ABRUPTO

7.7.06


O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES: MEMÓRIAS, FILMES, MÚSICAS

http://images.amazon.com/images/P/6301965612.01.LZZZZZZZ.jpgVeja bem o que o “seu” Caruso veio acordar: O “over there”, para a maior parte de nós (os mais velhos, mas não tanto como os discos do Caruso…) é inesquecível na interpretação de James Cagney no “Yankee doodle dandy”, a biografia (fantaziada) de George Cohan, num filme de Michael Curtiz (176 filmes, metade na Hungria e Áustria até1926 - os restantes nos EU, dirigiu Robin Hood, Casablanca, o Gavião dos Mares, Life with Father, etc, etc.). Cagney sempre disse que era o seu filme favorito: não “era” gangster”, não havia tiros nem murros, havia o seu talento inicial de “hoofer” e uma voz esplêndida, num grande musical clássico

O Tiperary, como a inesquecível e muito germânica “Lili Marlene” na 2ª guerra, ganhou um estatuto extra-nacionalidade, muito para além dos regimentos irlandeses que a trouxeram. Havia uma versão em Alemão e em Italiano. Em russo, não sei, mas duvido muito…

A “Waltzing Matilda” foi importada pelos australianos e conheceu renome em Galipolí. Nos anos 30, o tanque médio de acompanhamento de infantaria briotânico – e viu acção até às campanhas do deserto do Norte de África, lento, mal armado, mas bem blindado (tivemos um ou dois esquadrões deles em Calavaria 7) – chamava-se “Matilda”. Havia de ser a canção de marcha por excelência, dos “Aussies” nas guerras seguintes – WWII e Coreia).

Outra grande canção da 1ª guerra que obteve nacionalidade portuguesa, foi a muito Inglesa (não britânica…) “Pack up your troubles in your old kit bag - and smile, smile, smile…”, que ganhou versos muito bem adaptados do André Brun e foi, até 1959, canção de marcha de Caçadores 5 – uma das grandes e mais condecoradas unidades de infantaria portuguesa de sempre!

“Se bem me lembro”, a letra corria assim:

«Guarda as tristezas no bornal, rapaz!
Tens de rir, rir rir”
Enquanto rires tú será capaz
De tudo conseguir!

Marcha a cantar
Marcha a sorrir … etc etc»

Aposto que isto vai fazer sorrir de saudade e relembrar a juventude, a um punhado de velhotes como eu.

(Luís Rodrigues)

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RETRATOS DO TRABALHO EM GATWICK, REINO UNIDO



Junto a um avião da TAP.

(Luís Miguel Reino)

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NO PUEDE SER

Há anos que estou para contar esta história. Um dia, ainda o PSD era membro da Internacional Liberal e Reformista, calhou-me ir numa missão à Guatemala. Havia um pedido de um partido guatemalteco, que fazia ou queria fazer parte da Internacional, para que esta enviasse alguém para uma missão "importante", num altura em que se estava a tentar estabilizar uma frágil democracia no país. Não se sabia praticamente nada mais do que isto. Lá fui, sem saber muito bem o que ia fazer.

Quando cheguei ao aeroporto estava à minha espera um americano, o que me pareceu pelo menos bizarro. Levou-me para o Hotel Camino Real, um clássico das histórias da CIA na América Latina. A viagem prometia. No caminho para o Camino, ele explicou-me que trabalhava para um daqueles programas que o Congresso americano subsidiava para apoiar as experiências democráticas e que quem organizava a sessão era o Parlamento guatemalteco. Também não sabia detalhes.

Pouco depois apareceu-me pela primeira vez um membro do partido, a Unión del Centro Nacional (UCN), que se percebia estar um pouco nervoso. Não era capaz de me dar muitos detalhes sobre o que se passava e remeteu-me para uma conversa com o líder do partido, com quem me ia encontrar. Levou-me à sede do partido, uma espécie de armazém com dois andares, sendo o de baixo uma tipografia. Uns cidadãos que pareciam sair de um filme colombiano faziam a segurança ao prédio. Subimos ao andar de cima, onde havia uma espécie de penthouse com um ambiente de luxo. Em vários sofás de couro estava o directório da UCN à volta do seu presidente, a beber um uísque.

Jorge Carpio Nicolle era uma personagem que de imediato se percebia ter uma grande autoridade sobre os seus homens. Ninguém falava antes dele e ninguém falava depois dele. Tinha sido responsável por El Gráfico, um dos grandes jornais guatemaltecos, fora embaixador da Guatemala na ONU e presidente da Cruz Vermelha. Fundara a UCN em 1984, e candidatara-se à Presidência da Guatemala sem sucesso. Era considerado um dos impulsionadores do difícil caminho que a Guatemala então tentava percorrer para a democracia e para a liberdade, ultrapassando um período de violências, torturas e assassinatos. Vários esquadrões da morte e grupos paramilitares ainda estavam activos, e marcaram presença em toda esta história.

