ABRUPTO

7.9.06


RETRATOS DO TRABALHO NO FUNCHAL, PORTUGAL


Dois homens executam a arriscada tarefa de subsituição de cartazes publicitários no gigantesco balão de hélio que se encontra na baía do Funchal. Foto tirada há minutos (17h15). Este balão tem um cesto na base para levar os turistas aos céus da Madeira, de onde se contempla uma magnífica vista, pela módica quantia de 15 euros. A foto documenta o início dos trabalhos, altura em que nenhum sistema de segurança protegia os audazes trabalhadores.

(Tiago Botelho)

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FÉRIAS / FIM DE FÉRIAS
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Por todo o lado já se nota uma nova agitação. Temas e questões começam a aparecer todos os dias, o deserto comunicacional de Agosto dá lugar a uma crescente agitação nos blogues, nos jornais, na televisão. Está tudo mais que disponível para uma nova polémica, uma nova irritação, uma nova exigência, um novo protesto. A coisa é curiosa porque não há verdadeiramente nada de diferente entre Agosto e Setembro a não ser no número de pessoas que estão na praia ou nos seus empregos. O país é o mesmo, o mundo é o mesmo, os problemas são os mesmos. Já estamos é viciados pela excitação e, passado o mês terapêutico de abstinência, precisamos de barulho para meter nas veias. Rápido. Forte. De boa qualidade.

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INTENDÊNCIA

Actualizada a nota UM DIA DE COMÍCIO.

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RETRATOS DO TRABALHO EM BARCELONA, ESPANHA



(...) foto do tipo de trabalho que fiz em Barcelona. penso que seria interessante ter esta foto (...) , pois mostra um tipo de trabalho diferente dos trabalhos tradicionais. Para além de fazer um pouco de bricolage projectei a parte mecânica desse Robot humanoide que vê na imagem. A pessoa que está na foto não sou eu, mas sim o meu chefe (Davide Faconti).

(Alcides Strecht Monteiro)

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EARLY MORNING BLOGS

859 -The Fascination of What's Difficult

The fascination of what's difficult
Has dried the sap out of my veins, and rent
Spontaneous joy and natural content
Out of my heart. There's something ails our colt
That must, as if it had not holy blood
Nor on Olympus leaped from cloud to cloud,
Shiver under the lash, strain, sweat and jolt
As though it dragged road-metal. My curse on plays
That have to be set up in fifty ways,
On the day's war with every knave and dolt,
Theatre business, management of men.
I swear before the dawn comes round again
I'll find the stable and pull out the bolt.


(W.B. Yeats)

*

Bom dia!

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UM DIA DE COMÍCIO

Hoje, viveu-se um dia de permanente comício em muitos órgãos de comunicação social. Desde a TSF pela manhã, até à "Opinião Pública" da SIC Notícias de tarde, culminando no Clube dos Jornalistas na 2, sem qualquer esforço de "edição", sem sequer qualquer esboço de controvérsia, assistiu-se a uma diatribe propagandística completamente à solta, como se estivéssemos em Cuba ou na Venezuela de Chavez e fossem o PCP e o BE a mandar nas televisões. Corrijo: hoje mandaram nas televisões, diante do silêncio comprometido e das deserções de muitos. Todo o discurso, pesado e denso, de múltiplas proclamações, grandes indignações, grandes adjectivos, grandes diabolizações, foi desde o anti-americanismo obcecado, que não hesita nas maiores inverdades e mentiras, até à proclamação indignada contra as tenebrosas violações dos direitos humanos, por esse Novo Estado Fascista que são os EUA.

O Clube dos Jornalistas sintetizou tudo quando, a pretexto do 11 de Setembro de Nova Iorque e Washington, passou imagens do golpe chileno de Pinochet, "dizendo-nos" com as imagens que este é o facto original e puro, o resto são manipulações ímpias. Isto aconteceuThe image “http://redescolar.ilce.edu.mx/redescolar/act_permanentes/historia/html/11_sep_73/mone.gif” cannot be displayed, because it contains errors., isto não. Isto deve-se pensar, isto serve apenas para nos manipular, para cercear as nossas liberdades, para servir os obscuros interesses militares e económicos do Império. A realidade do terrorismo dissipa-se, o terrorismo torna-se invisivel, hipotético, "pretextual" como nas melhores teorias conspirativas. Num noticiário da SIC referia-se de passagem que, no Irão, milhares de voluntários se ofereceram, em resposta ao apelo de alguns parlamentares iranianos, para servir de suicidas. Mas como era possível sequer reparar nesta notícia, incorporá-la no discurso? Não era. O terrorismo, mesmo ali diante dos nossos olhos, desaparecia, esbatia-se, dissolvia-se, normalizava-se. Tornava-se impensável. Só o Monstro americano existe, o resto são também imagens espelhares do mesmo Monstro. Estamos feitos.

*

Como se indignou com programa do clube de jornalistas queria perguntar-lhe se viu a edição sobre o recente conflito Israel-Hezbollah. Não creio que tenha visto, caso contrário teria achado este bastante benigno.

Se não viu peça a cassete a alguém (infelizmente não gravei), acredito que não dará o seu tempo por perdido. Foi a maior acção de propaganda anti-sionista que alguma vez vi numa televisão, e falavam como se de justiceiros se tratassem face ao favorecimento de Israel por parte dos média. Foram feitas acusações graves ao jornal Público e ao seu director. E tudo isto sem qualquer contraditório: todos os convidados eram enviesadamente e fanaticamente anti-sionistas. A ver.

