ABRUPTO

5.11.08






(MJ)

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ANTÓNIO COSTA - BOM DIA

Bom dia
Afinal... O resultado foi muito claro. Em número de votos e em grandes eleitores eleitos. A fractura eleitoral foi mais uma marca fracturante da época W.Bush. Obama começou a reunificar a América. Um bom dia.


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TÃO MESSIÂNICO

está o António Costa.

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ANTÓNIO COSTA - UMA PEQUENA GRANDE DIFERENÇA

Mesmo que a vitória venha ser estreita, podemos dizer, parafraseando Neil Armstrong : uma pequena diferença que faz uma grande diferença para toda a humanidade.

*

Se Barak Obama ganhar será, sem dúvida, um momento histórico fantástico. Mesmo que a diferença seja mínima. Para José Pacheco Pereira, essa diferença tem pouco significado sociológico... mas o facto de um candidato que é descendente de afro-americanos, tem um nome muçulmano, nasceu numa família modesta e francamente invulgar pelos motivos que conhecemos, então não é significativo? Não pense que isto é uma análise esquerdista. Eu tenho idade para ser filho do José Pacheco Pereira e já há muito que descobri que o paradigma da Guerra Fria está ultrapassado. Não há esquerda nem direita: há a coragem (o progressismo) e há o medo (conservadorismo). O desafio contemporâneo é o confronto com o medo, como diz Luc Ferry, e o encontro urgente com o humanismo global. Desfazer essa barreira que impede o progresso. Não há guerras preventivas que resolvam seja o que for. A prevenção está a destruir o mundo e a humanidade.
O desafio humanista é perfeitamente ilustrado na figura de Barak Obama. E é este novo paradigma que a humanidade no fundo deseja.
( Claro que estou absolutamente de acordo com a opinião de António Costa quando parafraseia Neil Armstrong)


Ricardo Moura

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ANTÓNIO COSTA - Os dados vão consolidando uma tendência.

Tal como em 2000 e 2004 os resultados evidenciarão uma acentuada fractura do eleitorado, com resultados proximos em votos e em grandes eleitores. A probabilidade inclina-se para uma vitória de Obama, mas não me surpreenderá uma contagem renhida até final. A vitória no Ohio e a vantagem que vai mantendo na Florida indica-o. Por ora a vantagem está expressiva : 199-78.

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TAMBÉM NÃO VOU ESPERAR

pela contagem da Califórnia.

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ANTÓNIO LOBO XAVIER - Apostas às 3 horas

Neste momento é já possível antecipar a vitória de Obama, embora por margem mais reduzida do que a que antecipava a maioria das sondagens. Não estou entusiasmado, estou mais curioso. O resultado de McCain é verdadeiramente "against all odds". Não vou esperar pela contagem da Califórnia.

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ANTÓNIO LOBO XAVIER - Sai um Magalhães para o Obama

Quem parece entusiasmado é o António Costa. Estará provavelmente a imaginar-se com José Sócrates na cerimónia de posse, sobraçando dois lustrosíssimos "Magalhães"?

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ANTÓNIO COSTA - 2.00

Os democratas acabam de garantir a maioria no Senado. Na votação presidencial, Obama tem 174 eleitores, contra 49 de McCain. Até agora sem surpresas, mas também sem resultados dos estados indecisos. Continuamos a aguardar. Será que jpp ainda se entusiasma ? Não !

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ANTÓNIO COSTA -Efeito Bradley III

Ao contrário do CDS, o PCP tem um efeito anti-Bradley. Tem melhores resultados nas urnas do que nas sondagens. Irónica confirmação da maior genuidade do voto secreto...

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ANTÓNIO LOBO XAVIER - Efeito Bradley

Se por efeito Bradley se designa a situação em que o resultado efectivo não corresponde às sondagens, o CDS, em Portugal, também tem sido um exemplo deste fenómeno que agora é tão convocado...

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ANTÓNIO LOBO XAVIER -Raça

O efeito Bradley é um pouco um bordão para prolongar esta tarefa desesperada de ocupar o espaço informativo. Cada vez há mais negros e hispânicos em lugares proeminentes, sujeitos a eleição, e os republicanos não são nesse campo os mais tímidos.

*

Não me parece que o efeito Bradley seja assim tão
importante. Parece-me que funcionará, como dizem os americanos, em Both Ways.
Parece-me mesmo uma falsa questão.

Se Obama Ganhar, só espero que este
tão aclamado Messias não faça como José Socrates e mude de conversa depois de
Eleito.

Não obstante, dava jeito em Portugal um Obama para envolver o
povo nas eleições.

--
Nuno Petinga Silva

*

Acresce ainda que - e com isto temo ser demasiado desalinhado - a esmagadora maioria da população negra norte-americana vai votar em Obama por questões raciais. É um facto que dói a muita gente. E a retórica é muito simples: dizem votar Obama precisamente por se dizerem contra o que estão a favorecer, ou seja, para acabarem de vez com o estigma racista nos EUA! Combater racismo com racismo vai acabar mal...

Simão Agostinho

*

Será que Luis Costa Ribas não consegue ter outra grelha de interpretação que não o racismo e o efeito Bradley? Há pouco, para ilustração desse perigo, referiu que McCain apresenta uma vantagem considerável nos condados mais a Sul da Virginia e que isso - segundo bem percebi - significa que nos círculos mais conservadores o racismo latente é, por assim dizer, menos latente e mais efectivo. Mas não será que os conservadores votam McCain simplesmente por serem conservadores? Ou será que os conservadores são, automaticamente, racistas?

Francisco Mendes da Silva.

*

Será que o efeito Bradley não funcionará também ao contrário?

Ou seja, será que algumas pessoas em comunidades conservadoras não terão receio/vergonha de admitir que vão votar Obama?

Seja como for, temos visões diferentes da política, embora muitas vezes possa concordar consigo, até porque você é um dos poucos homens livres que ainda que indirectamente está relacionado com a política.

Espero que o seu candidato não ganhe. A América e o mundo precisa de uma mudança radical e as mudanças assentam muitas vezes em "pormenores" que são icónicos. E a cor da pele de Obama é um "pormaior" que pode simbolizar o fim de uma era em que a raça fazia toda a diferença.

