ABRUPTO

31.7.06


PIRATARIAS 12

Como se viu há pouco mais de meia hora, (obrigada aos leitores que prontamente comunicam a aparição do falso Abrupto) e ontem por volta das 20 horas, por um pequeno período de tempo, os ataques continuam. O Blogger tem conhecimento desta situação há cerca de quinze dias. Logo a seguir ao primeiro ataque, e já várias vezes posteriormente, me escreveram a dizer que o problema, que reconhecem ser uma exploração de uma falha do próprio Blogger, estava resolvido. Alguém continua a tentar sobrepor um falso blogue ao verdadeiro, usando uma falha do Blogger que este se revela incapaz de resolver.

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RETRATOS DO TRABALHO EM CHINATOWN, NOVA IORQUE, EUA



Nova Iorque, cabeleireiro em Chinatown, 2001

(Carlos Fernandes)

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LENDO
VENDO
OUVINDO

ÁTOMOS E BITS

de 31 de Julho de 2006


"Má fé" no Kontratempos.

Acrescento mais um exemplo: a utilização da palavra "massacre" nos noticiários da RTP1 e no Público de hoje (os que vi, é provável que apareça noutros meios de comunicação). No Dicionário da Academia é claro que a palavra implica matar "indiscriminadamente" "com selvajaria e crueldade", tendo como significados "chacina", "matança", e o acto de massacrar significa "chacinar" "trucidar", "dizimar", "exterminar". Podem parecer cruéis estes preciosismos vocabulares, mas o uso da palavra "massacre" não é descritivo é propagandístico porque implica haver dolo por parte de Israel. Se um inquérito revelar que o ataque a civis foi deliberado, então é legítimo usar a palavra "massacre", até lá é uma opinião disfarçada de notícia. Qualquer manual de deontologia jornalística ensina o que se deve fazer em casos destes, seja qual for a opinião do jornalista, a indignação que possa ter perante a violência da guerra e a sua inerente injustiça face a inocentes.

*
Confesso que me incomodam alguns comentários de leitores do Abrupto que na minha opinião fazem uma leitura muito ligeira do que se passa no Líbano. Como se vê pelos vários comentários, opiniões e “notícias” é cada vez mais difícil a uma Democracia fazer a Guerra. Há até quem defenda que a barbárie não depende dos actos, mas antes da condição de quem os pratica.

Pode hoje um regime democrático defender-se de um ataque terrorista? Ou de uma acção militar? Sabemos que qualquer guerra implica actos violentos, bárbaros, massacres se quiserem e quase sempre provoca vitimas inocentes e que nada têm a ver com o conflito. Houve demasiados exemplos durante o século XX para que alguém ache que uma Guerra pode não ser assim. É por isso legitimo colocar a questão; pode um regime democrático cometer actos de barbárie mesmo em legitima defesa? Se pode, então há quem questione se de facto o regime é ou não democrático; se não pode, então a democracia está impedida de existir quando é atacada.

A resposta à questão parece-me evidente. Uma Democracia deve poder defender-se com todos os meios ao seu alcance quando é atacada. Não obstante tentar evitar ao máximo atacar quem nada tem que ver com o conflito, sabe contudo, que quando inicia a sua defesa vai inevitavelmente causar sofrimento, cometer barbaridades e com probabilidade elevada vitimizar, massacrar inocentes. É isto a Guerra.

É importante que não nos esqueçamos destes “detalhes” quando nos apressamos a condenar Israel pelos ataques ao Sul do Líbano. Têm sido usados os mesmos adjectivos para analisar os actos terroristas do Hezbolla, que matam inocentes de forma deliberada, dos ataques de Israel às posições do grupo terrorista que mata inocentes de forma acidental. Só espíritos malévolos e pouco dados à análise concluem que Israel atacou postos das NU e matou inocentes em Qana de forma deliberada. Como é evidente isso só prejudica a posição política de Israel. Os pressupostos dos ataques do Hezbolla e de Israel não se confundem. Os primeiros visam o terror e o extermínio e por isso o objectivo principal é atacar alvos civis; os segundos têm como objectivo criar uma zona tampão que evite os bombardeamentos às cidades do Norte de Israel e por isso actuam sobretudo sobre as posições do grupo terrorista. O que também toda a gente conhece é que o Hezbolla se refugia junto de civis para evitar os ataques do exercito israelita. Só isto já demonstra o carácter sinistro deste tipo de actuação, que para tirar dividendos políticos não se importa de pôr em risco as populações compatriotas.

(Ricardo Sousa)

*

Impressiona-me a rapidez, e a precisão vocabular, com que procura “desmontar” a suposta má fé no tratamento da notícia relativa ao massacre perpetrado pelos Israelitas sobre a população libanesa. Com que vocabulário podemos então descrever as constantes humilhações que a população palestiniana tem sofrido há décadas? Os actos de resistência dos Palestinianos contra a ocupação israelita, já o sabemos, são rápida e comodamente designados de terrorismo… Impressiona-me, além do mais, na leitura de blogs e da imprensa, uma tendência fortemente maniqueísta no tratamento deste tema. Estudei especificamente a construção do discurso ideológico de justificação da guerra territorial contra o Islão entre os séculos XI e XIII (tese em história medieval, fcsh/unl) e não encontro, nos discursos contemporâneos, a diferença que justificaria a passagem, de então para cá, de mais de oito séculos. Confesso que as minhas leituras sobre temas contemporâneos têm sido pouco sistemáticas, dada a cronologia das minhas investigações, e por isso gostaria sinceramente que o Dr. J. Pacheco Pereira, que creio conhece bem estas matérias, nos oferecesse um texto escrito sob o ponto de vista palestiniano (quer queiramos quer não, o actual problema do Líbano insere-se basicamente na questão palestiniana). Li há meses o livro de Hamira Hass e fiquei impressionado com a arbitrariedade e a humilhação a que são sujeitos os Palestinianos, visível também num excelente documentário sobre os “checkpoints” apresentado no festival Doc.Lisboa no ano passado.