(paulo salvador)

*

São tantos os exemplos de informação tendenciosa e manipulação noticiosa que o tema começa a estar estafado. Mas nunca é demais denunciá-lo. No dia da paralisação dos aviões em Londres, a jornalista Alberta Fernandes apresentou a notícia repetindo várias vezes “a alegada ameaça terrorista” sempre com um trejeito nos lábios para que alguém mais distraído notasse o seu cepticismo esclarecido. No dia em que a televisão transmitiu a reportagem da CNN com o membro do Hezbollah histérico a mostrar os prédios de “civis” atacados em Beirute, José Alberto Carvalho também se revelou consternado e solidário para com o “civil”. São apenas alguns exemplos e muitos mais haverá que desconheço porque passei a exercer o “inalienável direito de carregar no OFF” ou de ver o canal Panda.

(Helena Mota)

*

Estes últimos comentários sobre os EUA e Israel fazem reaparecer na minha cabeça uma sensação que não posso deixar partilhar. Vou usar o exemplo dos EUA mas refiro-me a isto de uma forma geral em relação às suas posições publicas. Note-se então o exemplo: há hoje numa grande parte da sociedade um sentimento anti-americano. JPP opõe-se a ele. Tudo natural. Mas a sensação com que fico é que para se opor ao extremismo de um lado, JPP tende a tomar partido do outro. O facto de não estar de acordo com a perspectiva que muitos europeus têm dos EUA ou, de achar que a comunidade internacional não ajudou Israel como devia, não pode (não deve) fazer com se torne complacente para com o que há a criticar. Nunca o ouvi criticar de forma clara, o facto de terem morrido mais civeis inocentes do que "combatentes irregulares" (já o ouvi a usar a expressão e acho-a adequada). Eu não acho que JPP considere isso irrelevante, o que acho é que esteve demasiado ocupado a defender Israel das críticas que lhe eram feitas. Ficou tão mentalmente tão ocupado nisso que o resto não... surgiu. Imagine alguém acusa um seu conhecido por mentir em determinada situação em que sabe que ele não mentiu, é natural que o defenda. Não se pode é definir por oposição aos acusadores, perdoando futuras mentiras.
Os comentários e actos políticos Responsáveis não podem ser como o aquele jogo em que 2 grupos de pessoas puxam uma corda pelas suas pontas... tentando vencer o outro grupo ao extremar a sua posição. Se acha exageradas e irresponsáveis certas posições sobre os EUA, critique-as e exponha-as, mas não deixe que isso tolde o seu juízo. Eu também não gosto da onda de anti-americanismo de esquerda, mas julgo que o melhor é tentar não tomar partido de um lados só para me opor ao outro. Acho que compreende bem o que estou a dizer. "Não gosto do que este lado diz, por isso vou defender (quase) incondicionalmente o outro"...
Outra hipótese é que eu, talvez por "wishufull thinking", esteja enganado e que (por exemplo) JPP ache mesmo que os EUA têm muito pouco para se lhes criticar, e que a guerra recente, teve custos civis perfeitamente razoáveis. Tanto nisso como em outras situações em que define a sua posição como oposta à de outros.

(Filipe Grácio)

*

É uma verdadeira avalanche de propaganda. Da TSF já não se espera objectividade , ainda mais de um qualquer programa como “O Fórum TSF” cujos participantes parecem ser únicos em Portugal ( são sempre os mesmos…parece a Bancada Central nesse aspecto … e curiosamente todos baldeados á Soeiro P. Gomes) .Mas enfim só ouve quem quer e fala quem pode. Vale a denuncia e a indignação.
Quanto ao “ Clube de Jornalistas” da 2 de ontem , que falaria do 11 de Setembro , no âmbito de uma semana na 2 acerca desse acontecimento que mudou o Mundo, sinceramente quando soube que era este o programa sobre o 11 de Setembro e não outro qualquer , temi pela objectividade do mesmo até pelo facto de na apresentação do mesmo aparecia a sombra de um tal de José Goulão , “cidadão honorário” da Palestina , o que se não confirmou, quem lá estava era o Dr. Rui Pereira , e os jornalistas Luis Costa Ribas e Cesário Borga. Quando apurei que era sobre o papel do jornalista no 11 de Setembro e 11 de Março e sua cobertura, com aquele painel fiquei logo desconfiado ( tirando o Dr Rui Pereira ) …ainda mais quando o moderador se pôs inicialmente a fazer umas considerações tendenciosas. Acabei por ouvir cinco minutos…chegou.
Quando á cobertura do 11 de Setembro…do mais irónico que me lembro de cobertura jornalística e propagandistica no meio daquele terror todo é o Hissam Besseisso representante da AP em Portugal acolitado pelo Luís Fazenda e José Goulão, a dizer e a transpirar abundantemente que o 11 de Setembro era obra da Mossad ou dos judeus. Paralelamente ia-se apreciando a reacção da rua árabe, com aquela senhora de lenço na cabeça a dar á língua a gritar , ao estilo das mulheres sudanesas a cortar as partes intimas dos prisioneiros da força britânica do General Gordon nos idos dos sec XIX.

(António Carrilho)

*

Partilho inteiramente do seu ponto de vista. Também vi o Clube de Jornalistas, e fiquei arrepiado! Sob a coordenação do pivot, de cujo nome não me recordo, o programa foi um autêntico comício do PCP-BE (com a participação expecial da eurodeputada Ana Gomes, a nova Passionaria). A exaltação desse mesmo pivot quando, por exemplo, Costa Ribas se atreveu a dizer que a não existência de legislação específica ou carteira de jornalista nos EUA era uma boa coisa, fez lembrar as imagens do PREC. A deturpação da história atinge níveis preocupantes: qualquer dia dir-se-á que o 11 de Setembro aconteceu por causa da invasão do Iraque.


