ABRUPTO |
semper idem Ano XIII ...M'ESPANTO ÀS VEZES , OUTRAS M'AVERGONHO ... (Sá de Miranda) _________________ correio para jppereira@gmail.com _________________
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7.7.04
EARLY MORNING BLOGS 245
País de la ausencia extraño país, más ligero que ángel y seña sutil, color de alga muerta, color de neblí, con edad de siempre, sin edad feliz. No echa granada, no cría jazmín, y no tiene cielos ni mares de añil. Nombre suyo, nombre, nunca se lo oí, y en país sin nombre me voy a morir. Ni puente ni barca me trajo hasta aquí, no me lo contaron por isla o país. Yo no lo buscaba ni lo descubrí. Parece una fábula que yo me aprendí, sueño de tomar y de desasir. Y es mi patria donde vivir y morir. Me nació de cosas que no son país; de patrias y patrias que tuve y perdí; de las criaturas que yo vi morir; de lo que era mío y se fue de mí. Perdí cordilleras en donde dormí; perdí huertos de oro dulces de vivir; perdí yo las islas de caña y añil, y las sombras de ellos me las vi ceñir y juntas y amantes hacerse país. Guedejas de nieblas sin dorso y cerviz, alientos dormidos me los vi seguir, y en años errantes volverse país, y en país sin nombre me voy a morir. (Gabriela Mistral) * Bom dia! (url) 6.7.04
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O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES: "O SEU PORTUGAL É DIFERENTE DO MEU"
"O seu Portugal é diferente do meu. O seu Portugal é diferente daquele que nestas últimas 3 semanas fez um povo soltar-se e esquecer-se de querelas e rixas políticas. Dito isto, parecerá certamente que sou mais um daqueles jovens que desprezam a política e não estão devidamente alertados para a sua importância. Interesso-me por política, milito num partido e mesmo assim não consigo compreender as suas críticas incessantes contra o futebol. Chego até a perder algum tempo formulando possíveis explicações para tamanho répúdio. Aconselho-o a repensar a sua infância, procurar algum especialista, para ajudá-lo a desembaraçar-se de uma qualquer frustração que o leva a lançar sobre o futebol o anátema de indignidade. Sei que me vai dizer que não, que não é o futebol em si que é indigno, mas sim a atenção excessiva - a seu ver - que merece por parte da comunicação social e especialmente pelo tal "serviço público", como faz questão de notar ou da tão afamada promiscuidade futebol-política. Mas não é só isso. O Sr. não gosta mesmo de futebol. Mas repare, as pessoas já perceberam. Escusa de insistir. Escusa de se lamentar pelo estado pretensamente sub-desenvolvido do país, que para si, se manifesta na paixão desenfreada dos portugueses pelo Futebol. Fale do que sabe. A análise sociológica nunca foi o seu forte. Aposto que terá sido um daqueles que mais torceu para que Portugal perdesse no dia 4. Seja sincero. Não escamoteie a verdade. O que o senhor gosta é de um povo deprimido e enconchado numa realidade pacata e tacanha. Deixe o povo sonhar (o futebol é algo que tende a propiciá-lo). Relembrando agora um artigo seu no Público.. COISAS QUE TÊM QUE (LHE) SER DITAS - Seja coerente. Criticar tudo e todos não é solução. Defina-se. Uma crítica pressupõe a adopção de uma solução contraposta, de um modelo que contrarie o criticado. A continuar assim, arrisca-se a ser comparado ao Miguel Sousa Tavares. Ser sempre do contra não o credibiliza. Procure ser a favor de alguma coisa. (Tanto espírito contestário poderá inclusive ser conotado com um comunismo letárgico ou até com experiências mais radicais, como p. ex., o anarquismo). Não quero que me reveja num qualquer Luís Filipe Menezes (abomino o personagem), mas cumpre perguntar: dê-me o nome de um líder do PSD que não tenha contestado? - Deixe de estudar o comunismo. Acho ridículo. É algo que nunca percebi: um homem que se assume de centro-direita perder tanto tempo a estudar aquilo que mais veementemente critica. Fizesse antes uma biografia séria sobre Sá Carneiro, ao invés daquela que fez sobre Álvaro Cunhal, e teria tido um muito maior reconhecimento. Não sei se se conseque aperceber, mas a esquerda começa a gostar de si. Vê em si um aliado. - Aprenda qualquer coisa com o Lobo Xavier. - Os esoterismos não ficam bem a um homem, para mais ainda, de direita. - Se não sente o país como o resto dos portugueses, não se esforce muito. Não queira ser mais um fleumático incompreendido, por estar "acima do seu tempo". Acredite: não é. " (Tiago Geraldo) (url)
OS NOVOS DESCOBRIMENTOS: O QUE É ISTO?