Jorge Marcedo

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O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS ELEITORES

Sobre o racismo nos EUA esquecemos frequentemente o outro lado da moeda: há um sentimento de profundo ódio racial por parte de certas franjas de negros contra o que apelidam de supremacia branca. O caso ocorrido hoje numa mesa de voto em Filadélfia - com membros do ainda existente Black Panthers a intimidarem eleitores brancos à boca das urnas - é só mais um dos exemplos visíveis. Mas o pior deste racismo está no quotidiano americano, com a aceitação de todas as expressões dessa afirmação racial na cultura, reprimindo qualquer intenção de a contrapôr aplidando-a de racista... E como acontece por lá, acontece por cá, na nossa Europa.

Simão Agostinho

*

A derrota republicana há muito anunciada, vai concretizar-se hoje November 4th, num quadro de crescente Obamania...resta saber se no que à política internacional diz respeito, os EUA continuarão ou não a olhar para o próprio umbigo.
Temo que em termos de poliítica externa as diferenças entre Obama e McCain não sejam muito marcantes.
McCain preferiria continuar os jogos bélicos no Iraque por mais tempo, Obama apostará numa presença militar americana ainda mais intensa e eficaz no Afeganistão...ambos continuarão a ser, no entanto, permiáveis aos conselhos dos generais do Pentágono, cedendo à pressão do lobbying militar.
As diferenças entre um e outro são substanciais, isso sim, no que concerne à política interna nomeadamente em matéria fiscal, política de rendimentos e política social i.e. serviços de saúde. Nessa matéria Obama será diferente - Yes he can - e a mudança desejável será possível e viável (lembre-se a proposta de criação de um seguro de saúde universal cobrindo todas as classes)...como vai ser financiado, é outra questão...
Ao resto do mundo importa saber o que vai mudar não na forma, mas no conteúdo da politica externa americana e nesse domínio as expectativas não serão muito elevadas...

(António Ruivo)

*

Comecei esta noite a ler "Então chegámos ao fim" de Joshua Ferris, o título sugere-me um pequeno paralelismo com as eleições americanas. Será que um fim é sempre um novo ínicio? Se a história do mundo Bush terminar esta noite com uma vitória de Obama, o novo presidente terá pela frente uma tarefa gigantesca, mudar o mundo...quantos de nós não sonhámos já mudar o mundo?
Oxalá Obama ganhe...amanhã poderemos começar o dia a ouvir Louis Amstrong, "What a wonderfull world"...

(Orlando Baptista - Estoril)

*

Apesar de não querer deixar de dar atenção aos constantes resultados das previsões que vão chegando, acerca daquele que vai ser um dia marcante para a História, penso que não será de descuidar falar também nas fantásticas evoluções em termos de comunicação a que temos assistido. Isto só para descontrair. Acho que é a primeira vez em Portugal, que assistimos a um fenómeno de interesse mundial em directo através da Internet, da Blogoesfera e da televisão. Dá-se hoje uma convergência brutal dos meios de comunicação que se socorrem internamente uns dos outros e se estou certa, penso que tal situação poderá não marcar a História, mas certamente que contribui de sobremaneira para o desenvolvimento e aperfeiçoamento da comunicação. Estamos hoje a responder a uma necessidade Antiga do Homem: a de chegar mais longe mais rápido.

Caros senhores obrigada pela atenção e um desejo de um bom trabalho.

Rita Conde Pereira

*

Partilho a preferência por McCain… mas parece que a noite vai ser má. Confesso que já não tenho paciência para tanto Obama. Não consigo perceber tanta idolatria, por alguém que domina bem as palavras mas a quem falta, evidentemente, substância. Infelizmente acho que Obama vai ganhar. Os votos conhecidos, em particular nalguns “battleground states” são desencorajadores, porque mostram que McCain não iguala, sequer, George W. Bush…

Já chega de Obama. Vou dormir, sem grande esperança. Posso enganar-me, mas acho que Obama, apesar do magnetismo do discurso, vai ser pior que Jimmy Carter. Enfim…

(Rui Ribeiro)

*

Respeito muito a sua opinião e o modo como a expressa. No entanto, ouvi-o há instantes, dizendo que a política nos E.U.A. é de qualidade.
Não duvido da inteligência e boa fé dos pais da política americana; não sou o típico esquerdista anti-americano, mas duvido que a política seja assim tão boa :
- o processo eleitoral poderia e deveria ser diferente;
- só existem, na realidade, dois partidos; o resto é uma filarmónica muda;
- escândalos após escândalos, escapam impunes estes warlords e/ou mobsters, que jamais pisarão o chão de tribunais internacionais ou palcos de execuções públicas.

Para dar um exemplo e terminar, podemos ser um país deprimido e deprimente, mas pelo menos temos os olhos no mundo e, atentos, temos as nossas opiniões e discutimo-las entre nós, sem termos de nos defender com armas nem "Emendas".


(Pedro Serpa)

*

Penso sinceramente que o Sr. Barack Obama vai ser o novo Presidente dos Estados Unidos, um factor que para mim é muito importante e que tem sido um pouco afastado da actualidade é a Guerra do Iraque. Não podemos deixar de ver que a grande preocupação dos americanos é a economia e penso que esse factor ao contrario do que se tem feito ao longo do dia não pode ser afastado da Guerra do Iraque, pois um dos factores que despoletou esta crise foi essa guerra. Neste momento penso que os americanos ( e eu como muitas outras pessoas espalhadas pelo mundo) se querem afastar das politicas belicistas, as pessoas estão fartas da politica de policias do mundo ( mas para interesse próprio) dos Estados Unidos. Pessoalmente tenho apoiado o candidato democrático porque tenho esperança no terminus dessa politica belicista , precisamos de estabilidade no mundo e penso que esta mudança é importante. Também não podemos esquecer que já são eleições históricas, não só pelos candidatos mas também pela agressividade e pelo excelente mecanismo de campanha do Sr. Barack Obama, que levou a novos horizontes a utilização das novas tecnologias .