Continuava sem saber para que é que eu fora à Guatemala, embora percebesse que a legitimação de uma Internacional era muito importante para o frágil sistema partidário que se estava a esboçar. Mas, na conversa com Jorge Carpio Nicolle, encontrei a mesma tensão e nervosismo que já notara antes. Ele explicou-me que, ao abrigo de um programa destinado a consolidar o Parlamento guatemalteco, ir-se-ia organizar um debate em que cada partido tinha convidado um membro da "sua" Internacional para falar de uma doutrina política. Como ele sabia tanto sobre mim e sobre o PSD como eu sobre a UCN, estavam apreensivos sobre o que eu ia dizer numa situação muito volátil em que cada palavra contava, e na Guatemala matava.

Começou então uma daquelas conversas que só se tem uma vez na vida. De que é que eu iria falar? Bom, das ideias da Internacional liberal... Do liberalismo...

"- No puede ser. Aqui o liberalismo é a direita e nós somos um partido do centro constitucional...

- Bom e então posso falar do programa do meu partido social-democrata...

- No puede ser. Aqui a social-democracia é a esquerda e nós somos um partido do centro constitucional...

- Então se quiser posso falar dos novos fenómenos eleitorais na Europa que revelam um pragmatismo do eleitorado, escolhendo mais por mérito do que pela camisola (não disse bem assim, mas como tinha escrito então uns textos sobre o aparecimento daquilo a que chamara um "novo centro", talvez servisse para a função).

- No puede ser. E se falasse do centrismo?

- (Então já um pouco irritado pela conversa) No puede ser. Porque em Portugal o centrismo é a direita..."

A conversa não adiantou muito, enterrados nos sofás por cima da cidade de Guatemala, bebendo uísque, rodeados por vasos de plantas a darem a única nota de cor no cinzento do cimento dos prédios e de um crepúsculo a anunciar a época das chuvas que já devia ter vindo e se atrasara. No dia seguinte, parti para Atitlán, junto ao lago e aos vulcões sobre os quais Aldous Huxley escrevera, um dos sítios mais bonitos do mundo, mas então situado numa zona em que havia guerrilhas.

Em Atitlán passaram-se toda uma outra série de histórias, que ficam para outra altura, reveladoras da violência em que mergulhava a política guatemalteca, com ameaças de morte, avisos sinistros e uma panóplia de personagens saídos dos livros e voltadas para os livros. O encontro teve o mesmo ambiente único dos momentos em que tudo está a mudar, com resistências e coragens diversas. Muitos dos que lá estiveram, guatemaltecos e salvadorenhos (o delegado da Internacional Democrata-Cristã era de Salvador) tiveram percursos complicados, um foi Presidente e acabou preso por corrupção, outro foi primeiro-ministro, outros já desapareceram. Jorge Carpio Nicolle foi morto a tiro numa emboscada, pouco tempo depois, a caminho para Chichicastenango, num assassinato por encomenda de um esquadrão da morte ainda hoje não inteiramente esclarecido.

Das Internacionais apareceu apenas a minha e a Internacional Democrata-Cristã, o membro do PSOE que devia representar a Internacional Socialista faltou já não me lembro porquê. O representante do partido guatemalteco socialista pediu-me se falava também do "socialismo", cedendo-me o seu tempo, o que naquele ambiente me pareceu normal. Na verdade, a questão mais importante era a que separava a liberdade da ditadura, os que queriam acabar com as violações dos direitos humanos e os que não conheciam outra maneira de mandar. Estavam aliás todos, os bons, os maus, e os assim-assim, na sala envidraçada do pequeno hotel inacabado, onde ao longe se vislumbrava o círculo dos vulcões, o Atitlán, o San Pedro e o Tolimán, altos nos seus cones perfeitos, a mais de 3000 metros.

Por que é que esta conversa me veio à memória? Porque estamos em Portugal a cair numa mesma obsessão pelas palavras. Pelos nomes das coisas. Mais pelo nome das coisas do que pelas coisas. Como na Guatemala, nomes e identidade eram tão fortes que nomear alguma coisa era logo arregimentar-nos num exército.

