ABRUPTO

2.9.06


RETRATOS DO TRABALHO NA NAZARÉ, PORTUGAL



Vendedora de peixe seco. Ela mesma expõe o peixe ao sol - Nazaré. Agosto de 2006.

(sandra costa)

(url)


BIBLIOFILIA: GRANDES CAPAS DE QUANDO O MUNDO ERA SIMPLES


Eleições coloniais.

(url)


FONTES PARA A HISTÓRIA DO ENGRAÇADISMO NACIONAL



Ordinariamente, chamam-se, à francesa — espirituosos - uns sujeitos dotados de génio motejador, aplaudidos com a gargalhada, e aborrecidos àqueles mesmos que os aplaudem. São os caricaturistas da graciosidade. 0 "espirituoso", à moderna, abrange os variados ofícios que, antes da nacionalização daquele estrangeirismo, pertenciam parcialmente aos seguintes personagens, uns de casa, outros importados:

Chocarreiro — trejeiteador — arlequim — palhaço — proxinela — polichinelo — maninelo — truão — jogral — goliardo —histrião — farsista — farsola — vegete — bobo — pierrot — momo — bufão — folião, etc.


Esta riqueza de sinonímia denota que o Bobo medieval bracejou na Península Ibérica vergônteas e enxertias em tanta cópia que foi preciso dar nome às espécies.
Ora, o "espirituoso" tem de todas. A antiga jogralidade, que era mester vil, acendrada nos secretos crisóis do progresso social, chegou a nós afidalgada em "espirito", e com o foro maior de faculdade poderosa, caústica, implacável. Ainda assim o estreme espirito portugues, por mais que o afiem e agucem, é sempre rombo e lerdo: não se emancipa da velha escola das farsas: é chalaça.

(Camilo Castelo Branco, Novelas do Minho)

(url)


RETRATOS DO TRABALHO EM BOCAREY, FILIPINAS



Fotografia tirada em Abril de 2006.
Início da construção de um castelo de areia. Normalmente é um trabalho quase familiar, com muitas crianças a ajudar (trabalho infantil?...). O castelo pode ser "encomendado" ou, se é feito sem encomenda, é pedida uma contribuição se se quiser tirar uma fotografia ( de noite o castelo é "enfeitado"com velas e o resultado é muito bonito).

(Daniela Silva)

(url)


EARLY MORNING BLOGS

855 - Memento homo, quia pulvis es, et in pulverem reverteris.


O pó futuro, em que nos havemos de converter, é visível à vista, mas o pó presente, o pó que somos, como poderemos entender essa verdade? A resposta a essa dúvida será a matéria do presente discurso.

Duas coisas prega hoje a Igreja a todos os mortais, ambas grandes, ambas tristes, ambas temerosas, ambas certas. Mas uma de tal maneira certa e evidente, que não é necessário entendimento para crer: outra de tal maneira certa e dificultosa, que nenhum entendimento basta para a alcançar. Uma é presente, outra futura, mas a futura vêem-na os olhos, a presente não a alcança o entendimento. E que duas coisas enigmáticas são estas? Pulvis es, tu in pulverem reverteris: Sois pó, e em pó vos haveis de converter. - Sois pó, é a presente; em pó vos haveis de converter, é a futura. O pó futuro, o pó em que nos havemos de converter, vêem-no os olhos; o pó presente, o pó que somos, nem os olhos o vêem, nem o entendimento o alcança. Que me diga a Igreja que hei de ser pó: In pulverem reverteris, não é necessário fé nem entendimento para o crer. Naquelas sepulturas, ou abertas ou cerradas, o estão vendo os olhos. Que dizem aquelas letras? Que cobrem aquelas pedras? As letras dizem pó, as pedras cobrem pó, e tudo o que ali há é o nada que havemos de ser: tudo pó.

(Padre António Vieira)

*

Bom dia!

(url)

1.9.06


LENDO
VENDO
OUVINDO

ÁTOMOS E BITS

de 1 de Setembro de 2006


O Jornal de Letras é muitas vezes o mais aborrecido dos jornais, retrato dos gostos culturais da geração de 1962 e de um establishment cultural em implosão, cada vez com menos influência e "vida". O jornal vive de subsídios indirectos do Estado, através de compras institucionais que o tornam o jornal oficioso dos leitorados e do Instituto Camões por todo o mundo e, em Portugal, um jornal para professores. Acontece, o tempo é sempre cruel.

