ABRUPTO

6.6.09

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ESPÍRITO DO TEMPO: HOJE



Passagem do tempo por um banco do jardim de S. Amaro. (RM)








Feira do Livro na "Ilha das Letras", no Lenteiro do Rio (São Pedro do Sul).
(José Manuel de Figueiredo)



De noite. (ana)

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EARLY MORNING BLOGS

1570 -New York Notes

1. Caught on a side street in heavy traffic, I said to the cabbie, I should have walked. He replied, I should have been a doctor.

2. When can I get on the 11:33 I ask the guy in the information booth at the Atlantic Avenue Station. When they open the doors, he says.

I am home among my people.


(Harvey Shapiro)

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5.6.09


ÍNDICE DO SITUACIONISMO (95): OS CAMINHOS DA MÁ FÉ

A questão do situacionismo não é de conspiração, é de respiração.
E, nalguns casos, de respiração assistida.


Isto caberia bem numa antologia da insídia, se não tivesse outras consequências: há um mês e meio, o PSD era tratado como o pária, dez pontos atrás do PS, sem candidato, irremediavelmente atrasado, quase que competindo com o Bloco de Esquerda. Agora, os mesmos, exigem-lhe que ganhe as eleições ao PS sem sombra para dúvidas. No meu pobre entender, existe um pequeno problema com esta fluidez "analítica"...

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EARLY MORNING BLOGS

1569 - Winter Mask

To the memory of W. B. Yeats

(...)

VI

I asked the master Yeats
Whose great style could not tell
Why it is man hates
His own salvation,
Prefers the way to hell,
And finds his last safety
In the self-made curse that bore
Him towards damnation:
The drowned undrowned by the sea
The sea worth living for.

(Allen Tate )

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4.6.09


HOJE NO


NOVO:

4-Jun-09 Fotografia 4-Jun-09 Fotografia (2)

(Fotografias autografadas de Igor Strawinsky e Arturo Benedetti-Michelangelo.)

VIDA DO ARQUIVO E DA BIBLIOTECA: OFERTAS, AQUISIÇÕES, AGRADECIMENTOS


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ESPÍRITO DO TEMPO: HOJE



Passagem do tempo por um banco do jardim de S. Amaro. (RM)

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3.6.09


EARLY MORNING BLOGS

1568 - Lectores

De aquel hidalgo de cetrina y seca
tez y de heroico afán se conjetura
que, en víspera perpetua de aventura,
no salió nunca de su biblioteca.

La crónica puntual que sus empeños
narra y sus tragicómicos desplantes
fue soñada por él, no por Cervantes,
y no es más que una crónica de sueños.

Tal es también mi suerte. Sé que hay algo
inmortal y esencial que he sepultado
en esa biblioteca del pasado

en que leí la historia del hidalgo.
Las lentas hojas vuelve un niño y grave
sueña con vagas cosas que no sabe.

(Jorge Luis Borges)

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2.6.09




"O candidato "roubalheira" na Sábado em linha.

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ESPÍRITO DO TEMPO: HOJE



Passagem do tempo por um banco do jardim de S. Amaro. (RM)

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SE PORTUGAL FOSSE UM PAÍS A SÉRIO...(5)



... muita coisa que se faz não se poderia fazer.

Se Portugal fosse um país a sério, tomaria muito a sério o modo como casos como o da menina russa são tratados na comunicação social. Não custa perceber o enorme potencial de manipulação das notícias, que, nestes dias de desvalorização "fracturante" da biologia (hoje ser pai ou mãe "biológicos" é uma condição menor na paternidade/maternidade), se pode realizar com filmes e cenas de filme cuidadosamente escolhidas. Já colocaram a questão de quantas meninas como a russa são todos os dias assim tratadas por milhões de pais e mães portugueses, muitas vezes em condições exactamente idênticas? Experimentem filmar as palmadas em vossas casas e vejam como passam na televisão. E experimentem chamar as autoridades para irem lá buscar os filhos para os entregar a pais mais "afectivos".

Este caminho de espectáculo televisivo é perigosíssimo e não protege uma única criança, bem pelo contrário. Vamos acaso criar um tribunal dos afectos para julgar os sentimentos de pais para filhos, de irmãos para irmãos e por aí adiante? Já estivemos mais longe disso. Na verdade, os reality shows televisivos já cumprem em parte essa função. Alguém se interroga sobre a completa violação de todas as regras do jornalismo (muito mais graves do que os comícios de Manuela Moura Guedes) que representam "notícias" como as que colocaram o filho de Leonor Cipriano, a mãe presa no Algarve por ter morto a filha e que foi torturada na PJ, como um "perigo público", atacado por pais e professores numa exibição penosa de irresponsabilidade social? O sensacionalismo crescente dos noticiários, cheios de "histórias de vida", escorrendo de pathos e emoções por tudo quanto é sítio, é um retrocesso civilizacional que nos devia preocupar...

