ABRUPTO

13.6.09

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EARLY MORNING BLOGS

1576 -Some People

Some people fleeing some other people.
In some country under the sun
and some clouds.

They leave behind some of their everything,
sown fields, some chickens, dogs,
mirrors in which fire now sees itself reflected.

On their backs are pitchers and bundles,
the emptier, the heavier from one day to the next.

Taking place stealthily is somebody's stopping,
and in the commotion, somebody's bread somebody's snatching
and a dead child somebody's shaking.

In front of them some still not the right way,
nor the bridge that should be
over a river strangely rosy.
Around them, some gunfire, at times closer, at times farther off,
and, above, a plane circling somewhat.

Some invisibility would come in handy,
some grayish stoniness,
or even better, non-being
for a little or a long while.

Something else is yet to happen, only where and what?
Someone will head toward them, only when and who,
in how many shapes and with what intentions?
Given a choice,
maybe he will choose not to be the enemy and
leave them with some kind of life.

(Wislawa Szymborska, tradução de Joanna Trzeciak)

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12.6.09


ESPÍRITO DO TEMPO: HOJE



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EARLY MORNING BLOGS

1575 - Aubade: Some Peaches, After Storm

So that each
is its own, now--each has fallen, blond stillness.
Closer, above them,
the damselflies pass as they would over water,
if the fruit were water,
or as bees would, if they weren't
somewhere else, had the fruit found
already a point more steep
in rot, as soon it must, if
none shall lift it from the grass whose damp only
softens further those parts where flesh
goes soft.

There are those
whom no amount of patience looks likely
to improve ever, I always said, meaning
gift is random,
assigned here,
here withheld--almost always
correctly
as it's turned out: how your hands clear
easily the wreckage;
how you stand--like a building for a time condemned,
then deemed historic. Yes. You
will be saved.

(Carl Phillips)

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11.6.09




Escrito há exactamente um ano e ainda me lembro muito bem das reacções com que foi recebido:
Estamos em Junho de 2008, a um ano e pouco de um novo ciclo eleitoral e, pela primeira vez desde 2004, penso que o caminho para que o PS perca as eleições e haja uma alternância política está claramente aberto à nossa frente. Duas prevenções desde já para as mentes perversas. Uma: não, não me enganei na data de 2004, porque era para mim certo em 2004 que o PS se não estava já no poder ia estar, era só uma questão de tempo. Outra: não, não é por causa de Manuela Ferreira Leite ser líder do PSD, embora também seja. É por causa de Manuela Ferreira Leite, do PSD, de Manuel Alegre, do BE, do PCP e acima de tudo por causa de José Sócrates, e do PS entre Alberto Martins e Vitalino Canas.

Na política portuguesa fazer previsões a um ano é quase suicidário. Nós temos um grau de usura do processo político, um grau de imprevisibilidade (na verdade é mais de errância do que de imprevisibilidade), estamos tão dependentes de arroubos individuais e de títulos de jornais, que tudo pode desabar amanhã e a gente ficar com a teoria publicada para nos perseguir até ao fim da vida. Mas eu sou imprudente e de costas larguíssimas e não me importo. Penso mesmo que o nosso primeiro-ministro está em sério risco de perder as eleições legislativas de 2009 e que o país começa a desejar que aquela arrogância tenha um preço elevado. Não sei se acontece, desejo que aconteça, mas também penso racionalmente que é possível acontecer.

As eleições de 2009 vão-se disputar em clima de crise económica e social, não só "clima", no sentido da geral depressão das pessoas, mas nos efeitos do "clima", empobrecimento generalizado da classe média (inclusiva) para baixo. (...) Daqui a um ano haverá muito menos de tudo, a crise estará em pleno e o actual Governo do PS estará enredado em opções erradas que já fez e não consegue mudar a tempo sem se negar a si próprio e dar razão à oposição.

O terreno é ideal para o populismo e isso nota-se. (...) é na esquerda que o populismo está de boa saúde, mais significativamente na esquerda de que o PS e a esquerda do PS tanto gostam, no BE. Quem tenha ouvido Louçã a falar na televisão há dias, junto com meia dúzia de pescadores durante a greve, percebeu a potencialidade demagógica daquele discurso. Um discurso entre "eles", os corruptos (o discurso da corrupção é o lubrificante do populismo), os exploradores, os mentirosos, e "nós", ele Louçã, combatente pela verdade, pela moralização, pelos direitos de todos a tudo. É uma linguagem inquisitorial, sempre com inimigos, sempre com a moral, ou uma outra forma qualquer de Deus, "do nosso lado". Não se previnam no BE e um dia acordam, no meio de um curso das coisas eficaz, porque o populismo tem eficácia principalmente nos dias de hoje, mas muito perigoso para a democracia.

Até agora, o PS estava bem e podia preocupar-se apenas com a sua esquerda. (...) Hoje o PS já não pode reforçar a Frente Leste sem enfraquecer a Fortaleza Europa e vice-versa, e por isso deixou de ser o agregador que foi quando podia ocupar o "centro" sem competição. (...)

Mas, se descontarmos os riscos de populismo e do providencialismo, é natural que quem vá votar em 2009 possa ter uma atitude mais razoável, mais madura, mais prudente do que a que pretendem os encantadores de serpentes. Os homens e as mulheres que irão às urnas estarão deprimidos no seu bolso, pouco esperançados na sua cabeça, não acreditam por regra nos políticos, não esperam muito, mas esperam alguma coisa. Sabem que desde sempre lhes disseram para aguardar a "luz no fundo do túnel", sabem que lhes pediram para "apertar o cinto" e, em vez de o conseguir desapertar, em tempo útil, têm que passar para o furo abaixo. Não vão em promessas e quem aparecer a acenar-lhe com mundos e fundos será tido como mais um mentiroso a somar ao estado corrente da mentira, representado por um primeiro-ministro que aparece como Pinóquio em metade das caricaturas. Mas tem pelo menos um factor racional para não ir em aventuras como as que lhe propõe a esquerda de Alegre ao PCP, sabem que podem perder o pouco que ainda têm.

