ABRUPTO

5.7.04


O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES


"Segunda-feira perguntem aos jovens que apitam a noite toda por uma vitória num jogo de futebol “o que é Portugal?”

Segunda-feira saberemos um pouco menos o que é Portugal.
"

(João Miguel Amaro Correia)

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"Decorrente do “essencial e acessório” (é impressionante como estes conceitos todos parecem unir-se num só, mas essa reflexão fica para os filósofos da linguagem) vou referir brevemente o “ser e parecer”. Hoje o que parece é, e um dos exemplos, entre tantos outros que poderia dar, mais gritante deste equívoco na nossa sociedade são os “famosos”. Habituámo-nos a olhar para os famosos como exemplos de algo conquistado, de mérito e esforço, ou do puro “glamour” que justificava a fama daqueles cuja profissão os expunha aos olhos de todos (locutores de televisão, actores, cantores, etc). Hoje é com alguma pena, senão mesmo com desdenhosa indiferença, que olhamos para os “famosos” que a sociedade fabrica. Não são famosos que se impõem por terem conquistado ou feito algo de relevo, não o são por mérito, nem sequer têm “glamour”. São de uma banalidade confrangedora, e em vez de fazerem “sonhar” alto com o seu trabalho, conquista, mérito ou “glamour”, a sua “igualdade” desperta sentimentos baixos de maledicência e inveja. Os famosos por mérito próprio estão nessa amálgama da “fama” que já não faz ninguém sonhar alto. Hoje qualquer pessoa é mediatizada e fabricam-se famosos a uma velocidade alucinante, que também rapidamente caiem no esquecimento. Também aqui a fasquia dos “critérios de qualidade” desce para essa noção de “ficarmos todos mais iguais”.

(JPC)

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© José Pacheco Pereira
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