(Manuel Castanho)

*

(...) nesta matéria temos posições completamente divergentes. Considero estas eleições americanas extremamente positivas. Primeiro porque significam a saída de J.W.Bush do poder mas também devido à, cada vez mais que provável, vitória de Obama.
A nível interno não sei qual seria a melhor opção, Obama ou McCain, mas a nível externo o mundo sai a ganhar com a vitória de Obama. Quer queiramos ou não, a impressão inicial que alguém que acabamos de conhecer nos causa tem bastante importância num futuro relacionamento. E Obama cativa. Com Obama no poder acredito que a política externa dos EUA mudem completamente de quadrante, ajudando a criar uma estabilidade nas relações entre os EUA e os restantes países do mundo.

Paulo Figueira

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ANTÓNIO COSTA - 1.30

Ainda se aguardam os estados dados como indecisos. Mas dos estados já apurados, o resultado é Obama 77/McCain 34. Continuemos a aguardar.

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ANTÓNIO COSTA - 1 Hora

Já fecharam as urnas na maioria dos estados. O fecho das urnas vai correndo fusos horários em direcção ao leste. Até ao momento só 3 estados concluiram o apuramento e com os resultados esperados. Obama ganhou Vermont, McCain Kentucky e Carolina do Sul. Aguarda-se com expectativa o apuramento final de alguns estados em que as urnas já fecharam e as sondagens davam empate : Carolina do Norte, Indiana, Virginia, Florida, Ohio. Os resultados destes stados serão um sinal importante para o resultado final. Continuemos a aguardar.

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CARLOS ANDRADE - NOBREZA DA POLÍTICA

Na linha do que escreveu António Lobo Xavier, acredito que a qualidade dos candidatos evidencia a nobreza da política. Por outras palavras, é um belo contributo para a reflexão sobre tantas votações que deixaram o eleitorado indiferente.

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O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS ELEITORES

Cada vez tenho mais dificuldade em entender as coisas de toda a gente,este espectáculo globalizado, inumeráveis e avisados comentadores arepetirem, repetirem, repetirem, estes "acontecimentos mediáticos", asmaratonas, as previsões, os erros, as banalidades... Só encontroparalelo no futebol. Já estou farto de Obama e ainda nem tomou posse.E também estou farto de McCain. Especialmente farto da senhora Palin.Só Biden não me incomodou por aí além.Vou ler o excelente "Pensar Como Uma Montanha" de Aldo Leopold e voltodepois do espectáculo.

José Rui Fernandes

*

Aprecio esse seu lado "desalinhado" do sistema, essa sua admiração por McCain mas deixe que lhe diga, o Mundo mudou a 11 de Setembro de 2001 e só Obama e as suas tropas poderão virar esta página negra da história, iniciada e terminada por G.W.Bush.

A única dúvida é se Obama com o ar "angelical" mas determinado que nos aparece na TV, não será mais um "Guterres" que apesar do seu "grande coração" não teve pulso para mudar as coisas.

Apesar de tudo, independentemente do resultado desta noite, o dia 4 de Novembro de 2008 vai ser certamente o primeiro dia do "novo" Mundo, o Mundo da esperança, da união entre os povos, o Mundo da Paz.

(Artur Ribeiro, Porto)

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O EFEITO BRADLEY

é uma maneira pouco subtil de explicar que se Mc Cain ganhar, ganha pelo efeito do racismo. Se houvesse "efeito Bradley", Obama nunca chegaria onde chegou.

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ANTÓNIO LOBO XAVIER - Dois candidatos de peso

O entusiasmo à volta das eleições americanas não tem apenas que ver com o significado dos EUA no mundo, em geral, e neste momento, em particular. A qualidade intrínseca dos dois candidatos justifica boa parte da atenção e a ela se ficará também a dever a diminuição da abstenção, se se confirmar. O candidato republicano fez mesmo desaparecer o tradicional desdém e desprezo com que a esquerda europeia trata os republicanos, não deixando espaço ao preconceito cultural e intelectual. Foi preciso aparecer a senhora Palin, para poderem usar os velhos clichés

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CARLOS ANDRADE - "Efeito Bradley"


Os resultados da Virgínia serão interessantes para avaliar o chamado " Efeito Bradley" nas sondagens, ou seja o pudor de alguns eleitores para assumirem que não votariam em Obama, embora afirmando o contrário. Se Obama ganhar na Virginia significa que podemos acreditar no agregado de sondagens que dava 7 pontos de avanço ao candidato democrata poucas horas antes das eleições.

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ANTÓNIO COSTA - ENTUSIASMOS

Jpp sentiu-se pouco entuasiasmado. Contraste com o que aconteceu um pouco por todo o mundo, sobretudo na europa. E se... ? Os primeiros resultados indicam maior equilíbrio do que o esperado.Estes primeiros resultados nos estados indecisos, Indiana, Geórgia, Florida, McCain leva ligeira vantagem. Aguardemos.

António Costa

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CARLOS ANDRADE - DOIS SINAIS

Os meus primeiros faróis para os resultados são os números de Indiana e Virgínia. Indiana porque será um péssimo sinal para Mc Cain se perder. Ele tem de ganhar aí. Virgínia porque é o teste para ver se as sondagens estão certas.

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PENÍNSULA

Estou a fazer de península rodeado de Obamas por todo o lado.

*

Por aqui estou na mesma situação! Obama tem o poder de criar fanáticos.

Na Europa então quem não está pelos azuis é quase que chamado de parvo.

Felizmente nos estados unidos os dois partidos, apesar da vantagem teórica para os democratas, continuam bastante próximos e penso que isso é que dá uma adrenalina especial ás eleições norte americanas.

Que tenha um bom programa na sua peninsula encarnada.

(Manuel Saldanha )

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CARLOS ANDRADE, ANTÓNIO COSTA E LOBO XAVIER COLABORAM NO ABRUPTO

Carlos Andrade - entende que Obama vai ganhar pela coerência e unanimidade das sondagens e pela dificuldade da tarefa de McCain que praticamente não pode perder em qualquer dos muitos distritos com empate técnico e muito menos ser surpreendido nos estados que considera seguros..

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4.11.08


NA SIC NOTÍCIAS EM DIRECTO

sobre as eleições americanas.

Mas sem particular entusiasmo, não pela importância do acto, mas pelo contexto em que ele se vai realizar.

Foi aliás a mesma convicção de inevitabilidade, de mais um passo no rebound americano pós-Bush que me levou a escrever muito pouco sobre esta matéria.