No fio dos seus dedos encontram-se às vezes, coisas únicas, coisas que só poderiam estar ali. O último número dedicado à guerra civil de Espanha (o jornal não está em linha e nunca pareceu interessar-se sequer em ter um mínimo de informações na rede, com excepção de uma ligação secundária no lugar da Visão) inclui um interessante ensaio de António Pedro Pita sobre o papel da guerra na arte e literatura portuguesas, de leitura obrigatória para quem só acede a estas questões através do revisionismo histórico que hoje faz moda.

Mas este número tem outro mérito, um artigo de Luisa Dacosta sobre a morte de Manuel Lopes, que conheci sempre como o "senhor Manuel da Póvoa". O senhor Manuel da Póvoa foi o responsável pela Biblioteca da Póvoa e o animador de muitas iniciativas locais, como a construção e lançamento da lancha poveira, a que dedicou muitas das suas precárias energias. Era daquelas raras pessoas que se não existisse lá, onde viveu e morreu, tudo seria diferente. Estava condenado à morte muito tempo antes de morrer, tinha mau feitio e uma dedicação sem limites às suas múltiplas obras. Tinha tudo contra ele, porque o senhor Manuel da Póvoa era anão. Só o Jornal de Letras se lembrou dele numa publicação nacional. Há algo de errado nas famas de hoje. Muito errado.

[Actualizado: por gentileza de Isabel Goulão, acrescento mais algumas referências a Manuel Lopes: de José Milhazes, e de uma notícia do Público em que se refere a doação da sua casa e dos seus livros à Câmara da Póvoa do Varzim.]

(url)


OS NOVOS DESCOBRIMENTOS: QUANDO AS SOMBRAS ILUMINAM

http://marsrovers.jpl.nasa.gov/gallery/press/spirit/20060830a/P2763_L4_montage-A945R1_br.jpg

O mesmo sítio e o passar do tempo. O passar dos dias (dos sols, neste caso), o passar da luz, o passar das sombras. O "Espírito" também lá está olhando, no frio do Inverno marciano, as outras sombras. Que guarda ele no seu interior eléctrico a não ser a luz passageira do sol de Marte, pousada nas suas asas agora quietas para não se gastarem? O "espírito" claro, meia dúzia de precários fotões, o pequeno fio de vida que o alimenta. Para ver as sombras.

(url)


RETRATOS DO TRABALHO EM BUDAPESTE, HUNGRIA



Poda de uma árvore num jardim público no centro de Budapeste há dois dias.

(Luís Miguel Reino)

(url)


COISAS DA SÁBADO: O MANIFESTO DA DIREITA E UM DEUS IRÓNICO


Manuel Monteiro e o PND divulgaram um documento a que chamaram Proposta para um Manifesto da Direita em Portugal. O documento foi recebido com a habitual comiseração com que as iniciativas de Manuel Monteiro são recebidas, mas merece uma atenção mais cuidada. A começar, porque essa comiseração é um reflexo comunicacional do banimento com que o PP de Portas pretende ostracizar Monteiro, mais do que uma consideração do real mérito do documento.

Se não fosse Monteiro o autor, mas sim Portas, o documento teria certamente outro tratamento e seria saudado de outra maneira, em vez de ocultado. O que é, em primeiro lugar, interessante no manifesto é que ele é uma síntese das ideias que deram origem ao PP, e que circulam nos corredores de uma “nova direita” ligada ao grupo de Portas no CDS-PP (Grupo parlamentar, blogues, revista Atlântico, etc.), e que Paulo Portas não pode hoje enunciar, mas Monteiro pode. É um caso de punição divina em que um Deus cruel e irónico misturou protagonistas e ideias, dando a cada um a fala do outro, e a impossibilidade de falar a própria.

Monteiro diz aquilo que disse (e pensa) Portas, porque ele, Monteiro, nasceu com essa fala a que deu o seu corpo político. Portas não pode dizer aquilo que diz Monteiro porque o uso daquela fala, com que fez o PP, era para ele instrumental em relação a uma ambição maior, a de tomar conta do PSD. Enquanto para Monteiro o PND é a encarnação actual e virgem do projecto do PP, que ele tomou e toma a sério, para Portas o PP servia para demarcar-se do velho CDS e do PSD e para colocar na ordem os dirigentes do PSD que se opunham a uma “frente de direita”, os “cavaquistas” que foram o seu alvo preferencial no Independente, o cadinho do PP.