O eleitor de 2009 está assustado, triste com a sua vida, não acredita em quase nada, mas espera que alguma solidez, alguma seriedade, alguma credibilidade no governo, lhe permitam atravessar a crise sem grandes estragos, sem perder muito e talvez, talvez, passada a tempestade, possa de novo melhorar alguma coisa. É um programa mínimo para tempos difíceis, mas é um programa racional para os eleitores do "centro", que é onde a maioria dos eleitores está. O eleitor de 2009 não vai votar em grandes questões programáticas, nem em listas de medidas por muito atractivas que elas sejam, nem em grandes rupturas.

Só trocará o PS pelo PSD se perceber que ganha alguma coisa, mas fá-lo-á se a mudança lhe parecer poder ser feita com confiança e segurança. Se não for assim, em tempos de crise, vai sempre preferir o "diabo que conhece". Nessa mudança, valorizará o que de mais raro existe na política, e procurará naturalmente o contrário do que já tem hoje, procurará mais sobriedade, mais solidez, menos espectáculo, menos mentiras, mais verdade. É isso que significa a credibilidade, palavra com muito mais conteúdo do que parece e que muda muito mais coisas do que se imagina, mas que tem o inconveniente de estar escassamente distribuída. Ou se tem ou não se tem. Vai querer gente muito sólida no governo, não vai querer nem demagogos, nem mentirosos. (Espero eu.) Esta é a grande oportunidade de Manuela Ferreira Leite.

(Público de 7 de Junho de 2008.)

NOTA: uma das imagens que acompanhava este texto era esta


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ÍNDICE DO SITUACIONISMO (98):
TÍTULOS QUE DIZEM MUITO

A questão do situacionismo não é de conspiração, é de respiração.
E, nalguns casos, de respiração assistida.



No Público de hoje, titula-se "visão economicista (...) de Cavaco" a notícia sobre o discurso de 10 de Junho. Fui procurar no texto onde estava o "economicismo" e não encontrei mais do que estas duas frases:
"A veia economista de Cavaco Silva esteve ontem em destaque nos dois discursos que proferiu em Santarém, falando primeiro aos militares e, depois, na cerimónia de condecorações."

"A optimização de recursos é, aliás, uma preocupação fulcral de Cavaco Silva, que não terminou sem uma ressalva economicista: "Importa assegurar a disponibilização de meios adequados à existência de um sistema militar coerente, capaz de operar eficientemente dentro dos limites orçamentais impostos."
"Veia economista" não é "economicismo". A "optimização de recursos" também me parece longe de poder ser entendida como "economicismo". Mas foi o que foi para título. Quem escreveu o título acha mal o que Cavaco disse e classifica-o negativamente usando a palavra "economicista", uma expressão valorativa que é suposto os jornalistas evitarem.

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EARLY MORNING BLOGS

1574 - Marginalia

Finding an old book on a basement shelf—
gray, spine bent—and reading it again,
I met my former, unfamiliar, self,
some of her notes and scrawls so alien

that, though I tried, I couldn't get (behind
this gloss or that) back to the time she wrote
to guess what experiences she had in mind,
the living context of some scribbled note;

or see the girl beneath the purple ink
who chose this phrase or that to underline,
the mood, the boy, that lay behind her thinking—
but they were thoughts I recognized as mine;

and though there were words I couldn't even read,
blobs and cross-outs; and though not a jot
remained of her old existence—I agreed
with the young annotator's every thought:

A clever girl. So what would she see fit
to comment on—and what would she have to say
about the years that she and I have written
since—before we put the book away?

(Deborah Warren)

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10.6.09

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NÃO HÁ FOME QUE NÃO DÊ FARTURA - A PROPÓSITO DO JEJUM NATURAL
(Actualizado)

Ver Jejum Natural.

Recebi de Azeredo Lopes, Presidente da ERC, a seguinte carta que reproduzo integralmente:
Caro Pacheco Pereira,

Pelo que pude ler no seu blogue, não compreendeu “de todo” o meu artigo em que respondia a um outro artigo seu (“Jejum natural”), da mesma forma não tendo eu sido claro, nem quanto à intenção, nem quanto ao conteúdo.


Se acrescentarmos a essa minha ausência de clareza a circunstância de, pelos vistos, o meu texto ser também incompreensível porque mal redigido e cheio de erros – esse é o diagnóstico de um dos comentários que publicou – resta-me fazer nova tentativa. A culpa da opacidade do meu texto é, seguramente, minha. E, por isso, é meu dever elementar procurar ser mais esclarecedor.

A primeira ideia que procurei transmitir foi a de que o seu texto era surpreendente, e a dois títulos. Era surpreendente, em primeiro lugar, porque dele resultava que o Pacheco Pereira tinha, efectivamente, lido o relatório do pluralismo político-partidário no serviço público de televisão. E era surpreendente, em segundo lugar, porque, desta feita, não o tinha varrido de uma penada, antes se percebendo, pela sua análise, que, de entre inúmeros defeitos, algumas virtudes tinha.

Ora, esta atitude contrastou, e de que maneira, com a leviandade com que este como outros documentos na ERC foram (não) tratados no espaço público e, especificamente, em espaços de opinião. Com efeito, vou verificando, volvidos três anos de existência da ERC, que começa a ser possível debater ideias, discutir projectos, apreciar modelos de avaliação provindos do regulador dos média. Esta é, a meu ver, uma evolução muito significativa (no sentido positivo, naturalmente), que me pareceu bem simbolizada no artigo que escreveu. Justificava-se, por isso, o elogio que lhe fiz – infelizmente, não compreendido.


