ABRUPTO |
semper idem Ano XIII ...M'ESPANTO ÀS VEZES , OUTRAS M'AVERGONHO ... (Sá de Miranda) _________________ correio para jppereira@gmail.com _________________
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7.4.07
AMANHÃ no número 1000 dos EARLY MORNING BLOGS
(url) ESPAÇOS ONDE SE PODE RESPIRAR (url) COISAS DA SÁBADO: MEGALOPOLIS (1) Neste debate foram escandalosamente ignorados urbanistas de origem diferente da dos engenheiros, como, entre outros, arquitectos e geógrafos. Foram também afastados do debate economistas e gestores, sociólogos e peritos em demografia, para apenas falar das áreas profissionais que o grande público conhece. Foram igualmente esquecidos responsáveis de organismos do Estado, fulcrais no debate e na decisão de todas as questões relacionadas com o NAL e inevitavelmente envolvidos nesta matéria, como, entre outros, os da DGOTDU, das autoridades militares e das relações internacionais e ibéricas.Esta questão é mais que pertinente, até porque reduzir os "especialistas" aos engenheiros já se viu que desemboca numa fractura entre os que estão já comprometidos com o projecto, ou com as empresas e departamento que o patrocinam, e os que o contestam. Os argumento técnicos dos engenheiros a favor e contra acabam por dar a sensação de soma zero ao comum dos mortais, o que pode desiludir os que acham que estas questões são "técnicas" ou de "especialistas". Não, estas questões são, em primeiro lugar políticas, e só depois técnicas na sua execução. São políticas pela razão principal que é uma ideia do futuro de Portugal que as move (escolhendo entre vários "futuros") e um modo de vida dos portugueses (escolhendo entre vários "modos de vida", com suas vantagens e custos). Não sendo ouvidos urbanistas, arquitectos, geógrafos, economistas e sociólogos, o que deixa de ser discutido é o "impacto humano" da OTA, o que é bizarro já que tão cuidadosos somos com o seu impacto "ambiental" nos sobreiros e nas aves. E os homens? MEGALOPOLIS (2) É que não é preciso ter qualquer poder de advinhação ou sequer conhecer os planos secretos do munícipio de Alenquer que foram publicados à revelia dos seus autores, para perceber o que se vai passar: vai existir uma megalopole gigantesca, que estenderá o pior dos subúrbios lisboetas até ao Sul de Santarém, à volta, ao lado, acima e em baixo do aeroporto. O plano secreto de Alenquer já se conhece, mas não custa perceber que de Rio Maior para baixo muitos autarcas estão agarrados à OTA como a grande oportunidade de garantirem que os seus concelhos passam a ser periferias de Lisboa. Uns mais em segredo, outros ás claras, vêem na OTA a grande esperança para aquilo que sempre considerarm o "progresso": urbanizações, construção civil, "parques industriais" e serviços de baixa categoria. Ou seja a Lisboa dos subúrbios, de Loures, Sacavém, Camarate, Brandoa, Sintra, Amadora, dormitórios, abarracamentos, armazéns, sucatas, fabriquetas, entrepostos de camionagem, o habitual caos do nosso inexistente ordenamento, crescerá exponencialmente. E na esteira desta grande "esperança", compradores anónimos ou por interpostas pessoas estão a comprar propriedades agrícolas, a fechar com portões antigos caminhos de passagem, a preparar-se para drenar áreas húmidas, e não é para a agricultura é na esperança, quase certeza, que os municípios da região passem grande parte das terras inscritas nos PDMs dos seus concelhos da reserva agricultura para a urbanização acelerada. * Um interessante anúncio no «JN» de 2 de Dezembro de 2005. Etiquetas: aeroporto da OTA (url) ESPAÇOS ONDE SE PODE RESPIRAR Clicar sobre as fotos para aumentar. Fundão - na encosta da Serra da Gardunha. (Eduardo Saraiva) Cabo da Roca. (Aida Magalhães Filipe) Praia da Nazaré, na base das falésias do "Sítio". (Vítor Xavier) Alcongosta. (Aida Magalhães Filipe) (url) EARLY MORNING BLOGS
999c (Bocage) * Bom dia! (url) 6.4.07
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LENDO
VENDO OUVINDO ÁTOMOS E BITS de 6 de Abril de 2007 Quem não quer que haja referendo sobre a chamada Constituição Europeia não quer democracia na União Europeia. Tão simples e tão grave como isto. Parece, a julgar pelo Expresso, ser o caso de Durão Barroso que está a pressionar o governo para romper com o compromisso referendário do PS e do PSD. Esta atitude é tanto mais grave quanto sem referendo não haverá debate, e mesmo com referendo será um debate viciado pela desproporção de meios. Este "método" é impensável depois do que aconteceu em França e na Holanda, e iria acontecer de certeza noutros sítios. Nem sequer será eficaz, porque como receita para pressionar os países desfavoráveis à Constituição com truques para alargar o número dos que a aceitam, dará como resultado uma União Europeia dividida como nunca aconteceu. Se querem "fazer a Europa" por tratados entre governos, podem fazê-lo, mas depois não se queixem se o anti-europeísmo deitar fora o menino com a água do banho. Deste modo, os cidadãos sentem-se ainda mais marginais num processo de engenharia política que culparão de todos os males, até porque os afasta de qualquer intervenção. Este é só um dos maus sinais que se adensam à volta da Presidência portuguesa. Etiquetas: Europa, União Europeia (url) EARLY MORNING BLOGS 999c - O Lobo mordido por um Cão Sendo um Lobo mordido gravemente por um Cão, estava estirado na terra, sem se poder erguer. Vendo passar uma Ovelha, pediu-lhe, que lhe trouxesse uma pouca de água de um rio, que por ali corria, dizendo-lhe, que, se lhe dava de beber, ele lhe daria de comer. Entendeu a Ovelha ser aquilo assim; trouxe-lhe de beber, e contra sua vontade também de comer. A malícia faz grande dano aos simples. (Esopo, Fábulas, vertidas do grego por Manuel Mendes) * Bom dia! (url) 5.4.07
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COISAS DA SÁBADO: UM PASSO EM FRENTE, VÁRIOS PASSOS AO LADO