Não sei. Não se sabe. Ninguém sabe muito bem como interpretar as primeiras imagens do solo de Titã, a Lua de Saturno que parece viva. Gelo puro, parece haver. Lagos de metano, não aparecem. Continua a não se descobrir nenhum líquido fora da terra. Nuvens com uma composição química estranha, moléculas grandes de mais, também há. Água, parece haver, “misturada com outras coisas”, disse um cientista. “Outras coisas”? “Parece um gelado a derreter-se” disse outro. Uma espécie de congelador com as matérias primordiais, disse outro. Magnífico, estamos bem.Sempre a abrir. (url)
EARLY MORNING BLOGS 244
La Fortune et le jeune Enfant Sur le bord d'un puits très profond Dormait étendu de son long Un Enfant alors dans ses classes. Tout est aux Ecoliers couchette et matelas. Un honnête homme en pareil cas Aurait fait un saut de vingt brasses. Près de là tout heureusement La Fortune passa, l'éveilla doucement, Lui disant : Mon mignon, je vous sauve la vie. Soyez une autre fois plus sage, je vous prie. Si vous fussiez tombé, l'on s'en fût pris à moi ; Cependant c'était votre faute. Je vous demande, en bonne foi, Si cette imprudence si haute Provient de mon caprice. Elle part à ces mots. Pour moi, j'approuve son propos. Il n'arrive rien dans le monde Qu'il ne faille qu'elle en réponde. Nous la faisons de tous Echos. Elle est prise à garant de toutes aventures. Est-on sot, étourdi, prend-on mal ses mesures ; On pense en être quitte en accusant son sort : Bref la Fortune a toujours tort. (La Fontaine) * Bom dia! Como diz a fábula: fiem-se na Virgem e não corram... (url) 5.7.04
POBRE PAÍS
o nosso. No dia em que o Primeiro-ministro se demite, e em plena crise política, todos os noticiários da televisão, trinta minutos depois, só falam de futebol. Mastigam e mastigam e mastigam. Particularmente escandaloso no chamado “serviço público”, onde tudo o que é importante para Portugal e o mundo passa envergonhadamente na faixa de baixo a correr. Vai ser bonito ver como vai funcionar a síndrome de abstinência, quando, pela enésima milionésima vez, já não se puder falar de futebol. (url) (url)
O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES
"Segunda-feira perguntem aos jovens que apitam a noite toda por uma vitória num jogo de futebol “o que é Portugal?” Segunda-feira saberemos um pouco menos o que é Portugal." (João Miguel Amaro Correia) * "Decorrente do “essencial e acessório” (é impressionante como estes conceitos todos parecem unir-se num só, mas essa reflexão fica para os filósofos da linguagem) vou referir brevemente o “ser e parecer”. Hoje o que parece é, e um dos exemplos, entre tantos outros que poderia dar, mais gritante deste equívoco na nossa sociedade são os “famosos”. Habituámo-nos a olhar para os famosos como exemplos de algo conquistado, de mérito e esforço, ou do puro “glamour” que justificava a fama daqueles cuja profissão os expunha aos olhos de todos (locutores de televisão, actores, cantores, etc). Hoje é com alguma pena, senão mesmo com desdenhosa indiferença, que olhamos para os “famosos” que a sociedade fabrica. Não são famosos que se impõem por terem conquistado ou feito algo de relevo, não o são por mérito, nem sequer têm “glamour”. São de uma banalidade confrangedora, e em vez de fazerem “sonhar” alto com o seu trabalho, conquista, mérito ou “glamour”, a sua “igualdade” desperta sentimentos baixos de maledicência e inveja. Os famosos por mérito próprio estão nessa amálgama da “fama” que já não faz ninguém sonhar alto. Hoje qualquer pessoa é mediatizada e fabricam-se famosos a uma velocidade alucinante, que também rapidamente caiem no esquecimento. Também aqui a fasquia dos “critérios de qualidade” desce para essa noção de “ficarmos todos mais iguais”. (JPC) (url)
EARLY MORNING BLOGS 244
