ABRUPTO

31.12.11


ESPÍRITO DO TEMPO: HOJE
 

Passagem do tempo por um banco do jardim de S. Amaro. (RM)

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BOM ANO


Manet, Un bouquet de violettes pour Berthe Morisot (1872).


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COISAS DA SÁBADO: O ESTADO DAS ARTES (5)


BE 

O BE partilha com o PS os maiores estragos de 2011, quando tudo, ao contrário do que acontecia com o PS, apontava pelo menos para uma manutenção dos avanços de 2009. Não atribuo muito valor às cisões internas, cuja dimensão foi claramente exagerado pela comunicação social e pelos blogues, que aceitam pacificamente os números que uma das partes lhe deu do número de militantes saídos com a Ruptura / FER. Tendo enveredado por uma senda daquilo a que Lenine chamava “cretinice parlamentar”, são os votos que contam, porque a estrutura apesar de tudo cresceu bastante em 2009. 

O esgotamento político dos temas tradicionais do BE foi ultrapassado por movimentos inorgânicos em que o BE está muito presente, mas cujo discurso público não mobiliza para o BE mas sim para mais movimentos inorgânicos. Um partido de raiz marxista, versão moralista, e leninista, com poucos leninistas com excepção dos que vêem da UDP e que ainda mantem a casa a funcionar fora da intelectualidade, tem dificuldade em integrar “indignados” anti-partido, que se misturam muito à vontade com radicais populistas de direita. Por isso, 2012, com a sua promessa quase certeza de conflitualidade social, verá de um lado o exército organizado do PCP e do outro a turba “indignada”, a impedi-lo de crescer.

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COISAS DA SÁBADO: O ESTADO DAS ARTES (4)


PCP 

O PCP continua a mandar nas ruas e nos locais de trabalho dos transportes, metalurgia, estiva, reformados, empregados dos serviços públicos, trabalhadores municipais, alguns sectores dos professores e das forças de segurança, e, por todo o país, núcleos pequenos mas muito activos, que umas vezes são “utentes da saúde”, outras combatentes contra as SCUTs, outras membros do movimentos a favor das freguesias, etc., etc. Por muito que já haja no PCP bastante aparelho, que actua da mesma forma oligárquica com que se manifesta no PSD e no CDS, o partido ainda é muito diferente dos outros, pela história, pela tradição, pela cultura e acima de tudo pela composição social. O que conta muito nos tempos actuais.

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COISAS DA SÁBADO: O ESTADO DAS ARTES (3)


PS 

O PS está numa situação calamitosa, cativo da troika e cativo do governo, o que não é a mesma coisa, nem tem as mesmas consequências. Mas é dos dois que está cativo. Parte desse cativeiro é desejado por uma liderança fraca no país, mas forte no interior do partido, porque ele é feita à imagem e semelhança do aparelho socialista. A direita, que se lamenta de que Seguro não “controla” o PS, pode ficar descansada. Ele terá muita turbulência – Seguro não tem os meios de Sócrates, nem a sua determinação – e fará alguma mais por sua iniciativa ou inabilidade, mas, no essencial, o seu passaporte para o poder está na aliança que têm com os seus companheiros de carreira nas “jotas” Passos Coelho e Relvas. A sua sobrevivência no PS vem do seu acesso ao poder actual, que ninguém como Seguro garante, e do apaziguamento do aparelho que o fez e que ele mima todos os fins-de-semana, como bom conhecedor da coisa. 

O resto é a mesma devastação que o PSD conhece, que já vinha de Guterres e Sócrates e que agora ali está como afronta viva e merecida da arrogância com que os intelectuais do PS sempre tiveram com o PSD. Agora têm o Seguro como líder, porque a história às vezes, só às vezes, vinga-se.

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COISAS DA SÁBADO: O ESTADO DAS ARTES (2)


CDS 

O CDS é particularmente hábil pela sua capacidade, signé Portas, de passar pelo meio dos pingos da chuva. Mas essa capacidade não ilude o problema de sempre do CDS: enquanto não se medir em votos com o PSD e no limite ultrapassá-lo, será sempre o parceiro menor de tudo o que seja política em Portugal. E ser número dois cansa muito no CDS. 

Se se vier a confirmar o cenário de sucessão pactuada que Portas deseja, o CDS ainda ficará mais refém de um dilema que corrói: ou ficar calado para manobrar entre os pingos da chuva, – o melhor exemplo desse silêncio de oportunidade é a questão da soberania e a política europeia -, ou tentar crescer com uma linguagem que tenderá a radicalizar-se à direita, agressiva e classista, que também transporta um problema essencial: para ter sucesso tem que confrontar o governo, ou cairá pela base.