Em segundo lugar, tentei realçar a utilidade e eficácia do relatório do pluralismo, que vão muito mais longe, do ponto de vista do escrutínio, do que os “estudos de caso” que continua a defender. Como já tive ocasião de lhe dizer, os estudos de caso que propõe são os seus casos, e, achando que devem ser realizados, cabe-lhe apresentar queixa, ou denunciá-los, junto da ERC. Por isso, se o Pacheco Pereira entende que não deve apresentar tais queixas, está no seu direito. Mas é no mínimo injusto e pouco fair criticar a ERC por não fazer tais “estudos” em concreto.
Depois, persiste num erro factual. Ao contrário do que afirma, a ERC já fez muitos “estudos de caso”, motivados por queixas de particulares, relativamente ao serviço público de televisão. É aliás evidente, para quem consultar o sítio da ERC, que a RTP foi objecto de mais “estudos de caso” (como lhes chama) do que qualquer outro operador privado (SIC ou TVI).

Em terceiro lugar, procurei realçar, no meu artigo, quanto a monitorização do serviço público que o Pacheco Pereira defende seria sufocante para o jornalismo. Se levássemos aos extremos que propõe a avaliação do cumprimento de obrigações de pluralismo e isenção a RTP, desapareceria qualquer liberdade editorial, morreria o essencial dos critérios jornalísticos, teríamos aquilo que a mim repugna à luz dos pilares elementares de um Estado de Direito democrático: um conjunto de robôs, de funcionários da informação, de apparatchiki das notícias. Ainda por cima, subordinados a critérios também eles subjectivos – os que V. desenhou, com pormenores e detalhe quase “maquiavélicos” (quem fala em discurso directo, como, e durante quanto tempo; quem é que desempenha mais frequentemente a função de comentador; quem critica, e porquê, etc.). Esse o motivo por que, pelos vistos num acto falhado de ironia, descrevi o que teríamos, doravante, a “Rádio e Televisão Pacheco Pereira, S.A.”: em meu entender, um pesadelo para quem acredita na liberdade.
Em quarto lugar, procurei acentuar como todo o seu raciocínio está, logo na base, inquinado por várias petições de princípio, por vários dogmas conceptuais que bloqueiam qualquer abordagem isenta.

Antes de prosseguir, esclareço – e acho que o meu artigo “incompreensível” terá podido ser compreendido nesse aspecto – que não lhe atribuo qualquer má fé ou intencionalidade suspeita quando defende o que defende. Apenas acredito que, por definição, o Pacheco Pereira não pode ter uma apreciação isenta destes assuntos. E isto, porquê?

Desde logo, é contra a existência de um serviço público de televisão. Entre outras razões que aqui não cabe discutir, porque considera que sempre se tratará de um meio subordinado ao poder político, qualquer que seja. Recordo, aliás, que exemplificou com duas duplas: José Sócrates e Santos Silva; Durão Barroso e Morais Sarmento.

Um pequeno aparte. Se Durão Barroso e Morais Sarmento controlaram assim tanto a informação da RTP (esclareço que não concordo, quer por razão mínima de objectividade, quer pelo que conheço de Morais Sarmento), não recordo que tenha denunciado tal facto, fosse de forma veemente (como agora faz), fosse de forma mais soft. Porquê?

De acordo com as suas convicções, não pode nunca haver jornalismo político isento na RTP. Mas, se assim é, não compreendo (agora sou eu a não compreender) como é que, com essa serenidade, passa um atestado de incompetência a tantos e tantos jornalistas da RTP. São todos maus? Os bons estão todos nos operadores privados? Não sendo todos vendidos, são, pelo menos, todos estúpidos? E como se explicará, então, que no recente estudo de recepção dos meios promovido pela ERC – de longe, o mais profundo e alargado alguma vez feito entre nós – as pessoas inquiridas tenham colocado a informação do serviço público em primeiro lugar – com os restantes operadores também bem cotados? Somos todos alienados?

Há outro aspecto que leva a que a nossa visão das coisas conduza a resultados diametralmente opostos, e também já lho disse de viva voz. O Pacheco Pereira é um pessimista visceral, para quem as pessoas e os profissionais são maus e suspeitos, até prova em contrário. Eu, acredito que as pessoas e os profissionais são bons, até prova em contrário. E, sobretudo, detesto as generalizações a partir de construções intelectuais – como, a meu ver, V. faz.

Finalmente, entendo que o Pacheco Pereira não pode ser objectivo nestes assuntos, por mais que tente e acredite (como sei que acredita) estar a sê-lo. É um actor político empenhado desde há muitos anos, e, recentemente, de forma mais interventiva. Essa a razão porque não tenho que rebater os exemplos que propôs, nem tenho que os confirmar. E não é legítimo que diga, ou dê a entender, que quem cala consente – ou não tem argumentos válidos que possa expor em contrário. A esfera em que argumenta é a do espaço público (quanto à forma de veicular a mensagem) e a do espaço político (quanto à natureza). Ao espaço público, vou; no espaço político, pelas funções que exerço, recuso-me – pelo menos, conscientemente – a ir. E suponho que aceitará esta minha posição.
Assim, em conclusão, posso sintetizar da forma seguinte.

Elogiei a circunstância de, pela primeira vez, ter enfrentado o desafio de ler e analisar o relatório sobre pluralismo, ainda por cima com inteligência e convicção. Expliquei, depois, por que motivo a análise que realizou, por definição, teria que ser truncada e parcial. E defendi, finalmente, que o modelo e critérios de fiscalização que propõe sufocariam qualquer jornalismo livre.


