantes, e relata com cópia de detalhes e precisão (era um intelectual...), como toda a gente (com excepção de António Sérgio) fez tudo o que pode para evitar que Humberto Delgado fosse candidato presidencial. Honky Tonkin.

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A LER

Gustavo Rubim, Resposta a JPP, poucos dias depois e por partes no Casmurro.

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GREAT BALLS OF FIRE!



Hoje é o dia das Perseides. Se o céu estiver limpo haverá bolas de fogo. Espero que caiam nos sítios certos, porque há aí muita a gente a merecê-las.

A IR absolutamente à Festa da Noite.

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EARLY MORNING BLOGS 575

Marília, chega, que Dirceu t'espera
Sobre as cândidas asas da alegria:
Chega, querido bem, trazes o dia,
Em que a inveja ferina s'exaspera.

Apenas no horizonte amanhecera,
E Febo os louros raios repartia;
Já dentro desta aldeia se sabia,
Que a causa deste bem Marília era.

Tu já vês como salta o cordeirinho
Alegre atrás da mão no verde prado:
Ouves cantar o alado passarinho:

Pisas a inveja rindo-te do fado:
É mais puro que o leite o teu carinho,
É mais doce que o mel teu terno agrado.


(Tomás António Gonzaga)

*

Bom dia!

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11.8.05


O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES:
FOGOS


Ainda a propósito dos incêndios, julgo que mais que tudo a "época de fogos" mostra-nos um retrato claro de um país profundamente terceiro-mundista, nos conceitos, nas atitudes e num estranho apego à boçalidade, como se de um bem valioso se tratasse. A culpa, essa é sempre dos outros, da falta de meios, do governo, dos pirómanos, das autarquias, da seca, mas nunca, nunca mesmo dos próprios, que constroem sem cuidar da envolvente, que acumulam lixo em áreas perigosas, que deitam vidros para o chão, que operam máquinas geradoras de faúlhas no Verão dentro das matas, que fumam e deitam beatas para qualquer canto, que insistem nas queimadas proibidas, etc., etc. Depois vem o cortejo dos directos televisivos, cujos jornalistas competem pela proximidade às chamas e pelo despropósito dos comentários. Usam-se os chavões habituais, desde o "fogo posto" até à "falta de meios", o que quer que seja que isso quer dizer. Segue-se um habitual confronto estéril entre um qualquer membro do governo e os representantes das oposições e já está, cumpriu-se mais uma época de fogos em Portugal, para o ano há mais.

No entanto, no seu afã informativo, as televisões e os demais "media", fazem questão de ignorar olimpicamente toda e qualquer discussão séria sobre este assunto gravíssimo. Porquê? Porque as discussões sérias (as únicas que valem a pena) fazem-se com especialistas, que existem, mas que as televisões preterem (se calhar por falta de telegenia) e não com políticos, comentadores ou generais. Quais as qualificações de quem coordena as operações de prevenção e combate aos incêndios, trata-se de facto de um especialista, com estudos e trabalhos publicados na matéria? Não se compreenderá se não for esse o caso. Que sabe o responsável da tutela sobre o assunto? Quem são os seus acessores para a área e quais as suas habilitações? São perguntas legítimas, dado que se tratam de lugares públicos, suportados pelos contribuintes. Eu, como contribuinte, preferia que o ministro fosse assessorado para este assunto por um doutorado em incêndios e não por mais um advogado ou economista.
Os tópicos para discussão são conhecidos e a sua enumeração desnecessária, mas no fundo, desde a atitude dos cidadãos até à dos governos, tudo acaba por radicar no problema essencial deste país: a falta de educação, pior, a convicção profunda de que ela não faz falta.

(João Silva)

*

Muito tenho visto escrevêr àcerca de incêndios, suas causas, origens ( criminosas ? doentias ? ), soluções para o combate.

São também constantes as acusações sérias aos proprietários , acusando-os de falta de limpeza das matas.....

Mas, sendo o Estado proprietário também, e a ele competindo protegêr as áreas que ele próprio determinou como protegidas “ parques naturais “ , como se justifica que essas reservas ardam com a mesma facilidade do que as bouças de quantos – muitas vezes emigrados – não tem meios nem auxilio para a sua limpeza !

E como castigar o proprietário de uma mata que arde apenas e só porque o seu vizinho não limpou a sua parte ?

Não tenho jeito para escrever mas queria deixar estas questões no ar. Porque falar do combate é fácil , venham mais aviões, troquem-se submarinos por helicópteros , procurem-se mais bombeiros , mas alguém tem de pagar, e aqui , mais uma vez estamos a tratar o doente em vez de evitar a proliferação da doença.

