ABRUPTO

30.11.06


IMAGENS POLITICAMENTE INCORRECTAS 8


Um malvado turco ferido assassina um enfermeiro grego que o cuidava. No Le Petit Journal, o tablóide da época, em 17 de Novembro de 1912.

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O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES: A NECESSIDADE DA MEMÓRIA


Relembrando...

«(...) o cenário de ruptura (...) da Segurança Social não se coloca de todo, e mesmo as dificuldades de financiamento (...) apenas deverão surgir em meados da década de 30 (...)»

Saborosa proclamação proferida pelo actual ministro Vieira da Silva na Assembleia da República, em 11 de Julho de 2002 - como pode ser confirmado, p.ex., nesta página.
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(C. Medina Ribeiro)

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28.11.06


MAU TEMPO NA QUARTEIRA


Depois do mau tempo, amanhecer.

(Valentina Neto)

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CAÇA E RECOLECÇÃO 2


(...)


Lá longe, há muito tempo, numa galáxia distante, Camilo escrevia assim...

(Recortes de um folhetim de Camilo de 1858, encontrados dentro de um maço de escrituras de terrenos. Clique sobre a imagem para a aumentar.)

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MAU TEMPO NA FOZ DO DOURO, PORTO


(Gil Coelho)

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LENDO
VENDO
OUVINDO

ÁTOMOS E BITS

de 28 de Novembro de 2006


O melhor que se pode dizer da série mais recente dos Prós e Contras é verificar que alguns dos mais importantes debates sobre a nossa vida pública só aconteceram ali. Várias coisas se conjugam para os debates terem sido um sucesso: em primeiro lugar, a escolha dos interlocutores certos, seja pelos seus lugares, seja pelo seu saber, seja pela frontalidade com que exprimem a sua opinião. E depois, porque há tempo, esse bem precioso para deixar que a racionalidade, mesmo envolvida ne emotividade e no empenho, se desenvolva.

Foi o caso do debate de ontem sobre o ensino superior: estando-se atento percebia-se tudo, percebia-se todo um grupo de fracturas, essencialmente políticas no sentido de envolverem políticas, que nunca antes tinham estado presentes no debate público, a começar pelo sítio onde já podiam e deviam ter sido discutidas como é o caso do Parlamento. Houve momentos decisivos, como quando Mariano Gago, numa rara intervenção emotiva, falou como nenhum ministro até hoje tinha falado da resistência da nossa universidade à inovação e competição, o seu desdém pela formação académica no estrangeiro, o seu corporativismo no favorecimento de carreiras interiores, sem avaliação e competição, o bloqueio à investigação. Para combater estes males percebe-se que Mariano Gago actua ao modo jacobino, centraliza e manda, como dava para ver pelas queixas dos reitores a propósito da forma como foram feitos os acordos com o MIT. Mas há que reconhecer que o ministro ao usar uma linguagem dura e directa foi mortífero para os seus críticos. Isso não significa que muitas das críticas feitas à actual política governamental não devam ser ouvidas com muita atenção porque elas revelam riscos reais e erros, mas foram quase sempre feitas a partir de uma posição encurralada, defensiva, de quem perante a enorme tempestade que lhe caiu em casa descobrisse que não cuidou dela como devia.

Ser preciso que seja um debate televisivo a mostrar as fracturas de interesses e posições institucionais numa área central das políticas públicas, mostra o desfasamento dos partidos da oposição, em particular o PSD, do conhecimento de realidades para além do poder local, da macroeconomia, da justiça, da política institucional. Áreas inteiras da acção pública, como a cultura, a educação, a universidade, a investigação, só são entendidas pelas notícias da comunicação social e não por um conhecimento interior, permanente, atento e cuidado, o que exige que se fale com quem sabe e estude os problemas. Como seriam diferentes os debates políticos e parlamentares, sobre questões como os acordos com o MIT ou o subfinanciamento das universidades, se se soubesse mais e melhor...

*
Prós e Contras/Ensino Superior- sindicatos excluídos & etc. João Cunha Serra, da Fenprof/Ensino Superior escreve que "os sindicatos foram excluídos do debate dos Prós e Contras de ontem (segunda-feira), na RTP, sobre o Futuro de Ensino Superior – os reitores não representam os docentes e o Prof. Moniz Pereira apenas se representa a si próprio". Aqui fica registado.