Poder-se ia, a propósito de terrorismo e de jornalismo, ter referido a presença de membros das FARC - organização reconhecida pela UE como terrorista - na festa do Avante, sem qualquer referência, que eu tenha visto, na televisão; ou também o facto de o presidente Bush ter admitido a existência de prisões "ilegais", prisões essas muito provavelmente criadas pelos seus antecessores, o que revelou um acto de grande coragem; ou a pura e simples "adivinhação" do que foram as missões supostamente da CIA, por parte de grande número de comentadores da nossa Esquerda, etc.

Para finalizar, como explicar as aspas na palavra "todos" no seguinte título de uma notícia do Diário Digital, que transcrevo de seguida?
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EUA: Pentágono proíbe tortura a «todos» os prisioneiros

O Pentágono publicou esta quarta-feira uma nova directiva determinando que os militares norte-americanos respeitem o artigo 3 das Convenções de Genebra, que proíbe a tortura, no tratamento de «todos» os prisioneiros.
«Todos os detidos devem ser tratados humanamente e de acordo com as leis norte-americanas, as leis da guerra», refere a directiva.

A directriz é publicada no mesmo dia em que o presidente George W. Bush vai propor uma nova legislação para julgar os prisioneiros de Guantanamo.

Segundo a directiva, os militares norte-americanos «devem aplicar, qualquer que seja o estatuto legal do prisioneiro, as regras contidas no artigo 3 das Convenções de Genebra de 1949».

O artigo 3 das Convenções de Genebra proíbe «os tratamentos cruéis e a tortura». Determina igualmente que os soldados capturados devem «em qualquer circunstância ser tratados humanamente sem distinção de raça, cor, religião, sexo, origem, rendimento ou qualquer outro critério».

Segundo responsáveis norte-americanos, o novo manual do exército proíbe algumas técnicas de interrogatório de prisioneiros utilizadas pelos Estados Unidos desde os atentados de 11 de Setembro e acrescenta algumas que o Departamento de Defesa considera necessárias.

As regras aplicam-se a todos ramos das forças armadas e não apenas ao exército, não incluindo a CIA, que também foi investigada por maus-tratos de prisioneiros no Iraque e no Afeganistão e por alegadamente manter suspeitos em prisões secretas em vários locais do mundo desde 11 de Setembro de 2001.

Desde pouco depois destes ataques que se têm registado protestos acerca dos direitos dos prisioneiros.

Organizações de direitos humanos e alguns países têm pressionado a administração Bush para fechar a prisão na base naval norte-americana em Guantanamo Bay, Cuba, quase desde que ela foi aberta em 2002 para prisioneiros da campanha contra a Al-Qaeda no Afeganistão.

O escrutínio ao tratamento dos prisioneiros pelos Estados Unidos aumentou em
2004 com a revelação de fotografias de soldados norte-americanos agredindo, intimidando e abusando sexualmente de detidos em Abu Ghraib no Iraque.

Em Julho, o secretário adjunto da Defesa norte-americano, Gordon England, publicou uma nota interna afirmando que o exército dos Estados Unidos trataria os prisioneiros da «guerra contra o terrorismo» de acordo com o artigo 3 das Convenções de Genebra.

A nota seguiu-se à decisão, no final de Junho, do Supremo Tribunal dos Estados Unidos de invalidar os tribunais de excepção de Guantanamo. O Supremo Tribunal considerou que o artigo 3 das Convenções de Genebra se aplicava ao conflito com a Al-Qaeda.

Guantanamo tem actualmente cerca de 450 prisioneiros da «guerra contra o terrorismo», mas apenas 10 foram até agora acusados.

A Casa Branca anunciou hoje que o presidente George W. Bush vai propor, num discurso previsto para as 13:45 (18:45 em Lisboa), uma nova legislação para julgar os prisioneiros de Guantanamo.

O presidente deverá enviar ao congresso o projecto de lei da sua administração ainda hoje, precisou o porta-voz da Casa Branca, Tony Snow.

Segundo Snow, trata-se de reagir à decisão de 29 de Junho do Supremo Tribunal, mas a legislação não prevê a «mudança de estatuto de Guantanamo».

Diário Digital / Lusa

06-09-2006 19:17:17
(Ricardo Peres)

*

Esta leitora tem toda a razão. Lembra-me que nem todos vivem no mesmo contínuo comunicacional e, por isso, tudo o que se escreve pode parecer críptico, abstracto e alheio. Lembra também limitações da escrita nos blogues que têm a ver com as características do meio. Não é um problema facilmente resolúvel para quem escreve nos blogues que têm mecanismos de imediaticidade e referência que podem torná-los incompreensíveis fora do mesmo espaço de comunicação, mas pode e deve ser tido em conta. A carta da leitora vai publicada sem a habitual cor azul para que se percebam os seus comentários que vinham originalmente também em azul.

