ABRUPTO

7.1.06


A FECHAR-SE


Está assim, agora, a fechar-se.

(url)


O CÁCERES

Um pequeno grupo de três amigos comemorou a noite inteira, no longínquo ano de 1967, de sol a sol, já não sei bem o quê. Um era eu, outro, o João Serra, hoje chefe da Casa Civil do Presidente, e o terceiro, o Cáceres Monteiro. Sei que começámos junto do Campo Grande, passamos para o Aeroporto, um dos raros sítios abertos na noite lisboeta, depois para a Rotunda do Relógio, e terminamos uma noite tipicamente estudantil de boémia, junto da Igreja da Avenida com o mesmo nome. Pelo menos, eu e o João Serra não éramos lisboetas, e por isso a vinda para a universidade e para a grande cidade tinha todas as novidades, e muitas oportunidades. O trajecto deve ter sido este, a pé, conversando muito, com aquela vontade de fazer e dizer tumultuosa de quem tem tudo à frente e pouco atrás.

Se não me lembro o que comemorávamos, provavelmente a mera existência, recordo-me muito bem do contexto em que o fazíamos. Éramos os três “novos estudantes” de Direito, o nome que nos dávamos para não tresandar à praxe associada com a designação de “caloiros”, e vínhamos de um jantar destinado a “integrar” os estudantes do 1º ano na Associação de Estudantes. Existe um panfleto a stencil com o apelo que os “novos estudantes” associativos faziam aos seus colegas para virem para a Associação, com os nossos nomes, meu, do João e do Carlos.

Ser “associativo” nesse ano, ano de charneira que marcou o fim do refluxo das lutas estudantis, em vésperas do annus mirabilis de 1968, era ser do “contra”, começar a deixar rasto na PIDE, que coleccionava estes abaixo-assinados. Nenhum de nós, e de muitos outros, hesitou um segundo que fosse. Essa era a nossa obrigação, e a ideia de que nesse acto havia uma opção, uma escolha, uma alternativa era-nos alheia. Era assim, porque tinha que ser assim. Nenhum de nós media consequências, embora soubesse que existiam. O mundo era simples, então.

Cada um dos três permaneceu fiel a tudo o que disse nessa noite. Não fez, ou não conseguiu fazer, tudo o que pensava, mas o primeiro a partir, o Cáceres, foi certamente inteiro e juvenil como estava nessa noite longínqua. Nessa noite, tenho quase a certeza que entre as pequenas malfeitorias que fizemos, mudámos as horas do relógio da Rotunda que, na melhor tradição nacional ficou meses desacertado. Não sei se o adiantámos ou atrasámos, só sei que para nós ficou sempre um pouco fora de horas, num gesto de subversão, de desordem, que tinha todo o sentido porque, mais do que o relógio, era o país que queríamos desacertar. A 25 de Abril ele acertou-se, e o Cáceres fez parte daqueles que o ajudou a acertar. Antes, durante e depois, até anteontem.

(Na Sábado.)

(url)


LENDO / VENDO /OUVINDO
(BLOGUES, JORNAIS, TELEVISÕES, IMAGENS, SONS, PAPÉIS, PAREDES)
(7 de Janeiro de 2006)


____________________________


Mais um Google, o Google Pack.

*







Dois papéis que sobraram de um "país" morto: o Biafra. Um, é um diploma destinado a agraciar os serviços da ponte aérea que abastecia o exército do Biafra; outro, uma nota de banco que nunca entrou em circulação. Em ambos os casos, fragmentos de histórias tanto africanas e nigerianas como portuguesas, porque o apoio ao Biafra foi uma das últimas aventuras coloniais do nosso império. O amigo que me ofereceu estes documentos foi um dos últimos operacionais dessa logística a sair do Biafra, em grande risco de vida, uma história que permanece por contar.


(url)


EARLY MORNING BLOGS 702

Stèle du chemin de l'âme



Une insolite inscription horizontale : huit grands caractères, deux par deux, que l'on doit lire, non pas de la droite vers la gauche, mais à l'encontre, — et ce qui est plus,

Huit grands caractères inversés. Les passants clament : « Ignorance du graveur ! ou bien singularité impie ! » et, sans voir, ils ne s'attardent point.

o

Vous, ô vous, ne traduirez-vous pas ? Ces huit grands signes rétrogrades marquent le retour au tombeau et le CHEMIN DE L'ÂME, — ils ne guident point des pas vivants.

Si détournés de l'air doux aux poitrines, ils s'enfoncent dans la pierre ; si, fuyant la lumière, ils donnent dans la profondeur solide,

C'est, clairement, pour être lus au revers de l'espace, — lieu sans routes où cheminent fixement les yeux du mort.

(Victor Segalen)

*

Bom dia!

