ABRUPTO

3.7.04


TEMPOS NOVOS 3

Estamos em tempos de elevada intoxicação dirigida à comunicação social. Ela é feita por mestres que sabem muito bem o que fazer para obter resultados. Um exemplo: o artigo do Público de hoje intitulado Santana Apreensivo com Novos Desafios. Exemplos de “recados” transmitidos com sucesso:

"O novo presidente do PSD, Pedro Santana Lopes, reconhece a situação de dificuldade em que se encontra para (eventualmente) formar Governo sob o olhar atento do Presidente da República e para liderar um partido, onde apesar do consenso alargado continua a ser olhado por desconfiança por alguns sectores. Por isso, Santana não quererá hostilizar nenhuma das alas do PSD - a "limpeza" que alguns sociais-democratas previam não deverá concretizar-se. E tem emitido sinais de que está disposto a receber a contribuição de quase todos os lados - leia-se, mesmo do lado dos cavaquistas.
(...)
O discurso de Santana têm sido o de reconciliação, quando no final da semana passada alguns sectores do PSD começaram por recear que, assim que este chegasse à liderança do partido e formasse Governo, quisesse "correr" com quem no passado o criticou.
(...)
Fonte próxima do autarca de Lisboa garante que Santana "não fará um Governo de amigos".


Não são nada mais que “recados”; não são factos, são frases que fica bem dizer-se e intenções que não se sabe que fundamento têm, ou se têm o significado que lhes é atribuído. Aqui junta-se o wishfull thinking, a suggestio falsi e a interpretação em causa própria – um “recado” com sucesso.

(url)


POEIRA DE 3 DE JULHO

Hoje, há quarenta e quatro anos, Kenneth Williams (o actor inglês da série Carry On, “exercises in wholesale vulgarity, adenoidal whinnying and the double entendre”, escrevia um crítico, mas que também representara Ibsen, Shaw, Wilde e fizera uma revista intitulada Partilha a minha alface, boa para o Parque Mayer), limpou o seu apartamento e foi fazer compras.

Foi ao talho comprar um bife para o almoço. O talhante olhou para ele e disse: “I think you’re a lot of prime meself, there you are – four & six pence my angel….” Acrescenta Kenneth : “I giggled & felt like a little school girl- It was nice.

*

Hoje, há cento e catorze anos, o conde Tolstoy acordou mal-humorado.

(a seguir)


(url)


OS NOVOS DESCOBRIMENTOS: CIÚMES


("Espírito" observa uma rocha chamada "bread-basket")

Onde estás tu? Com que então, distraído com a fresca da Cassini, ainda por cima com o Huygens às costas, que já não nos ligas nenhuma… Nós aqui a trabalhar, a fazer furinhos no deserto, a olhar de perto as pedras, a descer buracos sem saber se somos capazes de subir outra vez, a subir montanhas sem saber se somos capazes de as descer outra vez, e tu corres atrás dos anéis? E em que ficam os dedos? Eu aqui a mexer no “cestinho do pão”. Maledetto, vai lá falar italiano com a Cassini, essa mafiosa meio americana, meio europeia, meio italiana, que nós aqui somos filhas só do Império.

(url)


EARLY MORNING BLOGS 242

La Génisse, la Chèvre, et la Brebis, en société avec le Lion


La Génisse, la Chèvre, et leur soeur la Brebis,
Avec un fier Lion, seigneur du voisinage,
Firent société, dit-on, au temps jadis,
Et mirent en commun le gain et le dommage.
Dans les lacs de la Chèvre un Cerf se trouva pris.
Vers ses associés aussitôt elle envoie.
Eux venus, le Lion par ses ongles compta,
Et dit : "Nous sommes quatre à partager la proie. "
Puis en autant de parts le Cerf il dépeça ;
Prit pour lui la première en qualité de Sire :
"Elle doit être à moi, dit-il ; et la raison,
C'est que je m'appelle Lion :
A cela l'on n'a rien à dire.
La seconde, par droit, me doit échoir encor :
Ce droit, vous le savez, c'est le droit du plus fort
Comme le plus vaillant, je prétends la troisième.
Si quelqu'une de vous touche à la quatrième,
Je l'étranglerai tout d'abord. "


(La Fontaine)

*

Bom dia à "la Génisse, la Chèvre, et la Brebis"! Cuidado com o Leão!

(url)


TEMPOS NOVOS 2

Se se confirmar o desmentido categórico de Cavaco Silva ao Expresso (que ouvi referido no programa Expresso da Meia Noite) de que teria feito qualquer declaração de apoio a Santana Lopes, estamos perante um segundo exemplo da desinformação ocorrida ontem. Coordenada, organizada e intencional, destinada a obter efeitos políticos imediatos. A reforçar o sentimento de inevitabilidade, a desmoralizar e confundir. Alguém está a “trabalhar” a “informação” muito a sério.

Insisto. Está na altura dos jornalistas fazerem aquilo que sempre disseram que fariam quando as suas "fontes" deliberadamente mentem: denunciar os seus nomes.