(Armando de Sousa Pereira)

*

Na Wikipedia "massacre" : "the human rights commission agreed on a specific definition: "A massacre shall be considered the execution of five or more people, in the same place, as part of the same operation and whose victims were in an indefensible state."

(Filipe Dias)

*

Como é que chamaria ao "incidente", como lhe chama a CNN?
Dano colateral?
Aquele que não tem nome?
Para que não me chame anti-semita e para que não pense que estou de má-fé, deixe-me dizer-lhe que conheço israelitas, que vivem e trabalham em Israel, na classe média, sem as vantagens dos políticos ou diplomatas, e não conheço árabes. E que gosto dos israelitas que conheço. São pessoas decentes, trabalhadoras, sensíveis, que criticam os que no seu próprio lado vêem apenas um lado da questão. Gosto de ouvir falar com mais inteligência do que a dos partidários de uma coisa. Como diria o outro, o mundo está perigoso. Não é hora de fundamentalismos. Nunca é hora de fundamentalismos.

(M.)

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OS NOVOS DESCOBRIMENTOS: LAGOS EM TITÃ

Em vez de água, metano.

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EARLY MORNING BLOGS
829 -Lune de Miel

Ils ont vu les Pays-Bas, ils rentrent à Terre Haute;
Mais une nuit d'été, les voici à Ravenne,
A l'sur le dos écartant les genoux
De quatre jambes molles tout gonflées de morsures.
On relève le drap pour mieux égratigner.
Moins d'une lieue d'ici est Saint Apollinaire
In Classe, basilique connue des amateurs
De chapitaux d'acanthe que touraoie le vent.

Ils vont prendre le train de huit heures
Prolonger leurs misères de Padoue à Milan
Ou se trouvent le Cène, et un restaurant pas cher.
Lui pense aux pourboires, et redige son bilan.
Ils auront vu la Suisse et traversé la France.
Et Saint Apollinaire, raide et ascétique,
Vieille usine désaffectée de Dieu, tient encore
Dans ses pierres ècroulantes la forme precise de Byzance.

(Thomas Stearns Eliot)

*

Bom dia!

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30.7.06


RETRATOS DO TRABALHO EM LOURES, PORTUGAL



Operário da construção na nova fase da Urbanização do Infantado-Loures.

(Luís Miguel Reino)

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LENDO
VENDO
OUVINDO

ÁTOMOS E BITS

de 30 de Julho de 2006


Vale cem números da Visão a entrevista a Miguel Veiga. O Miguel Veiga é um dos últimos originais antigos, - os originais modernos são muito menos originais -, um excêntrico na melhor tradição inglesa, logo portuense, ou vice-versa, e um homem de grande dignidade pessoal, bem rara qualidade. Meu amigo, de momentos bons e maus, como é suposto nos amigos.

*





O rolo de On the Road de Kerouac, um dos manuscritos (bom, não é bem manuscrito mas escrito à máquina com correcções) mais originais da história da literatura vai ser publicado na versão original, a enrolada.

*

Como eu o percebo:
"Ce n'est pas pour me vanter mais dans quelques jours, je partirais en vacances. Ne croyez pas que je vous lâcherais pour autant, chers amis et chers ennemis : mon PC me suit partout et le tavernier continuera à servir à boire et à manger tous les jours ou presque. Si je vous raconte ça, c'est parce qu'en songeant à la valise à faire, le même doute m'envahit comme toujours en cette occasion : quels livres emporter ? Il faut dire que je suis du genre à emporter deux livres plutôt qu'un lorsque je dois prendre le bus ou le métro, c'est à dire tous les jours, par prudence au cas où il y aurait une panne. Pour les trajets en avion, j'emmène trois livres plutôt que deux en cas de détournement prolongé. Vous aurez compris que la perspective de me retrouver bloqué quelque part sans avoir rien à lire me rend malade par avance. Je n'en suis pas à emmener un livre avant de prendre l'ascenseur (et puis on peut toujours relire la notice) mais je n'en suis pas loin."
Eu levo mais, mas é doença.

*

No Scientific American :
"A man walks along the inside of a circle of chess tables, glancing at each for two or three seconds before making his move. On the outer rim, dozens of amateurs sit pondering their replies until he completes the circuit. The year is 1909, the man is José Raúl Capablanca of Cuba, and the result is a whitewash: 28 wins in as many games. The exhibition was part of a tour in which Capablanca won 168 games in a row.

How did he play so well, so quickly? And how far ahead could he calculate under such constraints? "I see only one move ahead," Capablanca is said to have answered, "but it is always the correct one."

*

Aqueles para quem o fim do mundo (o fim de um mundo) chega antes: os últimos Shakers.

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EARLY MORNING BLOGS
828 - ...haviam de achar homens homens, haviam de achar homens brutos, haviam de achar homens troncos, haviam de achar homens pedras.