Sonnet XVI: To the Lord General Cromwell On the proposals of certain ministers at the Committee for Propagation of the Gospel Cromwell, our chief of men, who through a cloud Not of war only, but detractions rude, Guided by faith and matchless fortitude, To peace and truth thy glorious way hast plough'd, And on the neck of crowned Fortune proud Hast rear'd God's trophies, and his work pursu'd, While Darwen stream with blood of Scots imbru'd, And Dunbar field, resounds thy praises loud, And Worcester's laureate wreath; yet much remains To conquer still: peace hath her victories No less renown'd than war. New foes arise Threat'ning to bind our souls with secular chains: Help us to save free Conscience from the paw Of hireling wolves whose gospel is their maw. (Milton) * Bom dia realidade! (url) 4.7.04
ELOGIO DO ALMOCREVE DAS PETAS
Este é o logótipo dos blogues de que eu gosto mais. Não gosto das letras, mas sim do fundo. Que mais me interessa. Que mais me lembra. Quem já viveu em casas antigas reconhece aquele sótão, aquelas paredes, aqueles papéis, aquele ar, aquela poeira que está em cima de tudo. Reconhece o que aquilo é, os restos de vidas outras. Tudo aquilo já teve outro sentido. Já foi novo. Aqueles restos de jornais já foram lidos com interesse. Aqueles restos de mobílias, cadeiras a que falta uma perna, mármores de toucador partidos, camas de ferro enferrujadas, pequenas demais para os gigantescos adolescentes de hoje, espelhos sem espelho. Coisas que não servem, nem ninguém quis deitar fora. Até um dia. Que mais Luz tem naquela luz. Que não me deixa parar de olhar. A Luz é platónica, é a luz da caverna: olhamos mas não vemos nada. Brilha demais. O autor anónimo do Almocreve é um homem “antigo”, percebe-se. Iniciado, percebe-se. Alimentado por aquela Luz, percebe-se. As leituras, percebem-se. O sítio de Lisboa, percebe-se. Os alfarrabistas, percebe-se. Aquela mistura de surrealismo com bibliofilia, percebe-se. Aquela mistura de radicalismo político com memória, percebe-se. O bom observador percebe quase tudo daquele anonimato, mas não interessa. O homem sabe o que é um “almocreve”, sabe o que são “petas” e sabe o que é o “Almocreve das Petas”. E produz uma fala única, uma mistura única, uma leitura única. (url)
ICONOLOGIA DA FUTEBOLÂNDIA (Actualizado)
(Subsídios para um livro da Taschen) 1) A gravata da sorte do Primeiro-ministro. 2) O balneário como local onde se aprisionam os demónios do azar. 3) As meninas a cantarem o “Com uma força” transformado em “come-me à força”. 4) Uma portuguesa segura uma estátua de N. S. de Fátima com um cachecol da selecção. 5) A bandeira com os pagodes chineses. 6) A blusa patriótica da Senhora do Presidente da República. 7) O Presidente a chorar quando entregava as medalhas aos jogadores. (Continua) (url)
O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES : A GRAVATA DO PRIMEIRO MINISTRO, A IDA PARA O BALNEÁRIO DE GILBERTO MADAIL E , PORQUE NÃO, ESCREVER PARA O ABRUPTO
"Se bem me lembro era este o nome de um daqueles primeiros programas revolucionários da SIC, que louvam o realismo emotivo, igualitário e massificador e que, “por junto” e incluindo zapping, não devo ter conseguido ver mais de 5 minutos! Hoje roubo-lhe o título! Como sub-título proponho o “In vain have I struggled” (para citar o herói de Jane Austen in “Pride and Predjudice”). Fica aqui um duplo pedido de perdão: por tornar o Abrupto “cúmplice” dos meus impulsos de irracionalidade, e por tentar explicá-los. Quando da primeira vez que exprimi o desejo de uma vitória futebolística da nossa Selecção numa nota para aí, para além da vontade natural de que ela ocorresse, andava mesmo nauseada com tanto tronco nu de inglês de cerveja na mão. Mas Portugal venceu! Da segunda vez que escrevi para aí essa intenção de vitória, foi “por brincadeira” e ela ia atrelada a uma outra nota. Mas Portugal venceu! Quando me lembrei que dessas duas vezes tinha escrito para aí, e Portugal tinha ganho, disse para comigo: “Não! Não vou ficar presa a essas tretas sem nexo nem objectividade; nem nada nem ninguém tem que aturar tais pseudo-superstições. Não volto a escrever essa