(url)


OS NOVOS DESCOBRIMENTOS: CORNUCÓPIA





da abundância.

Vale a pena ir quase de hora a hora aqui , para ver as fotografias, os gráficos, os mapas, que jorram das antenas da Cassini para a terra sobre esse mundo complexo que é Saturno. Anéis, falhas nos anéis, pequenos satélites quase invisíveis ( pontinhos que se deslocam com nomes da mitologia grega), cores verdadeiras, filtros, etc., etc. A ciência planetária a dar passos de Atlas.

(url)

2.7.04


TEMPOS NOVOS

Como se viu com a forma como foi "relatada" aos jornalistas a intervenção e o voto de Manuela Ferreira Leite no Conselho Nacional, já se percebeu como está a funcionar uma estratégia de "informação", ou seja, uma central de desinformação. Coordenada, organizada e intencional, destinada a obter efeitos políticos imediatos. Os jornais foram manipulados para contarem mentiras. Manuela Ferreira Leite nem pediu desculpas, nem votou Santana Lopes.

Está na altura dos jornalistas fazerem aquilo que sempre disseram que fariam quando as suas "fontes" deliberadamente mentem: denunciar os seus nomes.

(url)



Guillaume Vogels

(url)


EARLY MORNING BLOGS 241

THE ROAD AND THE END


I SHALL foot it
Down the roadway in the dusk,
Where shapes of hunger wander
And the fugitives of pain go by.
I shall foot it
In the silence of the morning,
See the night slur into dawn,
Hear the slow great winds arise
Where tall trees flank the way
And shoulder toward the sky.

The broken boulders by the road
Shall not commemorate my ruin.
Regret shall be the gravel under foot.
I shall watch for
Slim birds swift of wing
That go where wind and ranks of thunder
Drive the wild processionals of rain.

The dust of the traveled road
Shall touch my hands and face.


(Carl Sandburg)

*

Bom dia!

(url)

1.7.04


ARTIGO DO PÚBLICO

Para quem me pediu uma ligação, visto que não existe na edição diária do jornal, está aqui.

(url)


OS NOVOS DESCOBRIMENTOS: RENDA


Chegou e começou a ver a renda de que somos feitos.
Fotografia de hoje, não editada, de parte dos anéis de Saturno feita pela sonda Cassini.
Hoje.

(url)


VERSÃO PORTUGUESA DA FÁBULA DE LA FONTAINE DOS EARLY MORNING BLOGS DE HOJE

Versão da fábula “Os ratos reunidos em conselho” de João de Deus Ramos, enviada por Rui Fonseca:

Algures, entre muitos gatos
Um havia
Que era, segundo a fama que corria,
O mais temido caçador de ratos.

Focinho de arreganho,
De grande rabo
E de eriçado pelo,
Para o murganho
Vê-lo,
Era do diabo!....

Nenhum rato caía na tolice
De sair, sem cautela, do buraco,
Por mais fraco
Que o estômago sentisse.

Não, porque ele era o espectro, era a tortura
Que rala, que aniquila, que consome!
Ele era a fome
E a sepultura!

O caçador, porém, não era monge;
E numa linda noite de luar
Soube-se no lugar
Que andava longe…

Então,
(Vejam aqui os homens neste espelho
Como eles, fúteis, tantas vezes são)
Os ratos reuniram em conselho.

Diziam: - Isto assim não pode ser;
Antes a morte que tal sorte:
Passar dias e dias sem comer!

E logo alvitrou um, com alvoroço:
-Sabem o que é preciso?
É pôr-lhe um guiso
Ao pescoço…
Com um guiso ele próprio nos previne…
Muito embora no chão se agache e roje,
Ao menor movimento o guiso tine,
E a gente foge…

-Bravo! - gritaram todos – muito bem!
É assim mesmo! Assim!
Mas quem há-de ir atar o laço? Quem?

Eu não, que não sou tolo! – afirmou um.
Nem eu – disse outro. E enfim,
Não foi nenhum.

Há destes casos neste mundo a rodos;
Se é preciso coragem numa acção,
Todos concordam, ninguém diz que não,
Mas chegado o momento, faltam todos!


(url)


PÉTALA


Jessie Gordon, o título da pintura é este poema chinês anónimo:

You let fall in the dust
The red tulip I gave you
I picked it up
It became white
In that brief moment
It snowed on our love.

(url)


POBRE PAÍS

o nosso, tão parecido com aquele a que Unamuno se dirigia falando do Quixote:

"Esto es una miseria, una completa miseria. A nadie le importa nada de nada. Y cuando alguno trata de agitar aisladamente este o aquel problema, una u otra cuestión, se lo atribuyen o a negocio o a afán de notoriedad y ansia de singularizarse.
No se comprende aquí ya ni la locura. Hasta del loco creen y dicen que lo será por tenerle su cuenta y razón. Lo de la razón de la sinrazón es ya un hecho para estos miserables. Si nuestro señor Don Quijote resucitara y volviese a esta su España andarían buscándole una segunda intención a sus nobles desvaríos buscándole una segunda intención a sus nobles desvaríos. Si uno denuncia un abuso, persigue la injusticia, fustiga la ramplonería, se preguntan los esclavos: ¿qué irá buscando en eso? ¿A qué aspira? Unas veces creen y dicen que lo hace para que le tapen la boca con oro; otras que es por ruines sentimientos y bajas pasiones de vengativo o envidioso; otras que lo hace no más sino por meter ruido y que de él se hable, por vanagloria; otras que lo hacen por divertirse y pasar el tiempo, por deporte. ¡Lástima grande que a tan pocos les dé por deportes semejantes!.