P.S. Um outro esclarecimento. Ao contrário do que supõe e afirma, a comparação entre a RTP, a SIC e a TVI já é feita pela ERC desde 2006. As questões que levantou – o peso comparado na informação dos três canais dos escândalos, das temáticas da justiça, de questões sociais, da saúde, da economia, etc. – podem ser analisadas desde então. Já agora, com resultados que, admito, poderão surpreendê-lo. Por isso, e ao contrário do que afirmava no seu artigo, eu não procurei antecipar quaisquer críticas quando referi, na introdução ao relatório do pluralismo, a divulgação, em breve, do relatório de regulação de 2008.
Espero, sinceramente, ter conseguido, desta feita, ser mais claro.

Um abraço,


Azeredo Lopes
ADENDA: Aqui fica a carta para cada um julgar por si. Do artigo, da resposta ao artigo e da carta. Como penso que cada texto vale por si, não vale a pena acrescentar muita coisa. Esta discussão continuará certamente, embora continue a achar que Azeredo Lopes não contesta verdadeiramente nenhum dos meus argumentos.

Duas notas: uma de fundo, outra de circunstância. A de fundo tem a ver com a ideia que a intervenção política implica uma capitis diminutio da opinião, e a sua redução a algo que torna "suspeita" a intervenção no espaço público. Haveria muito a dizer sobre isto, mas o que acontece é que este tipo de "argumento" serve para não ouvir os argumentos do outro e para o menorizar no debate público, o que, do meu ponto de vista, representa um entendimento perverso do espaço público entre os "puros" e os "impuros" ("por definição, o Pacheco Pereira não pode ter uma apreciação isenta destes assuntos"). Por definição.

Se é assim o mesmo aplica-se também a Azeredo Lopes que não está à frente de uma instituição neutra, mas de uma entidade que representa uma certa concepção da relação entre o governo, o estado e os órgãos de comunicação social que é política (e mesmo partidária) até à medula. Se não concordasse com essa concepção, presumo que não estaria lá, porque não é um mero funcionário público. Por isso, não troco a minha intencionalidade política, que corresponde ao que penso e é da própria natureza da opinião, por um discurso tão intencional como o meu, só que escondido por detrás de uma aparente neutralidade institucional. Nenhum de nós está a falar de matemática pura, pois não? E mesmo a matemática pura...

Há apenas uma afirmação de Azeredo Lopes que não é factualmente correcta a propósito de não se lembrar de eu ter feito críticas à televisão Barroso - Morais Sarmento ("não recordo que tenha denunciado tal facto, fosse de forma veemente (como agora faz), fosse de forma mais soft"). Está pouco "lembrado". Azeredo Lopes devia saber que este tipo de contradições não colhem comigo. Na verdade, fui muito crítico do abandono do programa inicial do Governo Durão Barroso, que implicava caminhar a favor de privatização do canal 1 e da manutenção apenas do canal 2, que, quando começou a ser contestada, inclusive na rua, levou a uma reviravolta que fez do governo PSD - PP um dos mais estatistas quanto à comunicação pública. Não é por acaso que Santos Silva cita Morais Sarmento positivamente quanto à RTP. E, quanto aos casos, a minha denúncia está a público por todo o lado, desde a chamada "central de comunicação", à manipulação de notícias, etc.

E quanto à economia da veemência ou à falta dela, há uma diferença abissal entre os tempos de 2003-4 e os de 2005-9: é que então não faltavam críticas e agora abundam os silêncios. E mais: os manipuladores de 2003-4 são completos amadores em relação com os de 2005-9. O mecanismo de manipulação é o mesmo - a cadeia de comando dos órgãos de comunicação social pública - mas a eficácia da manipulação é totalmente diferente.

*

Posteriormente a estas notas recebi uma nova carta de Azeredo Lopes que reproduzo aqui:
Caro Pacheco Pereira,

Duas breves notas, prometendo não o tornar a maçar. Em primeiro lugar, o facto de afirmar – e aqui manter – que a sua opinião não pode ser imparcial não a desqualifica nem muito menos a transforma em impura, por confronto com quaisquer outras. A sua apreciação, por conseguinte, é eficaz, mas não reflecte nem o que eu disse, nem o que eu penso. E está enganado se pensa que coloco a minha opinião no plano da “pureza”, só porque exerço funções na ERC. Simplesmente, o relatório do pluralismo não exprime a minha “opinião” individual, reflecte, antes, um trabalho técnico que, como poderá imaginar, não fui eu a realizar. Mas relativamente ao qual ponho as mãos no fogo do ponto de vista da independência e da competência técnica. Por isso, não estão em putativo “confronto” o seu diagnóstico (que considera factual) e o meu. Pela simples razão de que eu estou, ao contrário de si, seguramente mais liberto da simples
percepção individual.

Em segundo lugar, e relativamente às críticas que V. possa ter feito no “tempo” de Morais Sarmento: não sabia e, se porventura soube, não o tinha presente. Por isso, retiro, naturalmente, o reparo crítico que fiz de boa fé, apresentando-lhe, quanto a esse ponto, as minhas desculpas.

Um abraço,

Azeredo Lopes

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ESPÍRITO DO TEMPO: HOJE



Passagem do tempo por um banco do jardim de S. Amaro. (RM)

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Um perdedor nas eleições: "O europeísmo elitista e antidemocrático" na Sábado em linha.

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INTENDÊNCIA



Os Estudos sobre o Comunismo estão em actualização depois de terem estado parados nos últimos meses por absoluta falta de tempo. Estão já repetidas todas as notas do EPHEMERA que dizem respeito à história do PCP e da oposição antes do 25 de Abril, para completar o corpo de informações e estudos que é o objectivo do blogue (as notas e os materiais sobre o PCP e outras organizações comunistas, respeitantes ao período posterior ao 25 de Abril, permanecerão apenas no EPHEMERA ). Durante o dia serão actualizadas as bibliografias e colocadas outras notas complementares.