Para prosseguir esse objectivo, Portas vendeu o seu corpo político a tudo, - ao PS, ao PSD, à Constituição Europeia, ao estatismo anti-liberal, –, mas não o conseguiu e ficou num limbo de onde não sabe sair. Tem um partido na mão, mantendo Ribeiro e Castro numa teia de que não se consegue livrar, mas hesita em querer ou não o CDS-PP porque não sabe o que lhe é mais útil, a única consideração que conta. Por isso, a Proposta para um Manifesto da Direita em Portugal lhe é particularmente incomoda e tudo fará para que não seja levada a sério. É como se uma parte do passado se recusasse a ir embora e viesse todos os dias para morder o presente.

Como esse banimento aqui não se aplica, voltaremos ao Manifesto.

*
Portas, Monteiro e Conan Doyle

Uma troca de identidades (como a que JPP refere para Paulo Portas e Manuel Monteiro) é descrita num dos poucos contos de teor humorístico que Conan Doyle escreveu - «A grande experiencia de Keinplatz» (incluído no livro «O pé do Diabo», colecção Argonauta Nº 399):

Von Baumgarten, um austero professor de Psicologia, auto-hipnotiza-se depois de ter induzido em transe um irreverente aluno (que acedeu sujeitar-se à experiência em troca da promessa da mão da filha do mestre).

Ao fim de algum tempo de absoluto silêncio, as duas almas regressam aos corpos, mas trocadas - tudo se passando na presença dos mais distintos sábios da Europa que ficam atónitos com a sabedoria do pretenso jovem e com os dislates do "grande mestre"...

(C. Medina Ribeiro)

(url)


EARLY MORNING BLOGS

854 - The Unknown Citizen


(To JS/07/M/378/ This Marble Monument Is Erected by the State)

He was found by the Bureau of Statistics to be
One against whom there was no official complaint,
And all the reports on his conduct agree
That, in the modern sense of an old-fashioned word, he was a saint,
For in everything he did he served the Greater Community.
Except for the War till the day he retired
He worked in a factory and never got fired
But satisfied his employers, Fudge Motors Inc.
Yet he wasn't a scab or odd in his views,
For his Union reports that he paid his dues,
(Our report on his Union shows it was sound)
And our Social Psychology workers found
That he was popular with his mates and liked a drink.
The Press are convinced that he bought a paper every day
And that his reactions to advertisements were normal in every way.
Policies taken out in his name prove that he was fully insured,
And his Health-card shows he was once in hospital but left it cured.
Both Producers Research and High-Grade Living declare
He was fully sensible to the advantages of the Installment Plan
And had everything necessary to the Modern Man,
A phonograph, a radio, a car and a frigidaire.
Our researchers into Public Opinion are content
That he held the proper opinions for the time of year;
When there was peace, he was for peace: when there was war, he went.
He was married and added five children to the population,
Which our Eugenist says was the right number for a parent of his generation.
And our teachers report that he never interfered with their education.
Was he free? Was he happy? The question is absurd:
Had anything been wrong, we should certainly have heard.

(W.H. Auden)

*

Bom dia!

(url)

31.8.06


RETRATOS DO TRABALHO EM MARCHEGG BANHOF, AÚSTRIA



Tirei esta foto em Julho de 2006 na cidade austríaca de Marchegg Banhof a 1km da fronteira com a Eslováquia e frente à fabrica da Volkswagen. Asfaltavam a rua em frente da “vivenda Lisboa” onde passo férias.

(Luís Falcão da Fonseca)

(url)


O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES: PERGUNTA



No átrio das Chegadas do Aeroporto da Portela, estão três máquinas, separadas por meia-dúzia de metros:

Uma ATM, um quiosque de informações da Direcção Geral de Transportes Terrestres e um posto-público (mas pertencente a uma empresa privada) para navegação na Internet.

Há ainda, ali perto, carrinhos para crianças (que funcionam com moedas), máquinas diversas (de venda de chocolates, de águas e de refrigerantes), além das de pagamento do parque de estacionamento.

Sucede que, de todas estas máquinas, há uma (e só uma) que não funciona. Como, há cerca de um ano, já estava assim, perguntei a uma funcionária da ANA o que se passava. Sorriu, e respondeu-me que «Normalmente NÃO funciona».

