ABRUPTO

4.7.04


O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES : A GRAVATA DO PRIMEIRO MINISTRO, A IDA PARA O BALNEÁRIO DE GILBERTO MADAIL E , PORQUE NÃO, ESCREVER PARA O ABRUPTO

"Se bem me lembro era este o nome de um daqueles primeiros programas revolucionários da SIC, que louvam o realismo emotivo, igualitário e massificador e que, “por junto” e incluindo zapping, não devo ter conseguido ver mais de 5 minutos! Hoje roubo-lhe o título! Como sub-título proponho o “In vain have I struggled” (para citar o herói de Jane Austen in “Pride and Predjudice”).

Fica aqui um duplo pedido de perdão: por tornar o Abrupto “cúmplice” dos meus impulsos de irracionalidade, e por tentar explicá-los. Quando da primeira vez que exprimi o desejo de uma vitória futebolística da nossa Selecção numa nota para aí, para além da vontade natural de que ela ocorresse, andava mesmo nauseada com tanto tronco nu de inglês de cerveja na mão. Mas Portugal venceu! Da segunda vez que escrevi para aí essa intenção de vitória, foi “por brincadeira” e ela ia atrelada a uma outra nota. Mas Portugal venceu! Quando me lembrei que dessas duas vezes tinha escrito para aí, e Portugal tinha ganho, disse para comigo: “Não! Não vou ficar presa a essas tretas sem nexo nem objectividade; nem nada nem ninguém tem que aturar tais pseudo-superstições. Não volto a escrever essa intenção!” Repeti esta resolução (só não digo mantra porque é muito palavrosa e devo ter variado os vocábulos) várias vezes, para tentar apaziguar a exaltação emotiva e irracional que é o rasto deixado pelo futebol em nós. Tentei.

Mas hoje cedo de manhã, pouco após aquele mágico momento que é o “gathering oneself together”, já só tinha um pensamento e uma preocupação: encontrar oportunidade de, sem vergonha, para aí escrever: Espero que Portugal vença!

Porque se, por acaso, Portugal perder, que não seja por eu não ter cumprido o meu “ritual” e não ter exprimido a minha “fé” (até coro ao escrever esta palavra: isto sim, isto é que é pecado!) A irracionalidade venceu! E a vergonha na cara (que nunca está ausente por muito tempo) obrigou-me a estas explicações.
"

(JPC)

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© José Pacheco Pereira
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