e nenhum atrás, é, como título a anunciar uma publicação da editorial do PCP, um elogio. De facto esta edição do primeiro volume das Obras Escolhidas de Álvaro Cunhal, de responsabilidade de Francisco Melo, é uma saudável novidade para os tradicionais costumes das publicações do PCP sobre a sua história. Estas ou eram memorialística heróica, ou edições cuidadosamente expurgadas para não contrariarem a história "oficial" do partido. Este volume das obras de Cunhal é diferente e essa diferença é um passo considerável na credibilização histórica das edições PCP. O passo em frente é dado pela publicação de muitos textos de Cunhal, que o PCP até agora fazia que ignorava, ou só publicava em extractos inócuos. Nestes textos perpassa a história real e não apenas a história fictícia e a assunção pelo PCP desta realidade tardou mas é bem-vinda. É verdade que quase todos os textos não podiam ser ignorados porque estavam referenciados nos volumes da biografia de Cunhal que publiquei e que se percebe ter sido usada sem ser citada, mas pode-se sempre esperar que o seja no volume final. Vamos agora aos passos ao lado. Os inéditos dos arquivos do partido, que até agora eram desconhecidos, completam o que já se sabia, e representam um adquirido importante para o conhecimento de Cunhal dirigente partidário. No entanto, tudo indica que haverá mais textos que não foram escolhidos, sem serem referidos nem identificados. As notas são rudimentares na maioria dos casos e tornam dependente, para a sua compreensão mínima, a consulta de outras fontes. Quer o caso do "grupelho provocatório", quer o caso do browderismo no PCP (polémica com Piteira Santos), permanecem em grande parte incompreensíveis sem um esforço suplementar de consulta. Existe o texto, mas não o contexto. Apesar de tudo isto, e tendo em conta o mundo de betão que é a história "oficial" do PCP, esta edição e o seu organizador, abriram um caminho positivo que espero que continue a ser trilhado pelas Edições Avante!. Etiquetas: Álvaro Cunhal, PCP (url) ESPAÇOS ONDE SE PODE RESPIRAR Serra da Estrela, vista de Alcongosta, pequena aldeia em plena Serra da Gardunha, o orgulho dos locais pela sua produção de cerejas que é a maior da região. (Aida Magalhães Filipe)
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LENDO
VENDO OUVINDO ÁTOMOS E BITS de 5 de Abril de 2007 Duas perguntas obrigatórias: por que razão a questão dos títulos académicos do primeiro-ministro demorou tanto tempo até chegar à imprensa e por que razão uma vez chegada através do Público, o jornal ficou isolado na sua notícia durante alguns dias, em particular pelo silêncio da televisão? (url) O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES: ESTILHAÇOS DA QUADRATURA DO CÍRCULO Títulos académicos do Primeiro-ministro Ontem ao ver atentamente a quadratura do círculo fiquei com a noção de que o processo de admissão à Ordem dos Engenheiros não foi totalmente explicado. Algumas coisas ficaram por esclarecer e outras ficaram muito confusas. Os títulos Engenheiro e Engenheiro Técnico são conferidos pela Ordem dos Engenheiros (OE) e pela Associação Nacional de Engenheiros Técnicos (ANET). Na OE podem inscrever-se todos os licenciados de cursos reconhecidos pela Ordem. Na ANET todos os bacharéis e licenciados pelos politécnicos. No entanto qualquer licenciado de cursos não reconhecidos pela OE, pode candidatar-se através de um exame nacional. Segundo as regras que estão na página da OE (que eu conheço muito bem porque como pode ver pelo anexo fiz o exame este ano), o exame deve ser requerido até ao dia 10 de cada ano. No exame dura o dia inteiro. Da parte da manhã efectua-se a parte específica, à escolha da pessoa que se candidatou. Da parte da tarde efectua-se a parte geral com uma pergunta de cada uma das outras áreas (excepto a que foi efectuada da parte da manhã). As áreas do exame são as seguintes: - Planeamento e Ordenamento do Território - Vias de Comunicação - Estruturas e Betão Armado - Construções Civis - Hidráulica, Hidrologia e Recursos Hídricos - Geotecnia e Fundações Para efectuarem o exame em Coimbra compareceram os alunos: - Instituto Politécnico de Viseu, Castelo Branco, Leiria, Tomar, Guarda - Instituto Superior de Engenharia de Coimbra - Instituto Piaget de Viseu - Universidade de Aveiro Para efectuarem o exame em Lisboa compareceram os alunos: - Instituto Politécnico de Beja, Portalegre, Setúbal, Autónomo - Universidade do Algarve, Católica Portuguesa, Independente, Lusófona e Moderna Para efectuarem o exame no Porto compareceram os alunos: - Instituto Politécnico de Bragança, Viana do Castelo - Instituto Piaget de Mirandela - Instituto Superior de Engenharia do Porto - Universidade Fernando Pessoa O Eng. Téc. José Sócrates não se inscreve na OE porque não pode, para tal teria que efectuar o exame (e ser aprovado). (António Godinho) * Analisando os estatudos da Ordem dos Engenheiros, logo de início, no artigo 2º, tratando das suas atribuições, aparece o seguinte: /2 – Na prossecução das suas atribuições, cabe à Ordem: g) Proteger o título e a profissão de engenheiro, promovendo o procedimento judicial contra quem o use ou a exerça ilegalmente; / Parece-me que estamos, no caso do cidadão José Sócrates, perante uma situação óbvia em que utiliza o título de Engenheiro ilegalmente. Vejamos, para comprovar o que digo, um pouco mais dos estatutos da Ordem:/ / /*Artigo 4.º* Título de engenheiro/ /Para efeitos do presente Estatuto, designa-se por engenheiro o titular de licenciatura, ou equivalente legal, em curso de Engenharia, inscrito na Ordem como membro efectivo, e que se ocupa da aplicação das ciências e técnicas respeitantes aos diferentes ramos de engenharia nas actividades de investigação, concepção, estudo, projecto, fabrico, construção, produção, fiscalização e controlo de qualidade, incluindo a coordenação e gestão dessas actividades e outras com elas relacionadas./ Tendo em conta que José Sócrates não se encontra inscrito na Ordem dos Engenheiros, por nunca sequer se ter mostrado interessado em realizar o exame de admissão, parece-me óbvio que apenas resta àquele órgão, para manter a sua honra e a integridade do título que se propõe defender, proceder em conformidade com os seus estatutos. Como estudante de engenharia (daqueles que têm que fazer as cadeiras para conseguir obter uma licenciatura) fico à espera de uma atitude íntegra e necessária por parte de quem tem o dever de pôr termo a este tipo de devaneios a que o Sr. Sócrates já nos tem vindo a habituar. (Jean Barroca) Futebol, claques, etc. Já todos sabemos que no futebol profissional os “meninos” das claques