Para quem, como eu, não vive em Portugal e apenas tem acesso à RTP Internacional o que hoje conta no seu post não se percebe. Este é, em meu entender, um dos grandes problemas dos weblogs. Não existindo edição outra que a feita em causa própria, raramente se encontra a preocupação de contar uma "história" com cabeça, tronco e membros. Quem está de fora e, como é o meu caso, ainda mais de fora, os weblogs parecem um mundo estranho onde tudo o que é escrito parece começar a meio. Bem sei que o weblog funciona num registo que vai do diário confessional ao mero registo de uma impressão em modo de fragmento. No entanto, para quem, como o José Pacheco Pereira faz do weblog um espaço diverso do convencional, parece-me que muitas vezes as suas palavras mais se assemelham a recados internos, private jokes ou simplesmente estilhaços como é, afinal, a prática comum deste tipo de comunicação.

O exemplo do seu post de hoje é o paradigma do que acima descrevi e que me deixou e continua a deixar em branco. Junto lhe envio as suas palavras para que a minha opinião faça ainda mais sentido. Ora siga-me:

Hoje, viveu-se um dia de permanente comício em muitos órgãos de comunicação social. Desde a TSF pela manhã, até à "Opinião Pública" da SIC Notícias de tarde, culminando no Clube dos Jornalistas na 2, sem qualquer esforço de "edição", sem sequer qualquer esboço de controvérsia, assistiu-se a uma diatribe propagandística (até aqui não consegui ainda compreender de que diatribe nos fala) completamente à solta, como se estivéssemos em Cuba ou na Venezuela de Chavez e fossem o PCP e o BE a mandar nas televisões. (continuo na mesma. com a mesma pergunta: que diatribe?) Corrijo: hoje mandaram nas televisões, diante do silêncio comprometido e das deserções de muitos. (que muitos? que silêncio comprometido?) Todo o discurso, pesado e denso, de múltiplas proclamações, grandes indignações, grandes adjectivos, grandes diabolizações, foi desde o anti-americanismo obcecado, que não hesita nas maiores inverdades e mentiras, até à proclamação indignada contra as tenebrosas violações dos direitos humanos, por esse Novo Estado Fascista que são os EUA. (aqui percebo que devem, mas repare que é um devem, ter falado dos Estados Unidos da forma como descreve. O que terão dito? Um exemplo? Continuo a ler... querendo perceber do que nos fala mas sem nada que o sustente)

O Clube dos Jornalistas sintetizou tudo quando, a pretexto do 11 de Setembro de Nova Iorque e Washington, passou imagens do golpe chileno de Pinochet, "dizendo-nos" com as imagens que este é o facto original e puro, o resto são manipulações ímpias. (compreendo aqui que se passou alguma coisa num programa da RTP2 mas, em concreto, continuo na mesma. Foram, eventualmente?! passadas duas imagens, estas? e relacionadas da forma como... mas qual forma? o que foi dito? Eram realmentes estas as duas imagens passadas??) Isto aconteceu The image , isto não http://www.reformation.org/evil-twin-towers.jpg. Isto deve-se pensar, isto serve apenas para nos manipular, para cercear as nossas liberdades, para servir os obscuros interesses militares e económicos do Império. A realidade do terrorismo dissipa-se, o terrorismo torna-se invisivel, hipotético, "pretextual" como nas melhores teorias conspirativas. (o que disseram nesse programa foi, penso estar a perceber mas o texto é tão falho de informação que não garanto nada, penso que nesse programa terão dito que não houve 11 de Setembro ou que um acontecimento decorreu do outro ou ainda que, o quê?) Num noticiário da SIC(uma vez aqui chegada julgo compreender que fez zapping. da RTP2 passou para a SIC.) Referia-se de passagem que, no Irão, milhares de voluntários se ofereceram, em resposta ao apelo de alguns parlamentares iranianos, para servir de suicidas. Mas como era possível sequer reparar nesta notícia, incorporá-la no discurso? (era impossível incorporar esta notícia da SIC em que discurso? No da RTP2? no seu? no da SIC? Ainda não percebi, até aqui, o que sucedeu ao certo) Não era. O terrorismo, mesmo ali diante dos nossos olhos, desaparecia, esbatia-se, dissolvia-se, normalizava-se. (Aqui está a falar da SIC ou da RTP2?) Tornava-se impensável. Só o Monstro americano existe, o resto são também imagens espelhares do mesmo Monstro. Estamos feitos.

Para mim torna-se cada vez mais insustentavel ler jornais ou weblogs. Sobretudo os portugueses, é destes que falo. Parecem-me saídos do mesmo caldeirão de equívocos e enganos e/ou dificuldades de comunicação. Uns, creio, de causa prosaica e outros nem por isso. Uma coisa é certa, para quem se dedica apenas a ler o que outros escrevem a vida não está nada fácil. Enfim, para ser menos dura... e para o citar: "estamos feitos!"

(Teresa Santos)

*
Sobre o comentário da Srª D. Teresa Santos, devo dizer-lhe que contráriamente não acho que ela tenha alguma razão, nem mesmo atenuante, já que vivendo no estrangeiro (vago), tem acesso a notícias, como confessa através da RTP-I que apesar dos muitos eventuais defeitos deve relatar minimamente o que se passa em Portugal, além do mais vivendo no estrangeiro e dando de barato ao tempo a que isso dura, deverá falar a língua de acolhimento, acedendo assim a uma generalidade de fontes noticiosas através dos meios de comunicação local (a menos que estejamos a falar de um estrangeiro algures saariano, amazónico ou quejando).

Não vi o programa citado, nem mesmo televisão nesse dia e contudo entendi perfeitamente todo o seu post, bem como as intenções e intencionalidades que se percebem do texto.

Quanto à Srª D. Teresa Santos……..alô Marte !