(url)


O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES:
OBRIGADO AOS QUE SABEM POR AQUILO QUE SABEM



(url)

6.1.06


ABUSIVO CONTADOR

Pedro Neves chama-me a atenção para um comportamento abusivo de um contador, responsável por publicidade sub-reptícia. Aqui fica a chamada de atenção (que alguns outros leitores têm também observado). Em breve, o contador será retirado.
Este e-mail serve apenas para chamar a atenção de JPP para o facto do contador http://www.nedstatbasic.net, instalado no Abrupto, estar a abrir uma janela pop-up sempre que aquele é acedido pela primeira vez, ainda que o visitante utilize navegador Firefox (versão 1.0.7. pelo menos), como é o meu caso.

O contador instala um cookie no computador do visitante e não volta a abrir a janela pop-up em visitas posteriores, o que não significa que não volta a fazê-lo, presumivelmente numa tentativa para baralhar o visitante e o autor do blog quanto à sua origem. A janela em causa tem "iLead" como título e exibe neste momento publicidade a um "Curso de Internet e Comércio Electrónico", ao mesmo tempo que incita o utilizador a preencher um formulário com dados pessoais (aparentemente tem uma política de "protecção de dados"...).

Uma vez que o cookie reside no computador, só vê a janela quem acede ao Abrupto pela primeira vez ou quem, como eu, apaga com alguma frequência os cookies armazenados. De qualquer modo, se pretender reproduzir a situação, só precisa de limpar todos os cookies armazenados no Firefox ou no IE (ambos facilitam essa operação através da barra de ferramentas) e aceder ao Abrupto (desconheço se é uma situação única a este blog).

Como creio que não sanciona este tipo de publicidade sub-reptícia, achei que deveria fazer a chamada de atenção (também por interesse próprio, admito, uma vez que há já algumas semanas que me tenho deparado com a tal janela).

Obrigado.

(url)


QUADROS DE UMA EXPOSIÇÃO:
10. KRESTNY KHOD (PROCISSÃO DA CRUZ) NA GUBERNIA DE KURSK (REPIN)- DETALHES


Mujiques, camponeses transportando o andor com o ícone.


Duas camponesas transportando outro ícone.

(url)


LENDO / VENDO /OUVINDO
(BLOGUES, JORNAIS, TELEVISÕES, IMAGENS, SONS, PAPÉIS, PAREDES)
(6 de Janeiro de 2006)


____________________________


Em louvor das "pranks", partidas, brincadeiras à custa de alguém. Onde? No Economist.

(url)


EARLY MORNING BLOGS 701

The Elephant is Slow to Mate


The elephant, the huge old beast,
is slow to mate;
he finds a female, they show no haste
they wait

for the sympathy in their vast shy hearts
slowly, slowly to rouse
as they loiter along the river-beds
and drink and browse

and dash in panic through the brake
of forest with the herd,
and sleep in massive silence, and wake
together, without a word.

So slowly the great hot elephant hearts
grow full of desire,
and the great beasts mate in secret at last,
hiding their fire.

Oldest they are and the wisest of beasts
so they know at last
how to wait for the loneliest of feasts
for the full repast.

They do not snatch, they do not tear;
their massive blood
moves as the moon-tides, near, more near
till they touch in flood.

(D.H. Lawrence)

*

Bom dia!

(url)

5.1.06


TEMAS PRESIDENCIAIS (6ª SÉRIE)



OS DADOS ESTÃO NO AR . A vinda para a rua das candidaturas faz entrar numa fase final a campanha eleitoral. A partir de agora é pouco provável que haja alterações significativas no curso das candidaturas, que jogam na consolidação do adquirido, mais do que na conquista de novos aderentes.

DUAS CANDIDATURAS QUE AINDA NÃO POUSARAM: A DE CAVACO E A DE SOARES. Cada uma com o seu dilema, quer a candidatura de Cavaco quer a de Soares têm margens de resultados estreitos e podem perder muito ou ganhar muito no tempo que falta. Cavaco precisa de passar à primeira volta, e isso exige um enorme esforço de mobilização. Não se trata, no seu caso, de ganhar mais votos, mas sim de não perder os que conquistou, principalmente a favor da abstenção. Da capacidade de mobilização do seu eleitorado depende muito a conquista da presidência à primeira volta. Soares, por seu lado, precisa de dar tudo por tudo não só para ultrapassar Alegre, o que parece estar adquirido, mas para obter o mágico número que lhe permitirá ir à segunda volta. E aqui as coisas parecem muito mais complicadas.

O QUE É QUE PODE MUDAR OS DADOS QUE ESTÃO NO AR? Escândalos, reais ou inventados, acusações graves, incidentes ou inconveniências graves dos candidatos diante das câmaras de televisão. Só isso. O debate político residual, à distância de paradas e respostas por via dos órgãos de comunicação social, dificilmente servirá para alguma coisa. Os portugueses conhecem bem demais os candidatos para terem surpresas.