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COISAS DA SÁBADO:
OBAMA: FALAR MUITO, DIZER TUDO CERTO , FAZER MUITO POUCO E ALGUMAS COISAS (SÓ ALGUMAS PARA JÁ) MAL






Ouvindo o discurso egípcio do Presidente Obama, muito dificilmente se pode deixar de concordar. Há algumas pequenas e perigosas inverdades lá pelo meio do politicamente correcto, mas tudo o que está lá dito transpira o profissionalismo dos seus autores e do orador. Claro que, para além do discurso, existe uma intencionalidade política que já é em si mesma um acto mensurável, uma acção para além das palavras. A obamomania propagandística encheu-nos a casa com imagens de árabes com os olhos pregados na televisão a ver o Presidente americano, mas é tudo tão cliché que cheira a montagem desde o primeiro minuto.

Não custa admitir que muitos árabes estivessem curiosos, mas ainda falta muito para saber se o discurso foi eficaz nos seus próprios termos e aqui é que o demónio que habita os detalhes faz estragos. Obama colocou-se numa postura que é ambígua e que se pode virar contra ele, e através dele contra os EUA: é que admitiu, sob a forma de um pedido de tréguas, que a América estava em guerra com o Islão. Isto é falso. Bush sempre teve esse cuidado em separar o fundamentalismo islâmico do Islão, mas como fazia guerra, no verdadeiro sentido do termo, contra os fundamentalistas, estes atacavam-no como inimigo do Islão. Esta linguagem que retrata as acções americanas como uma guerra contra o Islão pode bem ser usada pela Al-Qaida, mas não pode ser sequer admitida por um Presidente americano. Porque, das duas , uma: ou Obama faz uma moratória na guerra contra a Al-Qaida, ou continua-a e a “rua” árabe, essa versão do taxista aplicada aos bazares, continuará a achar que a América ataca o Islão.

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EARLY MORNING BLOGS

1573 - Of Memory and Distance

It’s a scientific fact that anyone entering the distance will grow smaller. Eventually becoming so small he might only be found with a telescope, or, for more intimacy, with a microscope…

But there’s a vanishing point, where anyone having penetrated the distance must disappear entirely without hope of his ever returning, leaving only a memory of his ever having been.

But then there is fiction, so that one is never really sure if it was someone who vanished into the end of seeing, or someone made of paper and ink…

(Russell Edson)

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9.6.09

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8.6.09


JEJUM NATURAL

Fiz uma primeira leitura do Relatório da ERC divulgado há dias sobre aquilo a que chama o "pluralismo político-partidário" da RTP em 2008. Tenho sido muito crítico da informação da RTP e no que tenho publicado existem numerosos exemplos do que me parece ser a evidente governamentalização da RTP, em particular nos seus noticiários das 13h00 e 20h00, já para não falar de outros programas de informação não-diária. Para além dos casos individuais - individuais mas não pontuais, porque obedecem a uma regra e pendem sempre para o mesmo lado -, há um facto ainda mais importante, que admito possa escapar à maioria dos portugueses que nunca conheceu outra informação em democracias fora de Portugal. Se pudessem ver a informação que se faz em países como o Reino Unido, ou os EUA, veriam a abissal diferença com a RTP, no tom, no modo, na ausência de "edição" da actividade governativa. Aliás, a polémica do noticiário da TVI, deixando de lado o aspecto mais histriónico da sua apresentação, mostra pela diferença, a abissal diferença.

Começa pelo facto de o conceito de "pluralismo político-partidário" da ERC ser pouco mais do que um equilíbrio estatístico do tempo noticioso e do "tom" noticioso, uma avaliação puramente formal daquilo que se está a julgar e que, não esqueçamos, é o jornalismo da televisão pública, da televisão do Estado, da televisão paga pelos contribuintes e governada pelas escolhas governamentais. Como já tenho dito, é José Sócrates o último decisor da RTP, passando a cadeia de comando por Santos Silva, como antes era Durão Barroso-Morais Sarmento. O presidente da ERC, a quem já critiquei esta concepção de "pluralismo político-partidário" pobre, antecipa estas críticas na introdução, prometendo um novo relatório a apresentar à Assembleia da República e que versará outras "dimensões do pluralismo." Bem terá que ser, porque por aqui não se chega a lado nenhum, só se confunde.


O relatório tem cerca de 400 páginas e vou-me limitar apenas a um aspecto, o que penso ser mais crítico, da informação diária da RTP1. Ficarão de fora outros, como seja a informação não-diária, igualmente relevantes e que afectam o equilíbrio geral. E se o que já se conhecia da actividade da ERC era preocupante quanto à omissão face à governamentalização da RTP, agora fica confirmado. É como se houvesse duas realidades que se tocam mas não aderem nem interferem, nem se espelham: a ERC e a informação da RTP.

Consultando quadros estatísticos sobre quadros estatísticos percebe-se como a parafernália dos números e a sua aparente cientificidade nada nos dizem sobre o real, porque, como toda a gente compreende, os caso mais graves de manipulação televisiva ou estão, como o Diabo, nos detalhes, ou estão lá brilhando como um farol, mas disfarçados por cem mil faróis menores que enchem as colunas de números. Pura e simplesmente, uma análise que é pouco mais que quantitativa, mesmo quando parece ser qualitativa, é completamente desadequada para analisar "conteúdos" e momentos. Direi mais: conteúdos cirúrgicos em momentos cirúrgicos, sobre um pano de fundo quotidiano de ausência de escrutínio da governação. A manipulação dificilmente apareceria nestas estatísticas.