(Castello Branco)

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6.9.06


BIBLIOFILIA: LIVROS SOBRE LIVROS




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LENDO
VENDO
OUVINDO

ÁTOMOS E BITS

de 6 de Setembro de 2006


Na SIC Notícias no "opinião pública" está em pleno um comício do PCP e do BE (mais do PCP do que do BE) a pretexto dos "voos da CIA".

*

De manhã, ao pequeno almoço, muita gente a ler jornais. Os jornais eram o Metro e o Destak, dois gratuitos. O problema bem grave para a imprensa que custa dinheiro, é que a leitura dos dois gratuitos, que também fiz, me dá o essencial das notícias com mais do que um mínimo de qualidade. Leio o Destak e o Metro e posso dizer que li os jornais.

Partilho a sua opinião acerca do jornal Metro. No meu café matinal costumo encontrar os jornais "comuns" ocupados, pelo que me habituei a ler o Metro que, por ser distribuido gratuitamente, encontram-se sempre bastantes exemplares disponiveis. A qualidade das notícias nacionais, internacionais e até de algumas colunas de opinião, ultrapassam, não poucas vezes, a dos nossos jornais comerciais.
A quem nunca leu, aconselho.

(Luis Vaz de Carvalho)

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RETRATOS DO TRABALHO EM S. MARTINHO DO PORTO, PORTUGAL



Vendedora de bolos.

Desconfio que há por aí gente que quando vir esta fotografia não deixará certamente de sorrir. Há-de lembrar-se das bolas de Berlim, dos pastéis de nata, das tranças e de tantos outros bolos que terá comido em muitos Verões de S. Martinho.
Noutros tempos, a vendedora (quase todos a tratam pelo nome) trazia a caixa branca à cabeça. Com o peso dos anos veio o peso da caixa e há uns anos apareceu com este carrinho. A bola de Berlim não precisa da buzina para se fazer anunciar. A roupa branca e as crianças a correr para o carro chegam muito bem para ver a lata ao longe. A muitas conhece-lhes o nome, como já conheceu o dos pais. Pacientemente, vai puxando os tabuleiros e mostrando os bolos: "Areia não, meninos!". Despedimo-nos dela no final da praia, quase sempre "até para o ano".

(Isabel Goulão)

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5.9.06


EARLY MORNING BLOGS

858 - Poema manuscrito nas folhas brancas de um livro e lá esquecido

Não teimes, não insistas, não repitas,
mas vive como quem, teimando, insiste,
e, porque insiste, como que repete.
Esse das sombras o silêncio fluido
escoando-se por ti quando não passas,
parado que ouves, não mais é que o tempo
de hoje em que vives só alheias vidas,
de ti alheadas qual de ti vividas.

Por outro tempo te criaste impuro,
difuso e firme, no clamor de versos
que os tempos de hoje reconstroem como
delidas cartas um fogacho acendem.
Outro que seja, é teu, pois o escutaste
na dor de apenas ser, na dor de ouvir
quão desatentos menos homens são
os homens todos. Teu, sem que teu seja,
que destes e dos outros se fará
serena ciência de possuírem tudo
o que juntares para ser roubado,
quando, parado no silêncio fluido,
se escoava nele o próprio estar na vida,
atento como estavas, poeta como eras
daquele ser não-sendo que eram todos
em ti, dentro de ti, à tua volta.

(Jorge de Sena)

*

Bom dia!

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4.9.06


INTENDÊNCIA

Actualização em curso dos ESTUDOS SOBRE O COMUNISMO.

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TRABALHO DE LOUCOS


Há coisas que ninguém com bom senso faz, e uma delas é escrever uma enciclopédia ou um dicionário. É, pela sua natureza, um trabalho colectivo e mesmo o célebre Dr. Johnson tinha uns "negros" para o ajudar. Eu, que estou a escrever um dicionário que na prática é uma enciclopédia, sei bem até que ponto é do domínio da loucura meter-me nisto. Acho que não vai acabar bem, as "entradas" ganham vida própria e um dia assaltam-me à esquina de qualquer estante. Nenhum software comercial para mortais comuns verdadeiramente suporta o tamanho, a conjugação entre dados formatados e texto livre e o hardware, de centenas de gigabites (não, ainda está longe dos terabites, mas lá chegará...) que sai da caixa electrónica e passa para livros e fichas colocados por ordem alfabética (das entradas) , serpenteia das estantes para caixas e livros e pilhas de artigos e jornais. Distantes patronos para quem olho com reverência e humildade? Lineu, Humboldt, o dr. Johnson, os enciclopedistas...

Há pelo menos um dilema que não tenho: não tenho que escolher nada, é suposto que lá esteja tudo, nomes, organizações, jornais, eventos, factos e factóides, palavras, jargão, cruzando-se entre si numa rede quase infinita. A rede dá-me quase tanto trabalho como as entradas. Cada uma faz o milagre da multiplicação dos pães e gera muitas outras, logo tudo cresce exponencialmente. É biológico, não é químico, nem mecânico. Quanto mais se sabe, mais falta saber, como naquelas histórias borgeanas sobre o mapa perfeito, que tem o tamanho do território a representar ou o olhar dos fractais para a linha da costa, do conforto da fotografia aérea, com a costa talhada a rigor, para passar para a terra, rocha a rocha, e depois duna a duna, areia a areia...



(Pequena parte da letra M, entre Maio 68, Marcuse e Música.)

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O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES: NADA DE NOVO SOBRE A TERRA

-Mire vuestra merced -respondió Sancho- que aquellos que allí se parecen no son gigantes, sino molinos de viento, y lo que en ellos parecen brazos son las aspas, que, volteadas del viento, hacen andar la piedra del molino.