HAVER OU NÃO SEGUNDA VOLTA pode ser decisivo para o resultado final. Todos estão convictos, a partir das sondagens, que Cavaco ganha quer na primeira volta, quer na segunda. Pode ser que sim, mas eu não estaria tão certo disso. Se Cavaco não ganhar na primeira volta, vários efeitos, difíceis de retratar hoje nas sondagens, poderão verificar-se e mudar muito o panorama das eleições presidenciais. O único que o percebe bem é Soares.
Se pensarmos alto, não custa perceber que se houver segunda volta, ela será entre Soares e Cavaco. Ora, uma passagem de Soares à segunda volta coloca-o à partida na exacta posição contrária à que tem agora: hoje, é o perdedor, face a Cavaco, o ganhador. Se conseguir, contra todas as expectativas, passar à segunda volta, entrará nas eleições como vencedor. Terá consigo um ambiente de grande mobilização, que arrastará votos de todos os outros candidatos à esquerda, contrastando com as dúvidas e a quebra de mobilização na candidatura de Cavaco, onde há um convencimento generalizado de que a vitória será já na primeira volta. A imprevisibilidade aumentará e com ela a credibilidade da candidatura Soares.

SOARES E A COMUNICAÇÃO SOCIAL. Há sobre esta matéria as habituais duas escolas de pensamento e uma terceira, a deste vosso autor, também habitual. Uma diz que Soares é prejudicado pela comunicação social, e o próprio candidato é o principal e mais loquaz proponente de tal escola. A segunda, a de que Soares é, como sempre foi, protegido pela comunicação social, que tem com ele uma cumplicidade já antiga. A minha terceira via é mais uma evolução da segunda escola do que da primeira e pode ser definida assim: nunca Soares teve uma comunicação social tão hostil desde 1985 e, nesse sentido, pode ter aqui e ali razões de queixa. Mas há que acrescentar dois caveats: um, que poucas vezes alguém fez tanto para suscitar animosidade da comunicação social do que Soares nesta campanha; segundo, a comunicação social parece mais hostil a Soares por contraste com a complacência que mostrava antes (e em muitas coisas ainda mostra agora). Por isso, acho que Soares é o último a poder queixar-se da comunicação social.

A DESAPARIÇÃO DE ALEGRE DOS RADARES. Alegre, como Soares, queixa-se dos "comentadores", por razões aliás muito parecidas. No entanto, como Soares, pouco tem que se queixar a não ser de si próprio. Há já vários dias que a campanha de Alegre é aquela que mais "vende" apenas a sua própria existência, o que é muito pouco para interessar os portugueses. Alegre não compreendeu que já acabou há muito o tempo em que lhe bastava fazer campanha apenas com as peripécias da sua iniciativa. Já sabemos que ele concorre para a presidência a partir de uma "vontade de cidadania", que teve de arrancar contra a hostilidade dos "aparelhos partidários" (leia-se o PS), que o PS todos os dias lhe arranja uma complicação, que há "perseguições", etc., etc. Depois, o que é que há mais? Nada. O que Alegre diz sobre qualquer tema é vago, confuso ou lugar-comum, e isso é mortífero. Se identificássemos Alegre com quaisquer causas, ele seria visível no radar mesmo sem "aparelho". Sem identidade, ele nem solitário fica, mas apenas baço.

SOARES VAI SAIR MAL DESTAS ELEIÇÕES. Mais do que uma dúvida, parece-me uma quase certeza. Soares está a fazer tudo para sair muito mal de uma eventual derrota eleitoral. Está a conduzir uma campanha agressiva, ressabiada, sem dimensão de qualquer tipo, nem de Estado, nem política, nem pessoal. Se perder, será uma derrota entendida como humilhante, que ensombrará o fim da sua carreira política.
Mas, a prazo, talvez a derrota que parecerá humilhante agora possa vir a dar uma dimensão trágica à sua vida política. Como Churchill, Soares concorreu à eleição fatal que o fará passar à história com uma imagem de perda e não de glória. No entanto, como Churchill, a prazo, é o seu perfil de político compulsivo, de "animal político" que ganhará uma luz mais humana, mais apaziguada e compreensiva. Os seus muitos defeitos, o muito de negativo que indubitavelmente mostra nesta campanha será episódico, face à imagem que entrará na história, onde ele tem um lugar garantido. Porque esta campanha eleitoral é o fim da carreira política de Mário Soares com uma dimensão de inevitabilidade que nenhum sonoro (e falso) "basta" teria capacidade para dar.

(No Público de hoje.)

(url)


QUADROS DE UMA EXPOSIÇÃO:
10. KRESTNY KHOD (PROCISSÃO DA CRUZ) NA GUBERNIA DE KURSK (REPIN)


Este é o quadro que mais prejudicado fica com a reprodução num espaço pequeno. Como outros quadros russos da época, inclusive vários de Repin com temas histórico-religiosos semelhantes, a sua dimensão é gigantesca e a riqueza de pormenor quase infinita. Esta procissão está cheia de pequenos detalhes em todas as suas personagens, e mesmo na paisagem onde se realiza, um carreiro de terra entre colinas onde recentemente foram cortadas as árvores. O pope, os monges, o casal de burgueses provincianos, os camponeses, a começar pelas figuras individuais que seguram o altar do ícone, sujos de terra, os soldados e oficiais, batendo no povo para o enfileirar, os mendigos e aleijados, todo um retrato da Rússia do interior no qual a hierarquia social aparece na perfeição. É o mesmo mundo provinciano das Almas Mortas de Gogol, ordenado e fátuo, onde a massa enorme dos camponeses é o pano de fundo do teatro onde tudo se passa.