Há uma semana, escrevi aqui sobre a necessidade de uma "oposição liberal moderada", o que é o mesmo que há muito tempo defendo. Escolhi as palavras e a sua ligação, substantivo e adjectivo, com um cuidado guatemalteco, recordando-me do seu poder ilusório, do seu enorme poder porque é ilusório. Escrevi uma "oposição liberal moderada", como podia ter também ter escrito uma "oposição liberal reformista", o que ofende os puristas, e parece querer dizer nada, mas diz bastante. O que não dá, nem eu a procuro, é identidade pelo nome. É liberalismo, mas não é o "liberalismo". É a prática mais do que a doutrina, porque, se houver pulsão liberal, basta-me. Se em cada medida de política se escolher a que mais nos dá liberdade, política, social, económica, cultural, é esse o caminho. É mais facilmente distinguir e escolher assim do que numa discussão doutrinária abstracta.

Não me interessa discutir a privatização dos rios, posso bem deixá-la para um longínquo futuro, mas já me importa combater pela saída do Estado dos partidos políticos, das centrais sindicais, das confederações patronais, das companhias de teatro subsidiadas, das "bolsas para escritores", do futebol, dos órgãos de comunicação social, ou seja do negócio da propaganda, do subsídio e da protecção. Feito isto, expulsado o Estado de onde ele não deve estar, nem muito nem pouco, podemos passar para onde ele deve estar minimamente. É que sem Estado mínimo, não há justiça social. O Estado máximo que temos é a melhor garantia de que os recursos escassos serão sempre mais para os que não precisam do que para os que precisam. E é isso que me interessa, não é ter uma camisola com o nome de liberalismo ao peito.

E eu acho, certamente com a mesma cegueira daquelas conversas guatemaltecas, que somos bem capazes de distinguir entre uma solução liberal e uma estatista e escolher entre as duas. Se vamos para os dogmas, perdemo-nos; se olharmos para as políticas, achamo-nos. Mais do que liberalismo pela cartilha doutrinária eu quero políticas liberais, vontade liberal, gosto irredutível por todas as liberdades. Se não, no puede ser.

(No Público.)

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EARLY MORNING BLOGS

811 - "I have promises to keep"

Stopping By Woods On A Snowy Evening

Whose woods these are I think I know.
His house is in the village, though;
He will not see me stopping here
To watch his woods fill up with snow.

My little horse must think it's queer
To stop without a farmhouse near
Between the woods and frozen lake
The darkest evening of the year.

He gives his harness bells a shake
To ask if there's some mistake.
The only other sound's the sweep
Of easy wind and downy flake.

The woods are lovely, dark, and deep,
But I have promises to keep,
And miles to go before I sleep,
And miles to go before I sleep.

(Robert Lee Frost)

*

Bom dia!

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4.7.06


LENDO
VENDO
OUVINDO

ÁTOMOS E BITS

de 4 de Julho de 2006


Para além do serviços prestado pelos Frescos, as escolhas laterais de ligações são equilibradas e interessantes. Um exemplo: a tempestade sobre Viena.

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RETRATOS DO TRABALHO NA ALEMANHA



Um polícia alemão a "patrulhar" durante o Mundial...

(Helena Ferro de Gouveia)

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EARLY MORNING BLOGS

810 - "NÃO PUDE NEGAR - QUE ERA POUCO"

Ao outro dia cedo, encerrado com o general num dos quiosques do jardim, contei-lhe a minha lamentável história e os motivos fabulosos que me traziam a Pequim. O herói escutava, cofiando sombriamente o seu espesso bigode cossaco.

- O meu prezado hóspede sabe o chinês? - perguntou-me de repente, fixando em mim a pupila sagaz.

- Sei duas palavras importantes, general: «mandarim» e «chá».

Ele passou a sua mão de fortes cordoveias sobre a medonha cicatriz que lhe sulcava a calva:

- «Mandarim», meu Amigo, não é uma palavra chinesa, e ninguém a entende na China. É o nome que no século XVI os navegadores do seu país, do seu belo país...

- Quando nós tínhamos navegadores... murmurei, suspirando.

Ele suspirou também, por polidez, e continuou:

- Que os seus navegadores deram aos funcionários chineses. Vem do seu verbo, do seu lindo verbo...

- Quando tínhamos verbos... - rosnei, no hábito instintivo de deprimir a Pátria. Ele esgazeou um momento o seu olho redondo de velho mocho - e prosseguiu paciente e grave:

- Do seu lindo verbo «mandar»... Resta-lhe portanto «chá». É um vocábulo que tem um vasto papel na vida chinesa, mas julgo-o insuficiente para servir a todas as relações sociais. O meu estimável hóspede pretende esposar uma senhora da família Ti Chin-Fu, continuar a grossa influência que exercia o Mandarim, substituir, doméstica e socialmente, esse chorado defunto... Para tudo isto dispõe da palavra «chá». É pouco.