... se fôssemos um país a sério.

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EARLY MORNING BLOGS

1567 - Après trois ans

Ayant poussé la porte étroite qui chancelle,
Je me suis promené dans le petit jardin
Qu'éclairait doucement le soleil du matin,
Pailletant chaque fleur d'une humide étincelle.

Rien n'a changé. J'ai tout revu : l'humble tonnelle
De vigne folle avec les chaises de rotin...
Le jet d'eau fait toujours son murmure argentin
Et le vieux tremble sa plainte sempiternelle.

Les roses comme avant palpitent; comme avant,
Les grands lys orgueilleux se balancent au vent,
Chaque alouette qui va et vient m'est connue.

Même j'ai retrouvé debout la Velléda,
Dont le plâtre s'écaille au bout de l'avenue,
- Grêle, parmi l'odeur fade du réséda.

(Paul Verlaine)

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1.6.09


APRENDER COM GRAHAM GREENE


(António Leal)

Behind the complicated details of the world stand the simplicities: God is good, the grown-up man or woman knows the answer to every question, there is such a thing as truth, and justice is as measured and faultless as a clock. Our heroes are simple: they are brave, they tell the truth, they are good swordsmen and they are never in the long run really defeated. That is why no later books satisfy us like those which were read to us in childhood—for those promised a world of great simplicity of which we knew the rules, but the later books are complicated and contradictory with experience; they are formed out of our own disappointing memories.

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SE PORTUGAL FOSSE UM PAÍS A SÉRIO...(4)



... muita coisa que se faz não se poderia fazer.

Se Portugal fosse um país a sério indignar-se-ia, repito a palavra, indignar-se-ia, pelo silêncio e complacência da Entidade Reguladora da Comunicação com a governamentalização da informação da RTP, que contrasta e muito com a rapidez com que vem condenar a TVI. A TVI tem certamente muitos aspectos condenáveis, mas vive do valor das suas audiências e é privada. A RTP é do Estado, existe em nome de uma afirmação de superioridade moral do seu jornalismo, o "serviço público", e é paga, e muito bem paga (a RTP é recordista dos apoios do Estado às empresas públicas e isso não é por acaso) pelos contribuintes. Se existe um resquício de legitimidade na acção da ERC, seria o controlo da comunicação social pública, enquanto ela existir e não houver um governo que tenha a coragem de a extinguir, mesmo contra os interesses egoístas em que todos tem vantagens em escolher as pessoas que controlam os telejornais e as horas de circo que a televisão pública passa para distrair o povo da escassez do pão.

(Continua.)

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ÍNDICE DO SITUACIONISMO (94): JORNALISMO?

A questão do situacionismo não é de conspiração, é de respiração.
E, nalguns casos, de respiração assistida.

No Diário de Notícias assinado por Paula Sá:
No sábado, Rui Rio, vice-presidente do PSD, subiu finalmente ao Alto Minho e juntou-se a Paulo Rangel e Manuela Ferreira Leite, numa tarde animada de campanha para as europeias no centro histórico de Braga. De pólo amarelão vistoso, o presidente da Câmara do Porto foi, no entanto, um discreto membro da comitiva que se aventurou na tradicional Feira Romana da cidade. Tentou manter-se na retaguarda do cabeça de lista do PSD, esse, sim, sempre ao lado da líder social-democrata, numa tentativa notória de não os ofuscar no Norte do País. (...) Manuela Ferreira Leite, que não gosta destas andanças mais populares, resistiu ao calor. Aos encontrões. Aos beijinhos. A um dança de odaliscas adolescentes. Só se sentiu verdadeiramente atrapalhada quando outra senhora lhe travou a marcha para a interpelar sobre a lista de candidatos ao Parlamento Europeu.
*

A magia da palavra "arrasa" para o jornalismo português - este ano no Diário de Notícias, um especialista no "arraso" nos títulos, alguns exemplos:
Oliveira Costa arrasa Dias Loureiro (27 de Maio de 2009)
Maria José Morgado arrasa investigação e resposta penal à corrupção (15 de Maio de 2009|
Código laboral: Tribunal da Relação arrasa lei socialista (9 de Maio de 2009)
Gisele Bündchen arrasa em festa ambientalista (8 de Maio de 2009)
Grazi Massafera arrasa numa favela (21 de Abril de 2009)
Futebol: Sporting - Agostinho Abade arrasa Bruno Paixão e acusa Benfica de estar a "perder a cabeça" (18 de Abril de 2009)
Super-Barcelona arrasa Bayern em 45 minutos (9 de Abril de 2009)
Bastonário dos Advogados arrasa PJ no caso Freeport (27 de Março de 2009)
Cocaína arrasa futebol espanhol (27 de Fevereiro de 2009)
Historiadora arrasa série sobre Salazar (10 de Fevereiro de 2009)
E, se fôssemos aos textos, então a lista seria muito mais completa. Isto é um festival de terraplanagem. E, se fôssemos ao "tabu", então seria outro caso sério...