intenção!” Repeti esta resolução (só não digo mantra porque é muito palavrosa e devo ter variado os vocábulos) várias vezes, para tentar apaziguar a exaltação emotiva e irracional que é o rasto deixado pelo futebol em nós. Tentei. Mas hoje cedo de manhã, pouco após aquele mágico momento que é o “gathering oneself together”, já só tinha um pensamento e uma preocupação: encontrar oportunidade de, sem vergonha, para aí escrever: Espero que Portugal vença! Porque se, por acaso, Portugal perder, que não seja por eu não ter cumprido o meu “ritual” e não ter exprimido a minha “fé” (até coro ao escrever esta palavra: isto sim, isto é que é pecado!) A irracionalidade venceu! E a vergonha na cara (que nunca está ausente por muito tempo) obrigou-me a estas explicações. " (JPC) (url)
EARLY MORNING BLOGS 243
La fortune de l'Hermaphrodite Les dieux me faisaient naître, et l'on s'informa d'eux Quelle sorte de fruit accroîtrait la famille, Jupiter dit un fils, et Vénus une fille, Mercure l'un et l'autre, et je fus tous les deux. On leur demande encor quel serait mon trépas Saturne d'un lacet, Mars d'un fer me menace, Diane d'une eau trouble, et l'on ne croyait pas Qu'un divers pronostic marquât même disgrâce. Je suis tombé d'un saule à côté d'un étang, Mon poignard dégainé m'a traversé le flanc, J'ai le pied pris dans l'arbre, et la tête dans l'onde. Ô sort dont mon esprit est encore effrayé ! Un poignard, une branche, une eau noire et profonde M'ont en un même temps meurtri, pendu, noyé. (François Tristan L'Hermite) * Bom dia! (url) 3.7.04
TEMPOS NOVOS 3
Estamos em tempos de elevada intoxicação dirigida à comunicação social. Ela é feita por mestres que sabem muito bem o que fazer para obter resultados. Um exemplo: o artigo do Público de hoje intitulado “Santana Apreensivo com Novos Desafios”. Exemplos de “recados” transmitidos com sucesso: "O novo presidente do PSD, Pedro Santana Lopes, reconhece a situação de dificuldade em que se encontra para (eventualmente) formar Governo sob o olhar atento do Presidente da República e para liderar um partido, onde apesar do consenso alargado continua a ser olhado por desconfiança por alguns sectores. Por isso, Santana não quererá hostilizar nenhuma das alas do PSD - a "limpeza" que alguns sociais-democratas previam não deverá concretizar-se. E tem emitido sinais de que está disposto a receber a contribuição de quase todos os lados - leia-se, mesmo do lado dos cavaquistas. (...) O discurso de Santana têm sido o de reconciliação, quando no final da semana passada alguns sectores do PSD começaram por recear que, assim que este chegasse à liderança do partido e formasse Governo, quisesse "correr" com quem no passado o criticou. (...) Fonte próxima do autarca de Lisboa garante que Santana "não fará um Governo de amigos". Não são nada mais que “recados”; não são factos, são frases que fica bem dizer-se e intenções que não se sabe que fundamento têm, ou se têm o significado que lhes é atribuído. Aqui junta-se o wishfull thinking, a suggestio falsi e a interpretação em causa própria – um “recado” com sucesso. (url)
POEIRA DE 3 DE JULHO
Hoje, há quarenta e quatro anos, Kenneth Williams (o actor inglês da série Carry On, “exercises in wholesale vulgarity, adenoidal whinnying and the double entendre”, escrevia um crítico, mas que também representara Ibsen, Shaw, Wilde e fizera uma revista intitulada Partilha a minha alface, boa para o Parque Mayer), limpou o seu apartamento e foi fazer compras. Foi ao talho comprar um bife para o almoço. O talhante olhou para ele e disse: “I think you’re a lot of prime meself, there you are – four & six pence my angel….” Acrescenta Kenneth : “I giggled & felt like a little school girl- It was nice.” * Hoje, há cento e catorze anos, o conde Tolstoy acordou mal-humorado. (a seguir) (url)
OS NOVOS DESCOBRIMENTOS: CIÚMES