Fíjate y observa. Ante un acto cualquiera de generosidad, de heroísmo, de locura, a todos esos estúpidos bachilleres, curas y barberos de hoy no se les ocurre sino preguntarse: ¿por qué lo hará? Y en cuanto creen haber descubierto la razón del acto -sea o no la que ellos se suponen- se dice: ¡bah!, lo ha hecho por esto o por lo otro. En cuanto una cosa tiene razón de ser y ellos la conocen perdió todo su valor la cosa. Para eso les sirve la lógica, la cochina lógica."


Duas coisas mais. Dedico este texto à Teresa Gouveia, que não sofre de acédia e que mostra uma coisa interessante nesta crise – as mulheres são mais tesas que os homens.
A segunda é que está tudo no Quixote, o livro onde mais se aprende de cada vez que se lê, mil vezes que se tenha lido.

(url)


OS NOVOS DESCOBRIMENTOS: CHEGOU

a sonda Cassini com o módulo Huygens às costas, a Saturno. Está a 1.5 biliões de quilómetros da terra. É obra.

*

"É perturbante a sua preferencia pela NASA e o seu desprezo pelo que a ESA faz neste campo. Bem sei que o proprio Pacheco Pereira ja louvou a capacidade de inspirar da NASA e criticou o suposto cinzentismo europeu. Mas agora que a missao Cassini-Huyghens esta a chegar ao seu ponto culminante, espero que a fundamental participacao da ESA nesta missao tenha o devido destaque Vem isto acerca do seu do seu post de 23/06, 9:03, "Andar com a cabeca no ar", onde fornece uma serie de links bem interessantes para varias missoes da NASA. Noto que nao parece conhecer este link.

Recomendo-lhe que leia os links acerca das seguintes missoes:

SOHO e Ulysses: estas 2 missoes revolucinaram o estudo do Sol pode ser entusiasmante ver robots em Marte, mas a ciencia que saiu desta missoes cinzentas nao tem paralelo
Giotto: ja completada, foi uma das mais bem sucedidas missoes "deep space", com varios encontros proximos com cometas
Rosetta: vai tentar arpoar e pousar - sim, isso mesmo - num cometa Estas 2 missoe sao o melhor em estudo dos cometas, e em pilotagem! Ninguem pode dizer que a ESA nao tem missoes espectaculares.

Mars e Venus Express - Uma ja esta em Marte, a outra seguira para Venus. Usam como base o desenho da Rosetta, e fazem muita ciencia

E finalmente a missao NASA/ESA Cassini-Huygens, que vai atingir o ponto culminante quando o modulo Huygens tentar pousar en Tita. Esperemos que tudo corra bem!
"

(Nuno Anjos)

*

"Venho fazer um reparo a um dado escrito no "Abrupto". Está escrito que "a sonda Cassini com o módulo Huygens [...] Está a 1.5 biliões de quilómetros da terra." Isso, escrito em português, ou francês - seria igual, - não está correcto. Em inglês, sim estaria correcto.

De facto, tomando as distâncias da Terra e de Saturno ao Sol, mais especificamente o semi-eixo maior das elipses que constituem as suas órbitas, com valores, respectivamente, 1427 e 149.6 milhões de quilómetros, segue-se que as distâncias mínima e máxima da Terra a Saturno são, aproximandamente,

1427 - 149.6 = 1277,4 milhões de quilómetros
1427 + 149.6 = 1576,6 milhões de quilómetros

Ora, em francês ou português, um bilião é um milhão de milhões, pelo que é incorrecto simplificar o segundo resultado para 1,5 biliões de quilómetros. Já entre os anglo-saxónicos, um "billion" é um milhar de milhões (a que os franceses chamam "milliard").

Conclusão: ao fazer traduções de grandes números há que ter atenção a esta diferença, para não introduzir um factor mil, espúrio.
"

(Ana N.)