*
E já agora Paula Sá, do Diário de Notícias, precisa de estudar a geografia portuguesa: se Braga fica no Alto Minho, não sei o que ficará no Baixo Minho. Talvez Viana do Castelo... Percebe-se, fica a mais de 300 km de Lisboa, portanto, noutro hemisfério.

(Alberto Fernandes)

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ESPÍRITO DO TEMPO: HOJE



Passagem do tempo por um banco do jardim de S. Amaro. (RM)

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SE PORTUGAL FOSSE UM PAÍS A SÉRIO...(3)



... muita coisa que se faz não se poderia fazer.

Acresce, numa nota a propósito, que me custa ver a duplicidade com que alguns vociferam contra Dias Loureiro e esquecem que muitos dos seus argumentos se aplicam a José Sócrates. Também aqui há múltiplas responsabilidades, já apuradas, que nada têm a ver com a investigação de corrupção, e que nos deviam preocupar. Colocam-se no mesmo terreno de uma ética pública. Noutros países, que se tomam mais a sério, a presença de familiares aproveitando-se do nome de um governante, com o seu parcial conhecimento, tem-nos levado a demitirem-se. Noutros países, que se tomam mais a sério, o não cumprimento de regras mínimas de procedimento de um governante, como a não comunicação ao Ministério Público de uma tentativa de corrupção que lhe foi relatada pelo tio, também implicaria responsabilidade individual. Etc., etc. Tudo não é o mesmo, mas quem abre muito a boca nuns casos arrisca-se a fazer a cama a outros, mesmo que não o deseje.
Quando escrevi isto, Vital ainda não tinha vindo com a "roubalheira". Vital, que é um péssimo candidato para o PS, faz asneiras todos os dias, mas esta tem para o PS e para o Primeiro-ministro bastante utilidade. José Sócrates tem interesse em que circule a associação da "roubalheira" ao PSD, não só pelas enormes virtudes populistas deste tipo de associações, como também porque precisa de leverage para o Freeport. Ainda vamos ouvir mais do mesmo.
(Continua.)

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SE PORTUGAL FOSSE UM PAÍS A SÉRIO...(2)



... muita coisa que se faz não se poderia fazer.

Mas, se Portugal fosse um país a sério, também haveria idêntico clamor com o governador do Banco de Portugal. Há diferenças, mas há um aspecto comum. As diferenças têm a ver com o interesse próprio: enquanto Dias Loureiro actua como empresário numa lógica de interesse individual (e só se coloca a questão do interesse público porque é membro do Conselho de Estado), Vítor Constâncio actua numa lógica de interesse público. E aqui há um elemento em comum: ambos minimizam as suas responsabilidades num desastre que nos custa a todos milhões de euros. Aqui Constâncio é ainda mais responsável do que Loureiro, porque a clara negligência na actuação do Banco de Portugal, que será certamente sancionada pela Comissão Parlamentar, teve enormes custos sociais. Para além do dinheiro público, todo o edifício da supervisão do Banco de Portugal está abalado nos seus alicerces. A desculpa de que o mesmo aconteceu noutros países não é desculpa. E não é desculpa porque, primeiro, não aconteceu em todos os casos; e, segundo, porque, quando aconteceu, os responsáveis demitiram-se ou foram demitidos.

Não se trata de punir o polícia pelos actos do ladrão que não conseguiu identificar e prender a tempo, trata-se de reconhecer uma responsabilidade individual e institucional num resultado desastroso de que resulta um empobrecimento para todos. Aqui também se trata um cargo não electivo, que vive igualmente de uma confiança que está abalada. Aqui está em causa o mesmo tipo de auto-responsabilização que leva responsáveis por serviços policiais, de informação e de luta antiterrorismo a demitirem-se pelo próprio facto de não terem evitado um atentado. E como sempre, a posteriori, verifica-se que havia sinais premonitórios que não foram vistos com atenção. Também no caso BPN não faltam esses sinais e a vista grossa do Banco de Portugal. Existe por isso responsabilidade individual do seu governador.

(Continua.)

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SE PORTUGAL FOSSE UM PAÍS A SÉRIO...



... muita coisa que se faz não se poderia fazer.

