ABRUPTO

7.4.05


EARLY MORNING BLOGS 465

Let Evening Come


Let the light of late afternoon
shine through chinks in the barn, moving
up the bales as the sun moves down.

Let the cricket take up chafing
as a woman takes up her needles
and her yarn. Let evening come.

Let dew collect on the hoe abandoned
in long grass. Let the stars appear
and the moon disclose her silver horn.

Let the fox go back to its sandy den.
Let the wind die down. Let the shed
go black inside. Let evening come.

To the bottle in the ditch, to the scoop
in the oats, to air in the lung
let evening come.

Let it come, as it will, and don't
be afraid. God does not leave us
comfortless, so let evening come.


(Jane Kenyon)


*

Bom dia!

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NO MURO DAS LAMENTAÇÕES

Quem lida com a Igreja Católica Apostólica Romana e se esquece que está a lidar com uma instituição antiga, uma das raríssimas instituições que merece o nome de antiga, engana-se ou não percebe as linhas com que se cose ou é cosido. (A surpresa da derrota no referendo do aborto é um bom exemplo, se bem que de um evento apesar de tudo menor). No meio de todo este ruído que se agita à nossa volta a propósito da morte do papa, – e que daqui a uma semana será substituído por outro nos telejornais, exactamente com os mesmos mecanismos –, encontrei na Rua da Judiaria este texto que o Papa escreveu num papelinho para colocar no Muro das Lamentações em 26 de Março de 2000:

Deus dos nossos pais, que escolheste Abraão e os seus descendentes para trazer o Teu nome às nações: estamos profundamente tristes com o comportamento daqueles que, ao longo do curso da história, causaram sofrimento a estes teus filhos e, pedindo o teu perdão, manifestamos o desejo de nos comprometermos a uma irmandade genuína com o povo do convénio.

Não tem nem uma palavra a mais, nem a menos e diz exactamente o que quer dizer. Tudo é medido com uma dimensão que dificilmente encontramos à nossa volta. É ao mesmo tempo um texto religioso, – o acto de o colocar nas reentrâncias do Muro tem significado religioso –, uma mensagem religiosa e política e um programa de intenções. O Papa dirige-se ao “Deus dos nossos pais”, ou seja a Jeová; “que escolheste Abraão e os seus descendentes para trazer o Teu nome às nações”, ou seja os judeus, o povo eleito com uma missão divina; afirma a sua “tristeza” pelas perseguições aos judeus colocando-se do lado dos perseguidores, daí o pedido de “perdão” (a Jeová, a Deus); e manifestando o desejo ecuménico de uma “irmandade genuína” com o “povo do convénio”, de novo com os judeus assim descritos na sua qualidade bíblica. Os judeus são nomeados sempre pelas suas designações e funções bíblicas, acentuando o fundo teológico e histórico comum. Na terra, Jerusalém, em que Cristo foi morto, não há menção a Cristo, como se o Papa estivesse, de um modo ainda mais ancestral. virado apenas para as paredes do Templo de Salomão.

*
A propósito da sua nota sobre o modo como o Papa, pedindo perdão ao povo judeu pelas perseguições da História, em termos que mais parecem exprimir o desejo do restauro da unidade primordial da mesma fé, uma espécie de "regresso à casa comum", não resisto a deixar-lhe um belo texto de Santo Agostinho, no seu Comentário ao Evangelho de S. João (XVI, 3), que traduzo:

"A Pátria do Senhor é o Povo judeu.
Contempla a multidão dos judeus agora,
observa essa nação, dispersa pelo mundo, arrancada às suas raízes, olha para esses ramos, esmagados, cortados, lançados de um canto para o outro, ressequidos.
Na sua ferida, a oliveira selvagem teve o seu enxerto.
Vê a massa do povo judeu, o que te diz ele?
Esse que vós honrais, Esse que vós adorais, era nosso irmão!"


Agostinho escreveu este texto no momento histórico em que os judeus já levavam três séculos de diáspora forçada (após a queda de Jerusalém, em 70 d. C.), e em que se começava a adensar, no Estado romano legalmente cristianizado, a perseguição à religião irmã, suficientemente próxima nas suas características para se constituir rival para o cristianismo, e que, por isso, urgia diabolizar. Ao mesmo tempo, uma e outra religião empreendem um caminho teológico de reinterpretação dos textos que, avivando as diferenças, as colocou de costas voltadas pelos séculos afora.

Mas Agostinho escreveu este texto para ser ouvido, em homilia (comentário ao Evangelho), pelos fiéis cristãos que tinham Agostinho por pastor. O cristão é, pois, interpelado a corrigir a sua atitude em relação a "esse irmão mais velho" que era o judaísmo, como se vê pela pessoa e modo verbal usados. Não teria sido, decerto, a atitude mais comum por parte dos pastores da Igreja, como também não foi comum a atitude de João Paulo II. Mas a verdade do Espírito nem sempre fala pelo número dos que lhe invocam a autoridade.