Mas, se lá estivesse, votaria McCain.

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LIVROS DE QUATRO GERAÇÕES (85)









Best sellers do passado.

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VÍRUS

O programa que revolucionou a televisão portuguesa.

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(ana)

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EARLY MORNING BLOGS

1430 - The Sound of the Trees

I wonder about the trees.
Why do we wish to bear
Forever the noise of these
More than another noise
So close to our dwelling place?
We suffer them by the day
Till we lose all measure of pace,
And fixity in our joys,
And acquire a listening air.
They are that that talks of going
But never gets away;
And that talks no less for knowing,
As it grows wiser and older,
That now it means to stay.
My feet tug at the floor
And my head sways to my shoulder
Sometimes when I watch trees sway,
From the window or the door.
I shall set forth for somewhere,
I shall make the reckless choice
Some day when they are in voice
And tossing so as to scare
The white clouds over them on.
I shall have less to say,
But I shall be gone.

(Robert Frost)

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3.11.08


INTENDÊNCIA



Os Estudos sobre o Comunismo estão em actualização.

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LIVROS DE QUATRO GERAÇÕES (84)


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Mais ex-libris.

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LENDO
VENDO
OUVINDO

ÁTOMOS E BITS

de 3 de Novembro de 2008

Uma técnica que vem nos livros: Manuela Ferreira Leite dá uma entrevista de fundo ao Diário de Notícias onde fez muitas (e, do meu ponto de vista. certeiras) críticas ao governo. Os especialistas de spin governamental encontraram de imediato uma maneira de ocultar as críticas através da circulação de uma pseudo-afirmação "escandalosa". É tudo muito conhecido e, no thin air da nossa comunicação social, onde entre os simpatizantes do PS e os simpatizantes de Passos Coelho, Santana Lopes e Menezes (a Norte), não faltam vozes para fazerem este serviço. Neste caso a sequência original é esta
Pergunta: As obras públicas ajudarão pelo menos ao factor desemprego?

Resposta: Desemprego de Cabo Verde, desemprego da Ucrânia isso ajudam. Ao desemprego de Portugal duvido...
A resposta pareceu tão inócua que o Diário de Notícias nem sequer a colocou em letras grandes, subordinando-a, e bem, às críticas à política de obras públicas. E Deus sabe (pelo menos Ele), quanto o Diário de Notícias desejaria ter lenha para queimar a senhora, com o seu residente grupo de adeptos de Passos Coelho nas páginas que cobrem o PSD. Mas nem isso. Mas o PS não brinca em serviço e com os seus especialistas de spin, reparou logo e começou toda uma saga de transformar Manuela Ferreira Leite na versão nacional de Haider. Vitalino Canas veio logo dizer que "a frase de Manuela Ferreira Leite tem um fundo xenófobo", uma personagem da JS, convenientemente entrevistada pela Lusa (*), veio dizer, do cimo da sua imensa autoridade, que Manuela Ferreira Leite "devia pensar mais antes de falar, se não quis transmitir desrespeito pelos imigrantes que trabalham em Portugal". Apareceram logo umas associações de imigrantes a protestar e irá aparecer o Bloco de Esquerda em força e o dr. Menezes, tão certo como dois e dois serem quatro.

(*) Eu considero normal que a Lusa seja muito rápida a ouvir o PS quando fala o PSD, de tal maneira que não há afirmação que apareça limpa, sem resposta. Só me admira que tal rapidez não se verifique para o Governo e, mal Sócrates acabe uma das sessões de propaganda ou uma cena lastimável como a do "Magalhães" nas Américas, não haja a mesma imediaticidade e o discurso apareça sempre limpo e direitinho. O mesmo se passa com a RTP, onde há pressas e lentidões, conforme os interlocutores.

*

Com Studs Terkel no pensamento (que morreu ontem aos 96 anos de idade), visitando o Abrupto, perguntei-me se o JPP saberia quem ele era (não se pode saber tudo…). Um homem fascinante, um conhecedor profundo e amante da sua América, um homem que viveu muito e fez muita coisa, um exemplo de Americano que para mim, que vivi 25 anos em Nova Iorque, representa o que a América tem de melhor. O meu primeiro contacto com a obra de Terkel foi em 79 quando fiz uma cadeira (Writing and Social Issues) em que o seu livro Working foi leitura obrigatória.

http://www.nytimes.com/2008/11/01/books/01terkel.html?ref=obituaries

http://www.studsterkel.org/video/clip03.html

(Cecilia Gama)

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OS NOVOS DESCOBRIMENTOS: ENCÉLADO, PERTO DE SATURNO



Uma face muito especial.

*








Encélado foi descoberto (em 1789) por William Herschel, pai de Sir John Herschel, o astrónomo a que fez referência aqui, e do qual temos este retrato espantoso, tirado em 1867 por Julia Margaret Cameron (entre outras coisas, tia-avó de Virginia Wolf).

(José Carlos Santos)

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EARLY MORNING BLOGS

1429 - Hope is a strange invention --

Hope is a strange invention --
A Patent of the Heart --
In unremitting action
Yet never wearing out --

Of this electric Adjunct
Not anything is known
But its unique momentum
Embellish all we own --

(Emily Dickinson)

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2.11.08


LIVROS DE QUATRO GERAÇÕES (83)


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A DEGRADAÇÃO DA POLÍTICA EXTERNA PORTUGUESA



Eu imagino o ar entalado do ministro dos Negócios Estrangeiros, um homem civilizado e capaz, moderado e "diplomata", no bom sentido da palavra, ao ver o que se estava a passar, ao ver o seu primeiro-ministro a fazer de vendedor de cobertores como se estivesse numa feira manhosa, promovendo o "verdadeiro computador ibero-americano". Sócrates, na pele de vendedor de uma empresa privada, a JP Sá Couto, que produz em regime de monopólio um computador que o Estado português "compra", sem concurso público, em condições mal explicadas e mal esclarecidas, deu mais um passo num processo bizarro de envolvimento do Estado português como caixeiro-viajante de uma só empresa portuguesa. Imagino o que dirão as outras empresas do mesmo ramo, esmagadas perante esta competição desigual.



Retratos da diplomacia económica: eles vendem o Boeing, o Airbus, a Nokia, e nós, o Classmate da Intel.