("Espírito" observa uma rocha chamada "bread-basket") Onde estás tu? Com que então, distraído com a fresca da Cassini, ainda por cima com o Huygens às costas, que já não nos ligas nenhuma… Nós aqui a trabalhar, a fazer furinhos no deserto, a olhar de perto as pedras, a descer buracos sem saber se somos capazes de subir outra vez, a subir montanhas sem saber se somos capazes de as descer outra vez, e tu corres atrás dos anéis? E em que ficam os dedos? Eu aqui a mexer no “cestinho do pão”. Maledetto, vai lá falar italiano com a Cassini, essa mafiosa meio americana, meio europeia, meio italiana, que nós aqui somos filhas só do Império. (url)
EARLY MORNING BLOGS 242
La Génisse, la Chèvre, et la Brebis, en société avec le Lion La Génisse, la Chèvre, et leur soeur la Brebis, Avec un fier Lion, seigneur du voisinage, Firent société, dit-on, au temps jadis, Et mirent en commun le gain et le dommage. Dans les lacs de la Chèvre un Cerf se trouva pris. Vers ses associés aussitôt elle envoie. Eux venus, le Lion par ses ongles compta, Et dit : "Nous sommes quatre à partager la proie. " Puis en autant de parts le Cerf il dépeça ; Prit pour lui la première en qualité de Sire : "Elle doit être à moi, dit-il ; et la raison, C'est que je m'appelle Lion : A cela l'on n'a rien à dire. La seconde, par droit, me doit échoir encor : Ce droit, vous le savez, c'est le droit du plus fort Comme le plus vaillant, je prétends la troisième. Si quelqu'une de vous touche à la quatrième, Je l'étranglerai tout d'abord. " (La Fontaine) * Bom dia à "la Génisse, la Chèvre, et la Brebis"! Cuidado com o Leão! (url)
TEMPOS NOVOS 2
Se se confirmar o desmentido categórico de Cavaco Silva ao Expresso (que ouvi referido no programa Expresso da Meia Noite) de que teria feito qualquer declaração de apoio a Santana Lopes, estamos perante um segundo exemplo da desinformação ocorrida ontem. Coordenada, organizada e intencional, destinada a obter efeitos políticos imediatos. A reforçar o sentimento de inevitabilidade, a desmoralizar e confundir. Alguém está a “trabalhar” a “informação” muito a sério. Insisto. Está na altura dos jornalistas fazerem aquilo que sempre disseram que fariam quando as suas "fontes" deliberadamente mentem: denunciar os seus nomes. (url)
OS NOVOS DESCOBRIMENTOS: CORNUCÓPIA
da abundância. Vale a pena ir quase de hora a hora aqui , para ver as fotografias, os gráficos, os mapas, que jorram das antenas da Cassini para a terra sobre esse mundo complexo que é Saturno. Anéis, falhas nos anéis, pequenos satélites quase invisíveis ( pontinhos que se deslocam com nomes da mitologia grega), cores verdadeiras, filtros, etc., etc. A ciência planetária a dar passos de Atlas. (url) 2.7.04
TEMPOS NOVOS
Como se viu com a forma como foi "relatada" aos jornalistas a intervenção e o voto de Manuela Ferreira Leite no Conselho Nacional, já se percebeu como está a funcionar uma estratégia de "informação", ou seja, uma central de desinformação. Coordenada, organizada e intencional, destinada a obter efeitos políticos imediatos. Os jornais foram manipulados para contarem mentiras. Manuela Ferreira Leite nem pediu desculpas, nem votou Santana Lopes. Está na altura dos jornalistas fazerem aquilo que sempre disseram que fariam quando as suas "fontes" deliberadamente mentem: denunciar os seus nomes. (url) Guillaume Vogels (url)
EARLY MORNING BLOGS 241
THE ROAD AND THE END I SHALL foot it Down the roadway in the dusk, Where shapes of hunger wander And the fugitives of pain go by. I shall foot it In the silence of the morning, See the night slur into dawn, Hear the slow great winds arise Where tall trees flank the way And shoulder toward the sky. The broken boulders by the road Shall not commemorate my ruin. Regret shall be the gravel under foot. I shall watch for Slim birds swift of wing That go where wind and ranks of thunder Drive the wild processionals of rain. The dust of the traveled road Shall touch my hands and face. (Carl Sandburg) * Bom dia! (url) 1.7.04
ARTIGO DO PÚBLICO
Para quem me pediu uma ligação, visto que não existe na edição diária do jornal, está aqui. (url)