Quando Cristo mandou pregar os Apóstolos pelo Mundo, disse-lhes desta maneira: Euntes in mundum universum, praedicate omni creaturae: «Ide, e pregai a toda a criatura». Como assim, Senhor?! Os animais não são criaturas?! As árvores não são criaturas?! As pedras não são criaturas?! Pois hão os Apóstolos de pregar às pedras?! Hão-de pregar aos troncos?! Hão-de pregar aos animais?! Sim, diz S. Gregório, depois de Santo Agostinho. Porque como os Apóstolos iam pregar a todas as nações do Mundo, muitas delas bárbaras e incultas, haviam de achar os homens degenerados em todas as espécies de criaturas: haviam de achar homens homens, haviam de achar homens brutos, haviam de achar homens troncos, haviam de achar homens pedras. E quando os pregadores evangélicos vão pregar a toda a criatura, que se armem contra eles todas as criaturas?! Grande desgraça!

(Padre António Vieira)

*

Bom dia!

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PIRATARIAS 11





Vinte e quatro horas sem "perder" o Abrupto genuíno a favor do falso. É bom, mas ainda é cedo para pensar que tudo está resolvido e acabaram as tentativas de "substituição". Pelo caminho ficaram as imagens de arquivo que estou a ver se recupero.

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29.7.06


RETRATOS DO TRABALHO

Os Retratos têm um programa simples: pessoas normais a trabalharem normalmente. É o lado da vida das pessoas que mais lhes determina o quotidiano, a que horas se levantam, os caminhos que levam, o tempo que têm ou não têm, o esforço de todos os dias, o modo como se relacionam socialmente, o dinheiro que têm. O trabalho raras vezes é fonte de felicidade, mas ter trabalho dá uma dignidade que faz muita diferença, em tempos de desemprego. O trabalho, salvo raríssimas excepções, é o resultado de uma maldição: o "suor do teu rosto" começou na expulsão do Paraíso e os nazis escreveram a mais cínica (porque infinitamente verdadeira no outro sentido que as coisas têm) frase sobre ele: "Arbeit macht Frei".

Muitos leitores do Abrupto têm olhado assim para o trabalho. Obrigado.


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RETRATOS DO TRABALHO EM MATOSINHOS, PORTUGAL



À entrada da lota de Matosinhos. Esta manhã.

(Gil Coelho)

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EARLY MORNING BLOGS
827 - Executive

I am a young executive. No cuffs than mine are cleaner;
I have a Slimline brief-case and I use the firm's Cortina.
In every roadside hostelry from here to Burgess Hill
The maîtres d'hôtel all know me well, and let me sign the bill.

You ask me what it is I do. Well, actually, you know,
I'm partly a liaison man, and partly P.R.O.
Essentially, I integrate the current export drive
And basically I'm viable from ten o'clock till five.

For vital off-the-record work - that's talking transport-wise -
I've a scarlet Aston-Martin - and does she go? She flies!
Pedestrians and dogs and cats, we mark them down for slaughter.
I also own a speedboat which has never touched the water.

She's built of fibre-glass, of course. I call her 'Mandy Jane'
After a bird I used to know - No soda, please, just plain -
And how did I acquire her? Well, to tell you about that
And to put you in the picture, I must wear my other hat.

I do some mild developing. The sort of place I need
Is a quiet country market town that's rather run to seed
A luncheon and a drink or two, a little savoir faire -
I fix the Planning Officer, the Town Clerk and the Mayor.

And if some Preservationist attempts to interfere
A 'dangerous structure' notice from the Borough Engineer
Will settle any buildings that are standing in our way -
The modern style, sir, with respect, has really come to stay.

(John Betjeman)

*

Bom dia!

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CONTRIBUIÇÕES PARA AS MELHORES OBRAS DE REFERÊNCIA EM PORTUGUÊS
(Última série)



Os eventos dos últimos dias que perturbaram a publicação do Abrupto impediram a finalização desta série. Aqui ficam as últimas sugestões antes da lista final.


Qualquer lista que pretenda elecar as vinte melhores obras de referência em Português, e que não inclua a Bíblia Sagrada, é manifestamente incompleta. Ainda por cima no ano em que se comemora o 325º. aniversário da primeira edição do Novo Testamento da tradução para a língua portuguesa, por João Ferreira de Almeida (1681).

A Bíblia não é só um livro de fé, é uma obra basilar da Cultura e da Literatura, que pertence ao património da humanidade.
Ignorá-lo, só por preconceito ou ignorância...

(Brissos Lino )

*

(...) algumas obras de referência:

a) No campo da poesia (além de alguns já referidos):

- As quatro séries das Líricas Portuguesas : Primeira (1944), organizada por José Régio, com autores nascidos desde o séc. XII até 1894; Segunda (1945), organizada por Cabral do Nascimento, com autores nascidos entre 1859 e 1908; Terceira (1958/1972/1983), organizada por Jorge de Sena, em dois volumes, com autores nascidos entre 1871 e 1929; Quarta (1969), organizada por António Ramos Rosa, com autores nascidos entre 1930 e 1941.

- Número especial da revista da editora Assírio & Alvim, "A Phala", intitulada "Um Século de Poesia" (1989 - ideia de Manuel Hermínio Monteiro), com textos de vários autores sobre a poesia portuguesa entre 1888 e 1988.

b) No campo da religião:

- História da Igreja em Portugal de Fortunato de Almeida (4 vo. - 1967-1971)

- História Religiosa de Portugal (3 vol. - 2000-2002) e Dicionário da História Religiosa de Portugal (4 vol. - 2000-2001), sob a direcção de Carlos Moreira Azevedo

c) No campo da história:

- A colecção de biografias que o Círculo de Leitores está a editar, de todos os Reis de Portugal

- Colecção de fotobiografias de todos os Presidentes até Jorge Sampaio, que o Museu da Presidência da República editou no último ano

(Rui Almeida)

*

Há o "livro das saudades da Terra" de Gaspar frutuoso. Obra fundamental (e monumental) sobre os Açores de Quinhentos.