Não pude negar - que era pouco.

(Eça de Queirós, O Mandarim)

*

Bom dia!

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3.7.06


RETRATOS DO TRABALHO NA PENSILVÂNIA. EUA



(E. Hopper)

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LENDO
VENDO
OUVINDO

ÁTOMOS E BITS

de 3 de Julho de 2006


América - Caruso a cantar em inglês e francês, com a sombra do sotaque italiano a brilhar como uma luzinha, uma canção patriótica para as trincheiras da Flandres:

Over there, over there,
Send the word, send the word over there -
That the Yanks are coming,
The Yanks are coming,
The drums rum-tumming
Ev'rywhere.
So prepare, say a pray'r,
Send the word, send the word to beware.
We'll be over, we're coming over,
And we won't come back till it's over
Over there.

*

E já agora que estamos numa de acrisolado amor pela pátria, ouça-se também o It's a Long Way to Tipperary. com John McCormack a cantar nos idos de 1914.

*

Mais pão: o país mais optimista do mundo.

*

Ouvido algures: "isto do hino e da bandeira está tudo transformado numa macaquice."

*

Pouco pão e muito circo. Notícias da Futebolândia: secção de "destaque" do Público (em linha) tem 12 artigos sobre futebol, na secção de "opinião" do Correio da Manhã (em linha) há 7 artigos todos sobre futebol. As capas já restauram um certo equilíbrio, dando notícias, que é aquilo para que é suposto os jornais existirem.



Entretanto não acontece nada no país: deu-se uma importante remodelação governamental, em que foi embora o único ministro com autonomia política, parece que as férias dos portugueses começam a revelar a crise (meio caminho andado para a Revolução), os agricultores vão poder construir casas de primeira habitação em áreas classificadas como Reserva Ecológica Nacional (vão ver o número de agricultores a aumentar...) na Bolívia continua o plano inclinado para a desgraça da América Latina, na Palestina as coisas estão como se sabe, etc. Não acontece verdadeiramente nada que nos distraia do que é importante.

*

No Kontratempos , "Imprensa na Prensa".

*

Por falar em ministros quadrados e redondos, Filipe Charters de Azevedo conta esta história:
No dia da demissão de Campos e Cunha eu estava no parlamento a cobrir a discussão das Grandes Opções do Plano. O ex-ministro foi meu professor e nessa qualidade mostrava um enorme sentido de humor e boa disposição. Ao contrário do papel que desempenhava como ministro onde era cinzento.

Porém, nesse dia do parlamento Campos e Cunha estava imbatível. Dizia piadas e arrumava a oposição sempre em duas ou três palavras sensatas.

Do bate boca habitual lembro-me de um dialogo entre Campos e Cunha e o deputado Honório Novo do PCP. O comunista argumentava que “estas eram as Grandes Opções de um Plano que não existia”. O titular da pasta das Finanças replicou que era verdade, mas este era um documento que não fazia sentido, “era um resquício da passagem do PC pelo Governo”. Perante as criticas dos deputados mais à esquerda, que argumentavam que essa era uma crítica sem sentido, com mais de trinta anos, o ministro explicou com um incrível ar de raposão, que “ninguém se esquecia do tempo em que o PC foi Governo.”

Campos e Cunha explicou ainda a sua visão para as Finanças: havia funcionários públicos a mais, que a alta-velocidade não era necessariamente um TGV, e que, obviamente, todo o investimento público tem de ser estudado e analisado. Tratava-se de um ministro bicudo, quadradissimo.

A análise que se fez então foi reveladora de como as questões complexas são tratadas pela comunicação social. Peres Metelo, na sua habitual crónica da TSF, argumentou que no dia do debate das GOP era evidente o cansaço físico e intelectual do ministro, “que estava mais magro”(!). Recentemente o Ministro da Presidência explicou, numa entrevista, que a escolha de Campos e Cunha foi como um erro de casting.

*

Entretanto ligou-me o ministro da presidência a dizer que nunca tinha dito que a escolha de Campos e Cunha tinha sido "um erro de casting" e que tinha a melhor opinião do ex-ministro das finanças.
Em abono do direito à resposta peço-lhe que acrescente este comentário ao post anterior .

(Filipe Charters de Azevedo)

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EARLY MORNING BLOGS

809 - PETER

Once upon a time there were four little Rabbits, and their names were-- Flopsy, Mopsy, Cotton-tail, and Peter.

They lived with their Mother in a sand-bank, underneath the root of a very big fir-tree.