Ninguém está obviamente contra a chamada "diplomacia económica", nem ela em si rebaixa ninguém. Os americanos vendem a Boeing, os finlandeses a Nokia e os franceses o Airbus, os franceses aliás vendem até muito mais do que o Airbus, a julgar pelas armas que Saddam tinha, já o embargo internacional ao Iraque estava em vigor. Mas o caso do "Magalhães" está a transformar-se numa estranha promiscuidade entre uma empresa privada, na qual o Estado português formalmente não tem qualquer interesse, nem escolheu por qualquer concurso público (o mito urbano é que foram as operadoras de comunicação que decidiram tudo sobre o "Magalhães", que apenas depois foi colocado no sapatinho do primeiro-ministro para ele fazer propaganda), e que acaba por se tornar central na política de vendas do Estado português. A JP Sá Couto não trabalha de graça, como é óbvio, e beneficia exponencialmente de ter a diplomacia portuguesa e o primeiro-ministro a vender os seus produtos e a aumentar os seus lucros.

Mas a história só piora cada dia. Ela está a degradar cada vez mais a nossa política externa, com momentos ridículos, pasto dos Gatos Fedorentos, tanto mais que se passam numa cimeira internacional. É penoso ver Sócrates a dar computadores, numa extensão do e-escolinhas, aos chefes de Estado ibero-americanos, perante o sorriso irónico da maioria dos chefes de Estado, que, ou aproveitavam a descontracção para ir ver o correio íntimo ou o site dos jornais da oposição dos seus países (quando ainda sobrevive a oposição), ou o puro desinteresse daqueles que não estão ali para ouvir aquelas brincadeiras um pouco inconvenientes. Sócrates nem sequer se apercebe, que, quando diz que o computador é resistente aos líquidos, pela cabeça daqueles adultos empedernidos, os líquidos que se imaginam não são propriamente nem água, nem leite, nem iogurte.

Mais. Sócrates obviamente nunca faria uma cena daquelas num conselho europeu, e nessa diferença está a rebaixar os seus anfitriões, como se estivesse ali a fazer de sr. Oliveira da Figueira, a trocar umas contas de vidro por ouro entre os tuaregues do deserto. Sócrates falava para os "índios". E os "brancos" na reunião, como Zapatero, estavam noutra. Um desses índios, explicou ele, uma criança grande chamada Chávez, uma criança descuidada e desajeitada, até tinha atirado o "Magalhães" ao chão para lhe gabar a resistência. E nem sequer passava pelo óraculo da televisão a mensagem de "Não tentem repetir isto em casa". Gostava de ver as criancinhas, perante o olhar horrorizado dos pais, a atirar o "Magalhães" contra as paredes. Experimentem e mandem a conta a Chávez e a Sócrates.



Software usado no seu trabalho pelos assessores do Primeiro-ministro, "que não precisam de outro computador" a não ser o "Magalhães"

Eu tinha vergonha de lá estar e ouvir um primeiro-ministro de Portugal a dizer que os seus assessores não precisavam de outro computador para trabalhar a não ser o "Magalhães", concebido para as crianças do ensino básico, o que implica que devem passar o dia a soletrar a tabuada com carneirinhos e florzinhas a voar no ecrã. Deve ter sido assim que foi feito o Orçamento pelos assessores, a jogar ao "peixinho" no "Magalhães", até que uma "mão invisível" saindo da sombra, certamente com um Dell ou um Sony Vayo ou um MacBook Air ou um qualquer computador muito a sério, lá escreveu a anónima alteração da lei do financiamento partidário. Essa não foi feita de certeza num "Magalhães". É que, se fosse verdade que os seus pobres assessores tivessem de laborar nos seus gabinetes de "Magalhães" à frente, o que obviamente não é verdade, isso diria muito sobre o infantilismo de toda esta conversa.

Não é só que não haja paciência, não há outra coisa, não há a noção de que a nossa política externa não pode estar reduzida a uma imitação europeia de Chávez. Sim, porque não é Chávez que imita Sócrates, é Sócrates que anda a imitar Chávez, e o original é muito melhor do que a imitação. Infelizmente de há muito que a nossa política externa anda por casas de muito má fama, por Angola, pela Líbia, pela Venezuela. Uma, duas, três vezes. Já o disse e repito: aquilo que Sócrates dá verdadeiramente a estes governantes corruptos, demagogos e perigosos não é o "Magalhães".

Não é o "verdadeiro computador ibero-americano", por singular coincidência ianque e da Intel, que eles querem. Dá-lhes jeito para repetir umas cenas de propaganda, a troco de um navio de petróleo, mas o que Sócrates lhes dá no fundamental é a respeitabilidade de serem unha com carne com um país da União Europeia, cujo primeiro-ministro não se importa de andar de braço dado com eles na rua.

A degradação da nossa política externa está não em dar-se com todos os países com que temos relações diplomáticas, não em fazer negócios mesmo com gente pouco recomendável, mas sim na caução e legitimação política dada a regimes opressivos e pouco democráticos. É por isso que Chávez tanto gosta de Sócrates. Ele é o seu "europeu" de estimação, o seu troféu na União Europeia para atirar à cara dos ianques e de gente como o Rei de Espanha que o mandou calar. É também este atestado de legitimidade que andamos a vender, não é só o "Magalhães".

(Versão do Público, 1 de Novembro de 2008.)

*
Mesmo admitindo que

* o colonialismo europeu,
* o imperialismo americano,
* a guerra fria daí resultando,
* os Bushs e os seus servidores,
* "os boys" em todos os patamares do mundo financeiro

são culpados de todos os males que afligem o mundo moderno, não vejo razão porque é que o primeiro ministro de Portugal há de pronunciar-se numa conferência ibero-americana num estilo tão populista e simplista. Será para todos o poderem compreender? Certamente que o sistema encontrado em Bretton Woods necessita de ser revisto, mas esperaria uma análise um pouco mais profunda e menos ao estilo do Sr. Chaves e de outros governantes na América do Sul. Faz-me lebrar de uma frase que ouvi nos anos 60, quando cheguei a Portugal: "Foi assim que os alemães perderam a guerra". Só muito mais tarde percebi o sentido verdadeiro, também em vernáculo: "Quanto mais se baixa, mais se vê...".