(url)


OS NOVOS DESCOBRIMENTOS: MAIS PERFEIÇÃO

Tétis

(url)


LENDO / VENDO /OUVINDO
(BLOGUES, JORNAIS, TELEVISÕES, IMAGENS, SONS, PAPÉIS, PAREDES)

(5 de Janeiro de 2006)


____________________________


*

De onde menos se espera, sai um original, um excêntrico, um "gandamaluco". Aqui está o Grande-Propagandista de Salazar, numa foto que ilustra o seu livro Novo Mundo Mundo Novo, um interessante e vivo relato de uma viagem à América. Mas a foto vale tudo: os sapatinhos de verniz, o Ferro levitando, o vento virando o sobretudo, como numa célebre foto de Mao, a boia do ... Leviathan sob o fundo do New York, New York.


Pode-se viver só com livros? Pode, pode. Está lá tudo.

*

*Parte do futuro dos livros: o Sony Reader comentado no Gizmodo. Eu não disse "o futuro dos livros", mas "parte do futuro dos livros".

*

Um Rocketboom "sério" sobre "pulse points", experiências bostonianas com Internet mais que rápida. Para se ver o outro mundo. O do lado de lá. Como avança. Leve. Rápido.

*

Para acrescentar à reflexão das BOAS / PÉSSIMAS COISAS NA COMUNICAÇÃO SOCIAL PORTUGUESA EM 2005..., uma lista feita pelo STATS The 2005 Dubious Data Awards.

*

Entrevista de Mário Soares ao Diário de Notícias:

"Tem-se queixado de uma comunicação social adversa. Acha que há uma maquinação contra a sua candidatura?

Não acho que seja contra mim, mas contra todos os candidatos excepto um. Dito de outra maneira, é a favor de um único candidato. Mas isso não é uma questão para discutirmos agora, é uma discussão académica para termos mais tarde.

Como é que concretiza essa acusação?

Há um candidato que é apresentado como pré-vencedor."

Por todas as razões recordo-me bem de como é fazer campanha quando um candidato "é apresentado como pré-vencedor" pela comunicação social. Em 1999, quando da campanha para o Parlamento Europeu. O candidato era Mário Soares, que , por estranha coincidência, também não queria fazer debates a dois...

(url)


EARLY MORNING BLOGS 700

Aubade

The lark now leaves his wat’ry nest,
And climbing shakes his dewy wings.
He takes this window for the East,
And to implore your light he sings—
Awake, awake! the morn will never rise
Till she can dress her beauty at your eyes.

The merchant bows unto the seaman’s star,
The ploughman from the sun his season takes,
But still the lover wonders what they are
Who look for day before his mistress wakes.
Awake, awake! break thro’ your veils of lawn!
Then draw your curtains, and begin the dawn!


(Sir William Davenant)

*

Bom dia!

(url)

4.1.06


BOAS COISAS NA COMUNICAÇÃO SOCIAL PORTUGUESA EM 2005, VISTAS POR UM GRANDE (EM QUANTIDADE) CONSUMIDOR
(beta)


à memória do Carlos C. M.

NOTA - Estão incluidas algumas sugestões vindas de leitores e outros blogues. A identificação da origem de todas estas sugestões está feita na série das CONTRIBUIÇÕES e nos anexos. Serão acrescentadas mais contribuições durante uma semana e depois será publicada a lista definitiva.


Documentários culturais (2:) entre outros sobre Luis Pacheco, Glicínia Quartim, João Vieira, Fernanda Botelho, etc.

Micro-causas (declaração de interesses: o Abrupto foi o iniciador, mas hoje pertencem a todos.) - A questão dos “estudos da OTA” que se tornou a segunda questão mais determinante do debate público sobre a OTA (a primeira foi e é “faz-se ou não se faz”), deveu-se à persistência dos blogues, e não da comunicação social fora da rede, que só a assumiu quando não a podia evitar. Depois, tornou-se parte integrante do “problema OTA”.

Blogues de jornalismo, sobre jornalismo (pela segunda vez na lista das “coisas boas”) – Os blogues especializados em “comunicação” em sentido lato são o melhor conjunto de blogues com um tema específico na blogosfera portuguesa. Exemplos: Engrenagem, Indústrias Culturais, Ponto Media, Atrium, Jornalismo e Comunicação, As Imagens e Nós, Blogouve-se, etc.

Clube dos Jornalistas (2:) - (pela segunda vez na lista das “coisas boas”).

Os documentários da SIC - o melhor exemplo foi o de Cândida Pinto sobre Snu Abecassis, mas ,durante todo o ano, foram sempre as melhores reportagens jornalísticas de tipo documental, de “grande informação” ou em anexo aos noticiários.

Mário Crespo e o par João Adelino de Faria / Ana Lourenço na SIC Noticias. (declaração de interesses: participo num programa da SICN.)