"Now, my dears," said old Mrs. Rabbit one morning, "you may go into the fields or down the lane, but don't go into Mr. McGregor's garden: your Father had an accident there; he was put in a pie by Mrs. McGregor."

"Now run along, and don't get into mischief. I am going out."

Then old Mrs. Rabbit took a basket and her umbrella, and went through the wood to the baker's. She bought a loaf of brown bread and five currant buns.

Flopsy, Mopsy, and Cotton-tail, who were good little bunnies, went down the lane to gather blackberries;

But Peter, who was very naughty, ran straight away to Mr. McGregor's garden, and squeezed under the gate!

(Beatrix Potter)

*

Bom dia!

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2.7.06


INTENDÊNCIA

http://ultralight.caltech.edu/web-site/common/logos/hp-logo.jpg

A saga do novo HP parece estar a chegar ao fim. Depois de vários dias de tentativas sucessivas para instalar o Windows XP Pro (sem sucesso) e para fazer o computador funcionar mais do que um minuto numa ligação ADSL sem bloquear completamente, telefonei à assistência da HP. Como já referi, a assistência da HP explicou-me que tudo o que estava errado estava "normalmente" errado e que a HP não tinha nenhuma responsabilidade. O problema devia ser com a Telepac e, quanto ao Windows, era "normal" não se poder fazer o upgrade devido às características do software que vinha de fábrica. Disse ao "assistente" que talvez fosse melhor colocar um autocolante nos computadores a dizer que "não funciona com o Windows XP Pro" e "bloqueia com a mais comum instalação da banda larga e não há nada a fazer". O registo da avaria foi o nº 7206048124, sem qualquer resultado.

Vários leitores escreveram-me contando problemas semelhantes e idênticas queixas quanto à qualidade e utilidade da assistência da HP. No momento em que estava a desistir, revoltado com o tempo perdido visto que já tinha os dados no disco duro amovível do HP (uma coisa boa do computador), segui os conselhos de Eduardo Pitta e Nuno Cabeçadas, que este último aqui resume:
"Efectivamente, passar de um XP Home para uma versão Pro levanta problemas, pelo que sugiro que instale o XP Pro de raiz usando um CD não HP e socorrendo-se dos que vêm fornecidos com o equipamento caso precise de algum "software" adicional.

Poderá usar o número de série do actual/antigo computador para validar a instalação.

Após esta instalação, normalmente instalo todos os programas manualmente e vou migrando os dados, a começar pelos menos utilizados e terminando nos documentos de uso corrente e no conteúdo do correio electrónico.

Este tem sido o caminho que tenho seguido em todos os HP que tenho em casa, e são 3, de modo a ter uma instalação "limpa", sem programas proprietários de que não preciso e podem degradar a performance do sistema, para além de tornar mais difícil o suporte por parte de empresas que não a própria HP, que, normalmente, se preocupa com o "hardware" e não com a funcionalidade do equipamento."
Em desespero de causa, apaguei tudo que estava no disco e instalei o Windows XP Pro de raiz. Tudo bem. Logo a seguir tinha a ligação à Internet em banda larga a funcionar perfeitamente, não tinha som, nem muitas das funcionalidades e programas que vinham com o computador. O disco de recuperação que tinha feito, não é claro quanto à possibilidade de fazer apenas instalações selectivas e como não estava disposto a corromper o Windows XP Pro e a ter que começar tudo de novo, não arrisquei usá-lo. Fiz tudo peça a peça. Vinte e quatro horas depois já tenho som e, com alguns programas grátis, a maioria das funcionalidades está disponível. Mas ainda falta. Porque não posso perder mais tempo, vou ficar com o HP, mas foi o último que comprei. Amanhã, vamos ver o que me diz assistência da HP quanto aos controladores e programas que tenho que reinstalar. Vou então saber se é possível ou se é "normal" que não o possa fazer.

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O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES:
FUTEBOL, FUTEBÓIS, FUTEBOLÂNDIA




Que bom que era Portugal estar nas Meias-Finais do Campeonato do Mundo do desenvolvimento científico!

Que bom que era Portugal estar nas Meias-Finais do Campeonato do Mundo dos Hábitos de Leitura e nas práticas culturais!

Que bom que era Portugal estar nas Meias-Finais do Campeonato do Mundo da qualidade de vida das cidades e do ordenamento do território!

Que bom que era Portugal estar nas Meias-Finais do Campeonato do Mundo do combate às desigualdades sociais e à pobreza!

Que bom que era Portugal estar nas Meias-Finais do Campeonato do Mundo da qualidade da educação e da nossa saúde!

Que bom que era Portugal estar nas Meias-Finais do Campeonato do Mundo da qualidade dos nossos dirigentes políticos e da capacidade das nossas elites!

