ABRUPTO |
semper idem Ano XIII ...M'ESPANTO ÀS VEZES , OUTRAS M'AVERGONHO ... (Sá de Miranda) _________________ correio para jppereira@gmail.com _________________
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2.6.09
Se Portugal fosse um país a sério, tomaria muito a sério o modo como casos como o da menina russa são tratados na comunicação social. Não custa perceber o enorme potencial de manipulação das notícias, que, nestes dias de desvalorização "fracturante" da biologia (hoje ser pai ou mãe "biológicos" é uma condição menor na paternidade/maternidade), se pode realizar com filmes e cenas de filme cuidadosamente escolhidas. Já colocaram a questão de quantas meninas como a russa são todos os dias assim tratadas por milhões de pais e mães portugueses, muitas vezes em condições exactamente idênticas? Experimentem filmar as palmadas em vossas casas e vejam como passam na televisão. E experimentem chamar as autoridades para irem lá buscar os filhos para os entregar a pais mais "afectivos". Este caminho de espectáculo televisivo é perigosíssimo e não protege uma única criança, bem pelo contrário. Vamos acaso criar um tribunal dos afectos para julgar os sentimentos de pais para filhos, de irmãos para irmãos e por aí adiante? Já estivemos mais longe disso. Na verdade, os reality shows televisivos já cumprem em parte essa função. Alguém se interroga sobre a completa violação de todas as regras do jornalismo (muito mais graves do que os comícios de Manuela Moura Guedes) que representam "notícias" como as que colocaram o filho de Leonor Cipriano, a mãe presa no Algarve por ter morto a filha e que foi torturada na PJ, como um "perigo público", atacado por pais e professores numa exibição penosa de irresponsabilidade social? O sensacionalismo crescente dos noticiários, cheios de "histórias de vida", escorrendo de pathos e emoções por tudo quanto é sítio, é um retrocesso civilizacional que nos devia preocupar... ... se fôssemos um país a sério. (url)
© José Pacheco Pereira
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