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COISAS DA SÁBADO: O ESTADO DAS ARTES


PSD 

O PSD estando no governo está bem e recomenda-se, quase no inverso de como está mal na oposição. Na oposição, prima a intriga pelos bens escassos e o “protagonismo” pelo poder de os distribuir, no governo, a obediência e a gestão cuidada de tudo, palavras, gestos, falas e silêncios é a regra de sobrevivência. 

O seu conteúdo genético e programático está em extinção, não tanto por causa do apregoado liberalismo dos seus dirigentes actuais, mas pelo mesmo que já vem a miná-lo há muitos anos, o oportunismo político, a adaptabilidade primeira à lógica do poder e, só em décimo lugar, às ideias políticas, materializado numas centenas de pessoas que do Norte ao Sul do país fazem do PSD a sua profissão de sucesso. A transformação de Sá Carneiro num ícone empalhado, que não é lido, nem conhecido, nem estudado, a que se fazem umas comemorações rituais destinadas sempre a legitimar o poder, é o melhor exemplo dessa devastação ideológica e política em curso. 

O aparelho detém todo o poder e quase não há respiração fora dele. No governo, mais do que o Primeiro-ministro, funciona o ministro do aparelho em tudo o que é sensível, movimenta interesses e lugares, “posiciona” para o futuro. Muita gente pensa sempre com aquela complacência de achar que há quem faça e há quem seja enganado, ou não saiba, ou não conheça. No caso vertente, a formação do Primeiro-ministro, e do seu principal executor é exactamente a mesma. Podem ter a certeza absoluta que ambos, ambos, ambos, sabem de tudo. Fizeram-se lá e sabem muito bem como se fizeram.

No PSD e no PS, a realidade aparelhística faz com que o partido quase não tenha espaço para mais nada que não sejam as carreiras internas, as oportunidades e interesses internos, as colocações de lugares no estado e no privado por via do poder partidário, cujo já está numa fase quase dinástica. Toda a gente que conhece o interior do partido sabe disto, e fala disto, sem qualquer hesitação mas, para sobreviver, não o diz.

(Continua.)

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EARLY MORNING BLOGS  

2130 - A Song for New Year's Eve

Stay yet, my friends, a moment stay— 
     Stay till the good old year, 
So long companion of our way, 
     Shakes hands, and leaves us here. 
          Oh stay, oh stay, 
One little hour, and then away.

The year, whose hopes were high and strong, 
     Has now no hopes to wake; 
Yet one hour more of jest and song 
     For his familiar sake. 
          Oh stay, oh stay, 
One mirthful hour, and then away.  

The kindly year, his liberal hands 
     Have lavished all his store. 
And shall we turn from where he stands, 
     Because he gives no more? 
          Oh stay, oh stay, 
One grateful hour, and then away.  

Days brightly came and calmly went, 
     While yet he was our guest; 
How cheerfully the week was spent! 
     How sweet the seventh day's rest! 
          Oh stay, oh stay, 
One golden hour, and then away.  

Dear friends were with us, some who sleep 
     Beneath the coffin-lid: 
What pleasant memories we keep 
     Of all they said and did! 
          Oh stay, oh stay, 
One tender hour, and then away.  

Even while we sing, he smiles his last, 
     And leaves our sphere behind. 
The good old year is with the past; 
     Oh be the new as kind! 
          Oh stay, oh stay, 
One parting strain, and then away.
 
(William Cullen Bryant)

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28.12.11


EARLY MORNING BLOGS  
2129

"Eu não peço um menor fardo, mas sim ombros mais fortes."

(Provérbio judeu)

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27.12.11


RETRATOS DA CRISE


Algés. (António Betencourt)


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UM NATAL TRISTE 

Quem tiver a paciência para ler estas palavras está a passar o seu dia do Natal e sabe de mais sobre a nossa colectiva desgraça. O Natal é, no conjunto do ano, um momento único que nenhuma outra festa ou feriado reproduz nem de perto nem de longe. Costuma dizer-se que é uma festa da família, mas é muito mais do que isso. É um momento em que, numa sociedade egoísta e fechada sobre si própria, há um simulacro de alguma sociabilidade mais colectiva. Eu disse simulacro, porque é cada vez mais simulacro, convenção, hábito sem sentido, mas, mesmo simulacro, ainda tem um vago traço de um momento em que há amigos, vizinhos, parentes que não se vêem há algum tempo, unidos pela "estação". A tradição já não é o que era, mas ainda é tradição.