Depois estou a lembrar-me sobre um livro sobre a arquitectura popular dos Açores (não tenho aqui a referência). Há aliás um conjunto de livros sobre a arquitectura vernácula de portugal tem tem bastante interesse.

(Gilberto Carreira)

*

Gostei da sua iniciativa sobre as melhores obras de referência em português.

Aqui vão as minhas sugestões (algo regionalistas é certo):

- Maria Natália Almeida d'Eça, Roteiro artesão português, Porto, Tipografia Inova, várias datas (1980s - 2000).

Tem vários volumes, nunca os consultei a todos, sobre a totalidade (?) das regiões do país.

- Pedro Branco (com colab. de Luís Vidigal), Notas para a história dos bonifrates, presépios, fantoches, robertos e marionetas em Portugal, Oeiras, Biblioteca Operária, 1983. [Colecção Cadernos da Biblioteca Operária Oeirense]

- Túlio Espanca (1913-1993), Évora, 2ª ed., Lisboa : Presença, 1996. [Colecção Cidades e vilas de Portugal]

- José Augusto Alegria (cónego), Arquivo das Músicas da Sé de Évora. Catálogo, Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, 1973.


(Jorge Moleirinho)

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28.7.06


COISAS DA SÁBADO

ISRAEL, A ESQUERDA E A DIREITA, AMERICANISMO, ANTI-AMERICANISMO

Já se escreveu que o anti-americanismo é o anti-semitismo dos nossos dias. É um anti-semitismo diferente, mas é muito parecido. Israel está a ser vítima dessa forma peculiar de anti-semitismo.

A história não ensina tanto como pensamos, mas dá-nos comparações úteis. O caso de Israel é muito interessante para a análise das evoluções políticas e ideológicas do século XX. Quando nasceu o estado de Israel, a ferro e fogo contra os ingleses e os partidários do Grande Mufti de Jerusalém, amigo dos nazis, a causa sionista era sentida como uma causa da esquerda. Foi a URSS uma grande impulsionadora das resoluções da ONU para a partilha da Palestina, e o primeiro estado a reconhecer Israel. Estava-se na altura em que o nosso Avante! clandestino saudava a luta de Israel contra as “monarquias feudais àrabes” que lhe faziam guerra e a saga socialista dos kibutz fazia parte do imaginário utópico de toda a esquerda e não só da comunista. Os socialistas e a sua Internacional deram grande apoio político ao jovem estado.

Ora, desde o primeiro minuto que a “causa” de Israel dependeu de ganhar as guerras aos países que o rodeavam e mesmo aos que estavam longe. Recordo-me de visitar a Argélia há uns anos e ter verificado com alguma surpresa que ainda havia um estado de guerra com Israel, muitos anos depois do último conflito militar que opôs o estado judeu a outros estados e não a grupos de guerrilha ou grupos terroristas.

Ora, nas suas guerras, sempre de natureza defensiva – não adianta explicar aos que estão de má fé que o carácter ofensivo de algumas operações militares nada tem a ver com o carácter defensivo do conflito - , o Israel de hoje não é distinto do do fim dos anos quarenta. No centro dessas guerras esteve sempre a pura sobrevivência do estado de Israel , quer de um lado quer do outro. A recusa da existência de Israel esteve sempre no centro das guerras árabes, agora cada vez mais muçulmanas, e só muito mais tarde é que a “questão palestiniana” surgiu.

A inflexão da esquerda contra Israel acompanhou a política soviética de Krutchev de apoio ao nacionalismo árabe, que levou a prazo a uma mudança de aliados na região. Apoiando Nasser, reagindo ao último estertor do colonialismo, o conflito do Suez, a URSS abriu caminho ao progressivo isolamento de Israel dos seus apoios na esquerda socialista e comunista. Nos anos sessenta, setenta, oitenta, até ao fim da própria URSS, esta tornou-se um dos principais apoios logísticos e políticos dos movimentos de guerrilha e terroristas palestinianos, ou pró-palestinianos, embora o seu controle nunca fosse total, devido ao emaranhado muito complexo das intrigas nacionais e de clãs que sempre atravessaram o Norte de Africa e o Médio oriente. Ter que lidar com a Líbia, a Síria, o Iraque, o Irão, a rede de terrorismo internacional que ia do Japão à Alemanha, era difícil, mas mesmo assim os soviéticos estiveram sempre presentes nesse mundo e sub-mundo.

Foram os americanos, nem sempre muito voluntaristas na região (como mostraram durante a guerra do Suez), que acabaram por se tornar os principais aliados de Israel. Para que isso acontecesse houve razões de guerra fria e pressões do importante lobi judaico na América, mas foi assim que se criou a realidade das alianças actuais. Logo, os israelitas acabam também por ser alvo, e nalguns casos mais do que isso, pretexto central, do anti-americanismo contemporâneo.

A paralisia europeia numa região do mundo que faz parte da sua esfera geopolítica vem desse anti-americanismo, em que a Europa, em grande parte por pressão de uma França pós-gaullista, se deixou enredar tornando-a irrelevante. Ver um estado que foi uma criação francesa como o Líbano hoje ser vassalo da Síria e assistir à completa impotência militar e política da França é apenas o sintoma maior da mesma impotência da União Europeia separada dos EUA.