A pergunta (que, por ser demasiado fácil, não tem direito a prémio) é: a qual dessas máquinas me estou a referir?

Uma "dica": segundo se lê numa etiqueta, foi co-financiada pelo POSI (e POR SI) e pelo FEDER.

(C. Medina Ribeiro)

(url)


O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES: BENDITO MERCADO

Nunca o senhor Orestes Handy de São João imaginou que o seu exemplar de Os Lusíadas, comprado em Boston em 16 de Fevereiro de 1867, e deixado em legado à Universidade de Stanford estaria disponível para leitura e cópia para qualquer pessoa no mundo. Bendito mercado que leva Google Books a pensar que poderá fazer dinheiro oferecendo Os Lusíadas de graça.

(Luís Teixeira)

Descrição em português.

(Nuno M. Cabeçadas)

(url)


RETRATOS DO TRABALHO NO PORTO, PORTUGAL



Casa da Música, no Porto, onde se procede à limpeza dos vidros - tirada ontem à tarde.

(José Manuel de Figueiredo)

(url)


INTENDÊNCIA

Actualizada a nota LENDO / VENDO / OUVINDO ÁTOMOS E BITS de 25 de Agosto de 2006 com o comentário do jornalista Filipe Campos Ferreira responsável pelo directo da SIC feito na Azinhaga dos Besouros.

(url)


DEVE HAVER CONFUSÃO COM A RESOLUÇÃO 1701...



Fico a saber que a força que vai para o Líbano é uma companhia de engenharia, e segundo o ministro foi enviada "num contexto humanitário". Sempre apoiei o envio de tropas da UE, a começar pelas portuguesas, para implementar a Resolução 1701 das Nações Unidas... mas tanto quanto eu sei a missão da UNIFIL não é propriamente humanitária, nem tem como objectivo "reconstruir" o Sul do Líbano. O seu objectivo não é construção civil, mas garantir que o Governo do Líbano “exerça a soberania plena de modo a que não haja aí armas sem consentimento do Governo do Líbano”, e o “desarmamento de todos os grupos armados no Líbano (…) de modo a que não haja armas ou autoridade no Líbano que não sejam as do Estado Líbanês.

(url)


LENDO
VENDO
OUVINDO

ÁTOMOS E BITS

de 31 de Agosto de 2006


Vários dias de jornais, muitas e variegadas coisas. Um jornal morto, o Independente, o que é sempre mau. Não importa que se concorde ou discorde, e o Independente teve coisas muito más e coisas muito boas, mas quando acaba um jornal fica-se sempre mais pobre. Posso agora arrumar a colecção integral do Independente no arquivo morto, mas tenho a certeza que continuarei a consulta-la.

Agora que um jornal morreu, continuo perplexo com a vida de outros. Como é que o Semanário sobrevive? Não lhe desejo nada de mal, mas é para mim um mistério a sua continuidade sem jornalistas, sem leitores e sem anunciantes.

*

Hoje no Diário de Notícias uma grande entrevista a Mário Soares, que há muitos anos dá a este jornal as suas melhores entrevistas. Não importam todas as discordâncias, quer com a sua campanha presidencial recente, quer com as opiniões sobre política internacional que mais uma vez reitera. Há uma coisa que só Soares podia dizer de si próprio, aquilo que é ao mesmo tempo a sua força e a sua pulsão para só se ouvir a si próprio e fazer asneiras, a sua fusão única de virtudes que são ao mesmo tempo defeitos e vice-versa: "Sou resistente, tenho uma carapaça sólida. Não sou uma anémona impressionável, quer por qualquer crítica ou por um simples desaire eleitoral.". Não, não é uma "anémona", mas também o seu desaire eleitoral não foi "simples"...


(Continua)

(url)


JUDEU ERRANTE


Mais uma corrida, mais uma viagem.

De regresso.

(url)

29.8.06


COISAS SIMPLES



(John Frederick Peto)

(url)


RETRATOS DO TRABALHO EM MADRID, ESPANHA



Homem-estátua (de barro) prepara-se para iniciar o seu trabalho em frente ao Museu do Prado em Madrid.