Os votos de bom Natal, e, por junto, de ano novo, circulam cada vez mais às centenas entre pessoas e aos milhões em email e SMS, e cada vez menos em papel. Também aqui a preguiça induzida pelas novas tecnologias ajuda à erosão das relações sociais, mantendo-as e até ampliando-as na quantidade, mas diminuindo-as em valor. Os votos de boas festas por email ou SMS são feitos a listas e não a pessoas, listas aliás nem sempre bem mantidas, com endereços repetidos e antigos, mandados como se fosse um robot a mandar, sem qualquer pessoalidade. É como os "amigos" do Facebook, listas e enumerações sem significado afectivo, apenas com valor social, mostrando como o "eu" electrónico que os manda é tão popular que colecciona centenas e mesmo milhares de relações. 


As famílias também não são a coisa idílica que o "espírito de Natal" enaltece, e têm inscrita não só solidariedade e protecção, como um "ninho", mas também muita violência às claras e muito particularmente às escuras. Violência entre homens e mulheres, pais e filhos, parentes amados e odiados, questões e questiúnculas, transmitidas com segredo e raiva os restantes dias do ano. Por isso, o Natal não só fornece o conforto e a intimidade de um "lar" comum e um destino partilhado, coisas que não são de pequena monta, mas exacerba muitos comportamentos de depressão e animosidade, que não tem muita imprensa e apenas alguma literatura, mas que todos sabem que existe. 


Digo isto para referir que o Natal potencia tudo, muita coisa boa e muita coisa má. Por isso, o pano de fundo do Natal é contraditório como todas as coisas são na vida, e quando a vida se encarrega lá fora de piorar, entra cá dentro puxando pelo pior e pelo melhor de nós. Digo este truísmo porque temos tendência para apenas ver o melhor, nas sucessivas reportagens de solidariedade natalícia, em que a sociedade parece responder às dores dos que mais necessidade e menos protecção têm. E é verdade que isso acontece, mas daí a dizer que os portugueses são um povo especialmente solidário não corresponde à verdade. Não somos, nem fomos, nem provavelmente vamos ser. 


Este Natal será triste. Não sei que melhor qualificativo haverá para este momento da nossa vida colectiva. Não digo indignado, embora muita gente esteja indignada. Não digo desesperado, embora muita gente esteja desesperada. Não digo apático, embora muita gente esteja apática. Não digo deprimido, embora muita gente esteja deprimida. Não digo zangado, embora muita gente esteja zangada. Digo triste, porque mais ou menos, vaga ou profunda tristeza, todos sabem que a vida vai piorar, e que não existe esperança no futuro próximo, que é o que temos possibilidade de vir a viver.

A tristeza não é fruto de momentâneas dificuldades, mas da suspeita de que essa dificuldade não tem fim à vista. Quando saímos disto? A melhor resposta é mesmo "não se sabe". Não será certamente nem 2012, nem 2013, nem 2014, nem 2015, datas anunciadas em diversos momentos e em diversas circunstâncias por governantes, economistas, e políticos em geral. O que significa que as pessoas, que têm uma intuição aguçada para estas coisas, olhando para a frente vêem que não há frente. Mesmo que dure apenas cinco anos, o que duvido, para muita gente significa que o fim da sua vida, a reforma, a doença, o declínio físico, vão ser muito piores, a solidão e a dependência ainda maiores. Para quem é mais novo, um mundo com emprego e com a possibilidade de "construir" o seu espaço próprio não existe. Podem emigrar, bem sei, mas também sei quão traumática é essa decisão, que não é mais fácil do que viver cá na precariedade. No "meio do caminho da nossa vida", cada vez mais pessoas sentem-se a perder a escassa qualidade de vida que tinham conseguido, por mérito, ou por dívida, e que agora sabem que não vão conseguir pagar. Tudo é mau, para milhões de portugueses, operários, trabalhadores, empregados, funcionários, pequenos empresários, mesmo uma pequena e média burguesia frágil e recente vai empobrecer.


