ABRUPTO

1.1.06


CONTRIBUIÇÕES PARA BOAS / PÉSSIMAS COISAS NA COMUNICAÇÃO SOCIAL PORTUGUESA EM 2005, VISTAS POR UM GRANDE (EM QUANTIDADE) CONSUMIDOR


"Acho incrível que nesta lista inclua uma revista como a Sábado. Quantas fotos publica em cada edição cujas pessoas sejam pretas, gordas ou feia? Nenhuma. Ou quase. Quantas páginas tem com "não-notícias"? Tantas como de notícias. (...)"

(Samuel Freire)

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(...) venho sugerir para a lista de "Boas coisas na comunicação social", a passagem pela TSF das declarações do ministro Silva Pereira acerca da construção da barragem do Baixo Sabor, enquanto membro da oposição ao governo PSD/CDS (no passado dia 22 de Dezembro, se não estou em erro). Seria bom que este tipo de prática fosse mais generalizado na comunicação social; estou certo de que muitos outros exemplos haverá, e ajudaria a perceber em parte a actual "descrença na política".

(João Tinoco)

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Lista de Gabriel Silva no Blasfémias:

À lista actualizada, eu acrescentaria, do lado positivo:

- Conceição Lino;
- O regresso das investigações de José António Cerejo;
- O programa da 2: «Clube de Jornalistas»;
- O «60 minutes» na SIC-N;
- Os editoriais de Sérgio Figueiredo;
- As entrevistas de Carlos Vaz Marques na TSF;
- A sonorização das reportagens da TSF;

Do lado mau:
- Os «prós e contras» da RTP;
- Os telejornais dos 3 canais generalistas;
- A total inexistência de jornalismo digital;
- Os entraves daTVCabo à criação de novos canais;
- A cobertura dos assuntos da UE, em especial os da responsabilidade de António Esteves Martins;
- A ERC;
- A manutenção em bloco dos meios de comunicação do grupo «Lusomundo»;

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No seu post sobre as coisas boas na comunicação social portuguesa em 2005 refere que ouviu pouca rádio durante o ano. Deixo-lhe um pequeno apanhado de aspectos importantes da rádio, sem os qualificar. As opiniões são sempre diferentes, pelo que deixo ao seu critério a qualificação de bom, ou mau.(...)

Bons Momentos de Rádio

É, normalmente, em situações de tragédia que a rádio tem os seus melhores momentos. Não se tratando de um momento de tragédia, é, sem dúvida, um momento marcante da história nacional. Na mesma manhã, morrem dois ícones do país: a política perdeu Álvaro Cunhal e a literatura, Eugénio de Campos. No éter nacional, quer a Antena 1 quer a TSF dedicaram parte da manhã informativa a cada uma das figuras. No geral, as restantes estações limitaram-se a fazer pequenos apontamentos nos noticiários à hora certa. A RFM usando partes do trabalho desenvolvido por jornalistas da Renascença, a Antena3 utilizando parte da produção da Antena 1 e, nas rádios do grupo MCR (Comercial, RCP e Cidade), o facto foi abordado apenas com breves notícias.

Começando mais cedo, a TSF abriu a manhã com um longo especial sobre Cunhal, juntando vários depoimentos sobre o líder do PCP, sem contudo, fazer grande destaque ao seu falecimento. Por esta altura, nas duas estações misturavam-se os apontamentos sobre Cunhal e Eugénio de Andrade, tendo-se destacado o depoimento de Eduardo Prado Coelho e do Presidente da Fundação Eugénio de Andrade. Com menor capacidade de reacção, mas ainda assim, com um produto final que se saldou mais completo e interessante, a Antena 1 esperou pelo comunicado do partido e apresentou, depois das nove horas, um longo trabalho biográfico sobre Álvaro Cunhal enriquecido com sons de arquivo da antiga Emissora Nacional e excertos de entrevistas ou programas nos quais Álvaro Cunhal participou na RTP. Os meus parabéns à equipa que produziu este especial. Foi um trabalho que não só ilustrou a história da vida do histórico líder como nos ofereceu um excelente momento de rádio.

Podcasting cada vez mais «in»

O fenómeno do Podcasting, que começou associado a uma vontade individual de partilha de conteúdos, começa a generalizar-se. O próximo passo vai ser o massificação e da criação do fenómeno de moda. A notícia está no Bizreport e diz essencialmente que a Apple será a «culpada» pela vulgarização deste processo, por ter facilitado o processo de pesquisa e download de programas a partir do site iTunes.