(Pedro Oliveira)

(url)


O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES:
A CENTÉSIMA DE ÁLCOOL QUE FAZ NOTÍCIA


Vejo os telejornais na "diagonal", tal qual os jornais em papel, porque me deprimiriam se lhe desse a importância que pedem. Saltito de canal quando o sangue me invade a mesa de jantar, e uma bola que rola e rola me parte a loiça! Mas não deixei de ouvir com a atenção possível o disparate sobre a taxa de alcoolémia. Não ouvi uma só referência, nos canais que vi, ao erro dos instrumentos.
Lembrar-se-ão, por exemplo, que o Euro valia 200,482 Escudos. Terá significado, científico e fisiológico, a centésima de álcool que faz capa de TV e de Jornal nestes dias? Saberão que um medidor digital de tensão arterial, por exemplo, é menos fiavél que um analógico?

Perguntas/notícias para ouvir, nos dias que se seguem, se não houver outro sangue a noticiar!

(Amílcar A.)

*
Considerar-se que um determinado erro é "grande" ou "pequeno" é algo que tanto pode fazer sentido como não fazer - depende do que estiver em causa, evidentemente. Neste caso da alcoolemia, Amílcar A. defende que a diferença entre 0,57 g/l e 0,50 g/litro não tem significado fisiológico - apesar de esse facto implicar a possibilidade de a pessoa ter mais 14% de álcool no sangue. É bem possível que tenha razão (pois muitas das reacções fisiológicas são aproximadamente logarítmicas e não lineares); só não me parece curial misturar essa argumentação com euros, pois se alguém me dever € 57 euros e só me quiser pagar € 50... eu sinto a diferença...

Mas isso tem pouca importância. O que é grave (como hoje, e bem, escreve Nuno Pacheco no Editorial do «PÚBLICO») são os sinais que são dados aos automobilistas num país onde morre mais gente nas estradas do que norte-americanos no Iraque.

Então e a DGV demorou 8-anos-oito a descobrir que devia aplicar a directiva da Organização Internacional de Metrologia Legal? Então e as pessoas que, durante todos estes anos, foram multadas, detidas ou punidas com cassação de carta à conta de valores que, porventura, estarão errados?

Mas dizem-nos que «o problema já está a ser resolvido», pelo que nos resta o consolo de verificar que, mais uma vez, se confirma o famoso diagnóstico que uma empresa internacional de consultadoria fez - ao analisar rábulas semelhantes:

«Os gestores portugueses são muito bons a resolver os problemas que eles próprios criam».

C. Medina Ribeiro

(url)


EARLY MORNING BLOGS

853 - Les mauvais artisans



Ce sont, dans les vingt-huit maisons du Ciel ; la Navette étoilée qui jamais n’a tissé de soie ;

Le Taureau constellé, corde au cou, et qui ne peut traîner sa voiture ;

Le Filet myriadaire si bien fait pour coiffer les lièvres et qui n'en prend jamais ;

Le Van qui ne vanne pas ; la Cuiller sans usage même pour mesurer l'huile !

Et le peuple des artisans terrestres accuse les célestes d'imposture et de nullité.

Le poète dit : Ils rayonnent.

(Victor Segalen)

*

Bom dia!

(url)

28.8.06


RETRATOS DO TRABALHO EM PONTE DA BARCA, PORTUGAL



Preparando a iluminação para as festas em Ponte da Barca.

(Gil Coelho)

(url)


LENDO
VENDO
OUVINDO

ÁTOMOS E BITS

de 28 de Agosto de 2006


OS NOVOS DESCOBRIMENTOS: rochas marcianas de um novo tipo. O mundo torna-se mais complexo. Quem disse que os diagramas não têm a categoria da beleza?

http://marsrovers.jpl.nasa.gov/gallery/press/spirit/20060823a/McSweenPIO_br.jpg

*

No Natureza do Mal, notas e reproduções do catálogo da exposição da Fundação Cartier-Bresson, comissariada por Agnès Sire, com fotos surpreendentes. Simone Beauvoir como "jeune fille" de costas e como intelectual existencialista de frente.

*

No Da Literatura mais uma nota cautelar sobre os sixties e a dificuldade de generalizar. Nos ESTUDOS SOBRE O COMUNISMO escrevi há algum tempo uma nota sobre a difícil fusão entre o radicalismo cultural e político que se começou a dar nos anos à volta de 1968, sendo as raízes da contra-cultura radical anteriores e mesmo percursoras do radicalismo político. Este movimento a dois foi travado na década de setenta pela extremização dos movimentos político-estudantis (em Portugal e na Europa) e pelo fim do período "liberal" do marcelismo. No entanto, depois do 25 de Abril verificou-se que tinha sido um ponto sem retorno.