(url)


EARLY MORNING BLOGS 240

Conseil tenu par les Rats


Un Chat, nommé Rodilardus
Faisait des Rats telle déconfiture
Que l'on n'en voyait presque plus,
Tant il en avait mis dedans la sépulture.
Le peu qu'il en restait, n'osant quitter son trou,
Ne trouvait à manger que le quart de son sou,
Et Rodilard passait, chez la gent misérable,
Non pour un Chat, mais pour un Diable.
Or un jour qu'au haut et au loin
Le galant alla chercher femme,
Pendant tout le sabbat qu'il fit avec sa Dame,
Le demeurant des Rats tint chapitre en un coin
Sur la nécessité présente.
Dès l'abord, leur Doyen, personne fort prudente,
Opina qu'il fallait, et plus tôt que plus tard,
Attacher un grelot au cou de Rodilard ;
Qu'ainsi, quand il irait en guerre,
De sa marche avertis, ils s'enfuiraient en terre ;
Qu'il n'y savait que ce moyen.
Chacun fut de l'avis de Monsieur le Doyen,
Chose ne leur parut à tous plus salutaire.
La difficulté fut d'attacher le grelot.
L'un dit : "Je n'y vas point, je ne suis pas si sot";
L'autre : "Je ne saurais."Si bien que sans rien faire
On se quitta. J'ai maints Chapitres vus,
Qui pour néant se sont ainsi tenus ;
Chapitres, non de Rats, mais Chapitres de Moines,
Voire chapitres de Chanoines.
Ne faut-il que délibérer,
La Cour en Conseillers foisonne ;
Est-il besoin d'exécuter,
L'on ne rencontre plus personne.


(La Fontaine)

*

Bom dia!

(url)

30.6.04


ESTUDOS SOBRE O COMUNISMO

em actualização.

(url)


EFEITOS

Um dos efeitos induzidos do populismo é a deserção do centro político. Porque é difícil, porque dá trabalho, porque não dá votos, porque não brilha na televisão, porque não estou para me aborrecer com esses miúdos, porque tenho mais que fazer, porque isto já não tem salvação, porque é o que as pessoas querem, porque não vale a pena fazer nada, porque …

Passaremos a ter um combate entre o Bloco de Esquerda e o Bloco de Direita. É a luta final…

(url)


OS NOVOS DESCOBRIMENTOS: DE NOVO, A BELEZA



Na NASA alguém falou de "peaceful beauty" a pretexto deste planeta, na sua glória e esplendor. Olha-se para a fotografia, da sonda Cassini que chega hoje a Saturno, e vê-se o silêncio, o movimento perfeito dos gases, a matemática da lei dos grandes números a domar o caos, num equilibrio quase impossível. O Sol come uma parte da esfera e dos anéis com a sua sombra. Tudo parece frio e silencioso, exceptuando essa pequena máquina humana, rugosa e eriçada de antenas, que está a colocar-se para nos dar, aos nossos olhos, mais um pouco da beleza do mundo.

(url)


DEPOIS DO EARLY MORNING, DOIS EARLY MORNING, OU UMA CANÇÃO DE MISS ELLA PARA REFRIGÉRIO DAS ALMAS PREOCUPADAS

Não resisto. Estou à procura do tom certo para o artigo do Público. Difícil. Difícil. Não é a falta de tema, é a abundância de tema. O tom. O difícil é o tom. Inspiração em Miss Ella Fitzgerald. Está tudo aqui:

Gather 'round me, everybody
Gather 'round me, while I preach some
Feel a sermon coming on here
The topic will be sin
And that's what I'm agin'
If you wanna hear my story
Then settle back and just sit tight
While I start reviewing
The attitude of doing right

You got to ac-cent-tchu-ate the positive
E-lim-i-nate the negative
And latch on to the affirmative
Don't mess with mister inbetween

You got to spread joy up to the maximum
Bring gloom down to the minimum
And have faith, or pandemonium
Liable to walk upon the scene

To illustrate my last remark
Jonah in the whale, Noah in the ark,
What did they do, just when everything looked so dark?
Man, they said, we better

Ac-cent-tchu-ate the positive
E-lim-i-nate the negative
And latch on to the affirmative
Don't mess with mister inbetween


Pois é. E o tom? Já sei que “The topic will be sin”. Atitude, a de “doing right”. Bem vistas as coisas, o mundo não acaba amanhã. E se calhar temos mesmo que ter a lição colectiva de que “a prova do pudim está em comê-lo”. Vai ficar caro, o pudim… “have faith, or pandemonium”. Pandemonium, mais provavelmente. Pandemonium, grande palavra. Tudo à solta. Noé na arca, Jonas dentro da baleia.

You got to ac-cent-tchu-ate the positive
E-lim-i-nate the negative
And latch on to the affirmative
Don't mess with mister inbetween.


A continuar assim, não há artigo.

(url)


EARLY MORNING BLOG 239

L'inverno si prolunga, il sole adopera


L'inverno si prolunga, il sole adopera
il contagocce. Non è strano che noi
padroni e forse inventori dell'universo
per comprenderne un'acca dobbiamo affidarci
ai ciarlatani e aruspici che funghiscono ovunque?
Pare evidente che i Numi
comincino a essere stanchi de presunti
loro figli o pupilli.
Anche più chiaro che Dei o semidei
si siano a loro volta licenziati
dai loro padroni, se mai n'ebbero.
Ma...


(Eugenio Montale)

*

Bom dia ! E cuidado lá fora!

(url)

29.6.04


ELE HÁ



janelas assim. Ar fresco.

(url)


POBRE PAÍS

o nosso.