oficiais, isto é, adeptos apoiados pelas direcções dos próprios clubes, se comportam mal e são estranhamente violentos e selvagens. Para minimizar os estragos, os actos criminosos e evitar a violação sistemática das segurança dos cidadãos que involuntariamente se cruzam no caminho destes energúmenos, a polícia cria, para cada jogo considerado de maior risco, pelotões e dispositivos de segurança, os quais pela sua própria natureza e excepcionalidade, custam muito dinheiro ao erário público. A questão que quero colocar é a seguinte: quem paga estes dispositivos especiais? Não deveriam ser os próprios clubes, aqueles que negoceiam em cifras de muitos milhões de euros os contratos da esfera do futebol, que se exploram as emoções dos adeptos e organizam estas claques exemplares? Porque não é apresentada a factura (custos) dos serviços, de todos os serviços prestados pela polícia nestes dispositivos? É que se não á apresentada a respectiva despesa aos clubes, o mecanismo regularizador da despesa que funciona “naturalmente” é, mais uma vez, o orçamento do estado, ou seja, são os cidadãos bem comportados, que trabalham, cumprem com civismo a lei, que pagam os seus impostos, numa palavra aqueles que sustentam o país e que deveriam ser estimados que desembolsam mais estas verbas. Os clubes coitadinhos, esses precisam sempre de serem apoiados e desculpabilizados mesmo quando são os mentores das claques. Os delinquentes ou os mafiosos que se abrigam e governam com a encenação teatral e histérica do futebol, estão talvez carentes de apoio social e psicológico, subsidiado pelo estado, está bom de ver….e nada de os prender e criminalizar, que os dispositivos policiais só lá estão para suster alguns estragos excessivos. É que sem algum controlo, o futebol pode sair prejudicado, portanto convém não exagerar. Há que compreender e pagar estas coisas, falando muito da compreensão e nada do pagamento. (Jorge Oliveira) * Como achega envio-lhe um excerto do livro "The History of The Decline and Fall of the Roman Empire by Edward Gibbon Volume IV", em que é descrita a actuação das facções do Hipódromo em Constantinopla, nos fins do Século VI DC (igualmente lhe envio o livro completo para enquadramento do texto retirado). Chego a perguntar-me se o que observamos não será qualquer coisa de intrínseca na natureza humana, pelos menos em sociedades que perderam os seus ideais e que entraram num processo de decadência, pois são impressionantes as semelhanças do que então se passou com o que agora observamos. Podemos observar que à época, após um longo período de crescimento constante da violência quer entre facções, quer extravasando para a cidade, o poder político aparece como refém de grupos violentos organizados, e o próprio poder judicial com raras excepções acaba por vergar-se (não sei o que isto me lembra...). Esperemos que apareça alguém com a coragem de Teodora para reverter a situação e permitir a resolução do assunto (não que advogue os métodos drásticos utilizados por Belisário). (Acácio Cunha) Anexo: The History of The Decline and Fall of the Roman Empire by Edward Gibbon Volume IV The race, in its first institution, was a simple contest of two chariots, whose drivers were distinguished by white and red liveries: two additional colors, a light green, and a caerulean blue, were afterwards introduced; and as the races were repeated twenty-five times, one hundred chariots contributed in the same day to the pomp of the circus. The four factions soon acquired a legal establishment, and a mysterious origin, and their fanciful colors were derived from the various appearances of nature in the four seasons of the year; the red dogstar of summer, the snows of winter, the deep shades of autumn, and the cheerful verdure of the spring. 42 Another interpretation preferred the elements to the seasons, and the struggle of the green and blue was supposed to represent the conflict of the earth and sea. Their respective victories announced either a plentiful harvest or a prosperous navigation, and the hostility of the husbandmen and mariners was somewhat less absurd than the blind ardor of the Roman people, who devoted their lives and fortunes to the color which they had espoused. Such folly was disdained and indulged by the wisest princes; but the names of Caligula, Nero, Vitellius, Verus, Commodus, Caracalla, and Elagabalus, were enrolled in the blue or green factions of the circus; they frequented their stables, applauded their favorites, chastised their antagonists, and deserved the esteem of the populace, by the natural or affected imitation of their manners. The bloody and tumultuous contest continued to disturb the public festivity, till the last age of the spectacles of Rome; and Theodoric, from a motive of justice or affection, interposed his authority to protect the greens against the violence of a consul and a patrician, who were passionately addicted to the blue faction of the circus. 43 [Footnote 41: Read and feel the xxiid book of the Iliad, a living picture of manners, passions, and the whole form and spirit of the chariot race West's Dissertation on the Olympic Games (sect. xii. - xvii.) affords much curious and authentic information.] [Footnote 42: The four colors, albati, russati, prasini, veneti, represent the four seasons, according to Cassiodorus, (Var. iii. 51,) who lavishes much wit and eloquence on this theatrical mystery. Of these colors, the three first may be fairly translated white, red, and green. Venetus is explained by coeruleus, a word various and vague: it is properly the sky reflected in the sea; but custom and convenience may allow blue as an equivalent, (Robert. Stephan. sub voce. Spence's Polymetis, p. 228.)] [Footnote 43: See Onuphrius Panvinius de Ludis Circensibus, l. i. c. 10, 11; the xviith Annotation on Mascou's History of the Germans; and Aleman ad c. vii.] Constantinople adopted the follies, though not the virtues, of ancient Rome; and the same factions which had agitated the circus, raged with redoubled fury in the hippodrome. Under the reign of Anastasius, this popular frenzy was inflamed by religious zeal; and the greens, who had treacherously concealed stones and daggers under baskets of fruit, massacred, at a solemn festival, three thousand of their blue adversaries. 