Que bom que era Portugal estar nas Meias-Finais do Campeonato do Mundo da defesa do nosso património!

Fico-me por aqui pois apesar de ser um crítico da "Futebolândia" excessiva que existe no nosso país sou da opinião que o futebol é das poucas áreas em que nos podemos orgulhar como lideres de mercado e um sector onde somos realmente bons em ambiente de concorrência aberta num mercado global e liberal!
Esta campanha de Portugal no Mundial de 2006 (onde antigamente existia desorganização, lobbies diversos e comportamentos arruaceiros e temos agora competência, organização e resultados)leva-me a consolidar uma ideia: o que falta a este país para ser tão desenvolvido como os demais países da UE tem muito a ver com a liderança e visão estratégica que (talvez desde o Marquês de Pombal) tem faltado nas diversas elites nacionais (culturais, económicas, sindicais, políticas, sociais, universitárias, etc). Não é por acaso que os portugueses na estrangeiro produzem e são elogiados no seu desempenho profissional pois existe toda uma lógica de organização, saber e liderança completamente diferentes do que existe neste país.
Talvez fosse a hora (em jeito de brincadeira) de tal como o fizemos no Futebol chamarmos para nos dirigir em sectores realmente vitais para nos afirmarmos como país no Século XXI os diferentes Campeões do Mundo de cada área. Um país onde o mérito, a recompensa do esforço e a ética da conduta pessoal e do trabalho são subalternizados em relação à cunha, ao carreirismo político-partidário, ao amiguismo, aos interesses e lobbies instalados e à doce mediocridade nacionais, é um país adiado e muito pouco Europeu e Moderno!

De um bibliotecário intelectual (adepto moderado do Futebol e desporto em geral) de 35 anos, amante da nossa história e deste país com 853 anos de existência que já merecia ser feliz e proporcionar aos seus habitantes uma melhor qualidade de vida....

(Jorge Lopes)

*

Hoje, ao entrar para um “tram”, que me conduziria ao convívio com a alegria Portuguesa em festa numa Bruxelas com uns impossíveis 30 graus à sombra, assisti a uma breve troca de palavras entre um velho, ressentido e, muito, muito emigrante e um puto, louro, cabelo e olhos em contraste com o feio encarnado e verde da sua camisola “Cristiano Ronaldo”.

O velho, saindo do “tram”, com uma voz que lhe denunciava todo o ressentimento e frustração de uma vida, gritava irado para o puto: “porque é tens essa camisola vestida!?, porque é que não falas português!?”. O puto, que o olhava com um ar, não de desafio, mas de pena, respondia: “porque estou na Bélgica...”. Depois, já com o “tram” em andamento ouvi-o explicar em francês a todos os que o rodeavam, claramente a maioria não entenderia a nossa difícil língua (apesar de alguns também serem portadores de camisolas “Cristiano Ronaldo”) o conteúdo da sua altercação com o velho. De facto o miúdo tinha qualquer coisa de Cristiano Ronaldo, era uma estrela, todos à sua volta o admiravam, felizes pelo seu líder informalmente eleito ali mesmo na luta com o velho. E essa felicidade exprimia-se em francês.

A esta hora os putos loiros e de camisolas “Cristiano Ronaldo” andarão por aí por essas ruas belgas. Celebrarão em francês?... E o velho, celebrará de todo?

(Carlos Campos)

*

Na série "Os Homens do Presidente" imagino alguém a sugerir "Sr. Presidente, não devíamos afastar um pouco mais o anúncio da saída do Secretário de Estado, do jogo da equipa nacional, porque senão vai soar horrivelmente a spin?"

(Jorge Gomes)

*

Já desisti de lhe explicar que não existe nenhum conflito entre "intelectualidade" e "futebol"... nunca ouviu pessoas dizerem que uma pessoa "religiosa" é intelectualmente inferior? E depois cita-se o Einstein, Hawkings, Dostoievsky e Gogol mas não interessa...
O JPP é assim com o futebol. Que preconceito danado... Mas não interessa!