O abaixamento dos mínimos critérios de qualidade, vindo “de cima”, é um poderoso factor de popularidade e sucesso. No fundo, ficamos todos mais iguais, não é? E não é esta “igualdade”, o nome que se dá à inveja ressentida que tão profundamente enche a nossa sociedade?

Pensando bem não é de admirar, é o mundo de Eva Péron, a mulher que dizia que não se importava que houvesse pobres, o que a incomodava é que houvesse ricos.

(url)


POBRE PAÍS

o nosso.

Há uns anos, nos momentos mais complicados de dissolução da URSS, nada funcionava na Rússia. Todos os dias de manhã, no Hotel Ukraina, o pequeno almoço era uma saga. Chegava o samovar com o chá e não havia chávenas lavadas. Chegavam as chávenas, não havia colheres. Chegavam as colheres e não havia chá outra vez. Os estrangeiros recém-chegados protestavam em vão. Os russos e os velhos habitantes do Hotel Ukraina, que já conheciam todas as rotinas, iam buscar chávenas à cozinha, acumulavam duas ou três chávenas em cima da mesa para armazenar o precioso chá, etc. Um amigo meu disse-me: “vais ver, ao quinto dia já estamos como eles, a ir buscar chá à cozinha, muito caladinhos”. Ao terceiro dia já íamos buscar chá à cozinha.

Não há nada como o hábito e como o sentimento de impotência para que se aceite tudo. Não há nada como a ecologia envolvente para se achar tudo normal. O resvalar contínuo para a mediocridade, o abaixamento dos requisitos mínimos, que antes juraríamos nunca aceitar. Que eram mesmo inimagináveis. Não, meus amigos, é na cozinha que está o chá, que estão as chávenas, que está o açúcar. É na cozinha. O que é que querem mais? Qualidade no serviço? Isso não é aqui. Nem no Hotel Rossya, do outro lado.

(url)


EARLY MORNING BLOGS 238

A Sancho Panza (Fragmento)

Sancho-bueno, Sancho-arcilla, Sancho-pueblo,
tu lealtad se supone,
tu aguante parece fácil,
tu valor tan obligado como en la Mancha lo eterno.
Sancho-vulgar, Sancho-hermano,
Sancho, raigón de mi patria que aún con dolores perduras,
y, entre cínico y sagrado, pones tu pecho a los hechos,
buena cara a malos tiempos.

Sancho que damos por nada,
mas presupones milenios de humildad bien aceptada,
no eres historia, te tengo
como se tiene la tierra patria y matria macerada.

Sancho-vulgo, Sancho-nadie, Sancho-santo,
Sancho de pan y cebolla,
trabajado por los siglos de los siglos, cotidiano,
vivo y muerto, soterrado.

Se sabe sin apreciarlo que eres quien es, siempre el mismo,
Sancho-pueblo, Sancho-ibero,
Sancho entero y verdadero,
Sancho de España es más ancha que sus mil años y un cuento.

Vivimos como vivimos porque tenemos aún tripas,
Sancho Panza, Sancho terco.
Vivimos de tus trabajos, de tus hambres y sudores,
de la constancia del pueblo, de los humildes motores.

Sancho de tú te la llevas,
mansa sustancia sin mancha,
Sancho-Charlot que edificas como un Dios a bofetadas,
Sancho que todo lo aguantas.

Sancho con santa paciencia,
Sancho con buenas alforjas,
que en el último momento nos das, y es un sacramento,
el pan, el vino y el queso.

Pueblo callado, soporte
de los fuegos de artificio que con soberbia explotamos,
Sancho-santo, Sancho-tierra, Sancho-ibero,
Sancho-Rucio y Rucio-Sancho que has cargado con los fardos.

[...]

(Gabriel Celaya)

*

Bom dia!

(url)

28.6.04


OS NOVOS DESCOBRIMENTOS: UMA CERTA FORMA DE PERFEIÇÃO


esta.

Faltam três dias para lá chegar.

(url)


CORREIO 4 E ABRUPTO

Continuam a chegar centenas de mensagens, pelo que me é impossível agradecer a todas. Uma selecção do seu conteúdo será publicada logo que possa.

O Abrupto baterá também hoje o seu recorde absoluto de visitas e "pageviews", estando já próximo das 10000 . Alguma coisa está a mexer lá fora e ainda bem.

(url)


É O QUE ACONTECE

Cito do precioso e erudito Almocreve

"Uma nêspera
estava na cama
deitada
muito calada
a ver
o que acontecia

chegou a Velha
e disse
olha uma nêspera
e zás comeu-a

é o que acontece
às nêsperas
que ficam deitadas
caladas
a esperar
o que acontece"


[Mário Henrique Leiria]

(url)


PELA CORAGEM



Para a Manuela Ferreira Leite.

(url)


O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES

"Que raio de Europa é esta que privilegia as pessoas aos estados membros? Que convida pessoas independentemente das suas funções, independentemente de colocar as situações internas dos estados membros em "crise"? Que não tem (aparentemente) qualquer percepção do clima e da vida interna dos seus estados membros?"

