ABRUPTO

10.6.09


COISAS DA SÁBADO:
OBAMA: FALAR MUITO, DIZER TUDO CERTO , FAZER MUITO POUCO E ALGUMAS COISAS (SÓ ALGUMAS PARA JÁ) MAL






Ouvindo o discurso egípcio do Presidente Obama, muito dificilmente se pode deixar de concordar. Há algumas pequenas e perigosas inverdades lá pelo meio do politicamente correcto, mas tudo o que está lá dito transpira o profissionalismo dos seus autores e do orador. Claro que, para além do discurso, existe uma intencionalidade política que já é em si mesma um acto mensurável, uma acção para além das palavras. A obamomania propagandística encheu-nos a casa com imagens de árabes com os olhos pregados na televisão a ver o Presidente americano, mas é tudo tão cliché que cheira a montagem desde o primeiro minuto.

Não custa admitir que muitos árabes estivessem curiosos, mas ainda falta muito para saber se o discurso foi eficaz nos seus próprios termos e aqui é que o demónio que habita os detalhes faz estragos. Obama colocou-se numa postura que é ambígua e que se pode virar contra ele, e através dele contra os EUA: é que admitiu, sob a forma de um pedido de tréguas, que a América estava em guerra com o Islão. Isto é falso. Bush sempre teve esse cuidado em separar o fundamentalismo islâmico do Islão, mas como fazia guerra, no verdadeiro sentido do termo, contra os fundamentalistas, estes atacavam-no como inimigo do Islão. Esta linguagem que retrata as acções americanas como uma guerra contra o Islão pode bem ser usada pela Al-Qaida, mas não pode ser sequer admitida por um Presidente americano. Porque, das duas , uma: ou Obama faz uma moratória na guerra contra a Al-Qaida, ou continua-a e a “rua” árabe, essa versão do taxista aplicada aos bazares, continuará a achar que a América ataca o Islão.

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© José Pacheco Pereira
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