Entre o Natal e o ano novo muitas decisões vão ser tomadas por pessoas e famílias. Não são decisões daquelas a que associamos o ano novo: ano novo, vida nova. É mesmo vida nova, mas não é uma vida escolhida, é uma vida nova forçada. Tirar o filho do infantário. Dizer à filha que já não vai poder ir para a universidade ou o politécnico, porque não há dinheiro para a manter em Santarém, Covilhã ou Aveiro. Aguentar mais um ano com o mesmo carro a cair, por muito que custe perder a oportunidade de comprar outro antes dos impostos aumentarem. Despedir um velho empregado, fechar a mercearia que já era do pai, e entregar tudo ao fisco que já de há muito tem uma execução em curso. Entregar a casa ao banco e vê-la numa lista de leilões do fisco no Correio da Manhã por menos dinheiro do que o valor do empréstimo. Voltar para casa dos pais. Penhorar a jóia que era da avó ou vender a volta da filha numa loja que compra ouro. Aceitar o mesmo trabalho com metade do salário. Dizer que sim aos expedientes do patrão que despede e depois reemprega de seis em seis meses para não pagar obrigações de segurança social. Engolir a consciência sindical, e portar-se bem no emprego, não vá o chefe notar. Deixar de ter ajuda no trabalho doméstico. Fazer qualquer coisa, colares, artesanato, compotas, para ir vender na feira que agora a autarquia organiza na rua uma vez por semana. Desistir de fazer qualquer coisa, colares, artesanato, compotas, porque não se vende nada e fica caro comprar os materiais e as compotas estragam-se. Ver que remédio se pode cortar para diminuir a conta da farmácia. Deixar de pagar a renda, deixar de pagar a electricidade, o gás, a creche. Deixar de pagar aos fornecedores. Deixar de pagar o condomínio, que deixou de ter dinheiro para pagar a manutenção dos elevadores. Subir três, quatro, cinco, seis andares da escada com as compras porque o elevador está avariado. Deixar ficar o vidro partido na janela. Matar-se. Emigrar. Desistir. Resistir. 


São estas as decisões deste Natal, de um Natal triste. Há uns imbecis nos blogues que acham que falar dos problemas concretos das pessoas que não são fils a papa, publicitários, gente de glamour, neoliteratos, assessores de várias eminências, yuppies sem mercados, consultores, advogados de sucesso, é neo-realismo. A única coisa que se lhes pode perdoar é não saberem o que a palavra significa, mas tudo o resto não e perdoável nem mesmo com muito "espírito de Natal".


É particularmente irritante, e socialmente perigoso, que acrescentem à miséria uma lição moral do género "têm o que merecem porque viviam acima das suas posses", todos contentes com a purga moral do país pelo empobrecimento. O empobrecimento pode ser inevitável, mas deixem de lhe atribuir qualquer valor catártico e vender como nova propaganda que, no dia em que estivermos mesmo muito pobres, vai começar a nova aurora económica, a ascensão de uma economia de sucesso, livre do Estado, competitiva e dirigida por uma "nova geração" liberal e desempoeirada. 


Sim, sim, tretas. Sem mão-de-obra qualificada, com mercado interno deprimido ao limite, sem classe média, sem capacidade de poupar e com o país cheio de tretas. Sim, sim, tretas. 

(Versão do Público de 24 de Dezembro de 2011.)

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EARLY MORNING BLOGS  


2128 -Branch Library

I wish I could find that skinny, long-beaked boy
who perched in the branches of the old branch library.

He spent the Sabbath flying between the wobbly stacks
and the flimsy wooden tables on the second floor,   

pecking at nuts, nesting in broken spines, scratching
notes under his own corner patch of sky.

I'd give anything to find that birdy boy again
bursting out into the dusky blue afternoon

with his satchel of scrawls and scribbles,
radiating heat, singing with joy.
 
(Edward Hirsch)

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26.12.11


 DEZ DESGRAÇAS (10)


Décimo: não é por acaso que os governantes nos dizem para emigrar. É das poucas verdades, ou das poucas frases reveladoras de verdade, que por aí se dizem. É outra maneira de nos dizer que por cá não há nada para fazer, para trabalhar, para viver.

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ESPÍRITO DO TEMPO: HOJE

Passagem do tempo por um banco do jardim de S. Amaro. (RM)

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 DEZ DESGRAÇAS (9)


Nono: um povo sem esperança, sem expectativas que não sejam negativas, cansado, pouco desenvolvido e pobre, presta-se a tudo. Presta-se tanto à violência como se presta à anomia e à indiferença depressiva. Uma e outra coisa são más conselheiras.