"O silêncio, conveniente ou intimidatório é o apanágio de Portugal. Temos a “qualidade” de só procurar confronto quando nos enquadramos na linguagem final do interlocutor. Ou seja, nunca é desafiada a linguagem final, nunca são postos em causa os limites ou os estratagemas da linguagem ou do discurso. Tudo se passa dentro de uma esfera em que seja permitida, em última instância, a conciliação. Só assim nos sentimos bem. Só assim nos sentimos “dentro”. Provocar... sim. Confrontar... dentro dos limites. Mas, na realidade, tudo se destina a obter protagonismo. Não se trata nunca de confronto "sentido". De desafio de linguagem ou conceito. De defesa ou ataque de ideias convictas. CONVICTAS! São coisas, a vida portuguesa é apenas um perpétuo fait divers. Será que isto acarreta alguma qualidade? Talvez..., aquela que releva da aprendizagem que faço do meu gato quando me demonstra, todos os dias, que o tempo não existe. Lembro sempre nestas alturas o meu querido amigo Agostinho da Silva quando me dizia que o povo português se situa numa encruzilhada: “povo de ateus, de moral católica. Povo que esqueceu Cristo e nunca conheceu Maomé”
.

(Paiva Raposo)

*

Alexandre Monteiro no seu blogue.


*

"A "blogosfera" já existia mesmo antes de haver blogs com esse nome.
Nesses tempos pré-históricos (já nem me lembro dos anos) também a Internet foi o veículo de reflexão, debate e acção. Houve certamente vários casos. Lembro-me pelo menos de dois onde estive directamente envolvido, embora na altura a difusão da Internet não atingisse a dimensão de agora.

O primeiro foi um debate sobre o Aborto na altura do referendo. Eu era o director de Informática da Católica do Porto e resolvi tentar um fórum de debate realmente sério, uma vez que as campanhas de ambos os lados pareciam usar todos os argumentos errados e intelectualmente desonestos... Apesar de algum receio inicial meu por estar numa instituição que à partida tinha uma posição definida, consegui que houvesse participações de todas as tendências (incluindo responsáveis do Sim pela Tolerância e do lado do Não que já não me lembro como se chamava), tendo-se tornado o fórum online mais bem sucedido a nível
nacional. :-) (Modéstia à parte...)

Um dia destes vou voltar a colocar online o arquivo que guardei. O fórum era moderado (havia moderadores quase 24 horas por dia, coordenados por mim) e, entre outras medidas para o tornar transparente, tinha um espaço de acesso público onde foram colocados _todos_ os comentários que chegaram, mesmo os recusados na zona principal.

O segundo caso foi na altura do desaparecimento da XFM, em que o site que eu geria com o meu irmão mais novo se tornou o centro das tentativas frustradas de recuperação da rádio.

Isto já parece há séculos... Mas mesmo nessa era a Internet já proporcionava resultados visíveis."


“Sozinho? Não faz mais do que a sua obrigação ;-)


(Tiago Azevedo Fernandes)

*
"Parece-me que o JPP (…), sente-se traído com algo, julgo que se sente traído por Durão Barroso e que o resto vem por acréscimo, mas, acima de tudo, julgo que se sente traído pelo PM."

(Luís Miguel Rocha)

*

"Rapidamente, alguém deve vir explicar ao cidadão comum o que é que se está a passar. As pessoas começam a desconfiar e a sentirem-se desrespeitadas. Eu ando na rua todos os dias e sei o que é que preocupa as pessoas, E nem todos andam embriagados com a bola do Euro. Há gente preocupada e que não tem meios para perceber o que é que se está a passar. O povo tem casa para pagar, os filhos para criar, vê o emprego a fugir. Por favor! Alguém nos oiça e nos explique o que se passa com o nosso governo e os nossos governantes."

(André Ferreira)

*

"Mesmo assim, confesso que ao ler o Abrupto ainda não percebi contra exactamente o quê que JPP se está a manifestar: Se contra Santana Lopes por achar, comos achamos muitos de nós, que é uma figura que tem um perfil populista e demasiado irresponsável para ser primeiro-ministro, ou contra a legitimidade, ( já que, ao que parece a legalidade, não se põe em causa ), de quem quer seja de assumir o cargo, não tendo sido o líder que foi, ainda que indirectamente, a votos.

Na minha opinião, mesmo Manuela Ferreira Leite, Marques Mendes ou outro qualquer não tem legitimidade para governar se não for a votos como líder partidário. Sobretudo tendo em conta o clima de contestação social que se vive, a derrota nas eleições europeias, que não foi, obviamente, uma derrota de Deus Pinheiro e sim da coligação governativa, e atrevo-me a dizer, depois do padrão ético que se estabeleceu com a demissão de António
Guterres."


(S. Joffre Gouveia)

*

"O que mais me arrepia nesta história (ou estória?) é a inquietante sensação de que muita gente ficará a pensar que não vale a pena termos a maçada de ir votar nas eleições. António Guterres foi-se embora porque teve um resultado desfavorável numas eleições, Durão Barroso vai-se embora porque, dizem, é importante para a Europa (????) e para Portugal (????) a sua ida para a Presidência da Comissão Europeia. Então para quê ir votar? Para que, a meio do mandato e inopinadamente, aquele que elegemos se ponha a andar por conveniências impossíveis de explicar e entender? Realmente talvez seja melhor nas próximas eleições irmos para a praia do que arriscarmo-nos a ver o nosso voto desprezado e adulterado."