Comecemos pelo que aparece, pelo raio de verdade que atravessa as nuvens dos números enganadores. No "sumário executivo" do relatório retrata-se uma informação que minimiza o PSD ("presença do PSD encontra-se abaixo dos valores-referência (...) A situação repete-se analisando os valores obtidos no registo de presenças do PSD por canal - RTP1 e RTP2"). Em complemento, o PP e o BE estão sobrevalorizados, têm uma presença acima dos valores-referência. O PSD é também o partido que, embora esteja na oposição, é sujeito a maior número de peças hostis. No seu conjunto, este é o retrato claro daquilo que eu tenho chamado situacionismo: críticas preferenciais ao PSD, em detrimento dos outros partidos da oposição, visto que este é o único que pode ser alternativa de governo, sub-representação da sua voz, e valorização do PP e do BE, como alternativas. Avaliado no seu conjunto, o que a ERC nunca faz, isto é um programa político intencional.



A ERC passa um atestado de imparcialidade à RTP ("operador público observou, em geral, uma posição de neutralidade"), porque existe um equilíbrio estatístico entre a oposição e Governo+PS, mas não devem ter visto os mesmos noticiários que eu e muita gente. Porém, quando se observa com mais atenção, mesmo esta estatística mostra um resultado anómalo que revela a presença dos "momentos Chávez", ou seja, a contínua exibição na RTP de sessões de propaganda governamental que nenhum jornalismo edita, com a estação a colocar o pé do microfone diante do poder: 54,1% das peças sobre a acção governativa não têm qualquer referência crítica. Estes valores mostram a forma sui generis do jornalismo da RTP. Desde quando é que o reporting jornalístico em qualquer democracia é assim tão "neutro"? É que a palavra "neutro" aqui significa deixar o Governo falar sem mediação.


Não é também normal que áreas decisivas da governação quase não tenham escrutínio crítico da RTP. Se se compreende o predomínio da "educação" (18,5%), já é difícil de entender que na tabela dos temas das peças com crítica ou contestação à acção governativa, as políticas para a saúde sejam 4,2%, as da economia 2,2%, as da justiça 0,8% e uma categoria crucial, o "envolvimento de políticos em escândalos/irregularidades", tenha apenas 0,6%. Embora o caso Freeport ainda surja pelo menos no último mês da análise, ele apareceu sempre na televisão pública mais tarde e com menos cobertura, o que será interessante de analisar no Relatório de 2009, se bem que a ausência de perspectivas comparativas com os outros noticiários das televisões impeçam muitas conclusões.



Em muitos outros aspectos de detalhe, é onde mora o Diabo. Por exemplo, escolhe-se para análise as eleições internas do PSD, mas omite-se a dissidência de Alegre. Por exemplo, faz-se uma soma Governo+PS que é ilusória, porque na verdade cabe ao Governo a parte de leão dessa soma e, se houvesse uma dissociação, ver-se-ia mais claramente a omnipresença do Governo. Seria interessante também conhecer a presença do "discurso directo", não editado, comparando entre Sócrates, Manuela Ferreira Leite, Portas e Louçã, que revelaria também distorções enormes que beneficiam Sócrates, Portas e Louçã, em detrimento de Manuela Ferreira Leite, mesmo descontando os meses em que não era líder. Claro que aqui também os números podem ser enganadores e esconder que Sócrates fala na RTP de palanque e sem edição, a Louçã é atribuído o papel privilegiado de comentador dos outros e Manuela Ferreira Leite é deixada para uma fala fragmentária que exclui o raciocínio e o argumento, mesmo quando está a apresentar documentos de fundo. Aí Sócrates é rei e senhor: fala sempre com princípio, meio e fim e diz o que quer na RTP. E, se acrescentássemos Santos Silva, os números seriam ainda mais reveladores.



A estação de televisão que sai deste relatório não é a RTP que nós conhecemos. O exercício analítico e estatístico não é inútil, mas é demasiado escolástico para nos fornecer os resultados mais sensíveis que implicavam análises de caso que a ERC se recusa a fazer. Eu troco duzentas notícias inócuas "equilibradas" pelas que são manipuladas em casos particularmente sensíveis e isso nunca aparece nos relatórios da ERC, embora apareça nos ecrãs da RTP. Não me interessa saber que em x por cento das notícias da RTP aparece o contraditório, se isso for a tradicional e inócua - do ponto de vista informativo -, ronda dos partidos na Assembleia da República. O que me interessa é saber se, numa matéria de propaganda governamental, a notícia é dada "limpa" dois noticiários antes de ter resposta, ou se a RTP me enfia Santos Silva, entrevistado em casa se preciso for, para responder de imediato (e ter a última palavra) numa notícia particularmente crítica para o Governo.

Ora nada disto aparece nas análises estatísticas da ERC, e isto é o quotidiano da informação da RTP. Como Camilo dizia de um seu adversário, "comi os seus miolos ao pequeno-almoço e encontro-me em jejum natural". Li o Relatório da ERC e estou em "jejum natural".

(Versão do Público de 6 de Junho de 2009. O Presidente da ERC Azeredo Lopes respondeu ao meu artigo no Público de 8 de Junho de 2009. Confesso que tenho dificuldade em continuar este debate com base no artigo de resposta de Azeredo Lopes, por que não o compreendo de todo. Nem a sua intenção e muito menos o seu conteúdo, a começar pelo facto de nele não existir qualquer argumentação que contrarie a minha.)

