ABRUPTO

6.7.04


O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES: "O SEU PORTUGAL É DIFERENTE DO MEU"

"O seu Portugal é diferente do meu. O seu Portugal é diferente daquele que nestas últimas 3 semanas fez um povo soltar-se e esquecer-se de querelas e rixas políticas. Dito isto, parecerá certamente que sou mais um daqueles jovens que desprezam a política e não estão devidamente alertados para a sua importância. Interesso-me por política, milito num partido e mesmo assim não consigo compreender as suas críticas incessantes contra o futebol. Chego até a perder algum tempo formulando possíveis explicações para tamanho répúdio. Aconselho-o a repensar a sua infância, procurar algum especialista, para ajudá-lo a desembaraçar-se de uma qualquer frustração que o leva a lançar sobre o futebol o anátema de indignidade. Sei que me vai dizer que não, que não é o futebol em si que é indigno, mas sim a atenção excessiva - a seu ver - que merece por parte da comunicação social e especialmente pelo tal "serviço público", como faz questão de notar ou da tão afamada promiscuidade futebol-política. Mas não é só isso. O Sr. não gosta mesmo de futebol. Mas repare, as pessoas já perceberam. Escusa de insistir. Escusa de se lamentar pelo estado pretensamente sub-desenvolvido do país, que para si, se manifesta na paixão desenfreada dos portugueses pelo Futebol. Fale do que sabe. A análise sociológica nunca foi o seu forte.
Aposto que terá sido um daqueles que mais torceu para que Portugal perdesse no dia 4. Seja sincero. Não escamoteie a verdade. O que o senhor gosta é de um povo deprimido e enconchado numa realidade pacata e tacanha. Deixe o povo sonhar (o futebol é algo que tende a propiciá-lo).

Relembrando agora um artigo seu no Público.. COISAS QUE TÊM QUE (LHE) SER DITAS

- Seja coerente. Criticar tudo e todos não é solução. Defina-se. Uma crítica pressupõe a adopção de uma solução contraposta, de um modelo que contrarie o criticado. A continuar assim, arrisca-se a ser comparado ao Miguel Sousa Tavares. Ser sempre do contra não o credibiliza. Procure ser a favor de alguma coisa. (Tanto espírito contestário poderá inclusive ser conotado com um comunismo letárgico ou até com experiências mais radicais, como p. ex., o anarquismo). Não quero que me reveja num qualquer Luís Filipe Menezes (abomino o personagem), mas cumpre perguntar: dê-me o nome de um líder do PSD que não tenha contestado?

- Deixe de estudar o comunismo. Acho ridículo. É algo que nunca percebi: um homem que se assume de centro-direita perder tanto tempo a estudar aquilo que mais veementemente critica. Fizesse antes uma biografia séria sobre Sá Carneiro, ao invés daquela que fez sobre Álvaro Cunhal, e teria tido um muito maior reconhecimento. Não sei se se conseque aperceber, mas a esquerda começa a gostar de si. Vê em si um aliado.

- Aprenda qualquer coisa com o Lobo Xavier.

- Os esoterismos não ficam bem a um homem, para mais ainda, de direita.

- Se não sente o país como o resto dos portugueses, não se esforce muito. Não queira ser mais um fleumático incompreendido, por estar "acima do seu tempo". Acredite: não é. "

(Tiago Geraldo)

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© José Pacheco Pereira
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