-Bien parece -respondió don Quijote- que no estás cursado en esto de las
aventuras: ellos son gigantes; y si tienes miedo, quítate de ahí, y ponte
en oración en el espacio que yo voy a entrar con ellos en fiera y desigual
batalla.
(...)

-¿Cómo dices eso? -respondió don Quijote-. ¿No oyes el relinchar de los caballos, el tocar de los clarines, el ruido de los atambores?

-No oigo otra cosa -respondió Sancho- sino muchos balidos de ovejas y carneros.
(...)

Y, diciendo esto, puso las espuelas a Rocinante, y, puesta la lanza en el ristre, bajó de la costezuela como un rayo. Diole voces Sancho, diciéndole:

-¡Vuélvase vuestra merced, señor don Quijote, que voto a Dios que son carneros y ovejas las que va a embestir! ¡Vuélvase, desdichado del padre que me engendró! ¿Qué locura es ésta? Mire que no hay gigante ni caballero alguno, ni gatos, ni armas, ni escudos partidos ni enteros, ni veros azules ni endiablados. ¿Qué es lo que hace? ¡Pecador soy yo a Dios!

(foto e transcrição do Quixote por Fernando Igreja.)

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RETRATOS DO TRABALHO EM CABANES - VILA POUCA DE AGUIAR, PORTUGAL



Desfolhada,2 de Setembro de 2006.

(Fernando Igreja)

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EARLY MORNING BLOGS

857 - Reading Moby-Dick at 30,000 Feet

At this height, Kansas
is just a concept,
a checkerboard design of wheat and corn

no larger than the foldout section
of my neighbor's travel magazine.
At this stage of the journey

I would estimate the distance
between myself and my own feelings
is roughly the same as the mileage

from Seattle to New York,
so I can lean back into the upholstered interval
between Muzak and lunch,

a little bored, a little old and strange.
I remember, as a dreamy
backyard kind of kid,

tilting up my head to watch
those planes engrave the sky
in lines so steady and so straight

they implied the enormous concentration
of good men,
but now my eyes flicker

from the in-flight movie
to the stewardess's pantyline,
then back into my book,

where men throw harpoons at something
much bigger and probably
better than themselves,

wanting to kill it,
wanting to see great clouds of blood erupt
to prove that they exist.

Imagine being born and growing up,
rushing through the world for sixty years
at unimaginable speeds.

Imagine a century like a room so large,
a corridor so long
you could travel for a lifetime

and never find the door,
until you had forgotten
that such a thing as doors exist.

Better to be on board the Pequod,
with a mad one-legged captain
living for revenge.

Better to feel the salt wind
spitting in your face,
to hold your sharpened weapon high,

to see the glisten
of the beast beneath the waves.
What a relief it would be

to hear someone in the crew
cry out like a gull,

Oh Captain, Captain!
Where are we going now?

(Tony Hoagland)

*

Bom dia!

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3.9.06


LENDO
VENDO
OUVINDO

ÁTOMOS E BITS

de 3 de Setembro de 2006


http://z.about.com/d/hartford/1/0/q/cow11.jpgA julgar por uma "acção" do BE em Pevidém, a propósito do desemprego, percebe-se como o BE conhece mal o país, os operários e os desempregados. Um dos desempregados de Pevidem quando viu uns meninos a saltarem dentro de umas vacas de cartão, numa "cow parade" de "vacas magras", sentiu-se ridicularizado e protestava alto e bom som contra as "fantochadas". Para ele, que não vivia em Lisboa nem em Bruxelas, que não fazia ideia do que seja uma "cow parade", o bailado das vacas só podia ser "gozo" com a sua condição e dificuldades. O BE, urbano e, na propaganda, infanto-juvenil, está bem para a actual era dos engraçadinhos, mas não sabe nada do país real. A não ser que o objectivo tenha sido umas imagens garantidas para o telejornal, para competir com o futebol e a Festa do Avante!, com os desempregados como pano de fundo, cenário, massa de manobra, rebanho.

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EARLY MORNING BLOGS

856 - L' éternité

Elle est retrouvée!
Quoi? L' éternité.
C est la mer mêlée
Au soleil

Mon âme éternelle,
Observe ton voeu
Malgré la nuit seule
Et le jour en feu.

Donc tu te dégages
Des humains suffrages,
Des communs élans!
Tu voles selon...

— Jamais l' ésperance.
Pas d' orietur
Science et patience,
Le suplice est sur.

Plus de lendemain,
Braises de satin,
Votre ardeur
C' ést le devoir.

Elle est retrouvée!
— Quoi? — L' éternité.
C' est la mer mêlée
Au soleil.

(Arthur Rimbaud)

*


Bom dia!

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2.9.06


RETRATOS DO TRABALHO NA NAZARÉ, PORTUGAL



Vendedora de peixe seco. Ela mesma expõe o peixe ao sol - Nazaré. Agosto de 2006.

(sandra costa)

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BIBLIOFILIA: GRANDES CAPAS DE QUANDO O MUNDO ERA SIMPLES


Eleições coloniais.

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FONTES PARA A HISTÓRIA DO ENGRAÇADISMO NACIONAL



Ordinariamente, chamam-se, à francesa — espirituosos - uns sujeitos dotados de génio motejador, aplaudidos com a gargalhada, e aborrecidos àqueles mesmos que os aplaudem. São os caricaturistas da graciosidade. 0 "espirituoso", à moderna, abrange os variados ofícios que, antes da nacionalização daquele estrangeirismo, pertenciam parcialmente aos seguintes personagens, uns de casa, outros importados:

Chocarreiro — trejeiteador — arlequim — palhaço — proxinela — polichinelo — maninelo — truão — jogral — goliardo —histrião — farsista — farsola — vegete — bobo — pierrot — momo — bufão — folião, etc.