Registe-se também que o importante debate da passada segunda-feira começou mais uma vez após as 22h30 e acabou pelas duas da manhã! E que os principais serviços noriciosos da RTP1 no dia seguinte nem se dignaram fazer um breve resumo do que ali se passou. Isto apesar de muito longos minutos, uma vez mais, terem sido dedicados ao futebol - até o secretário técnico do Atlético teve tempo de antena no Jornal da Tarde, mas os reitores das universidades portuguesas, o ministro da Ciência, etc., etc., a RTP1 calou-os pelas duas da manhã... É o serviço público que temos. Pactuar com isto é pactuar com o pior deste país.

(F. RUI CÁDIMA)

*

De facto o programa Pros e Contras proporciona vários debates importantes e com tempo, na televisão pública - é até a sua obrigação. Sou estudante do ensino superior e segui o programa de ontem com particular interesse, mas - não obstante o mérito de haver algum debate - não posso deixar de lamentar a maneira como o programa é gerido. Todo o aparato de Arena em que o público bate palmas indiscriminadamente cada vez que algum dos intervenientes diz algo de mais polémico. Ontem então houve um momento em que a Sra Fátima deve ter achado que a discussão ia demasiado ordenada e interrompeu o Presidente do Conselho de Reitores para lhe dizer: "Ponha o dedo na ferida. Onde dói, onde dói". O Presidente tentou dizer algo que dava a entender que queria continuar o seu raciocínio, e foi de novo interrompido, "Vá Dr, vá onde dói! Onde dói..."

Obviamente que não se deve evitar a polémica, mas não cabe à moderadora fomenta-la, nem lhe cabe criar um ambiente hostil como cria quando interrompe o Ministro para dizer: "Ah então está a chamar subdesenvolvido ao Sr Reitor?"
Não me parece certo que, sobretudo a RTP, pegue em temas importantes e os transforme em espetáculo.

(Filipe Grácio)

*

Isso não significa que muitas das críticas feitas à actual política governamental não devam ser ouvidas com muita atenção porque elas revelam riscos reais e erros, mas foram quase sempre feitas a partir de uma posição encurralada, defensiva, de quem perante a enorme tempestade que lhe caiu em casa descobrisse que não cuidou dela como devia.


No contexto ou fora dele esta sua frase resume a actuação deste governo.

Se muita da sua acção é passível de critica séria, sob o ponto de vista da discrepância entre objectivos e resultados (incluo a sua critica nesta categoria), a maioria da crítica é feita de posições encurraladas, diria eu, na sua própria argumentação, uma vez que a consequência lógica da mesma é quase sempre a manutenção do status-quo que na maioria dos casos os próprios criticam.

Se por um lado esta critica é sempre apresentada como protesto, insatisfação, revolta, indignação "dos Portugueses", por outro lado, a mesma surge também como defesa corporativa de interesses, os quais o governo tenta "pôr na ordem" em nome do superior interesse público. Este double-talk dos media e por arrasto do mainstream da opinião pública, é um jogo de equilibrismo que acabará por cair para um dos lados, ditando a sorte deste governo.

Se assim não fôr, acho que este se arrisca a ficar numa situação ainda pior que a anterior. De um lado estarão aqueles que acham que a sua acção é cosmética, que as reformas não vão longe ou não vão no sentido certo, ou não vão sequer para lado nenhum e são mero chavão politico tal qual a planificação económica pós-PREC sustentado em propaganda. Do outro aqueles que acham que o governo reforma demais, que aquilo que está é que está bem, não funciona, mas a culpa não é dos que deviam fazer funcionar, é sempre dos políticos, dos ministros, dos governos, das maiorias, dos critérios de convergência, das políticas economicistas, da globalização... E todos eles terão o seu voto de protesto concentrado na altura certa.

Este governo socialista começa pois a criar o seu próprio "Iraque" do qual vai ser dificil sair incólume e no qual vai ser dificil ficar sem baixas pesadas. O que vai acontecer dependerá sempre dos "Iraquianos" por mais culpas que estes deitem ao governo.

(Mário Almeida)

*

A propósito da intervenção de Mariano Gago (ministro que tenho em muitíssima

conta) sobre a já tristemente célebre "resistência da nossa universidade à inovação e competição", gostaria de tecer alguns comentários. Desde já há duas coisas que saltarão à vista de muita gente: que este é um mal que já foi diagnosticado há muitos anos; e que o foi ainda antes de Mariano Gago ter sido ministro de 3 governos (2 de Guterres, 1 de Socrates) durante quase 8 anos. Voltarei já a este ponto.