44 From this capital, the pestilence was diffused into the provinces and cities of the East, and the sportive distinction of two colors produced two strong and irreconcilable factions, which shook the foundations of a feeble government. 45 The popular dissensions, founded on the most serious interest, or holy pretence, have scarcely equalled the obstinacy of this wanton discord, which invaded the peace of families, divided friends and brothers, and tempted the female sex, though seldom seen in the circus, to espouse the inclinations of their lovers, or to contradict the wishes of their husbands. Every law, either human or divine, was trampled under foot, and as long as the party was successful, its deluded followers appeared careless of private distress or public calamity. The license, without the freedom, of democracy, was revived at Antioch and Constantinople, and the support of a faction became necessary to every candidate for civil or ecclesiastical honors. A secret attachment to the family or sect of Anastasius was imputed to the greens; the blues were zealously devoted to the cause of orthodoxy and Justinian, 46 and their grateful patron protected, above five years, the disorders of a faction, whose seasonable tumults overawed the palace, the senate, and the capitals of the East. Insolent with royal favor, the blues affected to strike terror by a peculiar and Barbaric dress, the long hair of the Huns, their close sleeves and ample garments, a lofty step, and a sonorous voice. In the day they concealed their two-edged poniards, but in the night they boldly assembled in arms, and in numerous bands, prepared for every act of violence and rapine. Their adversaries of the green faction, or even inoffensive citizens, were stripped and often murdered by these nocturnal robbers, and it became dangerous to wear any gold buttons or girdles, or to appear at a late hour in the streets of a peaceful capital. A daring spirit, rising with impunity, proceeded to violate the safeguard of private houses; and fire was employed to facilitate the attack, or to conceal the crimes of these factious rioters. No place was safe or sacred from their depredations; to gratify either avarice or revenge, they profusely spilt the blood of the innocent; churches and altars were polluted by atrocious murders; and it was the boast of the assassins, that their dexterity could always inflict a mortal wound with a single stroke of their dagger. The dissolute youth of Constantinople adopted the blue livery of disorder; the laws were silent, and the bonds of society were relaxed: creditors were compelled to resign their obligations; judges to reverse their sentence; masters to enfranchise their slaves; fathers to supply the extravagance of their children; noble matrons were prostituted to the lust of their servants; beautiful boys were torn from the arms of their parents; and wives, unless they preferred a voluntary death, were ravished in the presence of their husbands. 47 The despair of the greens, who were persecuted by their enemies, and deserted by the magistrates, assumed the privilege of defence, perhaps of retaliation; but those who survived the combat were dragged to execution, and the unhappy fugitives, escaping to woods and caverns, preyed without mercy on the society from whence they were expelled. Those ministers of justice who had courage to punish the crimes, and to brave the resentment, of the blues, became the victims of their indiscreet zeal; a praefect of Constantinople fled for refuge to the holy sepulchre, a count of the East was ignominiously whipped, and a governor of Cilicia was hanged, by the order of Theodora, on the tomb of two assassins whom he had condemned for the murder of his groom, and a daring attack upon his own life. 48 An aspiring candidate may be tempted to build his greatness on the public confusion, but it is the interest as well as duty of a sovereign to maintain the authority of the laws. The first edict of Justinian, which was often repeated, and sometimes executed, announced his firm resolution to support the innocent, and to chastise the guilty, of every denomination and color. Yet the balance of justice was still inclined in favor of the blue faction, by the secret affection, the habits, and the fears of the emperor; his equity, after an apparent struggle, submitted, without reluctance, to the implacable passions of Theodora, and the empress never forgot, or forgave, the injuries of the comedian. At the accession of the younger Justin, the proclamation of equal and rigorous justice indirectly condemned the partiality of the former reign. "Ye blues, Justinian is no more! ye greens, he is still alive!" 49 [Footnote 44: Marcellin. in Chron. p. 47. Instead of the vulgar word venata he uses the more exquisite terms of coerulea and coerealis. Baronius (A.D. 501, No. 4, 5, 6) is satisfied that the blues were orthodox; but Tillemont is angry at the supposition, and will not allow any martyrs in a playhouse, (Hist. des Emp. tom. vi. p. 554.)] [Footnote 45: See Procopius, (Persic. l. i. c. 24.) In describing the vices of the factions and of the government, the public, is not more favorable than the secret, historian. Aleman. (p. 26) has quoted a fine passage from Gregory Nazianzen, which proves the inveteracy of the evil.] [Footnote 46: The partiality of Justinian for the blues (Anecdot. c. 7) is attested by Evagrius, (Hist. Eccles. l. iv. c. 32,) John Malala, (tom ii p. 138, 139,) especially for Antioch; and Theophanes, (p. 142.)] [Footnote 47: A wife, (says Procopius,) who was seized and almost ravished by a blue-coat, threw herself into the Bosphorus. The bishops of the second Syria (Aleman. p. 26) deplore a similar suicide, the guilt or glory of female chastity, and name the heroine.] [Footnote 48: The doubtful credit of Procopius (Anecdot. c. 17) is supported by the less partial Evagrius, who confirms the fact, and specifies the names. The tragic fate of the praefect of Constantinople is related by John Malala, (tom. ii. p. 139.)] [Footnote 49: See John Malala, (tom. ii. p. 147;) yet he owns that Justinian was attached to the blues. The seeming discord of the emperor