A ideia que lhe queria transmitir a si é que devia aproveitar o Abrupto para falar de xadrez, não como oposição ao futebol mas valendo por si mesmo, porque o xadrez vale. Jogou com o Spassky, fale-nos disso ou de como começou a jogar. Eu jogo xadrez e sei por experiência que muita gente gostava de jogar e de aprender a jogar. Mostre como havia tipos com pinta, como o Humphrey Bogart, que eram grandes jogadores de xadrez! Tem um blogue com tantas visitas e tanta visibilidade, se essa paixão pelo xadrez é sincera, então não o use como "oposto" ao futebol. A propósito, nas escolas, o que devia haver era música, escolas de música gratuitas.
(Lourenço)

*

Bandeiras e outras manifestações de orgulho nacional que me causam algum desconforto. Onde estão estas pessoas no resto do ano? Onde está este "amor a Portugal" nos outros dias ? Este é o país que perdeu a última oportunidade de dar o salto e recuperar anos de atraso preferindo gastar em "formação profissional" os fundos e ajudas da comunidade. O país onde o que é estrangeiro é sempre melhor... O país que só é bom a exportar jovens investigadores e estudantes de Erasmus.
(Pedro Dias)

*

Vi hoje no seu blog que já "encerrou a edição" dos comentários relativos ao dito artigo. Mas não poderia deixar de fazer esta referência. A propósito, deixo quatro comentários.

1. Concordo consigo relativamente à excessiva importância do futebol na nossa sociedade. Não costumo assistir a esses espectáculos, e tenho consciência do vício que se tornou. Quando olho à minha volta e vejo que os jovens da minha idade, exceptuando eu e outra pessoa que conheço, não lêem senão jornais desportivos, não vêm blocos informativos senão o Jornal de Desporto, e que, em relação às raparigas, o mesmo se passa (no caso, imprensa cor-de-rosa), sinto que algo de preocupante se passa. Não que não seja natural, porque é. Numa evolução social democrática, bem o sei, tende a haver uma divisão cada vez mais acentuada entre uma elite cultural extrema e uma classe popular totalmente ignorante em relação aos assuntos político-intelectuais que se torna claramente maioritária. Veja-se o caso dos EUA, exemplo que penso que seguiremos em termos sociais, um erro a meu ver. Os Estados Unidos devem ser, para mim, um exemplo político e económico a seguir(o que nós não estamos a fazer), mas nunca social.

2. O que disse antes não invalida que considere também necessária uma dose de cultura pop para nos evadirmos. Eu próprio assisto a programas, música e cinema pop, talvez influenciado pela degeneração social, mas penso que isso é bom sobretudo para podermos relaxar do ritmo frenético em que vivemos.

3. Discordo consigo em relação ao futebol internacional. Penso que, se há uma forma de esta gente ser patriota, isso é bom. Mesmo que seja através do futebol. Por isso vibro com a nossa selecção. É muito bonito ver essa "banalização" dos símbolos nacionais. O que é pena é que não tenhamos sempre, com ou sem Mundial e Euro, uma bandeira à nossa janela a mostrar o nosso amor por Portugal. Gostava de ver as pessoas a trabalhar em regime de voluntariado pelo País ou a ler um livro com o mesmo empenho com saem à rua para festejar a vitória conquistada por outrem. O que não invalida que isso seja positivo, pois é pelo nosso País.

4. Em suma, o que critico não é o futebol em si, é a excessiva importância que lhe damos. Tenho o meu clube, mas isso não significa que assista loucamente aos seus jogos, exceptuando as finais dos campeonatos. É também um abuso os salários que as pessoas desse meio auferem, tendo em conta a sua fraca importância para o desenvolvimento da sociedade - um cientista ou um investigador contribuem muito mais para a evolução mundial do que um presidente de um clube ou um jogador. Concordo consigo que o xadrez é bem mais útil, e por isso sou um grande fã desse desporto mental ao alcance de todos.

(Pedro Prola)

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808 - "Un giorno, un solo /giorno per noi"


ANNO DOMINI MCMXLVII

Avete "to di battere i tamburi
a cadenza di morte su tutti gli orizzonti
dietro le bare strette alle bandiere,
di rendere piaghe e lacrime a pietà
nelle città distrutte, rovina su rovina.
E più nessuno grida: «Mio Dio,
perché m'hai lasciato?» E non scorre più latte
né sangue dal petto forato. E ora
che avete nascosto i cannoni fra le magnolie,
lasciateci un giorno senz'armi sopra l'erba
al rumore dell'acqua in movimento,
delle foglie di canna fresche tra i capelli,
mentre abbracciamo la donna che ci ama.
Che non suoni di colpo'avanti notte
l'ora del coprifuoco. Un giorno, un solo
giorno per noi, o padroni della terra,
prima che rulli ancora l'aria e il ferro
e una scheggia ci bruci in piena fronte.

(Salvatore Quasimodo)

*

Bom dia!