(Monika Kietzmann Lopes)

*

Após a triste espetáculo dado pelo Sr. Primeiro-Ministro, comecei a receber mensagens dos meus correspondentes brasileiros (somos um grupo informal que discute Matemática), que me perguntavam se aquilo era uma piada, pois nunca esperavam que um dirigente europeu pudesse descer, segundo eles, abaixo do nível a que são, por vezes, obrigados a assistir na América do Sul (e que os envergonham profundamente: agora já sei como eles se sentem).

No meio disto, a tentação de dizer "Volta Guerra Fria, que estás perdoada" começa a ser forte; nem que seja pela maior exigência que era imposta aos dirigentes políticos dos países livres. Começo a ficar assustado quando penso no Sr. Putin e penso "pelo menos este dá-se ao respeito!".

(João Soares)

*

Pelo facto de viverem rodeados de assessores, correligionários, dependentes, amigos, familiares, 'besuntas', seguranças e "yes-men", muitos políticos vivem numa espécie de realidade-virtual, não se apercebendo de quando atingem - ou ultrapassam generosamente, como foi agora o caso de Sócrates - o limiar do ridículo.

E não nos iludamos; o mal não tem cura, pois já não é possível, hoje em dia, fazer como nas histórias tradicionais, em que o rei se disfarçava de mercador para, circulando anonimamente por praças e mercados, saber o que o povo pensava de si e da sua governação.

(C. Medina Ribeiro)

*

Recomendo-lhe a leitura deste texto de J. Norberto Pires, professor de Engenharia Mecânica da Universidade de Coimbra e presidente do conselho de administração da Coimbra Inovação.

(José Carlos Santos)

*

Acho que é mais importante saber o que se passa em Espanha do que na Região Autónoma dos Açores, sem ofensa aos açoreanos. Por isso, sempre que posso vejo o noticiário das 17hs. na TVE Internacional. Embora um pouco narcisistas, os espaços televisivos de informação na TVE têm bastante poder de síntese, bons correspondentes internacionais e ali 30 minutos são mesmo 30 minutos. Os telejornais dos canais portugueses não raras vezes ultrapassam 60, 75 e até 90 minutos, pois não podem deixar de incluir 10 a 20 minutos de informação sobre futebol e outro tanto à vida das vedetas das telenovelas!

Vamos ao que interessa. Hoje, 5ªfeira, dia 30, quando sintonizei a TVE Internacional tive a grata surpresa de ver no ecrã o engº. Sócrates que discursava na XVIII Cimeira Ibero-Americana a decorrer em San Salvador, capital de EL Salvador. Feliz e oportuna coincidência: San Salvador, El Salvador e Sócrates (salvador). Desculpem-me mas não resisti a um trocadilho fácil.

Agora a sério.quando liguei o televisor já o nosso primeiro-ministro estava a discursar. Desconheço se há muito tempo. Logo percebi que o tema da sua intervenção focava o computador Magalhães e as respectivas virtudes cibernéticas, intercalando, sempre que podia, com auto-elogios à dinâmica inovadora do governo que diz chefiar. E assim continuou por mais 10 minutos, até ao fim do tempo que lhe estava destinado. Começou com Magalhães, acabou com Magalhães, a isto se chama coerência.

A certa altura cheguei a recear que alguém soltasse um "por qué no te callas?", tal como sucedeu na Cimeira do ano passado ao seu íntimo amigo Chávez. Mas Sócrates e a sua equipa de relações públicas pensam em tudo. Manhã cedo, antes das sessões de trabalho terem início, tiveram o cuidado de oferecer Magalhães a todos os membros das várias delegações.

Depois de um gesto destes ninguém teve a coragem de esboçar sequer um bocejo de tédio ou cogitar uma expressão discordante.

Durante a minha vida profissional tive ocasião de conhecer grandes vendedores, mas ninguém com a vocação comercial de José Sócrates. Há que reconhecer a sua capacidade argumentativa mesmo quando, sem pestanejar e confrontado com verdades, tenta "convencer" os portugueses que vivem num país a "sério"!

(Manuel Baptista)

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INTERIORES / EXTERIORES: CORES DESTES DIAS

Clicando na fotografia fica na boa dimensão. Para se ver

CORES DOS SÍTIOS





Pôr-do-sol sobre o Castelo, a Sé, a Casa dos Bicos, o casario, o Tejo...(Fernando Correia de Oliveira)

Drogaria Sardinha, Évora. (aforestdesign team)

Sicília (Luís de Matos Gonçalves)

Porto de pesca em Saint Jean de Luz, França, vila onde acostei por barco de pesca há 44 anos (16 Julho 1964) (José Rego )

CORES DO TEMPO





(António Cabral)

Tromba de água em Poiso – S. Jorge – Santana – Ilha da Madeira (Telmo Martins)

(ana)

CORES DAS COISAS







(Helder Barros)

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O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES: O BAÚ



Sigo com atenção a Quadratura do Círculo e por isso gostaria de, depois de o felicitar, dizer que apreciei o plano em que situou a sua análise do “caso Magalhães”.

De facto tambem acho, modestamente, que a eventual desadequação do PC aos seus propósitos ou as irregularidades administrativas da sua aquisição, apesar de graves, são políticamente irrelevantes quando comparadas com a indiferença do “public eye” dos portugueses.

Sempre achei que a acção política se desenvolve entre nós segundo aquilo que costumo designar pelo “Paradigma do Baú”. Ela parte de duas premissas.

Uma, é a de que existe um baú cheio de dinheiro que pertence “aos portugueses”.

Outra, é a de que há umas pessoas más que se sentam em cima do baú ( uma de cada vez, entenda-se) e não deixam “os portugueses” beneficiarem de uma situação de conforto a que têm direito, à semelhança do que acontece em países como a Dinamarca, a Suécia ou a Alemanha.

Destas duas permissas decorre a existência de uma oposição cujos líderes propõem uma coisa óbvia: dêem- nos o poder, e nós retiraremos o malandro que está em cima do baú e distribuiremos um bocadinho a cada um.

A análise das várias fases deste processo percorre, do meu ponto de vista, toda a politologia com interesse para os portugueses.