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Há um aspecto dos noticiários a que o seu artigo não alude (e que não sei se vem mencionado no relatório da ERC, pois não o li) que me parece bastante importante, que é a ordem pela qual as notícias são apresentadas. Se um noticiário da RTP dedicar 5 minutos a uma notícia favorável ao governo e o mesmo tempo a uma notícia que o prejudique, poderá parecer que está a fazer uma abordagem equilibrada. Mas o que constato ao ver os noticiários é que as notícias favoráveis ao governo têm uma muito maior tendência de serem a notícia de abertura do que aquelas que lhe são desfavoráveis. Ora é bastante claro que a notícia de abertura de um telejornal tem bastante mais impacto do que as restantes.

(José Carlos Santos)

Acrescento apenas um argumento bastante válido para não responder ao Sr. Presidente ERC: o texto de Azeredo Lopes está de tal forma escrito que, pelos erros de redacção, de sintaxe, pelos barroquismos e pelos 'bacoquismos', pela falta de uma coerência interna mínima, se torna quase ilegível. Ou, sendo optimista, hilariante. Creio bem que a ERC deveria lavrar parecer regulador sobre a qualidade deste artigo. Não seria completamente disparatado, atendendo ao espectro de assuntos sobre o qual se debruça.

(Manuel Margarido)

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Escrito aqui em Abril de 2009:
O candidato fora do tempo, Paulo Rangel, foi escolhido pela razão mais óbvia de todas, mas que pelos vistos escapa a muita gente: as eleições para o Parlamento Europeu são entendidas como tendo o significado de, pelo menos, serem uma grande sondagem das eleições nacionais e de serem um momento para a discussão dos problemas do país, da crise que atravessa e da inserção europeia das suas políticas. Não vão ser outra coisa, não podem ser outra coisa, não devem ser outra coisa. (...) é fazendo a discussão nacional, da crise, do desemprego, das medidas do governo, da corrupção, da descrença face à política, das políticas de grandes obras públicas, do sistema financeiro, etc., etc. no quadro das políticas europeias e da situação da nossa parte do mundo e do nosso país, que se dá significado às eleições europeias. (...) Paulo Rangel é o candidato ideal para o PSD, no contexto do debate realmente existente e não do virtual, e no contexto da situação interna do PSD. Com Rangel será difícil o trabalho da patrulha das nuances que teria uma época cheia se fosse Marques Mendes o candidato, e transformaria a campanha europeia num debate sobre o PSD e a sua liderança, com resultados que seriam sempre, no plano político, favoráveis ao PS. (...)

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ÍNDICE DO SITUACIONISMO (97):
MINIMIZAR OS RESULTADOS ELEITORAIS COMO "SERVIÇO PÚBLICO"

A questão do situacionismo não é de conspiração, é de respiração.
E, nalguns casos, de respiração assistida.

A RTP deu hoje às 13 horas um bom exemplo da importância que o "serviço público" dá a um acto político importante numa democracia - as eleições. Anunciou o seu telejornal das 13 horas com uma grande notícia: o despedimento do treinador do Benfica. Depois abriu com as eleições e, em 19 minutos, passou rapidamente pelos resultados nacionais, e detalhadamente pelos resultados internacionais. Compreende-se quando há um jornalista que diz que "os resultados em Portugal são um espelho da Europa", uma variante da culpa é da crise internacional. Em contraste com este "serviço público" muito especial, a TVI deu 22 minutos de eleições e a SIC 30 minutos.

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ESPÍRITO DO TEMPO: HOJE



Passagem do tempo por um banco do jardim de S. Amaro. (RM)

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ÍNDICE DO SITUACIONISMO (96): OS EXERCÍCIOS DE MALABARISMO

A questão do situacionismo não é de conspiração, é de respiração.
E, nalguns casos, de respiração assistida.


Desde as 8 horas da noite de ontem que se assiste a um verdadeiro espectáculo de malabarismo. É caso para dizer em "jornalistês" que, quando a realidade "arrasa" os desejos, as intrigas, as insídias, as manipulações, o quotidiano exercício de má fé, muita gente fica verde de raiva. A raiva ainda anda só pelo Twitter e não tem coragem de vir à luz, mas virá. Virá com ainda mais força. O que observamos até agora de situacionismo vai parecer coisa de amadores, mesmo quando já era feito por muitos profissionais. A partir de agora será muito, muito a doer. Não sei se mudo a pontuação do situacionismo de 0 a 5, para 0 a 20, porque vai ser preciso encontrar um grau mais fino de classificação para a arte que na Wikipedia se define como malabarismo:
Malabarismo é a arte de manipular objectos com destreza. É uma das mais típicas artes de circo. Embora existam muitos tipos de malabarismo, ele geralmente consiste em manter objectos no ar, lançando e executando manobras e truques.

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EARLY MORNING BLOGS

1572 -Eating Poetry

Ink runs from the corners of my mouth.
There is no happiness like mine.
I have been eating poetry.

The librarian does not believe what she sees.
Her eyes are sad
and she walks with her hands in her dress.

The poems are gone.
The light is dim.
The dogs are on the basement stairs and coming up.

Their eyeballs roll,
their blond legs burn like brush.
The poor librarian begins to stamp her feet and weep.

She does not understand.
When I get on my knees and lick her hand,
she screams.

I am a new man.
I snarl at her and bark.
I romp with joy in the bookish dark.

(Mark Strand)

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7.6.09


SITUACIONISMO

Continua em grande.

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DERROTADOS

Mais que Sócrates, os verdadeiros derrotados nestas eleições são todasas empresas de sondagens, que ao longo da campanha foram produzindosondagens, as quais se revelaram mais faliveis que as previsões daastróloga Maya.

Luís Bonifácio

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VAMOS ASSISTIR A INTERESSANTES E SIBILINOS

argumentos a explicar o que era considerado impossível e muita insídia distribuída todos os dias. E muito situacionismo...

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VOTOS EM BRANCO

Continuamos sem saber a percentagem dos votos em branco.