Repito pela segunda vez: “A informação / opinião económica na SIC Notícias é de grande qualidade. Perez Metelo na TVI é um divulgador especializado com grandes qualidades comunicativas."

Margens de Erro de Pedro Magalhães, o “nosso” explicador das sondagens e muito mais. Um exemplo de um blogue que acrescenta.

Blogosfera nas eleições autárquicas e presidenciais: pode ter todos os defeitos da "atmosfera", mas tem também qualidades que só há na blogosfera.

Livros sobre jornalismo (pela segunda vez na lista das “coisas boas”): edições de revistas como Trajectos e Media e Jornalismo, as colecções "Media e Sociedade" (Editorial Notícias), "Comunicação" (Minerva), "Comunicação e Sociedade" (Campo das Letras /CECS-UMinho, dirigida por Moisés de Lemos Martins) e "Comunicação" (Porto Editora, dirigida por Manuel Pinto e Joaquim Fidalgo). (Em breve referirei os que me pareceram mais importantes.)

A ascensão da Sábado (pela segunda vez e com a mesma declaração de interesses). A Sábado é o órgão de comunicação social portuguesa mais subestimado, vítima das “sinergias” que lhe faltam: não tem quem puxe pelas suas notícias nos outros órgãos de comunicação social. Mas que tem notícias, isso tem.

A imprensa de distribuição gratuita como o Destak. Para muita gente significa mais notícias que nunca iriam encontrar, ou melhor, ler, noutro lado. Isto só pode ser considerado um acrescento na "comunicação", na cidadania.

Rádios Presidenciais - Uma rádio dedicada às presidenciais revela as potencialidades que este meio encontra quando faz um uso das tecnologias que ultrapassam o mero instrumento de trabalho ou de difusão sonora.

A sonorização das reportagens da TSF.


PÉSSIMAS COISAS NA COMUNICAÇÃO SOCIAL PORTUGUESA EM 2005, VISTAS PELO MESMO



Descida de vendas da imprensa generalista – Entre o 24 Horas, que sobe, os jornais grátis, os blogues, e a informação em linha, a imprensa generalista cai. Para responder à queda molda-se ao que pensa dar sucesso, o “social”, o “económico”, e temo que as reestruturações em curso nos grandes jornais valorizem ainda mais a superficialidade do produto. Se for assim, é só uma questão de tempo para cair ainda mais, porque nesse terreno outros fazem melhor.

O fim da consulta grátis em linha, no Público.

Os comentários de António Vitorino na RTP nunca acrescentam nada e são claramente limitados por uma vontade de ortodoxia, que é uma vontade de carreira política. Legítimo, mas não chega para comentar sob aquela forma e com aquele estatuto, quando não se tem mais nada para dar. Pode-se ter “mixed feelings” sobre os comentários de Marcelo, mas estes são um “facto comunicacional” impossível de passar ao lado. Podem ter (têm) agenda política, são superficiais e ligeiros, mas ultrapassam os defeitos do seu autor, pelas suas qualidades no meio. Marcelo é um Mensch comunicacional, Vitorino não é.

As primeiras páginas inventivas do Expresso (pela segunda vez.) – Agora que se sabe de quem é a responsabilidade, – de José António Saraiva, que as faz sozinho numa forma de meditação transcendental como nos disse em entrevista –, espera-se que Henrique Monteiro acabe com elas.

Tsunami – Mais um exemplo de “masturbação da dor” como sensacionalismo jornalístico, ao ritmo das grandiosas imagens das vagas do maremoto. Se não houvesse imagens tão poderosas, turistas estrangeiros e destinos de férias como Puket atingidos, o tratamento comunicacional seria o que foi dado ao terramoto paquistanês, ou seja quase nulo. Não é a dimensão da tragédia que conta, mas a sua espectacularidade.

Katrina – O contra-exemplo ao tratamento do tsunami: “inforopinião” politizada ao extremo, “masturbação da culpa” em vez de “masturbação da dor”. Números fantásticos, previsões apocalípticas, dedo apontado a Bush em cada segundo, e quase nula compaixão pelas vítimas. A cidade “destruída” lá está a funcionar, ferida, mas viva. As dezenas de milhares de mortos anunciados continuam por descobrir, mas ninguém entende que deva corrigir alguma coisa.

Arrastão – A pseudo-história mais fantástica da nossa comunicação social em 2005, que, desde o primeiro minuto, parecia a qualquer pessoa sensata, muito bizarra. Who cares? Passou do sensacionalismo, para a demonização política anti-emigrantes e racista, para depois, no backlash, se tornar demonização política anti-racista ao estilo do “SOS Racismo”, ou seja do Bloco de Esquerda. Como era uma história (falsa) que “favorecia a direita” anti-emigrantes foi desmontada e contrariada. Quantas, ao contrário, que “favorecem a esquerda”, e igualmente falsas nunca são desmontadas?

O fim da A Capital e de O Comércio do Porto.