(Dionísio Leitão)

*

No suprises

A heart that´s full up up like a land fill.
A job that slowly kills you. Bruises that won´t heal.

You look so tired and happy.
Bring down the government, they don´t, they don´t speak for us.

I´ll take a quiet life, a handshake, some carbon monoxide.
No alarms and no suprises,
No alarms and no surprises.
Silent,
silent.

This is my final fit, my final bellyache with no alarms and no surprises.
Such a pretty house, such a pretty garden.

No alarms and no surprises.


Thom York – Radiohead (enviado por Paulo Raimundo)

*

"Peço-lhe apenas que não ridicularize este exacerbado apoio do nosso povo à selecção de futebol, bem sei que talvez pareça exagerado, no entanto, não me parece que seja sinónimo de ignorância, insensatez e/ou falta de interesse pelos verdadeiros desígnios nacionais. Penso que nunca como hoje o povo português teve um sentido crítico tão apurado e conhecedor. Há apenas que admitir que o euro 2004 e a nossa selecção são um bom “balão de oxigénio” para a nossa sociedade e até para o nosso Governo, queira este aproveitar a aglutinação de optimismo e de moral."

(Rui Alvim Pinheiro)

*

"O problema, o malfadado nó cego, é que o golo, o resultado, o grito do jogador que vence, tem impacto imediato. Não é a prazo. Existe, pode-se ver e constatar sem o auxilio de estatísticas. A retoma está aí? É possível. Mas viu-a? Acotovelou-a ao balcão durante o rito do café? Pois é, o ingrato lusitano urra desmamado pelo golo do seu ídolo, extensão concisa do seu clube de bola (esse sim o partido que importa à maioria dos nacionais), apenas e só por ser o gesto que de si depende. Senão, veja um pai desempregado. O ministro e o comentador prometem-lhe tempos risonhos. Está aí a viragem, falta pouco. Por sua vez, os da tal oposição, que não, que ainda não é desta, que eles é que sabem, que um dia, que quando forem eles... E o coitado, sem fonte de rendimento, sem as notas no bolso, sem a vontade e com a vergonha de confessar ao filho que até talvez tenha passado honrosamente o ano lectivo e merece a tal bola para chutar nas férias, sente na explosão da bola dentro da baliza o bálsamo que o resto da vida teima em recusar. Porque o problema, o verdadeiro problema é que o comum dos portugueses vive no dia a dia. E nesse palmilhanço rotineiro há que sentir a satisfação mínima e o doping que impele a manhã seguinte."

(José Barata)


*

"Para ter orgulho no nosso país é necessário ter ídolos, mas onde eles estão?!! Já não os há como houve outrora.Os ídolos, noutros tempos , eram valorizados e compreendidos pelas suas qualidades,pelo seu carisma, pelo valor, pela honestidade, não pela imagem, não pelo protagonismo, não por nada. Agora, para ser ídolo basta ser famoso , ou seja,ser pela imagem que transmite e nada mais,porque não é preciso!!

Sem ídolos, não há referências,não há rumo, não há sacríficios....
Nos últimos anos, só o futebol nos tem dado ídolos....

No entanto, os ídolos do futebol transmitem valores como disciplina, concentração,respeito, (o árbitro tem mais poder num campo de futebol do que um juíz tem num julgamento), organização.Defendem o nome de Portugal no mundo.Canta-se o hino nacional onde não se canta em mais lado nenhum.
"

(Gonçalo Pacheco Pereira)

(url)


EARLY MORNING BLOGS 237

Ce qui doit m'étonner excite mon courage


Ce qui doit m'étonner excite mon courage,
Et ma témérité me conduit au cercueil ;
Je sers une beauté plus dure qu'un écueil,
Et l'amour se conserve où l'espoir fait naufrage.

Aveugle passion, fureur, manie et rage,
Vous faites que j'adore un insensible orgueil.
Le plus cruel abord est comme un doux accueil,
Et j'appelle un mépris un agréable outrage.

J'ai pour toute faveur, et pour rigueur du sort,
Une peine charmante, une amoureuse mort,
Et je fonde la vie en ce qu'elle a de pire.

Mon astre me réduit à la nécessité
De ne respirer point, alors que je soupire,
Et ma seule douleur est ma félicité.


(Jean Ogier de Gombauld)

*

Bom dia! Está sol.

(url)

27.6.04


CORREIO 3

Entre o correio que está a chegar vem , enviado por Maria José Silva, este poema de Maiakovski

"Na primeira noite
Eles aproximam-se
E colhem uma Flor
Do nosso jardim
E não dizemos nada.

Na segunda noite,
Já não se escondem:
Pisam as flores
Matam o nosso cão,
E não dizemos nada.