OS NOVOS DESCOBRIMENTOS: RENDA
Chegou e começou a ver a renda de que somos feitos. Fotografia de hoje, não editada, de parte dos anéis de Saturno feita pela sonda Cassini. Hoje. (url)
VERSÃO PORTUGUESA DA FÁBULA DE LA FONTAINE DOS EARLY MORNING BLOGS DE HOJE
Versão da fábula “Os ratos reunidos em conselho” de João de Deus Ramos, enviada por Rui Fonseca: Algures, entre muitos gatos Um havia Que era, segundo a fama que corria, O mais temido caçador de ratos. Focinho de arreganho, De grande rabo E de eriçado pelo, Para o murganho Vê-lo, Era do diabo!.... Nenhum rato caía na tolice De sair, sem cautela, do buraco, Por mais fraco Que o estômago sentisse. Não, porque ele era o espectro, era a tortura Que rala, que aniquila, que consome! Ele era a fome E a sepultura! O caçador, porém, não era monge; E numa linda noite de luar Soube-se no lugar Que andava longe… Então, (Vejam aqui os homens neste espelho Como eles, fúteis, tantas vezes são) Os ratos reuniram em conselho. Diziam: - Isto assim não pode ser; Antes a morte que tal sorte: Passar dias e dias sem comer! E logo alvitrou um, com alvoroço: -Sabem o que é preciso? É pôr-lhe um guiso Ao pescoço… Com um guiso ele próprio nos previne… Muito embora no chão se agache e roje, Ao menor movimento o guiso tine, E a gente foge… -Bravo! - gritaram todos – muito bem! É assim mesmo! Assim! Mas quem há-de ir atar o laço? Quem? Eu não, que não sou tolo! – afirmou um. Nem eu – disse outro. E enfim, Não foi nenhum. Há destes casos neste mundo a rodos; Se é preciso coragem numa acção, Todos concordam, ninguém diz que não, Mas chegado o momento, faltam todos! (url)
PÉTALA
Jessie Gordon, o título da pintura é este poema chinês anónimo: You let fall in the dust The red tulip I gave you I picked it up It became white In that brief moment It snowed on our love. (url)
POBRE PAÍS
o nosso, tão parecido com aquele a que Unamuno se dirigia falando do Quixote: "Esto es una miseria, una completa miseria. A nadie le importa nada de nada. Y cuando alguno trata de agitar aisladamente este o aquel problema, una u otra cuestión, se lo atribuyen o a negocio o a afán de notoriedad y ansia de singularizarse. No se comprende aquí ya ni la locura. Hasta del loco creen y dicen que lo será por tenerle su cuenta y razón. Lo de la razón de la sinrazón es ya un hecho para estos miserables. Si nuestro señor Don Quijote resucitara y volviese a esta su España andarían buscándole una segunda intención a sus nobles desvaríos buscándole una segunda intención a sus nobles desvaríos. Si uno denuncia un abuso, persigue la injusticia, fustiga la ramplonería, se preguntan los esclavos: ¿qué irá buscando en eso? ¿A qué aspira? Unas veces creen y dicen que lo hace para que le tapen la boca con oro; otras que es por ruines sentimientos y bajas pasiones de vengativo o envidioso; otras que lo hace no más sino por meter ruido y que de él se hable, por vanagloria; otras que lo hacen por divertirse y pasar el tiempo, por deporte. ¡Lástima grande que a tan pocos les dé por deportes semejantes!. Fíjate y observa. Ante un acto cualquiera de generosidad, de heroísmo, de locura, a todos esos estúpidos bachilleres, curas y barberos de hoy no se les ocurre sino preguntarse: ¿por qué lo hará? Y en cuanto creen haber descubierto la razón del acto -sea o no la que ellos se suponen- se dice: ¡bah!, lo ha hecho por esto o por lo otro. En cuanto una cosa tiene razón de ser y ellos la conocen perdió todo su valor la cosa. Para eso les sirve la lógica, la cochina lógica." Duas coisas mais. Dedico este texto à Teresa Gouveia, que não sofre de acédia e que mostra uma coisa interessante nesta crise – as mulheres são mais tesas que os homens. A segunda é que está tudo no Quixote, o livro onde mais se aprende de cada vez que se lê, mil vezes que se tenha lido. (url)
OS NOVOS DESCOBRIMENTOS: CHEGOU