Julgo que o conceito do baú é consequência do facto de a riqueza nacional, desde o sec XV, vir de fora; da India, depois de África , do Brasil e agora da Comunidade Europeia.

Enquanto noutras nações, como é o caso notório dos Estados Unidos, as pessoas entendem que a distribuição da riqueza deve estar de algum modo ligada à utilidade social de cada cidadão, (a avaliação do que designei sumàriamente por “utilidade social” é evidentemente um tema político maior), entre nós permanece uma questão obscura. A Universidade, durante séculos, serviu razoavelmente como filtro para esse acesso.

Depois, a razão pela qual a personalidade que está em cima do baú teima em não abrir a tampa tambem nunca foi objecto de grande investigação. É atribuída a uma perversidade inexplicável.

Quanto ao reabastecimento do baú, avançam os demagogos em caso de necessidade, com uma ideia simples: deve ser um encargo dos ricos, é claro.

Para resumir e não o entediar muito, direi que considero que o facto de os portugueses persistirem em não se sentir responsáveis pelo seu próprio destino é por ventura a razão fundamental do seu atrazo. E acrescento que todo o discurso que alimenta essa irresponsabilidade é reaccionário, mesmo que, como é regra, venha da chamada “esquerda”.

Tem havido, na nossa história recente, pessoas cujo carisma as torna vítimas fáceis deste processo e um inestimável trunfo para as oposições. Penso por exemplo em Salazar, em Cavaco Silva e agora, em Sócrates.

Será que a distribuição dos Magalhães não terá sido em legítima defesa? O dinheiro, como Você muito bem assinalou, veio do baú.

(Luiz Miguel Alcide d´Oliveira.)

*

Ando aqui às voltas há uns dias, a matar a cabeça com um problema que nem entendo bem. Um daqueles problemas difusos e escorregadios como uma enguia, que sempre que parece que já o conseguimos rodear ele escapa-se por entre as mãos.

Refiro-me a essa brilhante concepção do Min. Educação (ME) de evitar a retenção dos alunos tornando a retenção "desnecessária". Ao início, eu pensava que seria a velha política do "baixar a bitola" que resulta tão bem nas estatísticas. Baixe-se o nível de exigência e tudo passa. Pronto, essa lógica percebo. Mas aqui há algo de estranho; porque eles não estão a baixar a bitola, eles estão a dizer:

- a retenção dos alunos é uma acção que deriva da sua incpacidade e que traduz um insucesso;

- isto é mau, não só porque este insucesso tem tendência a gerar mais insucesso, mas também porque as retenções tornaram-se a medida do sucesso, o sítio onde se vai avaliar o sucesso da educação;

- por todas estas razões é preciso acabar com a retenção;

(e aqui é que está o busílis, é que a lógica seguida até agora seria a de que apenas teríamos que eliminar a figura da retenção de uma vez por todas justificando-a com ser contraproducente, e assim nos primeiros anos toda a gente passa porque é melhor passar, mesmo que não saiba ler, ou então baixar a bitola de modo a que de qualquer maneira toda a gente passe de ano. Mas não é isso, parece-me que se fez um "upgrade" nesta lógica)

- acabar com a retenção significa não apenas acabar com a figura, porque isso geraria os usuais protestos de "facilitismo"; se a retenção é necessária como consequência, tradução, e correcção do insucesso, então e se acabássemos com o insucesso?? É que, repare-se, se não houver insucesso, eles não têm de ficar retidos(!) E mais, se isto for feito da maneira certa, "retenção" vai deixar de ser um conceito necessário, vai simplesmente deixar de existir.

- O que é então necessário para acabar com o insucesso (de modo a eliminar o conceito de "retenção")? Simplesmente, é preciso trabalhar pelo seu oposto, isto é, quanto mais os alunos tiverem sucesso, mais desaparece o insucesso, mais pequenina e desprezível ficará a ideia da retenção, que mais cedo ou mais tarde será ligada a algumas práticas retrógradas de educação - como a chibata ou o chapéu de burro - e lentamente morrerá o conceito de "retenção", tal como o telemóvel fez morrer o conceito de "pager". Vamos então dizer às escolas mais ou menos isto, "a partir de agora as escolas devem fazer tudo o que for necessário para que o aluno tenha sucesso; isto não significa passar o aluno, significa que ele tem de ter um sucesso correspondente a um saber efectivo, aferível e duradouro".

Há algo aqui que me faz uma confusão dos diabos, mas que não consigo bem descrever. E depois, lembrei-me que este novo tipo de lógica pode ser aplicado em mais coisas:

- o estado da Saúde em Portugal tem várias medidas de performance, uma delas são as listas de espera. As listas de espera são um mal necessário, mas que ainda por cima parece que se auto-alimenta; é necessário então deixar de ter listas de espera. As listas são consequência de uma falta de capacidade do sistema de saúde para dar vazão às solicitações. Para acabar com as listas de espera - efectivamente e conceptualmente - é necessário eliminar o que as causa, ou seja, é necessário ouvir, tratar, curar os doentes. Os hospitais são assim a partir de agora incentivados a dar o seu máximo no sentido de curar os doentes, e desse modo tornar o conceito "lista de espera" algo de arcaico e que não tem lugar numa sociedade moderna como a nossa (!)

- o desemprego não é apenas um fenómeno social e um estado individual, conceptualmente é entendido como uma medida da performance do governo na economia. Há assim que baixar o índice de desemprego e torná-lo tão irrisório que o conceito seja desprezado. Para baixar o índice de desemprego concluiu-se que a melhor forma é ter uma alta percentagem da população activa empregada, o que será possível se o tecido económico possuir um grande número de empresas que ofereçam emprego, entrando-se depois num círculo virtuoso. Assim, os ministérios da Economia, Finanças e Trabalho são aconselhados a porem em prática políticas de aumento do emprego, de modo a tornar o índice de desemprego uma medida inútil e retrógrada numa sociedade moderna como a nossa.

Isto é ou não é algo assustador?.....