and Theodora is, perhaps, viewed with too much jealousy and refinement by Procopius, (Anecdot. c. 10.) See Aleman. Praefat. p. 6.] A sedition, which almost laid Constantinople in ashes, was excited by the mutual hatred and momentary reconciliation of the two factions. In the fifth year of his reign, Justinian celebrated the festival of the ides of January; the games were incessantly disturbed by the clamorous discontent of the greens: till the twenty-second race, the emperor maintained his silent gravity; at length, yielding to his impatience, he condescended to hold, in abrupt sentences, and by the voice of a crier, the most singular dialogue 50 that ever passed between a prince and his subjects. Their first complaints were respectful and modest; they accused the subordinate ministers of oppression, and proclaimed their wishes for the long life and victory of the emperor. "Be patient and attentive, ye insolent railers!" exclaimed Justinian; "be mute, ye Jews, Samaritans, and Manichaeans!" The greens still attempted to awaken his compassion. "We are poor, we are innocent, we are injured, we dare not pass through the streets: a general persecution is exercised against our name and color. Let us die, O emperor! but let us die by your command, and for your service!" But the repetition of partial and passionate invectives degraded, in their eyes, the majesty of the purple; they renounced allegiance to the prince who refused justice to his people; lamented that the father of Justinian had been born; and branded his son with the opprobrious names of a homicide, an ass, and a perjured tyrant. "Do you despise your lives?" cried the indignant monarch: the blues rose with fury from their seats; their hostile clamors thundered in the hippodrome; and their adversaries, deserting the unequal contest spread terror and despair through the streets of Constantinople. At this dangerous moment, seven notorious assassins of both factions, who had been condemned by the praefect, were carried round the city, and afterwards transported to the place of execution in the suburb of Pera. Four were immediately beheaded; a fifth was hanged: but when the same punishment was inflicted on the remaining two, the rope broke, they fell alive to the ground, the populace applauded their escape, and the monks of St. Conon, issuing from the neighboring convent, conveyed them in a boat to the sanctuary of the church. 51 As one of these criminals was of the blue, and the other of the green livery, the two factions were equally provoked by the cruelty of their oppressor, or the ingratitude of their patron; and a short truce was concluded till they had delivered their prisoners and satisfied their revenge. The palace of the praefect, who withstood the seditious torrent, was instantly burnt, his officers and guards were massacred, the prisons were forced open, and freedom was restored to those who could only use it for the public destruction. A military force, which had been despatched to the aid of the civil magistrate, was fiercely encountered by an armed multitude, whose numbers and boldness continually increased; and the Heruli, the wildest Barbarians in the service of the empire, overturned the priests and their relics, which, from a pious motive, had been rashly interposed to separate the bloody conflict. The tumult was exasperated by this sacrilege, the people fought with enthusiasm in the cause of God; the women, from the roofs and windows, showered stones on the heads of the soldiers, who darted fire brands against the houses; and the various flames, which had been kindled by the hands of citizens and strangers, spread without control over the face of the city. The conflagration involved the cathedral of St. Sophia, the baths of Zeuxippus, a part of the palace, from the first entrance to the altar of Mars, and the long portico from the palace to the forum of Constantine: a large hospital, with the sick patients, was consumed; many churches and stately edifices were destroyed and an immense treasure of gold and silver was either melted or lost. From such scenes of horror and distress, the wise and wealthy citizens escaped over the Bosphorus to the Asiatic side; and during five days Constantinople was abandoned to the factions, whose watchword, Nika, vanquish! has given a name to this memorable sedition. 52 [Footnote 50: This dialogue, which Theophanes has preserved, exhibits the popular language, as well as the manners, of Constantinople, in the vith century. Their Greek is mingled with many strange and barbarous words, for which Ducange cannot always find a meaning or etymology.] [Footnote 51: See this church and monastery in Ducange, C. P. Christiana, l. iv p 182.] [Footnote 52: The history of the Nika sedition is extracted from Marcellinus, (in Chron.,) Procopius, (Persic. l. i. c. 26,) John Malala, (tom. ii. p. 213 - 218,) Chron. Paschal., (p. 336 - 340,) Theophanes, (Chronograph. p. 154 - 158) and Zonaras, (l. xiv. p. 61 - 63.)] As long as the factions were divided, the triumphant blues, and desponding greens, appeared to behold with the same indifference the disorders of the state. They agreed to censure the corrupt management of justice and the finance; and the two responsible ministers, the artful Tribonian, and the rapacious John of Cappadocia, were loudly arraigned as the authors of the public misery. The peaceful murmurs of the people would have been disregarded: they were heard with respect when the city was in flames; the quaestor, and the praefect, were instantly removed, and their offices were filled by two senators of blameless integrity. After this popular concession, Justinian proceeded to the hippodrome to confess his own errors, and to accept the repentance of his grateful subjects; but they distrusted his assurances, though solemnly pronounced in the presence of the holy Gospels; and the emperor, alarmed by their distrust, retreated with precipitation to the strong fortress of the palace. The obstinacy of the tumult was now imputed to a secret and ambitious conspiracy, and a suspicion was entertained, that the insurgents, more especially the green faction, had been supplied with arms and money by Hypatius and Pompey, two patricians, who