Por vezes, na História da Igreja, temos umas centelhas cuja luz, brilhando, indicam o caminho a seguir, feito de tolerância, de reconhecimento pelo valor do outro, cuja diferença é uma riqueza, e não uma realidade a esmagar.
(Paula Barata Dias)

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6.4.05


A LER

Na Capital de 6 de Abril, que só vi hoje, a lista actual dos 116 cardeais com notas biográficas. Embora não tenha encontrado no jornal a indicação da origem, deve ter sido um trabalho comprado lá fora. Seja como for, é das melhores contribuições para ficarmos informados sobre a realidade da Igreja, contrastando com jornais e televisões que nos dão escassa informação e muita palha.

Só hoje o seu comentário sobre o trabalho que publicámos sobre os 116 cardeais. Apesar de parecer "comprado" no estrangeiro foi feito aqui mesmo nesta pequena redacção através de um imenso trabalho de pesquisa. Deu trabalho, mas pensamos que valeu a pena.

(Fernanda Mira)

Como todos o coleccionadores gosto de listas e a rede é um magnífico repositório de listas. Camille Paglia começou a publicar as dela no seu endereço "oficial" , e começou com as dez esculturas preferidas. A "novidade", a descoberta da Camille, numa lista previsível, é a estátua de Chapin, o "puritano" fundador de Springfield. A estátua é muito interessante, mas, enfim, sempre ocupa o lugar do Moisés ou da Pietá, o que convenhamos... Dez é pouco.

(E, de passagem, o grafismo do endereço da Paglia parece o dos cartazes do PSD na última campanha. Fica-se com a sensação de dejà vu.)

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EARLY MORNING BLOGS 464

SONETO FIEL


Vocábulos de sílica, aspereza,
Chuva nas dunas, tojos, animais
Caçados entre névoas matinais,
A beleza que têm se é beleza.

O trabalho da plaina portuguesa,
As ondas de madeira artesanais
Deixando o seu fulgor nos areais,
A solidão coalhada sobre a mesa.

As sílabas de cedro, de papel,
A espuma vegetal, o selo de água,
Caindo-me nas mãos desde o início.

O abat-jour, o seu luar fiel,
Insinuando sem amor nem mágoa
A noite que cercou o meu ofício.


(Carlos Oliveira)

*

Bom dia!

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FOGO QUE ARDEU VENDO-SE


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5.4.05


INTENDÊNCIA

Continua a ser completada a bibliografia sistemática nos ESTUDOS SOBRE COMUNISMO.

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A LER


A nota O Estado Ladrão no Jaquinzinhos, um retrato exacto de por que é que temos dificuldade a ir a qualquer outro lado que não seja a cepa torta.

A Memória Inventada em geral e o Esplanar sobre a comida histórico-literária.


As notícias sobre os Prémio Pulitzer deste ano. O prémio de poesia foi para Ted Kooser, um improvável (para os paradigmas de muitos intelectuais europeus) poeta segurador, que foi toda a vida vice-presidente da Lincoln Benefit Life Insurance, de Lincoln, Nebraska, uma terra de milho e mísseis. Um dia contarei as minhas memórias de Lincoln, mas fica para já um poema:


After Years

Today, from a distance, I saw you
walking away, and without a sound
the glittering face of a glacier
slid into the sea. An ancient oak
fell in the Cumberlands, holding only
a handful of leaves, and an old woman
scattering corn to her chickens looked up
for an instant. At the other side
of the galaxy, a star thirty-five times
the size of our own sun exploded
and vanished, leaving a small green spot
on the astronomer's retina
as he stood on the great open dome
of my heart with no one to tell.


(Ted Kooser)

Um poema de Kooser, A Happy Birthday, foi reproduzido no Abrupto em 28 de Dezembro de 2004.

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COISAS SIMPLES


Vuillard, Fleurs sur une cheminée aux Clayes

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EARLY MORNING BLOGS 463

SEM DATA


Esta voz com que gritei às vezes
Não me consola de só ter gritado às vezes.

Está dentro de mim como um remorso, ouço-a
Chiar sempre que lembro a paz de segurança estulta
Sob mais uma pedra tumular sem data verdadeira.

Quando acabava uma soma de silêncios,
Gritava o resultado, não gritava um grito.

Esta voz, enquanto um ar de torre à beira-mar
Circula entre folhas paradas,
Conduz a agonia física de recordar a ingenuidade.

Apetece-me explicar, agora, as asas dos anjos.


(Jorge de Sena)

*

Bom dia!