(url)


FONTES PARA A HISTÓRIA DA IMPRENSA ENQUANTO INSTRUMENTO DO GRANDE CAPITAL



(De uma história aos quadradinhos de propaganda nazi, England ahoi!, publicada em Portugal nos anos quarenta durante a guerra.)

(url)


NUNCA É TARDE PARA APRENDER: NAPOLEÃO

http://www.powells.com/cgi-bin/imageDB.cgi?isbn=




J Marshall Cornwall, Napoleon as Military Commander


Durante a retirada da Grande Armée da Rússia, o seu primeiro grande desastre militar, Napoleão teve muita dificuldade em atravessar o rio Bereziná tendo que construir uns pontões de emergência debaixo de fogo. Devido ao congestionamento na travessia, Napoleão ordenou a destruição da maioria dos transportes de bagagens pessoais dos seus oficiais, ordem que nem sempre foi cumprida. Napoleão deu o exemplo e um dos seus trens de bagagem que foi queimado continha a sua biblioteca pessoal.

*

Marshal Jean-Baptiste Bernadotte
Depois da morte de Napoleão, Jean-Baptiste Bernadotte, (veio a ser Carlos XIV, rei da Suécia, progenitor da actual dinastia, e que tinha fama de ter uma tatuagem revolucionária a dizer "Mort aus rois"...) que começou como marechal de Napoleão e acabou seu inimigo, disse do seu mentor:

"Napoleão não foi conquistado pelas armas. Ele era maior do que qualquer de nós. Mas Deus puniu-o porque ele apoiava-se apenas na sua inteligência, até que esse poderoso instrumento foi levado a um ponto de ruptura. No fim, tudo se quebra."

(url)


EARLY MORNING BLOGS

852 -Un libro

Apenas una cosa entre las cosas
Pero también un arma. Fue forjada
En Inglaterra, en 1604,
Y la cargaron con un sueño. Encierra
Sonido y furia y noche y escarlata.
Mi palma la sopesa. Quién diría
Que contiene el infierno: las barbadas
Brujas que son las parcas, los puñales
Que ejecutan las leyes de la sombra,
El aire delicado del castillo
Que te verá morir, la delicada
Mano capaz de ensangrentar los mares,
La espada y el clamor de la batalla.

Ese tumulto silencioso duerme
En el ámbito de uno de los libros
Del tranquilo anaquel. Duerme y espera.

(Jorge Luis Borges)

*

Bom dia!

(url)

27.8.06


RETRATOS DO TRABALHO EM CASABLANCA, MARROCOS



Mesquita de Hassan II – Casablanca - Um operário a consertar os mosaicos

(Raul Cesar de Sá)

(url)


RETRATOS DO TRABALHO EM MACAU, CHINA



Num andaime feito de canas de bambu, trabalhadores executam tarefas de reparação na pira do estádio da Taipa, palco da cerimónia de abertura dos 1.os Jogos da Lusofonia Macau 2006, entre os dias 7 e 15 de Outubro.A fotografia foi tirada em 21 de Agosto de 2006, na ilha da Taipa, Macau.

(Vasco Bismarck)

(url)


BIBLIOFILIA: GRANDES CAPAS
ANTES DA GRIPE DAS AVES, QUANDO OS ANIMAIS DE CAPOEIRA ERAM NOSSOS AMIGOS


(url)


EARLY MORNING BLOGS

851 - Money

Quarterly, is it, money reproaches me:
'Why do you let me lie here wastefully?
I am all you never had of goods and sex.
You could get them still by writing a few cheques.'

So I look at others, what they do with theirs:
They certainly don't keep it upstairs.
By now they've a second house and car and wife:
Clearly money has something to do with life

- In fact, they've a lot in common, if you enquire:
You can't put off being young until you retire,
And however you bank your screw, the money you save
Won't in the end buy you more than a shave.

I listen to money singing. It's like looking down
From long French windows at a provincial town,
The slums, the canal, the churches ornate and mad
In the evening sun. It is intensely sad.

(Philip Larkin)

*

Bom dia!

(url)

© José Pacheco Pereira
Site Meter [Powered by Blogger]