could neither forget with honor, nor remember with safety, that they were the nephews of the emperor Anastasius. Capriciously trusted, disgraced, and pardoned, by the jealous levity of the monarch, they had appeared as loyal servants before the throne; and, during five days of the tumult, they were detained as important hostages; till at length, the fears of Justinian prevailing over his prudence, he viewed the two brothers in the light of spies, perhaps of assassins, and sternly commanded them to depart from the palace. After a fruitless representation, that obedience might lead to involuntary treason, they retired to their houses, and in the morning of the sixth day, Hypatius was surrounded and seized by the people, who, regardless of his virtuous resistance, and the tears of his wife, transported their favorite to the forum of Constantine, and instead of a diadem, placed a rich collar on his head. If the usurper, who afterwards pleaded the merit of his delay, had complied with the advice of his senate, and urged the fury of the multitude, their first irresistible effort might have oppressed or expelled his trembling competitor. The Byzantine palace enjoyed a free communication with the sea; vessels lay ready at the garden stairs; and a secret resolution was already formed, to convey the emperor with his family and treasures to a safe retreat, at some distance from the capital. Justinian was lost, if the prostitute whom he raised from the theatre had not renounced the timidity, as well as the virtues, of her sex. In the midst of a council, where Belisarius was present, Theodora alone displayed the spirit of a hero; and she alone, without apprehending his future hatred, could save the emperor from the imminent danger, and his unworthy fears. "If flight," said the consort of Justinian, "were the only means of safety, yet I should disdain to fly. Death is the condition of our birth; but they who have reigned should never survive the loss of dignity and dominion. I implore Heaven, that I may never be seen, not a day, without my diadem and purple; that I may no longer behold the light, when I cease to be saluted with the name of queen. If you resolve, O Caesar! to fly, you have treasures; behold the sea, you have ships; but tremble lest the desire of life should expose you to wretched exile and ignominious death. For my own part, I adhere to the maxim of antiquity, that the throne is a glorious sepulchre." The firmness of a woman restored the courage to deliberate and act, and courage soon discovers the resources of the most desperate situation. It was an easy and a decisive measure to revive the animosity of the factions; the blues were astonished at their own guilt and folly, that a trifling injury should provoke them to conspire with their implacable enemies against a gracious and liberal benefactor; they again proclaimed the majesty of Justinian; and the greens, with their upstart emperor, were left alone in the hippodrome. The fidelity of the guards was doubtful; but the military force of Justinian consisted in three thousand veterans, who had been trained to valor and discipline in the Persian and Illyrian wars. Under the command of Belisarius and Mundus, they silently marched in two divisions from the palace, forced their obscure way through narrow passages, expiring flames, and falling edifices, and burst open at the same moment the two opposite gates of the hippodrome. In this narrow space, the disorderly and affrighted crowd was incapable of resisting on either side a firm and regular attack; the blues signalized the fury of their repentance; and it is computed, that above thirty thousand persons were slain in the merciless and promiscuous carnage of the day. Hypatius was dragged from his throne, and conducted, with his brother Pompey, to the feet of the emperor: they implored his clemency; but their crime was manifest, their innocence uncertain, and Justinian had been too much terrified to forgive. The next morning the two nephews of Anastasius, with eighteen illustrious accomplices, of patrician or consular rank, were privately executed by the soldiers; their bodies were thrown into the sea, their palaces razed, and their fortunes confiscated. The hippodrome itself was condemned, during several years, to a mournful silence: with the restoration of the games, the same disorders revived; and the blue and green factions continued to afflict the reign of Justinian, and to disturb the tranquility of the Eastern empire. 53 [Footnote 53: Marcellinus says in general terms, innumeris populis in circotrucidatis. Procopius numbers 30,000 victims: and the 35,000 of Theophanes are swelled to 40,000 by the more recent Zonaras. Such is the usual progress of exaggeration.] (url) EARLY MORNING BLOGS 999b - Rages de Césars L'Homme pâle, le long des pelouses fleuries, Chemine, en habit noir, et le cigare aux dents : L'Homme pâle repense aux fleurs des Tuileries - Et parfois son oeil terne a des regards ardents... Car l'Empereur est saoul de ses vingt ans d'orgie ! Il s'était dit : "Je vais souffler la liberté Bien délicatement, ainsi qu'une bougie !" La Liberté revit ! Il se sent éreinté ! Il est pris. - Oh ! quel nom sur ses lèvres muettes Tressaille ? Quel regret implacable le mord ? On ne le saura pas. L'Empereur a l'oeil mort. Il repense peut-être au Compère en lunettes... - Et regarde filer de son cigare en feu, Comme aux soirs de Saint-Cloud, un fin nuage bleu. (Arthur Rimbaud) * Bom dia! (url) 4.4.07
COISAS DA SÁBADO: FUTEBOL = COMPLACÊNCIA = VIOLÊNCIA
Mais um jogo de futebol, mais violência pública, mais o encolher de ombros da complacência com a violência se for devida ao futebol – eis a nossa excelente combinação de factores. Damos por adquirido que um jogo de futebol como o Benfica-Porto é de "alto risco", metemos as claques em camionetas seladas, que não podem parar em lado nenhum senão no rossio preparado à chegada, para evitar a destruição das áreas de serviço, bares e restaurantes da autoestrada, mobilizados centenas de polícías e bombeiros para formar cordões de segurança, empurrados como gado bravo para um canto da arena, cercado por barras de ferro, revistados à entrada com tanta eficácia que meia dúzia de petardos passaram para as bancadas e foram gloriosamente atirados contra os adversários. Mortos já houve, feridos e presos, são os habituais na "grande competição". Vá lá que ainda só é à pedra, petardo e cadeirada, ainda não é a tiro. Mas já faltou mais. Etiquetas: futebol (url) OS NOVOS DESCOBRIMENTOS: OUTRAS VISTAS Por estes dias no nosso sistema solar: nuvens em Vénus, o vulcão Tvashtar em Io, e Prometeu arranca material a um anel de Saturno (url) 3.4.07