Tudo isto é fora, à margem. Para Israel muito pouco mudou desde o dia 15 de Maio de 1948 em que imediatamente a seguir à formalização da independência pela ONU, os estados da Liga árabe declararam guerra a Israel que foi atacada pela Jordânia, o Líbano, o Egipto, o Iraque, e Arábia Saudita. O secretário geral da Liga árabe, Azzam Pasha, invocou a jihad e apelou a uma “guerra de extermínio”. Algumas coisas mudaram desde este dia e algumas para melhor, mas para Israel continua a ser uma questão de pura sobrevivência. É por ser assim que em Israel, nunca a esquerda e a direita se dividiram no essencial sobre a conduta de operações militares para defender o estado de Israel.


*

Ao ler o artigo de hoje fiquei com sérias dúvidas se existe uma correspondência entre estas duas fobias ideológicas. Parece-me que o antisemitismo é essencialmente racista e não diferencia judeus bons e judeus maus. Nesse sentido, o anti-sionismo tem sido confundido com o antisemitismo quando, creio eu, se trata da oposição ao regresso dos judeus da Diáspora à Terra Santa e/ou consequente refundação dum estado judaico.

O anti-americanismo é um fenómeno que está ligado à cultura, à política, à economia, etc e tal, dum país com uma influência mundial como jamais se viu. Mas não tem uma vertente racista.

A diferença pode ser secundária quando estas expressões estão completamente inquinadas por preconceitos odiosos e virulentos que nada têm a ver com a clareza dos conceitos e das posições políticas/ideológicas. Pessoalmente creio ser relevante a distinção entre uma ideologia racista e as outras.

Uma das situações (tragicamente) caricatas é assistir à evolução do discurso anti-sionista de expressão árabe para o antisemitismo clássico, profundamente ilustrado com estereótipos racistas vulgares da Europa anterior ao Nazismo e que este elevou à categoria de ideologia do próprio estado alemão, e às suas versões revisionistas.

Curiosamente, quando o tema são os Estados Unidos e/ou Israel, o discurso político da extrema-direita e de certa esquerda anti-americana é muito semelhante.

Possivelmente, também existem semelhanças entre certo discurso anti-árabe/islão por parte de tendências políticas pró-israelitas e o discurso da extrema-direita europeia quando aborda os temas da Imigração e do Islão na Europa.

Mundo confuso, né?

(Pedro Freire de Almeida)

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PIRATARIAS 10

O problema não está resolvido como qualquer pessoa que cá viesse durante a noite tinha ocasião de ver, e o Blogger, apesar das sucessivas afirmações de que corrigiu a pirataria, também ainda não a resolveu. Agora diz-me que vai impedir qualquer nova nota no falso Abrupto e que "tomou posse desse blogue".

O meu dilema está entre não querer conceder aos energúmenos que estão a criar e a reavivar o falso Abrupto e o tempo que me fazem perder a mim e aos outros que gentilmente se têm dedicado a ajudar a acabar com este ataque.

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EARLY MORNING BLOGS
826 - Before Sleep


The lateral vibrations caress me,
They leap and caress me,
They work pathetically in my favour,
They seek my financial good.

She of the spear stands present.
The gods of the underworld attend me, O Annubis,
These are they of thy company.
With a pathetic solicitude they attend me;
Undulant,
Their realm is the lateral courses.


Light!
I am up to follow thee, Pallas.
Up and out of their caresses.
You were gone up as a rocket,
Bending your passages from right to left and from left to right
In the flat projection of a spiral.
The gods of drugged sleep attend me,
Wishing me well;
I am up to follow thee, Pallas.

(Ezra Pound)

*

Bom dia!

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27.7.06


PIRATARIAS 9



O Blogger comunicou-me (às 19.30) que conseguiu finalmente apagar o falso Abrupto. Espero para ver, dado que há dois dias me disse estar o problema resolvido e ele voltou de novo. Se alguém lá for parar pelo genuíno endereço, faça o favor de me comunicar.

Esta questão não está encerrada, porque de facto não está encerrada, mas podem ter a certeza que o que mais desejo é voltar ao business as usual aqui no Abrupto.

NOTA (às 23.30) - O problema continua exactamente na mesma. Obrigada a quem me alertou. A actualização desta nota deve apagà-lo, mas mostra que o Blogger não resolveu o assunto e continuam os ataques contra o Abrupto. Para quem acreditava na "história" de um inocente do outro lado, ele agora mudou de nome de Alex para Mike.

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RETRATOS DO TRABALHO NO PORTO, PORTUGAL



Reparação dos telhados. Igreja de S.Francisco no Porto, há instantes.

(Gil Coelho)

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QUE SEJA BEM CLARO



que acho que Rui Rio tem razão, no essencial, quanto às posições que toma em defesa das instituições e do poder democrático face à arrogância dos poderes fácticos e dos interesses não escrutinados que muitas vezes defendem. Rui Rio é uma enorme raridade na vida política portuguesa e o facto de a minha cidade o ter eleito só pode prestigiar o Porto. Mas exactamente por pensar assim e o ter defendido (na última Quadratura do Círculo) não quer dizer que não considere isto inadmíssivel numa página de uma autarquia.

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PIRATARIAS 8



Para uma discussão (entre outras) da falha do Blogger que permite o ataque ao Abrupto veja-se aqui e aqui. O problema parece estar a ser controlado, mas ainda não está resolvido. Para não facilitar a vida ao autor do ataque e identificá-lo se possível, alguns elementos já existentes não podem nem devem ser divulgados. Mas há fantasmas e fantasmas de fantasmas em acção. Como é habitual neste mundo, nada do que parece é.