Esta riqueza de sinonímia denota que o Bobo medieval bracejou na Península Ibérica vergônteas e enxertias em tanta cópia que foi preciso dar nome às espécies.
Ora, o "espirituoso" tem de todas. A antiga jogralidade, que era mester vil, acendrada nos secretos crisóis do progresso social, chegou a nós afidalgada em "espirito", e com o foro maior de faculdade poderosa, caústica, implacável. Ainda assim o estreme espirito portugues, por mais que o afiem e agucem, é sempre rombo e lerdo: não se emancipa da velha escola das farsas: é chalaça.

(Camilo Castelo Branco, Novelas do Minho)

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RETRATOS DO TRABALHO EM BOCAREY, FILIPINAS



Fotografia tirada em Abril de 2006.
Início da construção de um castelo de areia. Normalmente é um trabalho quase familiar, com muitas crianças a ajudar (trabalho infantil?...). O castelo pode ser "encomendado" ou, se é feito sem encomenda, é pedida uma contribuição se se quiser tirar uma fotografia ( de noite o castelo é "enfeitado"com velas e o resultado é muito bonito).

(Daniela Silva)

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EARLY MORNING BLOGS

855 - Memento homo, quia pulvis es, et in pulverem reverteris.


O pó futuro, em que nos havemos de converter, é visível à vista, mas o pó presente, o pó que somos, como poderemos entender essa verdade? A resposta a essa dúvida será a matéria do presente discurso.

Duas coisas prega hoje a Igreja a todos os mortais, ambas grandes, ambas tristes, ambas temerosas, ambas certas. Mas uma de tal maneira certa e evidente, que não é necessário entendimento para crer: outra de tal maneira certa e dificultosa, que nenhum entendimento basta para a alcançar. Uma é presente, outra futura, mas a futura vêem-na os olhos, a presente não a alcança o entendimento. E que duas coisas enigmáticas são estas? Pulvis es, tu in pulverem reverteris: Sois pó, e em pó vos haveis de converter. - Sois pó, é a presente; em pó vos haveis de converter, é a futura. O pó futuro, o pó em que nos havemos de converter, vêem-no os olhos; o pó presente, o pó que somos, nem os olhos o vêem, nem o entendimento o alcança. Que me diga a Igreja que hei de ser pó: In pulverem reverteris, não é necessário fé nem entendimento para o crer. Naquelas sepulturas, ou abertas ou cerradas, o estão vendo os olhos. Que dizem aquelas letras? Que cobrem aquelas pedras? As letras dizem pó, as pedras cobrem pó, e tudo o que ali há é o nada que havemos de ser: tudo pó.

(Padre António Vieira)

*

Bom dia!

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1.9.06


LENDO
VENDO
OUVINDO

ÁTOMOS E BITS

de 1 de Setembro de 2006


O Jornal de Letras é muitas vezes o mais aborrecido dos jornais, retrato dos gostos culturais da geração de 1962 e de um establishment cultural em implosão, cada vez com menos influência e "vida". O jornal vive de subsídios indirectos do Estado, através de compras institucionais que o tornam o jornal oficioso dos leitorados e do Instituto Camões por todo o mundo e, em Portugal, um jornal para professores. Acontece, o tempo é sempre cruel.

No fio dos seus dedos encontram-se às vezes, coisas únicas, coisas que só poderiam estar ali. O último número dedicado à guerra civil de Espanha (o jornal não está em linha e nunca pareceu interessar-se sequer em ter um mínimo de informações na rede, com excepção de uma ligação secundária no lugar da Visão) inclui um interessante ensaio de António Pedro Pita sobre o papel da guerra na arte e literatura portuguesas, de leitura obrigatória para quem só acede a estas questões através do revisionismo histórico que hoje faz moda.

Mas este número tem outro mérito, um artigo de Luisa Dacosta sobre a morte de Manuel Lopes, que conheci sempre como o "senhor Manuel da Póvoa". O senhor Manuel da Póvoa foi o responsável pela Biblioteca da Póvoa e o animador de muitas iniciativas locais, como a construção e lançamento da lancha poveira, a que dedicou muitas das suas precárias energias. Era daquelas raras pessoas que se não existisse lá, onde viveu e morreu, tudo seria diferente. Estava condenado à morte muito tempo antes de morrer, tinha mau feitio e uma dedicação sem limites às suas múltiplas obras. Tinha tudo contra ele, porque o senhor Manuel da Póvoa era anão. Só o Jornal de Letras se lembrou dele numa publicação nacional. Há algo de errado nas famas de hoje. Muito errado.

[Actualizado: por gentileza de Isabel Goulão, acrescento mais algumas referências a Manuel Lopes: de José Milhazes, e de uma notícia do Público em que se refere a doação da sua casa e dos seus livros à Câmara da Póvoa do Varzim.]

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OS NOVOS DESCOBRIMENTOS: QUANDO AS SOMBRAS ILUMINAM

http://marsrovers.jpl.nasa.gov/gallery/press/spirit/20060830a/P2763_L4_montage-A945R1_br.jpg

O mesmo sítio e o passar do tempo. O passar dos dias (dos sols, neste caso), o passar da luz, o passar das sombras. O "Espírito" também lá está olhando, no frio do Inverno marciano, as outras sombras. Que guarda ele no seu interior eléctrico a não ser a luz passageira do sol de Marte, pousada nas suas asas agora quietas para não se gastarem? O "espírito" claro, meia dúzia de precários fotões, o pequeno fio de vida que o alimenta. Para ver as sombras.