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 DEZ DESGRAÇAS (8)
 

Oitavo: há quem do lado do poder entenda que a austeridade é uma virtude moralizadora e ascética. Do “emagrecimento” que ela provoca só resultam benefícios. Isso era se a austeridade fosse pensada, preparada e conforme com outros objectivos de deslocação de recursos de uma parte da sociedade improdutiva e gastadora, para outra mais capaz e produtiva. Ora não é isso que se passa. O que se passa é o retrocesso em todos os azimutes, como uma retirada do campo de batalha sem ordem. É verdade que é possível que assim se salvem mais pessoas individuais, mas fica-se sem exército para a batalha seguinte.

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 DEZ DESGRAÇAS (7)
 

Sétimo: nem os Lusíadas escapam ao novo Acordo Ortográfico. Que outra coisa nos poderia acontecer do que fenecer como uma palavra antiga ao som dos SMS e dos twitter guturais? Está conforme com os tempos.

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  HOJE DE NOVO 
 

 

  • APELO À REVOLTA DOS SOLDADOS (CONTRA A DITADURA?)
  • CENSURA – RELATÓRIO Nº2880A (16 DE MARÇO DE 1940 ) / RELATIVO A “IRMÃOS KARAMAZOV” DE DOSTOIEVSKY
  • CENSURA – RELATÓRIO Nº 6679 (14 DE OUTUBRO DE 1960) / RELATIVO A “MÉMOIRES D’UNE JEUNE FILLE RANGÉE” DE SIMONE BEAUVOIR
  • NÚMEROS HISTÓRICOS DE JORNAIS – DIÁRIO DE NOTÍCIAS DO ARMISTÍCIO DE 1918
  • BIRMÂNIA – PARTIDO COMUNISTA DA BIRMÂNIA
  • ALEMANHA – BERLINER BÜNDNIS FREIHEIT FÜR MUMIA ABU JAMAL – CARTAZES
  • FOUCE
  • PARTIDO DE UNIDADE POPULAR – CARTAZES
  • REPÚBLICA DOMINICANA – PARTIDO COMUNISTA DOMINICANO
  • CONFERENCIA DOS PARTIDOS COMUNISTAS DA AMÉRICA DO SUL (BIENOS AIRES – ARGENTINA, 1984)
  • BOLÍVIA – PARTIDO COMUNISTA DE BOLÍVIA (MARXISTA-LENINISTA)
  • ITÁLIA – PMLI – CARTAZES
  • EUA – ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS DE 2008 – PARTY FOR SOCIALISM AND LIBERATION (PSL) – GLORIA LA RIVA / EUGENE PURYEAR
  • EUA – ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS DE 2012 – PARTY FOR SOCIALISM AND LIBERATION (PSL) – PETA LINDSAY / YARI OSORIO
  • COMISSÕES DE UNIDADE POPULAR (CUPs) – COMUNICADOS E DOCUMENTOS (1974)
  • ESCULCA – OBSERVATÓRIO PARA A DEFENSA DOS DIREITOS E AS LIBERDADES
  • ESCULCA
  • ALEMANHA – INTERNATIONALER BUND DER KONFESSIONSLOSEN UND ATHEISTEN (IBKA)
  • PARTI COMMUNISTE MARXISTE LENINISTE
  • OCCUPIED LONDON
  • PARTIDO DE UNIDADE POPULAR – DOCUMENTOS PROGRAMÁTICOS
  • COMISSÕES DE UNIDADE POPULAR (CUPs) – PÓVOA DE SANTA IRIA
  • PARTIDO DE UNIDADE POPULAR – CIRCULARES / CIRCULARES INTERNAS / CIRCULARES PROCESSO ELEITORAL PARA A ASSEMBLEIA CONSTITUINTE (1975)
  • PARTIDO DE UNIDADE POPULAR – MATERIAIS DIVERSOS
  • IMPRENSA POPULAR
  • PARTIDO DE UNIDADE POPULAR – COMUNICADOS DE IMPRENSA
  • NOTA SOBRE A PUBLICAÇÃO DOS MATERIAIS DO PARTIDO DE UNIDADE POPULAR / COMISSÕES DE UNIDADE POPULAR
  • COMISSÕES DE UNIDADE POPULAR (CUPs) – PORTO – COMISSÃO DA HABITAÇÃO
  • A VERDADE – COMUNICADOS
  • COMISSÕES DE UNIDADE POPULAR (CUPs) – VERGADA
  • COMISSÕES DE UNIDADE POPULAR (CUPs) – DOCUMENTOS SOBRE AS CUPs EXISTENTES NO ARQUIVO DO PCP(ML) /NORTE
  • COMISSÕES DE UNIDADE POPULAR (CUPs) – VÁRIOS
  • COMISSÕES DE UNIDADE POPULAR (CUPs) – ESPINHO
  • COMISSÕES DE UNIDADE POPULAR (CUPs) – LOBÃO (SANTA MARIA DA FEIRA)
  • COMISSÕES DE UNIDADE POPULAR (CUPs) – RIBA D’ AVE
  • COMISSÕES DE UNIDADE POPULAR (CUPs) – BRAGA
  • COMISSÕES DE UNIDADE POPULAR (CUPs) – ODIVELAS
  • COMISSÕES DE UNIDADE POPULAR (CUPs) – S. TIAGO DE CANDOSO (GUIMARÃES)
  • COMISSÕES DE UNIDADE POPULAR (CUPs) – PORTO
  • COMISSÕES DE UNIDADE POPULAR (CUPs) – COMUNICADOS
  • COMISSÕES DE UNIDADE POPULAR (CUPs) – PROGRAMA, ESTATUTOS E PUBLICAÇÕES GENÉRICAS
  • CENSURA – RELATÓRIO Nº 5398 (19 DE AGOSTO DE 1955) / RELATIVO A “LE MUR” DE JEAN-PAUL SARTRE
  • DIRECÇÃO-GERAL DE CENSURA À IMPRENSA – BOLETIM Nº 5 – SEMANA DE 11 A 17 DE ABRIL DE 1932
  • EUA – CRISE FINANCEIRA – EMBLEMAS E PINS
  • MANIFESTAÇÃO EM DEFESA DO PASSE ESCOLAR (14 DE DEZEMBRO DE 2011)
  • LISBOA – REIVINDICAÇÕES URBANAS – EM DEFESA DO ELÉCTRICO 18
  • INICIATIVA PARA UMA AUDITORIA CIDADÃ À DÍVIDA – CONVENÇÃO (LISBOA, 17 DE DEZEMBRO DE 2011)
  • ANTIFA
  • ALEMANHA – VVN-BDA – VEREINIGUNG DER VERFOLGTEN DES NAZIREGIMES – BUND DER ANTIFASCHISTINNEN UND ANTIFASCHISTEN (ANTIFA)
  • DINAMARCA – DANSK FOLKEPARTI (DF)
  • MÚSICA: FADOS
  • MÚSICAS: FOX-TROT
  • MÚSICA: CANÇÕES