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LENDO
VENDO
OUVINDO

ÁTOMOS E BITS

de 27 de Julho de 2006


Vale a pena o artigo de Carlos Gaspar no Público (sem ligação) em defesa de uma intervenção militar da UE no Líbano:
"A União Europeia, desde a crise iraquiana e os referenda negativos do ano passado, entrou numa crise profunda: as divisões internas minaram a sua credibilidade, num momento crucial. A guerra do Líbano e a intervenção militar nesse conflito pode inverter o veredicto iraquiano, quer quanto à decomposição da comunidade transatlântica de defesa, quer quanto à comunidade europeia de defesa. Há três anos, a intervenção dos Estados Unidos no Iraque abriu uma dupla crise da unidade atlântica e da aliança europeia, que está longe de ter sido ultrapassada, sobretudo na opinião pública norte-americana. Hoje, porém, são os Estados Unidos que não querem intervir no Líbano, para não abrir uma segunda frente ou correr o risco de criar um "segundo Iraque", desta vez contra uma minoria xiita. A oportunidade da União Europeia é também uma forma de revelar a sua capacidade para ultrapassar as divisões internas e para resolver uma crise decisiva. Essa demonstração, com a intervenção militar da União Europeia na guerra do Líbano, podia ser o primeiro passo da política europeia de segurança e de defesa, a primeira demonstração de que existe uma vontade política e estratégica europeia para lá das fórmulas opacas e estéreis sobre as virtudes da potência normativa e os valores éticos da União Europeia."

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EARLY MORNING BLOGS
825 - ...obra má de má argila...

E agora o mundo parece-me um imenso montão de ruínas onde a minha alma solitária, como um exilado que erra por entre colunas tombadas, geme, sem descontinuar...

As flores dos meus aposentos murcham e ninguém as renova: toda a luz me parece uma tocha: e quando as minhas amantes vêm, na brancura dos seus penteadores, encostar-se ao meu leito, eu choro - como se avistasse a legião amortalhada das minhas alegrias defuntas...

Sinto-me morrer. Tenho o meu testamento feito. Nele lego os meus milhões ao Demónio; pertencem-lhe; ele que os reclame e que os reparta...

E a vós, homens, lego-vos apenas, sem comentários, estas palavras: «Só sabe bem o pão que dia a dia ganham as nossas mãos: nunca mates o Mandarim!»

E todavia, ao expirar, consola-me prodigiosamente esta ideia: que do norte ao sul e do oeste a leste, desde a Grande Muralha da Tartária até às ondas do mar Amarelo, em todo o vasto Império da China, nenhum mandarim ficaria vivo, se tu, tão facilmente como eu, o pudesses suprimir e herdar-lhe os milhões, ó leitor, criatura improvisada por Deus, obra má de má argila, meu semelhante e meu irmão!

(Eça de Queiroz, O Mandarim)

*

Bom dia!

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26.7.06


PIRATARIAS 7



O problema subsiste com a aparição há cerca de meia-hora, após um dia de calma, do falso Abrupto. Este não tem nada escrito de novo, mas apresenta uma "identidade" americana, certamente para reforçar a "história" que alguns tomam à letra, de um inocente surpreendido com um hacker português, eu, que lhe assalta o blogue. E ele tão preso ao nome de "Abrupto" vá-se lá saber porquê, não quer mudar o endereço, nem percebe o que se passa. Para bot, como alguns "técnicos" diziam, é muito esperto.

A falha é do Blogger, isso já se sabe e o Blogger admite, mas a exploração da falha é feita contra o Abrupto e continua.

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RETRATOS DO TRABALHO EM FEZ, MARROCOS



Tintureiros.

(Diogo Vasconcelos)

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LENDO
VENDO
OUVINDO

ÁTOMOS E BITS

de 26 de Julho de 2006


José Rodrigues dos Santos no telejornal da RTP1 das 20 horas disse as primeiras coisas sensatas aí ditas há muito tempo. São sensatas, evidentes e conhecidas de há muito, mas parecem blasfémias ditas nos noticiários mais anti-americanos e israelitas da televisão portuguesa. Disse que muitos libaneses sentem que o seu país está a ser violado por sírios e iranianos para o usarem para uma guerra estrangeira ao Líbano. Disse que era preciso cuidado com a utilização do termo "civis" porque o Hezbollah era só constituído por civis e que usava casas civis de famílias civis para esconder o armamento. Não é novidade nenhuma e não precisava de ir ao Líbano para nos dizer isto, mas no meio da contínua manipulação das palavras que constitui o grosso das notícias sobre o conflito foi um oásis, mais para o lado do jornalismo do que do "jornalismo de causas".

Relativamente ao seu post comentando a desrição feita por José Rodrigues dos Santos no Telejornal, fiquei também surpreendido pois soava um pouco distante tom habitual dos noticiários nacionais. Aquela descrição, como disse, não trazia de facto nada de novo em termos noticiosos mas causou impacto por ser verdadeira e imparcial!

Outro aspecto que me tem chamado à atenção é a terminologia utilizada pelos jornalistas em relação às tropas Israelitas. Muitas vezes referem-se a elas como as "tropas Judaicas" como se o conflito fosse única e exclusivamente religioso. Parece-me ser terminologia usada de forma deliberada e intencional ou então não ser fruto de qualquer reflexão por parte de quem a utiliza. Esquecem-se, no entanto, de usar os termos "tropas do partido de Deus" quando se referem às tropas do Hezbollah.