Também, e no campo da prevenção , julgo que todos se esquecem que temos 500 mil desempregados !!!

Não haverá no meio desse meio milhão de Portugueses alguns habilitados a serem recrutados para efectuar vigilância florestal ? Estará o País em situação de sustentar meio milhão de pessoas sem se socorrer delas para serviços cívicos ?

Não passaria aqui por um pacto de regime o acordar na possibilidade de “ requisição civil “ dos desempregados para acudir a esta situação de calamidade ? Ou apenas aqueles que trabalham para sustentar os desempregados é que se devem sujeitar á requisição civil ?

(Luis Miguel Moreira)

*

(...) Alguém viu um fogo começar espontaneamente numa mata ou floresta? Há para aí alguém que tenha visto um incêndio começar sozinho, assim, a uns metros de si, sem intervenção humana? Há por aí alguém que possa afirmar "Olha estava numa mata quando vi, de repente, à minha frente, um fuminho libertar-se no meio de ervas secas e iniciar um fogo"?

Gostava muito de saber se alguém já assistiu, vendo com os seus próprios olhos, uma chamazinha irromper de forma espontânea. Porque senão, se ninguém presenciou um incêndio deflagrar naturalmente, das duas uma: ou os fogos, quando começam, são tão tímidos que só ocorrem quando toda a gente está de costas, ou...somos todos lorpas e hipócritas.

(Mjb Reduto)

*

FOGOS : COMBATE ou POLÍTICA ?

De vez em quando imponho a mim próprio o silêncio , porque a revolta que sinto perante certos factos me tolhe a vontade de falar . Depois , a custo , vou recuperando e hoje acho que é altura de voltar a falar .

De falar do que muitos dizem ser tempo para calar : da vergonha nacional dos fogos florestais .

Não vou , porém , pelo caminho da crítica aos cortes orçamentais recentes ; da discussão do ridículo de certas afirmações de certos " cromos da bola " ; da comparação com o que se passou na Califórnia ou em qualquer outro lugar ; se os SAPADORES são melhores que os VOLUNTÁRIOS . Esta via – seguida há muito tempo por muitos responsáveis – leva ao esquecimento das verdadeiras causas e à não adopção das políticas necessárias : alimenta os demagogos .

Tão pouco vale a pena falar do anúncio da maior caça ao incendiário levada a cabo pela P.J. ou do agravamento de medidas penais ou do facto de um presumível incendiário aguardar julgamento em liberdade : continuaríamos na demagogia .

Falemos do que vale a pena :

1 – Para quando um cadastro efectivo da propriedade em Portugal ?
Para quando uma política de emparcelamento obrigatória e de proibição de repartição de propriedade abaixo de certos limites ?

2 – Para quando dotar as Juntas de Freguesia de máquinas e equipamento ( e de verbas para a sua utilização ) e tornar obrigatório o ordenamento e a limpeza de matas ?

3 – Para quando um estudo sério e a sua aplicação obrigatória sobre a tipologia das florestas , mantendo a níveis controlados o potencial de fogo e sua expansão ?

4 – Para quando uma política de fomento do desenvolvimento integrado das zonas florestais , incluindo o fomento da fixação populacional através do investimento na agricultura e criação de gado , ambas , de características adequadas , numa rede de comercialização de produtos - transformados localmente - valorizados por certificados de origem e de natureza ?

5 – Para quando uma política de desenvolvimento turístico tirando partido do potencial que tantos estrangeiros já descobriram vindo fixar-se nas nossas serras ?

Com isto apagam-se os fogos ?

Não , previne-se o incêndio .

Pois : e o dinheiro para pagar tudo isso ?

Tem sido e vai continuar a ser gasto na construção de quartéis de bombeiros , na aquisição e aluguer de veículos de combate ao fogo , na compra de Kits de adaptação de aviões , na perda de bens ...

... e continuam a MORRER PESSOAS .

A solução é POLÍTICA .

J.A.Ferrão Morgado, na Comarca de Arganil, Agosto 2003, enviado pelo autor.

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BIBLIOFILIA:
ARGUMENTOS PARA OS NOSTÁLGICOS DO IMPÉRIO




Do magnífico pequeno livro de Maria José Palla, Paredes de Pangim Velha Goa, da Assírio & Alvim.