C. Medina Ribeiro

O numero de votos em branco às 21h39 era de 144029, 4,66%, ou seja mais de metade dos votos do CDS

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DERROTADOS

Na lista dos derrotados, dado o resultado nacional, e o resultado europeu, acrescentar em letras gordas aqueles que mais vociferaram contra Barroso para presidente da Comiss~ão. E entre esses, na linha da frente tinhamos Mario Soares e Ana Gomes.


Pedro Ferreira (Guarda)

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REACÇÕES

-as reacções dos ministros Lino e Lurdes Rodrigues (desta última chega a ser ofensivo)
-a insistência de sobrevalorizar (por parte dos jornalistas) a ultrapassagem da CDU pelo BE tornando a CDU em perdedora
-a desvalorização do crescimento do PP


João Carvalho

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EU NÃO SEI AINDA SE O PSD GANHOU AS ELEIÇÕES

mas o PS, ao igualar-se ao PSD, já perdeu. E Sócrates também.

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DE UMA DERROTA VIRTUAL (NAS SONDAGENS), PARA UMA EVENTUAL VITÓRIA REAL (NAS URNAS) , PARA UMA NOVA DERROTA VIRTUAL (NAS SONDAGENS PARA LEGISLATIVAS)

O destino "mediático" do PSD...

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DERROTADOS

Um dos grandes derrotados desta noite é, na minha opinião, o Dr. Pedro Passos Coelho. A forma insidiosa como surgiu na campanha teve hoje uma resposta inequívoca dos eleitores do PSD.
Aguardemos pela continuação da campanha da comunicação social contra a Dra. Ferreira Leite. O Dr. Ricardo Costa há poucos minutos já insistiu na ideia do seu mau desempenho em campanha eleitoral.

Vítor Xavier

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TELEJORNAIS E PLURALISMO

20h00, RTP1: depois da sondagem, Vitorino e Marcelo falam, falam, falam... promovidos a "estátuas" do monolito a que chamam "serviço público".
SIC: enquanto isso, no mesmo período de tempo, falam Pacheco Pereira, António Barreto, António Costa, Maria João Avillez, Ricardo Araújo Pereira, Luis Delgado, Ricardo Costa...
É você que quer pagar 300 milhões de euros por aquele pluralismo?


Francisco Cádima

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COSTAS LARGAS

A crise internacional tem costas largas mas, felizmente, vê-se agora alguns dos limites nessa táctica de desresponsabilização.

João Neto

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JÀ SE ESTÀ VER

que o único vencedor da noite foi o Bloco...

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DEFEITOS

Qual será agora o próximo defeito de Manuela Ferreira Leite apontado pelos media+"comentadores acreditados"?

João Carvalho(votante CDU)

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SONDAGENS

Há outro partido que também venceu as sondagens. O PSD.

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SAGAZ RTP

Para a sempre sagaz RTP, as sondagens representam um "empate técnico"entre PS e PSD. Entretanto já mudei de canal.

José Rui Fernandes

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O PSD "OBRIGADO A VENCER"

Esta agora! SE vencer é por mérito e com muita dificuldade. Tinha tudo contra ele, a começar pelos que dizem que estava "obrigado a vencer".

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DE DERROTA EM DERROTA

À medida que o tempo passa, é possível conjecturar cada vez com maior grau de probabilidade qual será a trajectória de Manuela Ferreira Leite: ir de derrota em derrota até à vitória final.

José Carlos Santos

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NÃO SEI SE VOU CONSEGUIR MANTER ESTA CONVERSA

porque vai haver muito trabalho.

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O CORREIO ESTÁ ABERTO

no sítio do costume.

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NOITE DAS ELEIÇÕES NA SIC

Haverá fala, se tudo correr bem.

E vai ser animado.

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ESPÍRITO DO TEMPO: HOJE



Passagem do tempo por um banco do jardim de S. Amaro. (RM)

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EARLY MORNING BLOGS

1571 - A Way to Love God

Here is the shadow of truth, for only the shadow is true.
And the line where the incoming swell from the sunset Pacific
First leans and staggers to break will tell all you need to know
About submarine geography, and your father's death rattle
Provides all biographical data required for the Who's Who of the dead.

I cannot recall what I started to tell you, but at least
I can say how night-long I have lain under the stars and
Heard mountains moan in their sleep. By daylight,
They remember nothing, and go about their lawful occasions
Of not going anywhere except in slow disintegration. At night
They remember, however, that there is something they cannot remember.
So moan. Theirs is the perfected pain of conscience that
Of forgetting the crime, and I hope you have not suffered it. I have.

I do not recall what had burdened my tongue, but urge you
To think on the slug's white belly, how sick-slick and soft,
On the hairiness of stars, silver, silver, while the silence
Blows like wind by, and on the sea's virgin bosom unveiled
To give suck to the wavering serpent of the moon; and,
In the distance, in plaza, piazza, place, platz, and square,
Boot heels, like history being born, on cobbles bang.

Everything seems an echo of something else.

And when, by the hair, the headsman held up the head
Of Mary of Scots, the lips kept on moving,
But without sound. The lips,
They were trying to say something very important.

But I had forgotten to mention an upland
Of wind-tortured stone white in darkness, and tall, but when
No wind, mist gathers, and once on the Sarré at midnight,
I watched the sheep huddling. Their eyes
Stared into nothingness. In that mist-diffused light their eyes
Were stupid and round like the eyes of fat fish in muddy water,
Or of a scholar who has lost faith in his calling.

Their jaws did not move. Shreds
Of dry grass, gray in the gray mist-light, hung
From the side of a jaw, unmoving.

You would think that nothing would ever again happen.

That may be a way to love God.

(Robert Penn Warren)

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© José Pacheco Pereira
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