(Miguel Castro)
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No BLOGUITICA:
Peço desculpa, mas terão de me explicar como se eu fosse muito burro: a que propósito é que o líder do principal partido político da Oposição vem exigir esclarecimentos públicos sobre a reforma de Manuel Alegre? Trata-se de uma atitude populista que não o dignifica.
Inteiramente de acordo. Há águas turvas em que o peixe que vem à linha está sempre envenenado.

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Todos os números são excelentes para os cientistas, mas nem todos para os amadores. Este é excelente para os curiosos: uma nota muito crítica sobre o PowerPoint, uma série de artigos que levantam a questão do "homem biónico", e um balanço do estado da geologia, "Geology: The start of the world as we know it" (sem ligação).

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FIM DA PIRATARIA?

talvez sim, talvez não.

Vamos ver. O autor do falso Abrupto, que é uma pessoa e não um programa automatizado, passou o dia todo num pingue-pongue com o Abrupto e o Blogger. Ah! e sabe português...

Como estou em trânsito, os detalhes ficam para depois.

PS.[Actualizado] talvez ... ainda não.

Actualização 2 - Cuidado! Não enviar comentários quando o falso Abrupto aparece!

Actualização 3 - Obrigado às muitas pessoas, que nomearei depois, que estão a tentar solucionar o ataque contra o Abrupto. Sim, porque é disso que se trata, basta ver o teatro que está a fazer o pseudo-autor. mimando as queixas genuínas do verdadeiro Abrupto.

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25.7.06


PIRATARIAS 6




Não sei se vão conseguir ver esta nota e durante quanto tempo. Os textos publicados hoje no falso Abrupto deixam poucas dúvidas quanto à intencionalidade do ataque.

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CONTRIBUIÇÕES PARA AS MELHORES OBRAS DE REFERÊNCIA EM PORTUGUÊS



Se continua o levantamento das obras de referência, há ainda duas que não devem ser esquecidas. São ambas do Pe. Francisco Leite de Faria:

- Estudos bibliográficos sobre Damião de Góis e a sua época (Lisboa, SEC, 1977) - uma obra-prima da bibliografia!

- As muitas edições da "Peregrinação" de Fernão Mendes Pinto (Lisboa, Academia Portuguesa da História, 1992).

Não esquecer também dois catálogos monumentais, ambos de 1972 e relativos ao IV Centenário da publicação de Os Lusíadas:

- Catálogo da exposição bibliográfica, iconográfica e medalhística de Camões (da responsabilidade de J. V. de Pina Martins), Lisboa, BN, 1972.

- IV Centenário de Os Lusíadas de Camões (da responsabilidade do Dr. Coimbra Martins), Madrid, Biblioteca Nacional, 1972.

E, já que estamos em Camões, não esquecer ainda duas obras:

- A Colecção Camoniana, de José do Canto.

- o CDRom Camões and the first edition of the Lusiads, 1572,editado por Keneth David Jackson.

(Vasco Graça Moura)

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Já agora

Religiões da Lusitânia, de Leite de Vasconcelos (ou Vasconcellos?) - não tenho comigo o livro

(José Pimentel Teixeira)

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Portugaliae monumenta cartographica [ Material cartográfico / Armando Cortesão, Avelino Teixeira da Mota ; pref. J. Caeiro da Mota

Cartografia e cartógrafos portugueses dos séculos XV e XVI : (contribuição para um estudo completo) / Armando Cortesão

História da cartografia portuguesa / Armando Cortesão

(Isabel Goulão)


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PIRATARIAS 5



Durante a noite o falso Abrupto voltou, de manhã esvaneceu-se. Faz-lhe mal o sol.

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RETRATOS DO TRABALHO EM FEZ, MARROCOS



Curtidor de peles.

(Diogo Vasconcelos)

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EARLY MORNING BLOGS
824 - De la graja y de los pavones.

monesta esta fábula que ninguno deve fazer grandes muestras de cosas agenas, mas que es mejor que de esso poco que tiene, se comporte y componga porque quando lo que no es suyo le fuere quitado no sea en vergüença.

La graja, llena de sobervia, tomando una vana osadía, presumió de se componer y vestir de las plumas de los pavones que halló. E assí mucho guarnecida, menospreciando a sus yguales, ella se entró en la compañía de los pavones, los quales, conociendo que era de su naturaleza, por fuerça le quitaron las plumas y le dieron picadas e la acocearon. E assí, escapando medio muerta e gravemente llagada, avía vergüença, como estava assí destroçada o despedaçada, a su propia generación, donde en el tiempo de su pompa, a muchos de los amigos injurió e menospreció. A la qual se dize que dixo una de su linaje:

-Si tú oviesses amado y estimado estas vestiduras que tu naturaleza te dio, assaz te ovieran abastado, como son d' ellas contentas otras tus semejantes. E assí no padescieras injuria, ni de nosotras fueras lançada y echada, y te fuera buena si bivieras contenta con lo que naturaleza te dava.

El que se ennoblece con lo ajeno, al tiempo que le es quitado queda afrentado


(La vida y fábulas del Ysopo, Valencia, 1520)

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Bom dia!