Rádios MCR no Clix

A notícia é do Meios e Publicidade e revela não só a convergência, como o aumento das parcerias nos media para chegar a um número cada vez maior de utilizadores, aumentando, para uns, a presença online e, para outros, os conteúdos disponíveis. Diz a notícia que "o Clix e a Media Capital Rádios celebraram um acordo de parceria com o intuito de reforçar a estratégia editorial e comercial das duas empresas no segmento de distribuição de rádio e música online".

Pessoas

Rui Pego assumiu a direcção de programas da RDP.

José Mariño, que recentemente tinha abandonado a Comercial, prepara-se para assumir a direcção da Antena 3, estação que ajudou a criar, em 1994. Até Novembro, a estação continuará a ser dirigida por Jorge Alexandre Lopes que, na altura irá também assumir um novo cargo.

Luís Osório abandonou a Capital e entrou na MCR para a direcção de informação das rádios do grupo.

Pedro Tojal rescindiu amigavelmente o contrato com a Media Capital Rádios, depois de três anos à frente dos destinos das várias rádios do grupo que passaram, entretanto, a ter um director de programas para cada uma. Pedro Ribeiro assumiu a direcção de programas da Rádio Comercial, acumulando com as funções de animador do programa da manhã do Rádio Clube Português. Nuno Gonçalves que até aqui acumulava a direcção da rádio Comercial, ficou apenas com a direcção da rádio Cidade.Miguel Cruz assumiu a direcção da Best Rock FM e do RCP.

Renascença renovou programação (Novembro)

De acordo com a informação disponibilizada pela Rádio Renascença, as grandes apostas são a música de qualidade e a informação. De acordo com o comunicado de imprensa, a direcção pretende uma Renascença mais moderna, com informação de qualidade. Nas manhãs, há uma nova rubrica de humor e, durante o dia, a música será acompanhada das principais notícias nacionais e internacionais, com especial relevo para as questões da cidadania, saúde e
educação. A noite, de carácter intimista, terá um programa de antena aberta para partilha de experiências. Uma mudança a acompanhar durante os próximos tempos.

Audiências Rádio

A notícia da Marktest diz respeito à «Geografia da Rádio» e, a partir dos resultados do Bareme Rádio, indica que se ouve mais rádio no Norte do país, Porto e Litoral Norte, especialmente no horário da manhã.

Quotas de Música

Uma discussão que se eterniza e cujo objecto reconhecidamente não é determinante para mudar o panorama da música portuguesa.

Rádio Presidenciais

A iniciativa de criar uma rádio dedicada às presidenciais parece-me bastante interessante e revela, uma vez mais, as potencialidades que este meio encontra quando faz um uso das tecnologias que ultrapassam o mero instrumento de trabalho ou de difusão sonora.

O serviço conjunto do RCP, Rádio Comercial e Cotonete, do grupo MCR, constitui-se como um «Serviço inovador e alternativo de informação sobre as Presidenciais. Notícias, comentários, especiais, entrevistas, debates, directos e Fórum».


Para fechar 2005: TSF, um ano em revista
O crescendo da música que acompanhava as palavras de Fernando Alves fez-nos avançar ao longo do ano e dos acontecimentos do mundo e, particularmente, do nosso país. Os momentos da política, as querelas, as decisões e as palavras que os políticos lançaram para o éter ao longo deste ano, sob um tapete musical que nos fez reviver cada uma das ocasiões, que nos fez estar presentes e ver rostos, ouvir palavras com uma proximidade tal que poderia muito bem não
ser uma revista do ano e ter sido, novamente, a situação real. Sem efeitos sonoros, usando apenas a música e a palavra, os dois elementos abdicaram do seu carácter de unidade independente e transformaram-se num código único, relacionado entre si. O significado que a música em si transporta foi ampliado com as palavras escolhidas para ilustrar o ano revisto
por Fernando Alves, tendo funcionado como um excelente auxiliar para significar para além do seu próprio significado, provocando emoções, como só a rádio é capaz de fazer.

Da tristeza à alegria, não foi preciso imaginar para reviver as situações. A maior parte delas foram vividas diariamente na rádio e revistas na televisão e na imprensa. A imaginação serviu apenas para recordar os aspectos particulares das descrições de Fernando Alves e reviver as expressões faciais e corporais das vozes que se foram fazendo ouvir, ao longo do ano e ao longo desta revista radiofónica. E é este o poder da rádio, que nos faz desenvolver uma espécie
de relação com o locutor e a estação. Uma evocação da sequência discursiva que implica a realização simultânea do locutor na acção evocada no enunciado, para compreender o todo a partir dos elementos expressos, num esquema em que o ouvinte parte dos pressupostos apresentados para construir a sua própria representação.

Paula Cordeiro (NetFM)

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