(PL)

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EARLY MORNING BLOGS

1428 - Autumn Daybreak

Cold wind of autumn, blowing loud
At dawn, a fortnight overdue,
Jostling the doors, and tearing through
My bedroom to rejoin the cloud,
I know—for I can hear the hiss
And scrape of leaves along the floor—
How may boughs, lashed bare by this,
Will rake the cluttered sky once more.
Tardy, and somewhat south of east,
The sun will rise at length, made known
More by the meagre light increased
Than by a disk in splendour shown;
When, having but to turn my head,
Through the stripped maple I shall see,
Bleak and remembered, patched with red,
The hill all summer hid from me.

(Edna St. Vincent Millay)

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1.11.08


COISAS DA SÁBADO: A GLORIOSA MÁQUINA DE PROPAGANDA DO GOVERNO



Nestes dias, a gloriosa máquina de propaganda governamental está de vento em popa, alimentada por múltiplos personagens, ministros e assessores, gabinetes de comunicação, empresas de comunicação e relações públicas, jornalistas “amigos” e comunicação social do estado, blogues escritos e alimentados por assessores do governo, tudo isto oleado por muito medo de fazer ondas, não vá haver retaliações.

A facilidade com que se fazem acusações sobre a existência de retaliações por parte do governo sobre empresas e pessoas só pode ser comparada com a sinistra indiferença com que são recebidas. O caso mais absurdo e revelador é a célebre lista de credores do estado, onde, de milhares de empresas com dívidas, acabaram por sobrar meia dúzia que, em total desespero de causa, aceitaram fazer parte da lista. A esmagadora maioria das outras empresas não quer ondas com o governo, porque sabe muito bem que, do chefe do PS local ao ministro, podem ser rotuladas de “inimigas” e ficar preteridas em quase tudo.

Os empresários que operam na área da comunicação social, esses então estão na linha da frente de uma “mão invisível” que eles conhecem bem demais e que lhes diz com clareza o que podem ou não podem fazer com os seus jornais e televisões, os “agrados” e “desagrados” do senhor Primeiro-ministro e dos seus pares. A campanha contra o Público é um exemplo típico, a acentuada governamentalização de outros jornais, idem aspas. Acresce que muitas redacções estão mergulhadas até ao pescoço em relações próximas com os gabinetes ministeriais, onde muitos dos seus ex-colegas trabalham e de onde muitos deles também regressaram vindos de assessorias de imprensa de volta às redacções.

Ajudava muito à clarificação da vida política portuguesa que se conhecessem estas transumâncias passadas e actuais, porque elas reflectem reais conflitos de interesse numa parte sensível da nossa democracia, a formação da opinião pública. Ou seja, é importante sabermos quem, na redacção do jornal ou do canal televisivo X ou Y, foi assessor de Marques Mendes, Mário Lino, Sócrates, Santos Silva, Pedro Silva Pereira, Barroso ou Lopes. E, igualmente importante, saber quem exerceu este mesmo tipo de funções nas empresas públicas, ou em qualquer outro cargo cuja nomeação implique confiança política. Convém não esquecer que a função de assesssor na área da comunicação social é das mais sensíveis que existe hoje e de inteira confiança política. E como já vi jornalistas sairem da cobertura de uma campanha eleitoral directamente para os gabinetes daqueles que escrutinavam uma semana antes, valia a pena, nesta era de “transparência”, ir mais longe no registo de interesses. Não são só os ex-ministros que vão dirigir empresas em áreas em que antes governavam, são também os jornalistas que vêem do spin governamental, da colocação de notícias favoráveis e do controlo dos danos, para “informar” nas redacções.

Talvez assim se perceba alguma coisa da enorme eficácia da gloriosa máquina de propaganda do governo, em que este governo socialista mete num bolso todas as pobres tentativas de “centrais de comunicação”. E uma das razões da eficácia é exactamente cobrir os traços, apagar as pegadas e indignar-se muito quando a “independência” dos orgãos de comunicação social face ao governo é escrutinada.

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(Sandra Bernardo)

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LIVROS DE QUATRO GERAÇÕES (82)

Entre os livros familiares há alguns mais familiares do que outros: os que eu li de maneira especial, ou por mérito do livro, ou por estranheza do leitor. Um dos livros que nunca mais esqueci, mesmo não o vendo fisicamente há dezenas de anos, foi o Amor em Portugal no Século XVIII, de Júlio Dantas. Li-o com 16 ou 17 anos, já então um feroz anti-Dantas por efeito do Manifesto de Almada, que o tinha tirado de moda e o tinha tornado um autor símbolo do mau gosto, cuja leitura para um jovem vanguardista com pretensões literárias "modernas", era contra natura. Mas a verdade é que o li e nunca mais o esqueci e foi preciso esperar pelas Memórias de Marcelo Caetano, descrevendo o Dantas, com quem partilhou um camarote numa viagem ao Brasil, usando mesmo as ceroulas que o Almada gozava, para atentar numa coisa que Marcelo (o da Bayer) dizia: Dantas escrevia muito bem. E muitas vezes com muita graça, elegância e humor. Pensando bem este livro não só me divertiu, fornecendo aquelas histórias mais ou menos anedóticas que fazem parte do nosso património de contar aos outros, como nos ensinava como mudam os costumes, pelo lado do humor.


Entre as páginas inesquecíveis deste livro estava a descrição do "namoro de estafermo e de estaca" e a da arte do beliscão dentro das igrejas, a "sensualidade sonsa do beliscão português". Vale a pena ampliar estes dois fragmentos do livro de Dantas e esperar que seja rapidamente feita uma reedição.


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EARLY MORNING BLOGS

1427 -Horses and Men in Rain

Let us sit by a hissing steam radiator a winter’s day, gray wind pattering frozen raindrops on the window,
And let us talk about milk wagon drivers and grocery delivery boys.

Let us keep our feet in wool slippers and mix hot punches—and talk about mail carriers and messenger boys slipping along the icy sidewalks.
Let us write of olden, golden days and hunters of the Holy Grail and men called “knights” riding horses in the rain, in the cold frozen rain for ladies they loved.

A roustabout hunched on a coal wagon goes by, icicles drip on his hat rim, sheets of ice wrapping the hunks of coal, the caravanserai a gray blur in slant of rain.
Let us nudge the steam radiator with our wool slippers and write poems of Launcelot, the hero, and Roland, the hero, and all the olden golden men who rode horses in the rain.

(Carl Sandburg)

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© José Pacheco Pereira
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