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GEOGRAFIA DO MUNDO SUBTERRÂNEO



Geografia do mundo subterrâneo, em Fédon de Platão (111-112)

"(...) No seu conjunto, tal é a natureza da terra e de tudo quanto a rodeia. Mas também nela, nas suas concavidades, há muitas regiões dispostas circularmente; umas mais profundas e abertas do que esta em que habitamos; outras que, sendo mais profundas, têm uma abertura menor que a nossa região; e há outras que são de menor fundura que esta, mas mais amplas. Todas estas regiões subterrâneas comunicam entre si, em muitos pontos no interior da terra, por meio de canais, de diâmetros mais estreitos ou mais largos, por onde flui em abundância a água de umas regiões para as outras, como em bacias, formando rios perenes e subterrâneos de incontável grandeza, tanto de águas quentes como frias, em contínuo fluxo; passando por aí em abundância o fogo, há também enormes rios de fogo e de lama, ora mais límpida, ora mais lamacenta, como essas torrentes de barro que na Sicília fluem precedendo a torrente de lava e depois a própria lava. Todas essas regiões da terra, são inundadas por estes rios, consoante a direcção tomada pelas suas correntes, que se movem para cima e para baixo, por efeito de uma oscilação que se produz no interior da terra, cuja causa natural obedece ao seguinte: Há entre os abismos da terra um que é o maior e que a atravessa de lado a lado. A isto alude Homero quando diz: Muito distante, onde se abre sob a Terra, o abismo mais profundo. (...)"

(cortesia de Ana da Palma)

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4.4.05


INTENDÊNCIA

Continua a actualização dos ESTUDOS SOBRE O COMUNISMO, onde arquivei a crítica que publiquei a semana passada ao Dicionário no Feminino e continuo a completar a bibliografia.

Actualizada a nota O ENXOFRE É BOM PARA AS RÃS?

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DE "MARIA GRAÇA SAPINHO" A CATARINA EUFÉMIA: ALGUMAS FONTES

A discussão que se trava nos ESTUDOS SOBRE O COMUNISMO sobre Catarina Eufémia revela as grandes dificuldades em tratar com distância os eventos da nossa história do século passado, em particular nos anos da ditadura. Nostálgicos do regime e / ou da história “oficial” do PCP , canónica para a oposição mesmo quando não era comunista, tornam toda a discussão uma polémica. Esta parece-me útil e reveladora, mas nela , em princípio, não participarei directamente.

No Abrupto e nos Estudos reproduzo apenas algumas das primeiras versões publicadas dos eventos na imprensa clandestina, que revelam a rapidez da difusão da notícia da morte, mas também as confusões com a identidade da "camponesa" (o termo era usado na época para designar aquilo que era, na verdade, uma trabalhadora rural). Tendo em conta o modo como funcionava a estrutura clandestina do PCP, isto parece indicar que o partido podia seguir de perto os conflitos rurais, quase em tempo real, mas aponta para que Catarina Eufémia não fosse militante ou simpatizante organizada do partido. Dois elementos suplementares sobre a clandestinidade: a cadeia de comunicação dependia dos encontros regulares dos funcionários controleiros, que devia ser pelo menos mensal; e as datas reais dos jornais (não dos panfletos) deve ser acrescentada pelo menos de um mês.

O assassinato deu-se a 19 de Maio de 1954 e a primeira notícia conhecida vem num panfleto da Organização Regional do Alentejo do PCP, datado de dois dias depois:



Como se vê Catarina vem identificada como "Maria da Graça", nome pelo qual é citada no Avante! Nº 187, de Abril-Maio 1954. No Camponês nº 44,de Maio-Junho de 1954, o orgão do partido para os campos do Sul, a notícia não refere sequer o nome:




No Camponês nº 45, de Agosto-Setembro de 1954, corrigia-se o nome de Maria Graça Sapinho pelo de Catarina Eufémia



Tendo em conta a relevância do acontecimento, tal como o percebemos hoje, o seu tratamento nos números seguintes do Camponês é residual e só em 1955 começa a ganhar dimensão acompanhando iniciativas de agitação local, como a “designação” do largo principal de Baleizão como “Catarina Eufémia”, e outras no primeiro aniversário da morte.

Ver também (se tal fosse possível sem pagar haveria ligação...) o artigo de Paula Godinho, "Ainda o mito de Catarina Eufémia", no Público de 4 de Abril de 2005.

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PÚBLICO EM LINHA PAGO

Sou a favor que os serviços que custam a outrem produzir sejam pagos por aqueles que os consomem. Nada tenho por isso contra o pagamento da consulta do Público em linha: o Público custa dinheiro a fazer, devo pagar por ele. No entanto, o jornal deve pensar noutro valor, valor económico ponderável e real, que é o da sua autoridade pela influência (não coincidem necessariamente, mas relacionam-se). Essa é fortemente afectada pela diminuição de acesso, mas acima de tudo pela impossibilidade da citação e da ligação. O Público irá desaparecer das ligações quotidianas da blogosfera e de outro tipo de páginas da rede e ficará apenas dependente do mecanismo de citação da comunicação social tradicional. Ou seja, perde a rede, local de influência, perde valor em sectores cada vez mais significativos da opinião e que têm um efeito multiplicador único para um jornal que se pretende “de referência”.