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MICRO CAUSAS: O QUE VALEM



Para quem tenha dúvidas sobre o impacto dos blogues no debate público, leia os jornais de hoje, em particular o Público e o artigo do senhor Ministro das Obras Públicas no Diário Económico. Eles podem não querer admitir, por razões aliás bem pouco nobres, a quem se deve a origem de uma nova informação arrancada a ferros, - o estado dos estudos sobre a OTA e as obscuras razões porque não são divulgados em simultâneo com a decisão (essa já foi tomada, não foi?), - mas a verdade é impossível de esconder. Está hoje a estabelecer-se um novo padrão de exigência para os governos: com as novas tecnologias e o alargamento que a Internet propicia para o debate público, não é mais possível manter a administração fechada, com tudo aquilo que não é matéria reservada fora do conhecimento de todos. Em tempo útil.

Este escrutínio, que marca um ponto sem retorno, vai valer para a OTA, para o TGV, para todos os grandes projectos, para o que se sabe dos incêndios, mas vai também esclarecer muitos aspectos pouco claros da governação até agora confortavelmente escondidos como "técnicos", como seja a actividade de empresas de consultadoria, escritórios de advogados, fornecedores de pareceres de todo o tipo. Há todo um negócio que vive do poder político, altamente discricionário, às vezes sério, mas também muitas vezes tão politizado nas suas decisões, tão dependente de favores, tão sujeito à transumância de pessoas, encomendas, pareceres, lobis, na proporção directa da falta de escrutínio público. Ora é para aí que muito do poder político se tem deslocado, é para aí que os lobis dos grandes negócios se concentram numa mediação nem sempre transparente. É aí que reside muito do poder e da decisão política, e não na Assembleia, nem nos órgãos formais do estado e dos partidos.

Foram os blogues que suscitaram a questão do "estado" dos estudos da OTA, e a exigência (que permanece) da sua publicitação em linha, a comunicação social tradicional veio atrás. Não há mal nenhum nisso, mesmo quando não o querem reconhecer. O que interessa é o debate público, não a citação, que ainda é uma cultura escassa fora dos blogues. O que interessa é que se ajude a mudar o modo de fazer política em Portugal, do ponto de vista dos contribuintes e não do ponto de vista do estado, que é o que ainda domina o discurso da situação e da oposição tradicional, e muita da imprensa. Esta é uma genuína causa liberal, mesmo sem o rótulo. Liberal, de liberdade.

Estes setenta blogues


Bloguítica. Blasfémias , Ciberjus , Von Freud , Grande Loja do Queijo Limiano, [ai-dia], A destreza das dúvidas , crackdown, ContraFactos & Argumentos , ' A Esquina do Rio , Almocreve das Petas, Um prego no sapato, ...bl-g- -x-st-, sorumbático, Portuense, ABnose, Portugal dos Pequeninos, Teoria da Suspiração, A Baixa do Porto, Minha Rica Casinha, Sombra ao Sol, Insustentável, Insustentável Leveza, Virtualidades , Blogdamarta, Adufe, Tela Abstracta, opinar, Abnegado, Cabo Raso, Bateria da Vitória, Foz, Tempo Suspenso, Galo Verde, Navio Negreiro, Entre Pedras, Palavras, Viver Bem na Alta de Lisboa, Faz Tudo, SEDE, Observador Cosmico, Nortadas, Piano, primadesblog, Pura Economia, Impertinencias, Nova Floresta, Acid Junk Food, Prova dos Nove, Quinta do sargaçal, O cacique, Cuidado de Si, My Guide to your Galaxy, Ideias Dispersas, Gatochy's blog, Congeminar, Verão Verde, Forum Comunitário, Ma-Schamba, Ecletico, Miniscente, o careto, iuris, 19 Meses Depois, o caricas, Lendas & Etcetera, A Arte da Fuga, Luminescências, Nevsky Prospekt, Outro Planeta, Abrupto e um jornal digital, o Portugal Diário

contribuíram para esse novo standard. Talvez tenha sido este o valor desta causa.

*

Mais vale tarde do que nunca: EPIA - Estudos Preliminares de Impacte Ambiental (OTA e Rio Frio). Falta o resto, mas este é o bom caminho.

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COISAS DA SÁBADO

A MORTE DOS JORNAIS



A morte dos jornais Capital e Comércio do Porto, deixa-nos a todos mais pobres, porque o fim de um jornal é sempre um empobrecimento do espaço público. Mas é preciso ir mais longe, porque um jornal, como outras coisas, não tem um direito natural a existir. As opções da sua gestão, direcção e jornalistas tem também um papel e ele deve ser discutido. Como de costume, as culpas são só assacadas à administração, esquecendo-se que a Prensa Ibérica salvou os jornais de uma morte anterior e deu-lhes uma última oportunidade.