A obscura política comunicacional governativa – O ano passado era a “central de comunicações” de Santana Lopes, este ano é a gestão mais profissionalizada, com maior colaboração silenciosa de muitos simpatizantes no meio da comunicação social, do controlo governativo. As grandes manobras da propriedade, que a montante ou a jusante, incluem sempre o beneplácito do poder político num país como o nosso tão dependente do estado, estão pouco esclarecidas. Mas quase tudo vai no mesmo sentido. Se houvesse um medidor não impressionista do “grau de incomodidade” da comunicação social face ao poder, ver-se-ia como ele baixou significativamente. Um exemplo: o modo como foi tratada a conflitualidade social, seguindo uma linha governamental, nunca nos dando a ideia da dimensão do que estava a acontecer e vista sempre numa luz hostil.

O jornalismo económico continua a depender de uma visão mais do “económico” do que do “jornalístico”. Com capacidade para produzir boa informação sobre o estado e o governo, revela-se incapaz de tratar as empresas como objecto jornalístico, mostrando pouca independência em relação aos sectores económicos e financeiros que a patrocinam. Não há verdadeiras reportagens ou notícias sobre o que corre mal.

A Antena 2 é demasiado loquaz. Muito se fala naquela rádio, num tom entre o pedante e o falsamente intímo, tirando limpidez à música.

A ausência de programas de informação nas televisões generalistas.

A cobertura dos assuntos da UE na RTP , em especial os da responsabilidade de António Esteves Martins, que têm um tom oficioso e não-jornalístico.

(url)


CONTRIBUIÇÕES PARA BOAS / PÉSSIMAS COISAS NA COMUNICAÇÃO SOCIAL PORTUGUESA EM 2005, VISTAS POR UM GRANDE (EM QUANTIDADE) CONSUMIDOR - 3



Rui Cádima, TV’05: desencontros com a Ética de antena, a Cidadania e o Desenvolvimento do país no Irreal TV.

*

Três destaques de 2005:

Na televisão, registo como inequivocamente positivo em 2005 a consolidação de um programa de debate e informação em horário nobre: o programa Prós e Contras, na RTP 1.
(...)
Na rádio, a nota negativa foi a confirmação da perda da TSF como referência cultural audiófila, de resto já prenunciada nos pressupostos percepcionados quando do afastamento de Carlos Andrade, em 2004 ainda. A TSF é hoje uma antena mimética do mainstream, repercutindo o conceito de dezenas de outras rádios, sem imaginação ou novidade. É certo que a informação continua sendo a melhor, mas já quase nem apetece mudar para o 89,5 para ouvir míseros 2 a 3 minutos de títulos. E quanto a debate, apenas Carlos Pinto Coelho consegue, por vezes, interessar.

Na rádio, pelo positivo desta vez, para destacar o lançamento em fins de 2005 da nova grelha da Antena 2 para 2006. O novo conceito então anunciado, com temáticas mais diversificadas, formatos refeitos e inovações fortemente promissoras foi a última grande notícia nos media em 2005.

Transcorridos três dias com a nova grelha, sublinho o novo espaço de Ricardo Saló, no programa A Fuga da Arte (aos domingos, das 20:00 às 21:00), provavelmente – e bastou-me uma emissão - o mais estimulante projecto de rádio hoje disponível.

(Vítor Reis Machado)

(url)

2.1.06


A MAIOR ROCHA DO SISTEMA SOLAR VISTA DE FORA DELE


Vale a pena ler o texto que ilustra esta rocha. Até ao fim, no Astronomy Picture of Today.

(url)


CONTRIBUIÇÕES PARA BOAS / PÉSSIMAS COISAS NA COMUNICAÇÃO SOCIAL PORTUGUESA EM 2005, VISTAS POR UM GRANDE (EM QUANTIDADE) CONSUMIDOR - 2


Ela adopta um low profile que a faz passar meio despercebida a quem não andar atento. Mas as crónicas de Helena Matos no “Público” são sempre inteligentes e lúcidas. Um exemplo.

(António Cardoso da Conceição)

*

No seguimento da recolha “BOAS / PÉSSIMAS COISAS NA COMUNICAÇÃO SOCIAL PORTUGUESA EM 2005”que está a ser levada a cabo no abrupto penso que não foi focado um ponto interessantes para futura discussão: a cobertura desportiva feita pela RTP a outras modalidades que não o futebol. Se reparar com atenção notará que alguns eventos de grande importância que até à pouco tempo tinham direito a transmissão em sinal aberto deixaram de o ter – falo por exemplo da volta à França em bicicleta ou dos grandes prémios de fórmula 1. Estes programas – tal como algumas transmissões esporádicas (felizmente não todas!) - foram relegados para a RTPN – canal do serviço por cabo, e ao qual nem todos os portugueses têm acesso, reduzindo ainda mais a diversidade desportiva na televisão em sinal aberto – resume-se agora este espaço a algumas transmissões esporádicas e às tardes de fim de semana da 2:, sendo que o programa “desporto2” começa também ele a não ser tão regular como de costume (a título de exemplo, a pretexto do Natal e da passagem de ano não houve espaço para o “desporto2” ). Para mim, ponto negativo.