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     DEZ DESGRAÇAS (6)
     

    Sexto: a corrupção é estrutural, e como as estruturas não mudaram, continua tudo na mesma. O preço dos corruptos baixou de um modo geral, após um período de glória dos “negócios”, reflectindo a crise da economia. Mas a corrupção da alta esfera continua cara e impune e a escola dos anos noventa do século XX continua com praticantes dedicados. Eu costumava dizer que mais cedo ou mais tarde, a coisa dava para o torto, tanta era a ganância. E para algumas personagens principais deu mesmo para o torto. Mas nem para todos, nem para muitos dos seus dedicados colaboradores e encobridores, que esses andam por aí como homens de muito sucesso empresarial. Bem vistas as coisas, não sei se, no essencial, vai mesmo dar para o torto.

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    EARLY MORNING BLOGS  

    2127 - A Christmas Carol

    In the bleak mid-winter
       Frosty wind made moan,
    Earth stood hard as iron,
       Water like a stone;
    Snow had fallen, snow on snow,
       Snow on snow,
    In the bleak mid-winter
       Long ago.

    Our God, Heaven cannot hold Him
       Nor earth sustain;
    Heaven and earth shall flee away
       When He comes to reign:
    In the bleak midwinter
       A stable-place sufficed
    The Lord God Almighty
       Jesus Christ.

    Enough for Him, whom cherubim
       Worship night and day,
    A breastful of milk
       And a mangerful of hay;
    Enough for Him, whom angels
       Fall down before,
    The ox and ass and camel
       Which adore.

    Angels and archangels
       May have gathered there,
    Cherubim and seraphim
       Thronged the air;
    But only His mother
       In her maiden bliss
    Worshipped the Beloved
       With a kiss.

    What can I give Him,
       Poor as I am?
    If I were a shepherd
       I would bring a lamb,
    If I were a Wise Man
       I would do my part,—
    Yet what I can I give Him,
       Give my heart.

    (Christina Rossetti)

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