Não acompanhei sistematicamente os últimos dias do Comércio, mas era leitor diário da Capital desde que Luis Osório assumiu a direcção. Leitor em papel, portanto não foi por mim que o jornal acabou. O jornal de Luis Osório tinha características sui generis que o podiam tornar interessante – e foi notório o esforço para fazer diferente. O jornal procurou novos temas, novas notícias, mas nunca conseguiu encontrar um equilíbrio entre aquilo em que era único, e aquilo em que permanecia pior do que a concorrência. A uma determinada altura, parece ter desistido e ficou uma coisa a meio termo, nem um jornal como os outros, cobrindo a actualidade diária, para que não tinha redacção nem meios, nem um jornal alternativo para que lhe faltou o fôlego.

As fragilidades da Capital não vinham apenas da notória escassez de meios, mas também de decisões editoriais. Uma é o arranjo gráfico, porque poucos jornais tinham tão mau grafismo como a Capital. O grafismo era inimigo do conteúdo porque havia alturas em que o jornal podia ter as coisas mais interessantes do mundo, mas era ilegível, ou aborrecido até ao limite.

Depois, muitos dos jornalistas escreviam opinião e se exceptuarmos um ou dois casos, quase sempre de não jornalistas, como as colunas da última página, essa opinião era completamente desinteressante, ligeira e paroquial. Não teria sido melhor que o trabalho de jornalistas, certamente sempre escassos, fosse utilizado para tratar textos gigantescos, publicados quase sem subtítulos, contra todas as regras de legibilidade?

A Capital vai-me fazer falta, mas sempre que eu via um número revoltava-me a incúria com que era feita. Eu sei que é duro dizer isto, mas não era segredo para ninguém, a começar pelos seus leitores, que o desastre era inevitável.

*

(Transcrevo o texto integral da nota que publiquei na Sábado da semana passada e que foi objecto de duas citações convenientemente truncadas, A coerência de um pensador luso (NCS) e Abrupto ou abutre? (LFB), de responsabilidade de jornalistas e colaboradores da Capital, não identificados enquanto tal, reveladoras de uma desonestidade intelectual evidente. Eu percebo muito bem o que é que os incomoda no texto e que, por acaso, não transcreveram. O leitor que julgue e compare este texto com o que publiquei há um ano atrás no Abrupto sobre o jornal.)

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COISAS SIMPLES


A. Wyeth, The Studio

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EARLY MORNING BLOGS 574

The Lake Isle of Innisfree


I will arise and go now, and go to Innisfree,
And a small cabin build there, of clay and wattles made:
Nine bean-rows will I have there, a hive for the honey-bee;
And live alone in the bee-loud glade.

And I shall have some peace there, for peace comes dropping slow,
Dropping from the veils of the morning to where the cricket sings;
There midnight's all a glimmer, and noon a purple glow,
And evening full of the linnet's wings.

I will arise and go now, for always night and day
I hear lake water lapping with low sounds by the shore;
While I stand on the roadway, or on the pavements grey,
I hear it in the deep heart's core.


(W. B. Yeats)

*

Bom dia!

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9.8.05


INTENDÊNCIA

Actualizado NUMA BLOGOSFERA, PERTO DE SI com a lista que já vai em sessenta e sete blogues perguntadores e ainda há mais. Helena Garrido, no Diário Económico de hoje, rompeu a cortina de silêncio da comunicação social sobre este apelo, escrevendo:"esperemos que agora, com a Blogosfera e os jornais, se tenha mais sucesso que no passado quando a imprensa tanto criticou a onda dos estádios de futebol". Esperemos.

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AR PURO


Adam Thompson, Frozen Sea IV

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EARLY MORNING BLOGS 573

May 24, 1980


I have braved, for want of wild beasts, steel cages,
carved my term and nickname on bunks and rafters,
lived by the sea, flashed aces in an oasis,
dined with the-devil-knows-whom, in tails, on truffles.
From the height of a glacier I beheld half a world, the earthly
width. Twice have drowned, thrice let knives rake my nitty-gritty.
Quit the country the bore and nursed me.
Those who forgot me would make a city.
I have waded the steppes that saw yelling Huns in saddles,
worn the clothes nowadays back in fashion in every quarter,
planted rye, tarred the roofs of pigsties and stables,
guzzled everything save dry water.
I've admitted the sentries' third eye into my wet and foul
dreams. Munched the bread of exile; it's stale and warty.
Granted my lungs all sounds except the howl;
switched to a whisper. Now I am forty.
What should I say about my life? That it's long and abhors transparence.
Broken eggs make me grieve; the omelette, though, makes me vomit.
Yet until brown clay has been rammed down my larynx,
only gratitude will be gushing from it.