(Frederico Silva)

(url)


EARLY MORNING BLOGS 669

Time, you old gipsy man,
Will you not stay,
Put up your caravan
Just for one day?


(Ralph Hodgson)

*

Bom dia!

(url)

1.1.06


CONTRIBUIÇÕES PARA BOAS / PÉSSIMAS COISAS NA COMUNICAÇÃO SOCIAL PORTUGUESA EM 2005, VISTAS POR UM GRANDE (EM QUANTIDADE) CONSUMIDOR


"Acho incrível que nesta lista inclua uma revista como a Sábado. Quantas fotos publica em cada edição cujas pessoas sejam pretas, gordas ou feia? Nenhuma. Ou quase. Quantas páginas tem com "não-notícias"? Tantas como de notícias. (...)"

(Samuel Freire)

*

(...) venho sugerir para a lista de "Boas coisas na comunicação social", a passagem pela TSF das declarações do ministro Silva Pereira acerca da construção da barragem do Baixo Sabor, enquanto membro da oposição ao governo PSD/CDS (no passado dia 22 de Dezembro, se não estou em erro). Seria bom que este tipo de prática fosse mais generalizado na comunicação social; estou certo de que muitos outros exemplos haverá, e ajudaria a perceber em parte a actual "descrença na política".

(João Tinoco)

*

Lista de Gabriel Silva no Blasfémias:

À lista actualizada, eu acrescentaria, do lado positivo:

- Conceição Lino;
- O regresso das investigações de José António Cerejo;
- O programa da 2: «Clube de Jornalistas»;
- O «60 minutes» na SIC-N;
- Os editoriais de Sérgio Figueiredo;
- As entrevistas de Carlos Vaz Marques na TSF;
- A sonorização das reportagens da TSF;

Do lado mau:
- Os «prós e contras» da RTP;
- Os telejornais dos 3 canais generalistas;
- A total inexistência de jornalismo digital;
- Os entraves daTVCabo à criação de novos canais;
- A cobertura dos assuntos da UE, em especial os da responsabilidade de António Esteves Martins;
- A ERC;
- A manutenção em bloco dos meios de comunicação do grupo «Lusomundo»;

*

No seu post sobre as coisas boas na comunicação social portuguesa em 2005 refere que ouviu pouca rádio durante o ano. Deixo-lhe um pequeno apanhado de aspectos importantes da rádio, sem os qualificar. As opiniões são sempre diferentes, pelo que deixo ao seu critério a qualificação de bom, ou mau.(...)

Bons Momentos de Rádio

É, normalmente, em situações de tragédia que a rádio tem os seus melhores momentos. Não se tratando de um momento de tragédia, é, sem dúvida, um momento marcante da história nacional. Na mesma manhã, morrem dois ícones do país: a política perdeu Álvaro Cunhal e a literatura, Eugénio de Campos. No éter nacional, quer a Antena 1 quer a TSF dedicaram parte da manhã informativa a cada uma das figuras. No geral, as restantes estações limitaram-se a fazer pequenos apontamentos nos noticiários à hora certa. A RFM usando partes do trabalho desenvolvido por jornalistas da Renascença, a Antena3 utilizando parte da produção da Antena 1 e, nas rádios do grupo MCR (Comercial, RCP e Cidade), o facto foi abordado apenas com breves notícias.

Começando mais cedo, a TSF abriu a manhã com um longo especial sobre Cunhal, juntando vários depoimentos sobre o líder do PCP, sem contudo, fazer grande destaque ao seu falecimento. Por esta altura, nas duas estações misturavam-se os apontamentos sobre Cunhal e Eugénio de Andrade, tendo-se destacado o depoimento de Eduardo Prado Coelho e do Presidente da Fundação Eugénio de Andrade. Com menor capacidade de reacção, mas ainda assim, com um produto final que se saldou mais completo e interessante, a Antena 1 esperou pelo comunicado do partido e apresentou, depois das nove horas, um longo trabalho biográfico sobre Álvaro Cunhal enriquecido com sons de arquivo da antiga Emissora Nacional e excertos de entrevistas ou programas nos quais Álvaro Cunhal participou na RTP. Os meus parabéns à equipa que produziu este especial. Foi um trabalho que não só ilustrou a história da vida do histórico líder como nos ofereceu um excelente momento de rádio.

Podcasting cada vez mais «in»

O fenómeno do Podcasting, que começou associado a uma vontade individual de partilha de conteúdos, começa a generalizar-se. O próximo passo vai ser o massificação e da criação do fenómeno de moda. A notícia está no Bizreport e diz essencialmente que a Apple será a «culpada» pela vulgarização deste processo, por ter facilitado o processo de pesquisa e download de programas a partir do site iTunes.

Rádios MCR no Clix

A notícia é do Meios e Publicidade e revela não só a convergência, como o aumento das parcerias nos media para chegar a um número cada vez maior de utilizadores, aumentando, para uns, a presença online e, para outros, os conteúdos disponíveis. Diz a notícia que "o Clix e a Media Capital Rádios celebraram um acordo de parceria com o intuito de reforçar a estratégia editorial e comercial das duas empresas no segmento de distribuição de rádio e música online".