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1.7.06


RETRATOS DO TRABALHO NO MONTIJO, PORTUGAL



(Madalena Santos)

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MINISTROS REDONDOS E MINISTROS QUADRADOS



Freitas do Amaral era um ministro quadrado, Luís Amado e Nuno Severiano Teixeira são ministros redondos. O anterior Ministro das Finanças era um ministro quadrado, o actual é um ministro redondo. A Ministra da Educação é uma ministra quadrada, vamos ver quanto tempo dura até ser substituída por um(a) ministro(a) redonda. Idem para o Ministro da Agricultura. O Ministro António Costa é um ministro habilmente redondo, que tem a melhor máquina para alisar os terrenos por onde passa de modo a nunca parecer quadrado. Todos os ministros querem ser redondos e, quando são redondos, sonham em ser quadrados de vez em quando, um dia, à aventura. O Ministro do Ambiente é redondíssimo. Alguns ministros redondos são eficazes, alguns ministros quadrados são eficazes. Há pastas em que se se é redondo e não se faz nada e vice-versa. O mais eficaz dos ministros quadrados é o Primeiro-ministro que só quer ministros redondos. Saindo Freitas do Amaral e entrando mais ministros redondos, o governo está cada mais redondo e as características de Sócrates como ministro quadrado aparecerão mais visíveis.

*

Embora não esteja alinhada com o espírito do seu texto, gostava de lhe referir uma velha rábula a propósito dos políticos que passam a vida a destruir o que os anteriores fizeram. Nela, relata-se uma reunião de maluquinhos que se juntaram para reinventar a roda. A certa altura, depois de um deles apresentar a «roda quadrada», outro aparece com um melhoramento nada despiciendo: A «roda triangular», que poupa um solavanco.

(C. Medina Ribeiro)

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LENDO
VENDO
OUVINDO

ÁTOMOS E BITS

de 1 de Julho de 2006


O Diário de Notícias em linha considera esta a notícia mais importante de ontem, onde, por acaso, houve uma importante remodelação do Governo. É um critério jornalístico bizarro, para não dizer outra coisa.
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Actualidade
Figo lidera estratégia e Scolari esconde Ronaldo
Num jogo que deverá ser "decidido nos detalhes", como o seleccionador Luiz Felipe Scolari referiu na antevisão do Portugal-Inglaterra, Luís Figo tem o papel central na estratégia da selecção.

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No Diário de Notícias em papel o futebol divide a meio a primeira página com Freitas do Amaral



, o que apesar de tudo é mais equilibrado do que o Público que esmaga com Scolari as mudanças do Governo. O Correio da Manhã é o único a dar importância à demissão, talvez porque não precise de competir pela popularidade.

Sócrates tem sorte ou a sorte cada um a faz escolhendo o dia de ontem para garantir que não houvesse ondas com a saída de Freitas do Amaral?

Lá vamos, pois, cantando e rindo...

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NUNCA É TARDE PARA APRENDER: LUGARES ONDE SE ESCREVE

http://www.tchekhov.com.br/livraria/images/capalugar.jpg (Em breve.)

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RETRATOS DO TRABALHO EM BUENOS AIRES, ARGENTINA



Distribuindo carne de vaca pelos talhos de Buenos Aires.

(Francisco F.Teixeira)

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EARLY MORNING BLOGS

807 - " Apologize"

Once upon a time and a very good time it was there was a moocow coming down along the road and this moocow that was coming down along the road met a nicens little boy named baby tuckoo

His father told him that story: his father looked at him through a glass: he had a hairy face.

He was baby tuckoo. The moocow came down the road where Betty Byrne lived: she sold lemon platt.

O, the wild rose blossoms
On the little green place.

He sang that song. That was his song.

O, the green wothe botheth.

When you wet the bed first it is warm then it gets cold. His mother put on the oilsheet. That had the queer smell.

His mother had a nicer smell than his father. She played on the piano the sailor's hornpipe for him to dance. He danced:

Tralala lala,
Tralala tralaladdy,
Tralala lala,
Tralala lala.

Uncle Charles and Dante clapped. They were older than his father and mother but uncle Charles was older than Dante.

Dante had two brushes in her press. The brush with the maroon velvet back was for Michael Davitt and the brush with the green velvet back was for Parnell. Dante gave him a cachou every time he brought her a piece of tissue paper.

The Vances lived in number seven. They had a different father and mother. They were Eileen's father and mother. When they were grown up he was going to marry Eileen. He hid under the table. His mother said:

-- O, Stephen will apologize.

Dante said:

-- O, if not, the eagles will come and pull out his eyes.--

Pull out his eyes,
Apologize,
Apologize,
Pull out his eyes.

Apologize,
Pull out his eyes,
Pull out his eyes,
Apologize.

(James Joyce, A Portrait of the Artist as a Young Man)

*

Bom dia!

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© José Pacheco Pereira
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