(Joseph Brodsky)

*

Bom dia!

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8.8.05


O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES:
QUE CANSAÇO?



A propósito desta sua questão,

"Que cansaço faz parar o país dos que menos tem razões para estarem cansados?"

Que cansaço leva um ministro das finanças acabado de empossar a entrar em férias?
Que cansaço leva um primeiro-ministro fazer férias tão pouco tempo depois de ganhar o poder? E com tão pouca coisa feita? Blair, por exemplo, não foi de férias, continua a trabalhar para tentar proteger o Reino Unido do terrorismo. É uma grande diferença de visão das funções de Estado.

A propósito de Blair, há um programa na televisão britânica em que o Primeiro Ministro se submete a questões (de natureza política) do público presente. Não são "empresários", nem "representantes da sociedade civil", nem antigos ministros, nem representantes de partidos políticos (hoje em dia estão sempre presentes em todos os debates, como se estes se esgotassem nas opiniões oficiais dos partidos).
Muitas perguntas feitas a Blair são bem colocadas, difíceis de responder, desconfortáveis (muito mais desconfortáveis do que as perguntas feitas por muitos jornalistas). Mas Blair está presente e responde.
Seria possível, com a nossa tradição política e jornalística, um programa desta natureza?

Por fim, uma questão, que surgiu ao ler este excerto do texto da reunião da Comissão Permanente da 1.ª Sessão Legislativa de 14 de Agosto de 2003: "Já o Sr. Presidente da República andava há vários dias no terreno sugerindo, aliás, a declaração de calamidade pública ." A pergunta é esta, se a situação este ano é muito mais grave, onde anda hoje o Presidente da República, que no ano passado andava "há vários dias no terreno?" Será que também está cansado?

(Paulo Agostinho)

*

Agora que me envolvi directamente, durante dois dias, lutando até desfalecer, no meio de um inferno de chamas e fumo ardente, procurando defender a humilde casa de meus pais - lugar de memória da minha infância e recanto de paz nos encontros domingueiros de três gerações – melhor entendo o valor da enorme solidariedade e abnegação do nosso povo. Pude testemunhá-lo: somos de facto um povo bom e generoso sempre que é posto à prova. E que não pára para ir a banhos, como tantos outros, não mostra cansaço, mesmo em condições sobre-humanas. Porque é pobre e os pobres sabem sofrer.

Mas é triste, de uma tristeza infinita, observar o nosso vasto e rico património florestal e ambiental, desaparecer num ápice, perante a nossa impotência, com consequências tão nefastas que provavelmente ainda nem nos demos conta, tal é o estado de pasmo e incredulidade com que olhamos, atónitos, estas manchas intermináveis de paisagem negra, bélica, ainda ontem tão fresca e paradisíaca.

É este sentimento de raiva interior, que ora se abafa, ora parece explodir, por verificar que os mais pobres continuam os mais sofredores, as suas casas as que ardem, o seu desespero o mais ignorado. Entregues a si próprios e ao seu destino, apenas podem contar consigo e a solidariedade possível. E ficar mais pobres. Ignorando e desprezando, por não ser seu, “um mundo” de discursos televisivos e climatizados, políticos, repleto de comparações, estatísticas, acusações, promessas, legislações, programas…jamais cumpridos ou a cumprir porque, definitivamente, somos governados por incompetentes.

Razão tem o meu pai, 75 anos, mas extremamente lúcido, confessando a um órgão de informação ( os novos paparazzi do fogo ! ) face ao cenário de tragédia jamais visto na sua aldeia: - “ Tivesse eu agora 20 ou 30 anos, voltaria a emigrar para bem longe e tão cedo não regressaria a este triste e pobre país.”

E nós, valerá a pena ficar? Até quando?

(M.Oliveira, Lavradio - Leiria)

*

É apenas uma opinião, mas esta calamidade dos incêndios serve, antes de quaisquer outras considerações, para avaliar da pobre situação em que anda o nosso poder autárquico. Não é o governo que deve agora andar a correr o país a assoprar na comunicação social um ou outro remedeio. De facto José Sócrates, ao invés se ter afastado do país, deveria agora estar a trabalhar a fundo no planeamento do ano que vem já aí. Mas aquilo que me surpreende mais, e pela negativa, é o desleixo dos próprios habitantes locais, e a falta necessária de apoio e coordenação das autarquias em acautelarem a tempo a vida dos seus municipes. No caso das florestas eu diria que não se pode culpar a própria natureza por fazer o seu papel. Mais tarde virão as chuvas e novos rebentos de árvores.