ESPAÇOS ONDE SE PODE RESPIRAR (url) EARLY MORNING BLOGS Caminhavam dois companheiros, tendo perdido o caminho, depois de terem andado muito, chegaram à terra dos Bugios. Foram logo logo levados ante o rei, que vendo-os lhes disse: - Na vossa terra, e nessa por onde vindes, que se disse de mim, e do meu reino? Respondeu um dos companheiros: - Dizem que sois rei grande, de gente sábia, e lustrosa. O outro, que era amigo de falar verdade, respondeu: - Toda vossa gente são bugios irracionais, forçado é que o rei também seja bugio. Como isto ouviu o rei, mandou que matassem a este, e ao primeiro fizessem mimos, e o tratassem muito bem.999a - O Rei dos Bugios e Dois Homens (Esopo, Fábulas, vertidas do grego por Manuel Mendes) * Bom dia! (url) 2.4.07
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LENDO
VENDO OUVINDO ÁTOMOS E BITS de 2 de Abril de 2007 Em breve, as primeiras novas do Command Conquer 3 Tiberium Wars e não são muito brilhantes. Mas pode ser uma reaccionária resposta à mudança. * Vendo as imagens da claque do Porto a ser pastoreada pela polícia por detrás das grades, cheia de indivíduos ululantes a dizer obscenidades e com dísticos elegantes e graciosos ("Carolina dá-me o teu soutien", por exemplo), lembrei-me de como o cartaz do PNR era mais bem aplicado aqui. Eles não querem imigrantes ilegais, que vivem do rendimento mínimo, são violentos, não trabalham e pertencem a umas mafias criminosas. Enganaram-se certamente no destinatário do amável desejo de "boa viagem". Vamos dar-lhes uma oportunidade de se corrigirem. Etiquetas: Command and Conquer, futebol (url) (url) NUNCA É TARDE PARA APRENDER: DOMINAR OS MARES Paul Kennedy, The Rise and Fall of British Naval Mastery, Penguin Books, 2001. Este é um dos grandes clássicos da historiografia contemporânea, uma obra excepcional de síntese económica, geopolítica, militar e histórica. Quando se lê é o poder da síntese que sobreleva a tudo como aliás acontece nos grandes historiadores como Gibson, Braudel ou Norman Davies, como se o mundo fosse fácil de se perceber a partir de uma leitura centrada num único factor, neste caso o domínio dos mares. A história do Reino Unido assente no seu poderio naval, é uma história de "ascensão" e "queda" que ainda está em curso, já não como história do Rule Britannia, mas do seu, ao mesmo tempo descendente directo e destruidor, os EUA. Paul Kennedy mostra como a correlação entre o poder económico (industrial, hoje tecnológico) e o poder militar produzem a ascensão e queda de "poderes", que só muitos anos depois se detectam a olho nu. Na I Guerra Mundial, o submarino acabou com o papel central das grandes frotas de guerra à volta dos couraçados, enquanto que na II Guerra essa crise foi acelerada pelo avião, deixando aos porta-aviões o domínio dos mares. Embora o alcance temporal do livro não chegue à guerra das Malvinas, essa última demonstração do póstumo poder naval britânico foi uma síntese prática de todas as mudanças num só conflito. Os marinheiros do Belgrano e do HMS Sheffield pagaram o preço dos submarinos e dos aviões e do fim de uma certa forma de fazer a guerra. (url) EARLY MORNING BLOGS 999 - En la forest de Longue Attente En la forest de Longue Attente
Entrée suis en une sente Dont oster je ne puis mon cueur, Pour quoy je vis en grant langueur, Par Fortune qui me tourmente. Souvent Espoir chacun contente, Excepté moy, povre dolente, Qui nuit et jour suis en douleur En la forest de Longue Attente. Ay je dont tort, se je garmente Plus que nulle qui soit vivante ? Par Dieu, nannil, veu mon malheur, Car ainsi m'aid mon Createur Qu'il n'est peine que je ne sente En la forest de Longue Attente. (Marie de Clèves) * Bom dia! (url) 1.4.07
ESPAÇOS ONDE SE PODE RESPIRAR (url) HÁBITOS VELHOS E RELHOS Os eventos dos últimos dias revelaram a força de duas atitudes populares a que chamarei, por conveniência classificativa, a do "salazarismo difuso" e a do "politicamente correcto". Na realidade, embora pareçam distintas, elas são uma e a mesma atitude, com dois tempos históricos e genealogia diferentes, uma gerada à direita e outra à esquerda, mas ambas muito semelhantes nos seus efeitos sociais. A diferença entre um "salazarista difuso" e um "politicamente correcto" está no estilo e nos temas onde se exerce a sua acção, quase nada mais. Os eventos a que me refiro são dois: a vitória de Salazar num espectáculo televisivo (e do seu alter-ego no concurso, Álvaro Cunhal) e a histeria absurda com um singular cartaz do PNR. Ambos os eventos criaram uma espécie de minicrise de consciência e muito soul-searching, como distracções activas da coisa pública, em que a comunicação social e os "portugueses" (os portugueses tal como eram invocados no Big Brother pela Teresa Guilherme) são muito atreitos. aaaaaaaaaaaaaaaa O "salazarismo difuso" vive da reacção demagógica à democracia, e leva o nome de "salazarismo" porque acabou por ser a mais pertinaz herança que Salazar deixou, em grande parte por obra da nossa longa censura do conflito. Construído contra a I República, indo buscar as fontes e as imagens ao século XIX, ao Zé Povinho de Bordalo, com a canga mas sem a manha, à "porca da política", ao cinismo da geração dos "vencidos da vida", acabou por se tornar um instrumento do poder com a censura do Estado Novo. Sobreviveu depois do 25 de Abril como molde para a demagogia que finalmente podia ser expressada de baixo e não imposta de cima.Muita gente "politicamente correcta" pensava que este "salazarismo" era conversa de taxistas, sem perceber que também era conversa deles. Dêem-lhes um político severo, austero, sacrificado, falando contra a política e os políticos e esse político será popular entre as mesas de café, as cartas dos reformados ao Correio da Manhã contra os "ladrões", os ouvintes genuínos do