a sonda Cassini com o módulo Huygens às costas, a Saturno. Está a 1.5 biliões de quilómetros da terra. É obra. * "É perturbante a sua preferencia pela NASA e o seu desprezo pelo que a ESA faz neste campo. Bem sei que o proprio Pacheco Pereira ja louvou a capacidade de inspirar da NASA e criticou o suposto cinzentismo europeu. Mas agora que a missao Cassini-Huyghens esta a chegar ao seu ponto culminante, espero que a fundamental participacao da ESA nesta missao tenha o devido destaque Vem isto acerca do seu do seu post de 23/06, 9:03, "Andar com a cabeca no ar", onde fornece uma serie de links bem interessantes para varias missoes da NASA. Noto que nao parece conhecer este link. Recomendo-lhe que leia os links acerca das seguintes missoes: SOHO e Ulysses: estas 2 missoes revolucinaram o estudo do Sol pode ser entusiasmante ver robots em Marte, mas a ciencia que saiu desta missoes cinzentas nao tem paralelo Giotto: ja completada, foi uma das mais bem sucedidas missoes "deep space", com varios encontros proximos com cometas Rosetta: vai tentar arpoar e pousar - sim, isso mesmo - num cometa Estas 2 missoe sao o melhor em estudo dos cometas, e em pilotagem! Ninguem pode dizer que a ESA nao tem missoes espectaculares. Mars e Venus Express - Uma ja esta em Marte, a outra seguira para Venus. Usam como base o desenho da Rosetta, e fazem muita ciencia E finalmente a missao NASA/ESA Cassini-Huygens, que vai atingir o ponto culminante quando o modulo Huygens tentar pousar en Tita. Esperemos que tudo corra bem!" (Nuno Anjos) * "Venho fazer um reparo a um dado escrito no "Abrupto". Está escrito que "a sonda Cassini com o módulo Huygens [...] Está a 1.5 biliões de quilómetros da terra." Isso, escrito em português, ou francês - seria igual, - não está correcto. Em inglês, sim estaria correcto. De facto, tomando as distâncias da Terra e de Saturno ao Sol, mais especificamente o semi-eixo maior das elipses que constituem as suas órbitas, com valores, respectivamente, 1427 e 149.6 milhões de quilómetros, segue-se que as distâncias mínima e máxima da Terra a Saturno são, aproximandamente, 1427 - 149.6 = 1277,4 milhões de quilómetros 1427 + 149.6 = 1576,6 milhões de quilómetros Ora, em francês ou português, um bilião é um milhão de milhões, pelo que é incorrecto simplificar o segundo resultado para 1,5 biliões de quilómetros. Já entre os anglo-saxónicos, um "billion" é um milhar de milhões (a que os franceses chamam "milliard"). Conclusão: ao fazer traduções de grandes números há que ter atenção a esta diferença, para não introduzir um factor mil, espúrio." (Ana N.) (url)
EARLY MORNING BLOGS 240
Conseil tenu par les Rats Un Chat, nommé Rodilardus Faisait des Rats telle déconfiture Que l'on n'en voyait presque plus, Tant il en avait mis dedans la sépulture. Le peu qu'il en restait, n'osant quitter son trou, Ne trouvait à manger que le quart de son sou, Et Rodilard passait, chez la gent misérable, Non pour un Chat, mais pour un Diable. Or un jour qu'au haut et au loin Le galant alla chercher femme, Pendant tout le sabbat qu'il fit avec sa Dame, Le demeurant des Rats tint chapitre en un coin Sur la nécessité présente. Dès l'abord, leur Doyen, personne fort prudente, Opina qu'il fallait, et plus tôt que plus tard, Attacher un grelot au cou de Rodilard ; Qu'ainsi, quand il irait en guerre, De sa marche avertis, ils s'enfuiraient en terre ; Qu'il n'y savait que ce moyen. Chacun fut de l'avis de Monsieur le Doyen, Chose ne leur parut à tous plus salutaire. La difficulté fut d'attacher le grelot. L'un dit : "Je n'y vas point, je ne suis pas si sot"; L'autre : "Je ne saurais."Si bien que sans rien faire On se quitta. J'ai maints Chapitres vus, Qui pour néant se sont ainsi tenus ; Chapitres, non de Rats, mais Chapitres de Moines, Voire chapitres de Chanoines. Ne faut-il que délibérer, La Cour en Conseillers foisonne ; Est-il besoin d'exécuter, L'on ne rencontre plus personne. (La Fontaine) * Bom dia! (url)
© José Pacheco Pereira
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