Se Portugal fosse um país a sério tiraria uma lição sobre o "caso" Dias Loureiro. O "caso" Dias Loureiro coloca-se até hoje num terreno que não é, acima de tudo, o da legalidade. Contrariamente à tese de Pina Moura, a "ética republicana" não se reduz às leis. A legalidade tem termos simples e processos simples. Podem não funcionar ou funcionar mal, mas existe uma linearidade na sua apreciação: violou-se ou não uma lei, verificada em tribunal, após todos os mecanismos da acusação e da defesa serem executados, partindo da inviolável presunção de inocência, do processo devido, da apresentação da prova e do julgamento de um juiz em tribunal. Não é isso que neste momento está em causa.

Também não está em causa qualquer apreciação ética baseada num julgamento de carácter, o que seria uma arrogância inqualificável. Mas sobra um problema no domínio ético-social, ou melhor ético-político, e esse problema pode e deve ser matéria de debate público e justifica o clamor a favor do abandono de Dias Loureiro do Conselho de Estado. Existiu, admitida pelo próprio, uma grosseira violação dos padrões de responsabilidade individual em actos do domínio empresarial, que, ao colocarem na falência um banco que teve que ser nacionalizado, com os contribuintes a terem que pagar milhões de euros do seu bolso, remete para uma responsabilidade pessoal que afecta a credibilidade política. Não precisamos de mais nada do que as declarações de Dias Loureiro na Comissão Parlamentar, explicando como é que assinava as contas do banco, quando ao mesmo tempo tinha dúvidas sobre a sua legalidade, para perceber que estes actos de irresponsabilidade, cujos custos são hoje pagos pelos contribuintes, não são compatíveis com a permanência num órgão de aconselhamento do Presidente da República que vive da confiança. Num empresário sem funções políticas, o problema seria diferente, num político que é também empresário, não é compatível com a permanência em cargos não electivos como o Conselho de Estado.

(Continua.)

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EARLY MORNING BLOGS

1566 - The White Goddess

All saints revile her, and all sober men
Ruled by the God Apollo's golden mean -
In scorn of which we sailed to find her
In distant regions likeliest to hold her
Whom we desired above all things to know,
Sister of the mirage and echo.

It was a virtue not to stay,
To go our headstrong and heroic way
Seeking her out at the volcano's head,
Among pack ice, or where the track had faded
Beyond the cavern of the seven sleepers:
Whose broad high brow was white as any leper's,
Whose eyes were blue, with rowan-berry lips,
With hair curled honey-coloured to white hips.

The sap of Spring in the young wood a-stir
Will celebrate with green the Mother,
And every song-bird shout awhile for her;
But we are gifted, even in November
Rawest of seasons, with so huge a sense
Of her nakedly worn magnificence
We forget cruelty and past betrayal,
Heedless of where the next bright bolt may fall.

(Robert Graves)

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31.5.09




(António Leal)

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COISAS DA SÁBADO: A OBAMOMANIA DOS NORTE COREANOS

Os norte-coreanos tem uma espécie de “obamomania” negativa, que consiste em mostrar os limites da “obamomania” positiva, a que embevece europeus e americanos, por esta ordem. Disparam um míssil e chamam-lhe satélite, detonam uma bomba e chamam-lhe tremor de terra. No fundo não fazem mais do que os especialistas de marketing: chamam a uma coisa, outra. Desse ponto de vista estão bem com os tempos de hoje. Só que a resposta aos norte-coreanos não se pode fazer com belas palavras e belos discursos e eles sabem-no muito bem. Como dizia De Gaulle dos comunistas, eles só fazem o que lhes deixam fazer. E deixam.

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COISAS DA SÁBADO: O “i”

Eu sou um fanático, que é o que são os fãs, da imprensa escrita. Leio, se não todos os jornais por dia, quase todos. Leio-os com um hiato temporal entre a Rede e o papel, mas não prescindo do papel, por isso, por mim, nenhum jornal perde um comprador. Sou por isso um comprador do i desde o primeiro número e desejo-lhe todas as felicidades e que fique sempre. Esperei por duas semanas de jornal para emitir uma opinião, porque a primeira impressão do primeiro número me tinha desagradado bastante. Parto sempre do princípio que o primeiro número é especialmente cuidado e este parecia-me trivial. Duas semanas depois, o jornal não me parece mal, mas também não me parece bem. É pouco para esta selva e muito pouco para a necessidade de diferença que a selva precisa por causa da endogamia. Espero sinceramente que melhore, porque eu leio o i, e vou continuar a lê-lo, mas não o sinto indispensável.

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EARLY MORNING BLOGS

1565 -Betrayal

If a man says half himself in the light, adroit
Way a tune shakes into equilibrium,
Or approximates to a note that never comes:

Says half himself in the way two pencil-lines
Flow to each other and softly separate,
In the resolute way plane lifts and leaps from plane:

Who knows what intimacies our eyes may shout,
What evident secrets daily foreheads flaunt,
What panes of glass conceal our beating hearts?

(A. S. J. Tessimond)

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(António Leal)

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© José Pacheco Pereira
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