(António Fonseca)

*

Sendo todos vós tão inteligentes,e com grande mediatismo, como não viram ainda,ou ainda não foram capazes de dizer, que os grandes culpados dos Incêndios, não são o Governo ou os Autarcas e/ou os Bombeiros - sempre os atacados por V.Exas - mas sim aqueles que choram ao ver as suas coisas ardidas?
Quando é para limpar, ao menos os arredores das suas casas, quintas ou florestas não tem dinheiro nem tempo ... quando ardem todos são culpados menos eles.!!!!!!!!!!!!!
Gostaria de ver as Autoridades, actuando com multa a todos os que não cumprem a LEI !!! Ai que d´el´rei, lá estão a perseguir, com o intuito do lucro, etc, etc, etc.
Suas excelências que sempre defendem que o Estado não se pode substituir às pessoas, aos privados .... serão que nessas Vossas análises estão a ser sinceros e coerentes ?
(...)

(Elias Joel)

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OS FOGOS, A COMUNICAÇÃO SOCIAL, O GOVERNO, E NÓS





Li o seu post sobre o incêndio na A1 e não resisto ao “contraditório” (...) da a sua frase: “fiquei ainda mais convicto que, pelos órgãos de informação, os portugueses não tem tido a ideia da gravidade dos incêndios este ano.” Destaco as primeiras páginas de 14 Julho e de 4 de Agosto. Há mais primeiras páginas e, há pelo menos três semanas, que publicamos noticiário substancial sobre esta matéria, como o havíamos feito no final de Junho. Acho que o “Jornal de Notícias” tem sabido cumprir a sua tarefa mas, naturalmente, não temos o impacto das televisões.

(David Pontes)

Nota: David Pontes tem razão quanto ao Jornal de Notícias, e esta capa, anterior ao surto de incêndios dos últimos dias, é rara (senão única) na atenção atempada a uma gravidade que não se quis ver. Mas que existe um problema de apatia, indiferença e desresponsabilização, e que muita comunicação social participa nessa ocultação, quiçá involuntária por falta de efeito de novidade, isso existe.

Há razões políticas - em que circunstâncias do passado é que um Primeiro-ministro poderia continuar a fazer as suas férias num safari no Quénia sem reparo público? Em que circunstâncias do passado é que as declarações sucessivas de desresponsabilização do ministro António Costa, passariam incólumes? Em que circunstâncias do passado é que o apelo patético que fez ontem de pedir o aumento de penas e a prisão dos presumíveis incendiários durante a época dos fogos , deixaria de provocar reacções? Em que circunstâncias do passado é que deixaria de se perguntar por que razão , se há pessoas que têm que ser encerradas numa prisão porque são pirómanas, o problema não é mais do foro médico do que judicial? Tudo ao lado, tudo fora do âmbito das responsabilidades do governo.

Mas há também algo de muito mais perigoso: um efeito de Mitrídates, muito dependente da forma como a televisão trata os fogos, como se cada ano de imagens exaustivas dos incêndios nos noticiários fosse gerando uma cada vez maior indiferença e habituação. E como os incêndios têm a desdita de ocorrer numa silly season em que agora se entende, por puras razões de audiência e de características do “produto”, não dever perturbar o sol e a praia, nem à classe média nem aos jornalistas, tudo continuará na mesma, ou pior.

*

Mais sobre outras variantes do mesmo: Manipulação no Ma-Schamba e Mensal no Aviz.

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NUMA BLOGOSFERA, PERTO DE SI

Sessenta e sete blogues

Bloguítica. Blasfémias , Ciberjus , Von Freud , Grande Loja do Queijo Limiano, [ai-dia], A destreza das dúvidas , crackdown, ContraFactos & Argumentos , ' A Esquina do Rio , Almocreve das Petas, Um prego no sapato, ...bl-g- -x-st-, sorumbático, Portuense, ABnose, Portugal dos Pequeninos, Teoria da Suspiração, A Baixa do Porto, Minha Rica Casinha, Sombra ao Sol, Insustentável, Insustentável Leveza, Virtualidades , Blogdamarta, Adufe, Tela Abstracta, opinar, Abnegado, Cabo Raso, Bateria da Vitória, Foz, Tempo Suspenso, Galo Verde, Navio Negreiro, Entre Pedras, Palavras, Viver Bem na Alta de Lisboa, Faz Tudo, SEDE, Observador Cosmico, Nortadas, Piano, primadesblog, Pura Economia, Impertinencias, Nova Floresta, Acid Junk Food, Prova dos Nove, Quinta do sargaçal, O cacique, Cuidado de Si, My Guide to your Galaxy, Ideias Dispersas, Gatochy's blog, Congeminar, Verão Verde, Forum Comunitário, Ma-Schamba, Ecletico, Miniscente, o careto, iuris, 19 Meses Depois, o caricas, Lendas & Etcetera, A Arte da Fuga, Luminescências,
e um jornal digital, o Portugal Diário