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A LER

O Mar Salgado, nestes dias de mar, por causa de notas como O HERÓI ou REISEN.

Sobre o plágio nos trabalhos universitários, um caso português.

O artigo de Nat Hentoff sobre a morte de Terri Schiavo (sugestão de José Carlos Santos). Mais interessante ainda por ser de quem é e por ter sido publicado no Village Voice.

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CONE



visto do ar, a geometria da terra perfeita.

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EARLY MORNING BLOGS 462

Flying


One said to me tonight or was it day
or was it the passage between the two,
"It's hard to remember, crossing time zones,

the structure of the hours you left behind.
Are they sleeping or are they eating sweets,
and are they wanting me to phone them now?"

"In the face of technological fact,
even the most seasoned traveler feels
the baffled sense that nowhere else exists."

"It's the moving resistance of the air
as you hurtle too fast against the hours
that stuns the cells and tissues of the brain."

"The dry cabin air, the cramped rows of seats,
the steward passing pillows, pouring drinks,
and the sudden ridges of turbulence. . ."

"Oh yes, the crossing is always a trial,
despite precautions: drink water, don't smoke,
and take measured doses of midday sun,

whether an ordinary business flight
or a prayer at a pleasure altar. . .
for moments or hours the earth out of sight,

the white cumuli dreaming there below,
warm fronts and cold fronts streaming through the sky,
the mesmerizing rose-and-purple glow."

"So did you leave your home à contrecoeur?
Did you leave a life? Did you leave a love?
Are you out here looking for another?

Some want so much to cross, to go away,
somewhere anywhere & begin again,
others can't endure the separation. . ."

One night, the skyline as I left New York
was a garden of neon flowerbursts--
the celebration of a history.


(Sarah Arvio)

*

Bom dia!

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3.4.05


EXTREMO DO EXTREMO



do extremo. Quando se lá chega, sabe-se que se está no fim. E o fim é habitado.

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MAIS GEOGRAFIA



Dominado pela geografia. Por coisas simples e pelo ar puro.

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GEOGRAFIA

Terra. Milhas e milhas e milhas de mar. Um fragmento de terra, dois ou três. Milhas e milhas e milhas de mar. Um fragmento de terra ainda mais pequeno, quase nada. Depois, milhas e milhas e milhas de mar. É assim.

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1.4.05


O ENXOFRE É BOM PARA AS RÃS?

No Inferno há muito enxofre, mas que me lembre não há rãs. Há umas nos quadros de Bosch, mas ele meteu lá tudo e por isso não conta. No interior da cratera, das paredes e do chão, sai fumo, fumo de enxofre a julgar pelo cheiro e pela cor amarela e avermelhada da terra à volta. Mas, mesmo lá no meio, a chuva há muito tempo fez uma lagoa, cheia de ervas e vida. A julgar pelo festival de som e pelo intenso movimento à superfície, as rãs não se dão mal no Inferno.

*



















"Envio-lhe uma fotografia que tirei no Japão, mais concretamente num dos vulcões do Parque Nacional de Shikotsu-Toya, na ilha de Hokkaido. Pude por lá respirar muito enxofre."


(Pedro Matos Soares)


*

Fernando Pessoa sobre as rãs, lembrado por RM:

Todas as cousas que há neste mundo
Têm uma história,
Excepto estas rãs que coaxam no fundo
Da minha memória.
Qualquer lugar neste mundo tem
Um onde estar,
Salvo este charco de onde me vem
Esse coaxar.

Ergue-se em mim uma lua falsa
Sobre juncais,
E o charco emerge, que o luar realça
Menos e mais.

Onde, em que vida, de que maneira
Fui o que lembro
Por este coaxar das rãs na esteira
Do que deslembro?

Nada. Um silêncio entre juncos dorme.
Coaxam ao fim
De uma alma antiga que tenho enorme
As rãs sem mim

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O VULCÃO QUE JULGAVA QUE ERA UMA BALEIA



Na estação de vigia às baleias - uma barraca de madeira e dois bancos para os homens - viu-se o mar a agitar-se. Baleia de certeza. Os homens deitaram o foguete de aviso e correram para o pequeno porto em baixo, uma fractura entre dois rochedos de basalto que permitia deitar os barcos ao mar. Os barcos sairam atrás da espuma. Quando lá chegaram viram o "mar a ferver" e não havia baleia nenhuma. Fugiram. Era o início de um vulcão. Foi assim.

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© José Pacheco Pereira
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