Até que um dia
O mais frágil deles
Entra sozinho em nossa casa,
Rouba-nos a lua e,
Conhecendo nosso medo,
Arranca-nos a voz da garganta
E porque não dissemos nada,
Já não podemos dizer nada."



*
"O poema que publicou como sendo de Maiakovski - "Na primeira noite/ Eles aproximam-se..." - não é de Maiakovski, mas sim do brasileiro Eduardo Alves da Costa. Trata-se de um dos mais interessantes equívocos literários que eu conheço. O poema foi editado em 1936 e é muito mais longo do que a versão que publicou no Abrupto. Pode encontrá-lo numa antologia relativamente recente (2001) organizada por José Nêumanne Pinto e intitulada Os Cem Melhores Poetas Brasileiros do Século. Já tínhamos feito uma referência sobre este interessantíssimo caso aqui."

(Rui Amaral)



(url)


O ABRUPTO OBRA DE NÓS TODOS

O Abrupto não foi feito para servir as minhas opiniões políticas. Não me faltam meios para o fazer e aqui pretendi (e pretendo) falar de outras coisas que me interessam. Mas o Abrupto é também parte da minha voz e, em momentos especiais, de emergência, também aqui falo de política. É o caso dos últimos dias. As centenas de mensagens e os muitos milhares de visitas ontem e hoje traduzem essa sensação de emergência partilhada com os seus leitores. E está a ter resultados, numa situação inédita na blogosfera nacional. Vamos ver, pode ser que se consiga mudar alguma coisa. O principal factor é o tempo real, e isso dá uma força especial aos blogues nestes momentos de interesse colectivo.


(url)


SÓ HÁ UMA MANEIRA



e vai ter resultados.

(url)


SÓ HÁ UMA MANEIRA

Só há uma maneira de impedir o que parece um curso inexorável: que quem deve falar, fale. Que diga, alto e bom som, o que pensa e o que diz em privado. Que quem tem autoridade para falar, e muita gente a tem, fale. Que haja debate e controvérsia. Que se perceba que não há nenhuma unanimidade, bem longe disso. Nem maioria. Eu estou um pouco farto de o fazer sozinho e de arcar com as consequências. Mas fá-lo-ei, sozinho que seja. Porque, nestes dias, quem cala consente.

E o país é mais importante que o partido, não é? Não era Sá Carneiro que o dizia?

(url)


CORREIO 2

Em todo o correio recebido, registo esta frase de John Lydon dos Sex Pistols, enviada por João Santos Lima: "Have you ever had the feeling you've been cheated?"

(url)


CORREIO

Muito correio, como se imagina, dados os eventos. Com uma excepção, as largas dezenas de mensagens têm todas o mesmo sentido. Bom senso, respeito por nós próprios, respeito pelo país que somos. Nalguns casos, quase desespero, impotência, perplexidade, revolta, indignação.

Como compreendem, dificilmente poderei responder a todas, mas obrigado por todas.


(url)


POBRE PAÍS

o nosso,
que padece de Acédia. Acédia?
O pecado que a gente aprende como sendo a “preguiça”, para facilitar a compreensão dos jovens catequistas e catequisados. Mas o pecado mortal não é evidentemente o que chamamos “preguiça”, venial predisposição do corpo e da alma. A Acédia é outra coisa muito mais importante: é a apatia, ou a indiferença perante a prática da virtude, ou o espectáculo do mal. Sabemos que está mal, mesmo muito mal, e ficamos calados. Acédia. Vai-se para o Inferno por isso.

(url)



Maria Sibylla Merian

(url)


POBRE PAÍS

o nosso.
Sem oposição.

(url)


EARLY MORNING BLOGS 236

Rima IX


Besa el aura que gime blandamente
las leves ondas que jugando riza;
el sol besa a la nube en occidente
y de púrpura y oro la matiza;
la llama en derredor del tronco ardiente
por besar a otra llama se desliza;
y hasta el sauce, inclinándose a su peso,
al río que le besa, vuelve un beso.


(Gustavo Adolfo Bécquer)

*

Bom dia!

(url)


POBRE PAÍS

o nosso.
Será que se faz ideia, em particular nos órgãos de comunicação social, da enorme confusão que as pessoas comuns, menos politizadas, sentem face a notícias que estão a ouvir nos intervalos do futebol? Notícias que se precipitam, com pequena clareza e explicação, feitas por gente que acompanha ao detalhe a luta política exclusivamente para gente literata na nossa política, sem cuidar da insegurança que geram?

As pessoas intuem que alguma coisa de importante se está a passar, mas não sabem o que é. Imaginam os comentários perplexos que, numa pequena aldeia, traduzem essa impotência pela falta de informação, ou pela informação apressada? O que é que se está a passar? O nosso PM morreu? Os comunistas vão ganhar? Vai mudar tudo? Quem vai governar é a Europa?

Todos estas perguntas me foram feitas. Esta é a realidade da percepção pública de uma crise inesperada, que surge com a máxima estranheza porque fora do quadro eleitoral normal.

(url)

© José Pacheco Pereira
Site Meter [Powered by Blogger]