leram isto


"Respeito muito os signatários, mas há sociedades que valorizam mais a especulação e a análise, enquanto outras valorizam mais a busca de soluções."
(Manuel Pinho, Diário Económico, 28-07-05)

e correspondendo ao apelo do senhor Ministro fizeram o pedido, exigência bem educada,

PODE O GOVERNO SFF COLOCAR EM LINHA OS ESTUDOS SOBRE O AEROPORTO DA OTA PARA QUE NA SOCIEDADE PORTUGUESA SE VALORIZE MAIS A “BUSCA DE SOLUÇÕES” EM DETRIMENTO DA “ESPECULAÇÃO”?

e receberam a resposta:

NÃO.
PELO MENOS PARA JÁ, ATÉ QUE O GOVERNO FAÇA O SEU ESTUDO, VISTO QUE AINDA NÃO FEZ NENHUM, APESAR DE JÁ TER DECIDIDO TUDO.

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AR PURO


Annie Leibovitz, The Whiz Kids: Scorcese, Lucas, Spielberg, Coppola, 1996

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EARLY MORNING BLOGS 572

MAGRIÇO E OS DOZE DE INGLATERRA (Fragmento)


Eu no entrar da singela juventude,
Sem conhecer os homens, fui sincero.
Ardente coração, paixões fogosas,
Alma franca, de impulso me levaram
Aos países do cego entusiasmo.
Por lá cantei de amor pureza e mimos,
Doçuras de amizade, enlevos de alma.
Heroísmo, glória, liberdade e amores,
À porfia na lira me soaram;
E na alteza do espírito sublime
Só vi nos homens a verdade e a honra.
Experiência fatal; tu me roubaste
A tão doce ilusão, em que eu vivia!
Bordado véu de lisonjeiro engano
Rasgou-mo de ante os olhos embaídos
Coa descarnada mão seca verdade.
Tal como ele é vi o homem! Aos meus olhos
De vergonha e de dó vieram lágrimas.
Chorei; – tão louco fui! Só gargalhadas
As loucuras do mundo nos merecem.

E assim foi que, atentando mais de perto,
Vi tanta asneira, vi tanta sandice,
Que desatei a rir, por fim, de tudo,
De Heraclito chorão deixei a escola,
E alegre sigo o pachorrão Demócrito.
Quero rir com Diógenes, com ele
No cínico tonel entrincheirar-me
Contra as sandices deste parvo mundo.


(Almeida Garrett)

*

Bom dia!

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UM ESTADO SEM AUTORIDADE

Do Diário de Notícias de hoje

"Mais de 1800 pedreiras estão a laborar ilegalmente em Portugal, estando legalizadas apenas 151. Todas as empresas tinham existência legal até 2002, altura em que entrou em vigor o decreto-lei n.º 270/2001, que regula o sector extractivo no domínio terrestre."

"Cerca de 24,5 milhões de toneladas de inertes, provenientes de rios e pedreiras, são ilegalmente extraídos por ano. A quantidade de materiais (areias e rochas britadas) não declarados pelas empresas de extracção atinge valores que rondam, em média, os 50 por cento da produção, o que significa que metade da actividade deste mercado é efectuada sem o conhecimento das entidades oficiais."

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7.8.05


INTENDÊNCIA

Amanhã farei a actualização final de todos os blogues que participaram na exigência da divulgação dos estudos da OTA, que como se sabe, teve um não de resposta do governo, pelo menos para já. Afinal o número foi muito maior do que os cinquenta e seis que tinha recenseado.