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RETRATOS DO TRABALHO EM BUDAPESTE, HUNGRIA



Poda de uma árvore num jardim público no centro de Budapeste há dois dias.

(Luís Miguel Reino)

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COISAS DA SÁBADO: O MANIFESTO DA DIREITA E UM DEUS IRÓNICO


Manuel Monteiro e o PND divulgaram um documento a que chamaram Proposta para um Manifesto da Direita em Portugal. O documento foi recebido com a habitual comiseração com que as iniciativas de Manuel Monteiro são recebidas, mas merece uma atenção mais cuidada. A começar, porque essa comiseração é um reflexo comunicacional do banimento com que o PP de Portas pretende ostracizar Monteiro, mais do que uma consideração do real mérito do documento.

Se não fosse Monteiro o autor, mas sim Portas, o documento teria certamente outro tratamento e seria saudado de outra maneira, em vez de ocultado. O que é, em primeiro lugar, interessante no manifesto é que ele é uma síntese das ideias que deram origem ao PP, e que circulam nos corredores de uma “nova direita” ligada ao grupo de Portas no CDS-PP (Grupo parlamentar, blogues, revista Atlântico, etc.), e que Paulo Portas não pode hoje enunciar, mas Monteiro pode. É um caso de punição divina em que um Deus cruel e irónico misturou protagonistas e ideias, dando a cada um a fala do outro, e a impossibilidade de falar a própria.

Monteiro diz aquilo que disse (e pensa) Portas, porque ele, Monteiro, nasceu com essa fala a que deu o seu corpo político. Portas não pode dizer aquilo que diz Monteiro porque o uso daquela fala, com que fez o PP, era para ele instrumental em relação a uma ambição maior, a de tomar conta do PSD. Enquanto para Monteiro o PND é a encarnação actual e virgem do projecto do PP, que ele tomou e toma a sério, para Portas o PP servia para demarcar-se do velho CDS e do PSD e para colocar na ordem os dirigentes do PSD que se opunham a uma “frente de direita”, os “cavaquistas” que foram o seu alvo preferencial no Independente, o cadinho do PP.

Para prosseguir esse objectivo, Portas vendeu o seu corpo político a tudo, - ao PS, ao PSD, à Constituição Europeia, ao estatismo anti-liberal, –, mas não o conseguiu e ficou num limbo de onde não sabe sair. Tem um partido na mão, mantendo Ribeiro e Castro numa teia de que não se consegue livrar, mas hesita em querer ou não o CDS-PP porque não sabe o que lhe é mais útil, a única consideração que conta. Por isso, a Proposta para um Manifesto da Direita em Portugal lhe é particularmente incomoda e tudo fará para que não seja levada a sério. É como se uma parte do passado se recusasse a ir embora e viesse todos os dias para morder o presente.

Como esse banimento aqui não se aplica, voltaremos ao Manifesto.

*
Portas, Monteiro e Conan Doyle

Uma troca de identidades (como a que JPP refere para Paulo Portas e Manuel Monteiro) é descrita num dos poucos contos de teor humorístico que Conan Doyle escreveu - «A grande experiencia de Keinplatz» (incluído no livro «O pé do Diabo», colecção Argonauta Nº 399):

Von Baumgarten, um austero professor de Psicologia, auto-hipnotiza-se depois de ter induzido em transe um irreverente aluno (que acedeu sujeitar-se à experiência em troca da promessa da mão da filha do mestre).

Ao fim de algum tempo de absoluto silêncio, as duas almas regressam aos corpos, mas trocadas - tudo se passando na presença dos mais distintos sábios da Europa que ficam atónitos com a sabedoria do pretenso jovem e com os dislates do "grande mestre"...

(C. Medina Ribeiro)

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EARLY MORNING BLOGS

854 - The Unknown Citizen


(To JS/07/M/378/ This Marble Monument Is Erected by the State)

He was found by the Bureau of Statistics to be
One against whom there was no official complaint,
And all the reports on his conduct agree
That, in the modern sense of an old-fashioned word, he was a saint,
For in everything he did he served the Greater Community.
Except for the War till the day he retired
He worked in a factory and never got fired
But satisfied his employers, Fudge Motors Inc.
Yet he wasn't a scab or odd in his views,
For his Union reports that he paid his dues,
(Our report on his Union shows it was sound)
And our Social Psychology workers found
That he was popular with his mates and liked a drink.
The Press are convinced that he bought a paper every day
And that his reactions to advertisements were normal in every way.
Policies taken out in his name prove that he was fully insured,
And his Health-card shows he was once in hospital but left it cured.
Both Producers Research and High-Grade Living declare
He was fully sensible to the advantages of the Installment Plan
And had everything necessary to the Modern Man,
A phonograph, a radio, a car and a frigidaire.
Our researchers into Public Opinion are content
That he held the proper opinions for the time of year;
When there was peace, he was for peace: when there was war, he went.
He was married and added five children to the population,
Which our Eugenist says was the right number for a parent of his generation.
And our teachers report that he never interfered with their education.
Was he free? Was he happy? The question is absurd:
Had anything been wrong, we should certainly have heard.

(W.H. Auden)

*

Bom dia!

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© José Pacheco Pereira
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