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24.7.06


O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES: DEZOITO QUILOS DE CREME



Segundo o PortugalDiário de ontem, e em relação a um dos grandes pânicos regularmente cultivados nesta época estival – o cancro da pele e o hábito obviamente suicidário que as sociedades (ocidentais, claro) têm em se expor ao sol – o presidente da Associação Portuguesa do Cancro Cutâneo terá afirmado, sobre a necessidade de protecção solar, que a quantidade ideal de creme a aplicar é, nada mais, nada menos, do que um grama por centímetro quadrado. «É essa a quantidade recomendada», sublinha o dermatologista
Só um pequeno comentário, na sequência de um hábito, também saudável, que é o de fazer contas aos números que com tanto gosto como displicência os senhores jornalistas gostam de nos alarmar:
A superfície média do corpo humano anda por volta dos 1,80 metros quadrados (1,81 para uma pessoa de 70 quilos e 1,70 metros). São portanto 18.000 (DEZOITO MIL) centímetros quadrados. A um grama cada, são DEZOITO QUILOS DE CREME (a aplicar de duas em duas horas se também seguirmos as regras)!

Mesmo descontando as partes não expostas (poucas, como sabemos), convenhamos que é uma bela besuntadela e um excelente negócio para as farmácias e fabricantes. Pode mesmo criar novos postos de trabalho para "carregadores balneários", uma vez que uma família de 4 indivíduos precisará de transportar, para cada duas horas de praia, qualquer coisa como 60 a 80 quilos de cremes. Não imagino com que aspecto ficará uma pessoa depois de aplicar o creme recomendado, mas calculo que não lhe ficaria mal colocar por cima meia dúzia de azeitonas e um raminho de salsa.

Fernando Gomes da Costa (médico)

... E SELECÇÃO NATURAL...


Foi notícia em quase todos os órgãos de informação nacionais que, no passado fim-de-semana, na praia do Magoito, uma pedra de 40 kg caiu, esmagando a perna de um senhor que estava no sítio errado na hora errada.

O caso não seria mais do que um lamentável acidente (não totalmente inesperado para quem, como eu, conhece o sítio), se não se desse o caso de, pouco depois dessa ocorrência, uma equipa de reportagem de TV ter ido ao mesmo local, onde entrevistou pessoas que, segundo declararam com o ar mais natural do mundo, sabiam perfeitamente o perigo que corriam (pois a zona perigosa estava bem assinalada) mas não tencionavam sair dali.

A minha primeira reacção resumiu-se a lamentar a possibilidade de, através dos meus impostos, ter de vir a pagar o transporte e o tratamento de pessoas que agem assim. No entanto, se analisar o assunto em termos de longo prazo, a conclusão já poderá ser optimista:

Sucede que a chamada «selecção natural» (como Darwin tão bem explicou) funciona sempre no sentido da «melhoria das espécies»: as mais fracas (de corpo ou de mente) acabam, a longo prazo, por desaparecer - ou porque são comidas por predadores, ou porque são vítimas de desastres aos quais a sua diminuta inteligência não permite que se furtem.

(C. Medina Ribeiro)

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NOTA SOBRE AS MELHORES OBRAS DE REFERÊNCIA EM PORTUGUÊS



Ainda há um grupo de contribuições a acrescentar às que já foram publicadas. Em função dos contributos recebidos vou fazer uma pequena alteração na proposta inicial - farei uma lista com cinquenta obras de referência, para cobrir as várias áreas de forma equilibrada, por ordem alfabética, e uma lista mais curta de dez, para as obras-primas da erudição nacional, em função do seu carácter exaustivo, qualidade da investigação e utilidade actual. São bem-vindas todas as sugestões, mas a responsabilidade da lista final será minha.

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COISAS DA SÁBADO: A GULBENKIAN

A Gulbenkian é das poucas presenças do Médio Oriente na nossa vida nacional, embora poucos a vejam assim. Gulbenkian era arménio, ou seja um homem de nenhures – pátria errada, religião errada, lado do mundo errado, péssima geografia, boa história, a combinação para o desastre. A Arménia era cristã em terras do Islão, e olhando-se à volta nos anos do fim do império otomano só se encontra esta geografia errada: gregos ortodoxos há centenas de anos vivendo em comunidades sob a égide do Sultão e depois do “Pai dos Turcos”, curdos entre várias possessões e o martelo de Ataturk, iraquianos sunitas e chiitas, a irem parar aos despojos ingleses do império, enquanto relutantemente sírios e libaneses ficavam franceses pelo mais absurdo argumento histórico: tinham sido “franceses” os “reinos” das Cruzadas. E depois o fogo zoarastriano eterno que escorria da terra, entre lamas e betumes, e de que Gulbenkian tirava os seu proverbiais cinco por cento, e nós o verdadeiro Ministério da Cultura que nunca tivemos.

É por tudo isto que a melhor comemoração do aniversário é a exposição sobre a “arte do livro do Oriente para o Ocidente”, que através dos livros da colecção Gulbenkian nos lembra essa origem e essa história entre dois mundos que se conhecem pouco.

NOTA: Livro veneziano do século XVI, com capa ao estilo oriental.

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LENDO
VENDO
OUVINDO

ÁTOMOS E BITS

de 24 de Julho de 2006



Se vem no Cebolinha, o mundo está perdido de todo. E vem, pela voz do Bloguinho que fala internetês. :)!

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Msg d Z e M :)

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RETRATOS DO TRABALHO EM LISBOA, PORTUGAL



Obras em curso no Laboratório Chimico da Universidade de Lisboa. O edifício é, agora, parte do Museu de Ciência da mesma Universidade. Está em curso a recuperação e musealização do único laboratório químico do século XIX ainda existente em Portugal e na Europa Ocidental. Na realidade, os grandes laboratórios químicos universitários da Europa foram sendo sucessivamente remodelados e modernizados enquanto o "nosso" parou, a dado momento, no tempo. O atraso científico do País e a falta de investimento torno-o, agora, um espaço único.

(Vasco Teixeira, Museu de Ciência (MCUL))

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© José Pacheco Pereira
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