Fórum da TSF, e as mil e uma expressões populares da demagogia entre "nós" (os trabalhadores esforçados que nunca meteram uma baixa fraudulenta, nunca beneficiaram duma cunha, nunca quiseram fazer uma marquise, nunca receberam qualquer dinheiro sem pagar factura por aqueles trabalhos na canalização, etc., etc.) e "eles" (os ladrões dos políticos). Não surpreende, por isso, que o espectáculo, qualquer que ele seja, seja o Big Brother ou Os Grandes Portugueses, atice os componentes demagógicos que existem um pouco por todo o lado, como forma dominante da iliteracia em política. O igualitarismo, a inveja socializada, a rasoira por baixo, o ódio ao prazer e à alegria - se o "outro" está feliz é porque "roubou" alguma coisa que é minha -, as emoções a preto e branco, a fixação simbólica em ideias simples e em personagens que aparentam ser "possuídas" por elas tinham que desaguar na apologia simbólica da mantinha com que Salazar protegia as pernas para não ter frio e poupar dinheiro ao Estado, ou no homem solitário da bicicleta atravessando o país à chuva para levar o Avante! ao isolado militante de uma aldeia rural. É difícil não acreditar na metempsicose, ao ver a transmigração da alma do morto Salazar para os vivos e o modo como, votando nele, se pretendeu castigar o presente com a eterna insatisfação reivindicativa dos comuns contra os poderosos, dos iguais face aos desiguais. Mas este "salazarismo difuso" tem uma nova companhia já há alguns anos, nascida entre intelectuais da esquerda, na Europa e nos EUA, e popularizada pela tropa de choque dos pequenos e médios intelectuais da comunicação social: o "politicamente correcto". Os seus efeitos devastadores chegam ao vocabulário, à codificação dos costumes, à censura, aos tribunais, às universidades, à teologia. As histórias aos quadradinhos de Walt Disney foram expurgadas, os cigarros apagados de filmes antigos, a "negação do holocausto" e do genocídio arménio foram criminalizados, a obra de Fernão Mendes Pinto foi recusada numa colecção da UNESCO pelo seu conteúdo colonialista e agressivo contra os não-europeus, os livros para adolescentes de Enid Blyton foram reescritos, os murais da Assembleia da República representando a submissão de uns negros a Vasco da Gama não podem ser mostrados a governantes africanos, o Charlie Hebdo foi a tribunal por causa das caricaturas que fez a Maomé, a ópera alemã encerrou um espectáculo em que aparecia a cabeça cortada do profeta, e um imenso etc. que cresce todos os dias. No concurso Os Grandes Portugueses, o "politicamente correcto" esteve representado por Aristides Sousa Mendes, a válvula de escape para quem não queria Salazar nem Cunhal, mas queria estar bem com aquilo que achava ser a sua "boa consciência". D. João II não servia, Camões também não e Pessoa muito menos. O senhor do PNR que aparecia no cartaz e que, como todos nós, descende de uma africana provavelmente colorida chamada Lucy, explicou à televisão que gosta muito dos imigrantes, e que até conhece alguns que são boas pessoas. Se estivesse em Paris, diria que gostava muito da sua mulher-a-dias portuguesa, que até era muito trabalhadora. Deixemo-lo no seu mundo povoado de pretos assassinos, árabes bombistas e romenos mendigos profissionais, todos dependurados na nossa Segurança Social, que não é muito diferente daqueles que imaginam o Presidente Bush armado até aos dentes debaixo da cama. O cartaz foi tratado como se fosse um perigo público. Não é. É a expressão de uma atitude muito minoritária (mas a crescer) que atribui aos imigrantes "maus" a insegurança e o desemprego de muitos portugueses, o que, pura e simplesmente, não é verdade. Se se pensa que esta posição é apenas a do PNR, está-se muito enganado: ainda há pouco tempo Paulo Portas expressou posições semelhantes, e muita gente no PCP, no PS e no PSD pensa o mesmo, embora não o diga. Não é por acaso que se atiram com veemência contra o cartaz do PNR, porque é um exorcismo que estão a fazer. Não é o cartaz que é um perigo público, o que é um perigo público é a hipocrisia da nossa atitude face à imigração. Esse olhar tem consagração governativa, num daqueles comissariados que institucionaliza a "correcção" em política do Estado. É o olhar "benevolente" e, no fundo paternalista, do complexo de culpa multicultural, do tratamento discriminatório falsamente positivo dos imigrantes que os coloca num gueto que pouco tem a ver com a realidade. É também por isto que a Europa não é o melting pot que são os EUA. Depois, a realidade aparece em cada esquina e é um escândalo de bater no peito. Quer o "salazarismo difuso", quer o "politicamente correcto" são atitudes contra a liberdade, contra aquilo que é vital numa democracia: um espaço público crítico, dividido, contraditório, competitivo e árduo, sem censura e sem os salamaleques a substituírem o falar livremente, de que tanta falta temos como abominamos. Sem esse espaço, a pasmaceira respeitosa, o sebastianismo preguiçoso, a boa consciência contente são os melhores ingredientes para a mediocridade a que infelizmente estamos tão habituados na nossa casinha portuguesa, pobre, mas honrada, onde não há racistas nem xenófobos e todos queremos o bem dos outros, a unidade, o consenso, em vez de andarem às turras uns com os outros sem cuidar do país. Ámen. (Adaptado do Público de 31 de Março de 2007) * Até que enfim, vejo alguém (que se expressa no mainstream comunicacional) ligar a Vida Nova e Os Vencidos da Vida de Eça, Oliveira Martins, Ramalho Ortigão, Guerra Junqueiro (e o Conde Arnoso, o Marquês de Ficalho, o Carlos Lobo d'Ávila, o Lima Mayer, que ninguém, mas absolutamente ninguém, conhece) ao Estado Novo, raciocinio politicamente incorrecto. O que é politicamente correcto é ver neles os grandes percursores avant-la-lettre do republicanismo (por isso restou apenas a memória dos intelectuais que privaram com Antero, mas não a dos nobilitados), em contraposição à visão nacionalista que o Estado Novo deles dava. De um lado as Farpas, do outro a Cidade e as Serras. Prefiro, de longe, os Maias. (url) EARLY MORNING BLOGS 998 - O parto da Terra (Esopo, Fábulas, vertidas do grego por Manuel Mendes) * Bom dia! (url)
© José Pacheco Pereira
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