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O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES:
NENHUMA RESPONSABILIDADE, COISAS VAGAS, FALTA DE SOLIDARIEDADE

As respostas que o Ministro António Costa (que também substitui o Primeiro-ministro) tem dado, no telejornal da RTP1, ao jornalista José Rodrigues dos Santos quando confrontado com perguntas directas sobre as medidas que o governo tenciona tomar até ao fim da época de fogos. Diz coisas vagas tipo “é preciso aplicar a lei” sempre que confrontado com medidas concretas nomeadamente em relação à limpeza de matas a 50 metros das casas e a 10 metros das estradas. Inacreditável também a resignação e falta de empenho que desde o início desta calamidade tem mostrado na televisão quando confrontado com o facto de este ano ter havido mais 70% de fogos do que em igual período do ano passado: “já esperávamos”..., “a seca”... E finalmente, inacreditável o facto de não ter mostrado um átomo de solidariedade e mesmo de compaixão para com tantos portugueses que viram as suas casas, animais e bens arderem.

Um drama que se desenrola perante os nossos olhos e ninguém, do Presidente da República aos ministros ou mesmo deputados vai “lá” perto das populações que sofrem para verem por si a calamidade que estas vivem. São os políticos que temos.

(J.)

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PORQUE É QUE TUDO ESTÁ PARADO, MENOS OS POBRES

Que cansaço faz parar o país dos que menos tem razões para estarem cansados?

Bom. O país não está bem parado, os pobres continuam a trabalhar, a defender as suas casas dos fogos, a cuidar dos seus campos e animais, a manter os turnos nas fábricas de laboração contínua, a trabalhar a dias, a servir à mesa, a trabalhar nas obras, a asfaltar estradas (sim, a proximidade das autárquicas leva a um surto nacional de obras de estradas, alindamentos, rotundas, calcetamentos), debaixo de quarenta graus. Não são só os portugueses, há muitos emigrantes, a ganharem o seu, sob este sol impiedoso.

O país não está parado. O país que se auto-representa nos jornais, esse é que está parado.

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OLHARES

Cito de Gustavo Rubim no Casmurro:

Resposta a JPP, 70 anos antes

«A tradição da nossa cultura foi sempre colocar-nos dentro dos olhos dos outros, quanto mais Outro os outros forem. E num certo sentido este é um sinal da vitalidade da cultura ocidental [...]» J. Pacheco Pereira (Público e Abrupto, 2005)

Responde Ruth Benedict, antropóloga:
«O branco, esse, tem tido uma experiência diferente. Nunca, porventura, terá visto um homem de outra civilização, a não ser que o homem de outra civilização já esteja europeizado. Se viajou, muito provavelmente fê-lo sem nunca ter ficado fora de um hotel cosmopolita. Pouco sabe de quaisquer maneiras de viver que não sejam as suas. A uniformidade de costumes, de pontos de vista, que vê em volta de si parecem-lhe suficientemente convincentes, e esconde das suas vistas o facto de que se trata, afinal, de um acidente histórico. Aceita sem mais complicações a equivalência da natureza humana e dos seus próprios padrões de cultura.»

Padrões de Cultura, p.18, tradução de Alberto Candeias (original: Patterns of Culture, 1934)

Fim de citação.

Ruth Benedict é nova-iorquina, branca, aluna de Vassar e de Columbia, e, entre outras coisas, participou no esforço de guerra (anti-japonês) dos americanos estudando a "cultura" japonesa. O que ela escreve na citação, como aliás todo o seu livro Padrões de Cultura, parece-me um típico exemplo de "tradição da nossa cultura [que] foi sempre colocar-nos dentro dos olhos dos outros, quanto mais Outro os outros forem." Exactamente o que eu queria dizer.

Desconheço qualquer observação antropológica do mesmo teor, sobre os seus, provinda de qualquer outra tradição cultural (muçulmana, budista, animista, etc.), e que não possa ser suspeita de "ocidentalizada". Não me refiro obviamente apenas a frases avulsas de tolerância e compreensão face aos "bárbaros" (hoje diz-se os "cruzados"), refiro-me a uma visão desapiedada, exterior, com os olhos do Outro, sobre "nós", relativista culturalmente como os Padrões de Cultura, que tenha tido a influência sobre essas sociedades e culturas que olhares como o de Benedict, Mead, Levi-Strauss e outros tiveram sobre a nossa.

Groucho Marx também é um excelente exemplo. A meu favor.

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COISAS SIMPLES


Robert Mapplethorpe, Italian Devil

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EARLY MORNING BLOGS 571

Ouvir Estrelas


"Ora direis ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso"! E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...

E conversamos toda a noite, enquanto
A via láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora! "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?"

E eu vos direi: "Amai para entendê-las:
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas".


(Olavo Bilac)

*

Bom dia!

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© José Pacheco Pereira
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