Pessoas

Rui Pego assumiu a direcção de programas da RDP.

José Mariño, que recentemente tinha abandonado a Comercial, prepara-se para assumir a direcção da Antena 3, estação que ajudou a criar, em 1994. Até Novembro, a estação continuará a ser dirigida por Jorge Alexandre Lopes que, na altura irá também assumir um novo cargo.

Luís Osório abandonou a Capital e entrou na MCR para a direcção de informação das rádios do grupo.

Pedro Tojal rescindiu amigavelmente o contrato com a Media Capital Rádios, depois de três anos à frente dos destinos das várias rádios do grupo que passaram, entretanto, a ter um director de programas para cada uma. Pedro Ribeiro assumiu a direcção de programas da Rádio Comercial, acumulando com as funções de animador do programa da manhã do Rádio Clube Português. Nuno Gonçalves que até aqui acumulava a direcção da rádio Comercial, ficou apenas com a direcção da rádio Cidade.Miguel Cruz assumiu a direcção da Best Rock FM e do RCP.

Renascença renovou programação (Novembro)

De acordo com a informação disponibilizada pela Rádio Renascença, as grandes apostas são a música de qualidade e a informação. De acordo com o comunicado de imprensa, a direcção pretende uma Renascença mais moderna, com informação de qualidade. Nas manhãs, há uma nova rubrica de humor e, durante o dia, a música será acompanhada das principais notícias nacionais e internacionais, com especial relevo para as questões da cidadania, saúde e
educação. A noite, de carácter intimista, terá um programa de antena aberta para partilha de experiências. Uma mudança a acompanhar durante os próximos tempos.

Audiências Rádio

A notícia da Marktest diz respeito à «Geografia da Rádio» e, a partir dos resultados do Bareme Rádio, indica que se ouve mais rádio no Norte do país, Porto e Litoral Norte, especialmente no horário da manhã.

Quotas de Música

Uma discussão que se eterniza e cujo objecto reconhecidamente não é determinante para mudar o panorama da música portuguesa.

Rádio Presidenciais

A iniciativa de criar uma rádio dedicada às presidenciais parece-me bastante interessante e revela, uma vez mais, as potencialidades que este meio encontra quando faz um uso das tecnologias que ultrapassam o mero instrumento de trabalho ou de difusão sonora.

O serviço conjunto do RCP, Rádio Comercial e Cotonete, do grupo MCR, constitui-se como um «Serviço inovador e alternativo de informação sobre as Presidenciais. Notícias, comentários, especiais, entrevistas, debates, directos e Fórum».


Para fechar 2005: TSF, um ano em revista
O crescendo da música que acompanhava as palavras de Fernando Alves fez-nos avançar ao longo do ano e dos acontecimentos do mundo e, particularmente, do nosso país. Os momentos da política, as querelas, as decisões e as palavras que os políticos lançaram para o éter ao longo deste ano, sob um tapete musical que nos fez reviver cada uma das ocasiões, que nos fez estar presentes e ver rostos, ouvir palavras com uma proximidade tal que poderia muito bem não
ser uma revista do ano e ter sido, novamente, a situação real. Sem efeitos sonoros, usando apenas a música e a palavra, os dois elementos abdicaram do seu carácter de unidade independente e transformaram-se num código único, relacionado entre si. O significado que a música em si transporta foi ampliado com as palavras escolhidas para ilustrar o ano revisto
por Fernando Alves, tendo funcionado como um excelente auxiliar para significar para além do seu próprio significado, provocando emoções, como só a rádio é capaz de fazer.

Da tristeza à alegria, não foi preciso imaginar para reviver as situações. A maior parte delas foram vividas diariamente na rádio e revistas na televisão e na imprensa. A imaginação serviu apenas para recordar os aspectos particulares das descrições de Fernando Alves e reviver as expressões faciais e corporais das vozes que se foram fazendo ouvir, ao longo do ano e ao longo desta revista radiofónica. E é este o poder da rádio, que nos faz desenvolver uma espécie
de relação com o locutor e a estação. Uma evocação da sequência discursiva que implica a realização simultânea do locutor na acção evocada no enunciado, para compreender o todo a partir dos elementos expressos, num esquema em que o ouvinte parte dos pressupostos apresentados para construir a sua própria representação.

Paula Cordeiro (NetFM)

(url)


2006


(Richard Parkes Bonington)

Ring out a slowly dying cause,
And ancient forms of party strife;
Ring in the nobler modes of life,
With sweeter manners, purer laws.

Ring out the want, the care, the sin,
The faithless coldness of the times;
Ring out, ring out my mournful rhymes
But ring the fuller minstrel in.

Ring out false pride in place and blood,
The civic slander and the spite;
Ring in the love of truth and right,
Ring in the common love of good.

(Lord Alfred Tennyson)

*

Bom ano!

(url)

© José Pacheco Pereira
Site Meter [Powered by Blogger]