Este "mal" de que estamos a falar tem vários aspectos que já referiu: uma certa alergia à investigação por uma parte considerável do corpo docente universitário; a continuação da escandalosa prática de contratação preferencial de gente incompetente, numa aparente tentativa de prolongar este estado de coisas por mais 1 ou 2 gerações; o facto de a maneira mais eficaz de se por pé numa carreira na universidade portuguesa ser a entrada como assistente, ou seja ainda antes de se ter qualquer currículo, em contraste com a dificuldade que encontram aqueles que (portugueses ou não) tentam saltar dalgumas das melhores instituições científicas internacionais para uma universidade portuguesa.

Ora, acontece que este estado de coisas seria bem diferente se o estatuto que rege a carreira docente fosse outro, se p.ex. deixasse de haver assistentes "do quadro", se houvesse concursos públicos e um dos critérios fosse o mérito, se todo e qualquer docente tivesse de ser doutorado. Até seria "engraçado" se fosse ilegal, como o é na Alemanha, que alguém fosse docente na universidade em que se doutorou, mas isto já é sonhar alto! E se o estatuto não é outro devêmo-lo também ao Ministro Mariano Gago, que já teve mais de 7 anos para fazer alguma coisa... Há um ano atrás prometeu em entrevista no "Diga lá Excelência" que em Janeiro de 2006 veríamos finalmente a proposta deste governo de alteração da carreira docente. Ontem prometeu que no decorrer de 2007 algo acontecerá...

Para mim tenho que o Ministro receia a berraria que se espera para o dia em que certa "malta" docente vir a sua vida catita terminada. Senão, alguém que me explique este "fenómeno": a FCT (a fundação que financia a investigação científica em Portugal) abriu um concurso especial de bolsas de doutoramento e pós-doutoramento para ex-docentes do ensino superior. Para ex-docentes!
Reconhecendo que estes representam um contingente especial, incapaz de concorrer com o resto dos portugueses nos concursos ordinários para bolsas da FCT sem alguma discriminação positiva, o estado mais uma vez decidiu acolher no seu colo os mais pobres e necessitados... Haja paciência! Esperemos que 2007 de facto traga algo de novo.

(Filipe Paccetti CorreiA)
*

Até agora, em vários noticiários, a RTP tem gasto bem o dinheiro de todos nós na sua cobertura da viagem do Papa à Turquia. Os seus jornalistas no local têm procurado informar-se com correcção, têm visitado os locais certos com os comentários certos, feito entrevistas elucidativas mesmo quando são entrevistas de rua, têm evitado generalizações superficiais e politizadas, em suma, um caso exemplar de utilização dos recursos públicos para fazer bom jornalismo.

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EARLY MORNING BLOGS

916 - Mobilier scolaire

L'école était charmante au temps des hannetons,
Quand, par la vitre ouverte aux brises printanières,
Pénétraient, nous parlant d'écoles buissonnières
Et mettant la folie en nos jeunes cerveaux,
Des cris d'oiseaux dans les senteurs des foins nouveaux ;
Alors, pour laid qu'il fût, certes ! il savait nous plaire
Notre cher mobilier si pauvrement scolaire.
A grands coups de canif, travaillant au travers
Du vieux bois poussiéreux et tout rongé des vers,
Nous creusions en tous sens des cavernes suspectes,
Où logeaient, surveillés par nous, des tas d'insectes :
Le noir rhinocéros, qui porte des fardeaux,
Le taupin, clown doué d'un ressort dans le dos,
Le lucane sournois, mais aimable du reste,
Le charançon, vêtu d'or vert, et le bupreste...
J'oubliais l'hydrophile avec le gribouri.

(Paul Arène)

*

Bom dia!

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INTENDÊNCIA

Em actualização, bem necessária, os ESTUDOS SOBRE O COMUNISMO.

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27.11.06


CAÇA E RECOLECÇÃO


(Telegrama de Baldur von Schirach, dirigente da Juventude Hitleriana)

Não é todas as semanas que, na actividade habitual de caça e recolecção se volta com presas como autógrafos de Sidónio Paes, Bernardino Machado, Rei D. Luís, Teófilo Braga, Cardeal Cerejeira, folhetins originais de Camilo, correspondência de Brito Camacho, Egas Moniz e Júlio Dantas, núcleos documentais sobre as comemorações do centenário de Alexandre Herculano, reparações da guerra de 1914-18, movimentos de leigos ligados à Igreja em Angola, manuscritos e originais relativos ao MUD, panfletos clandestinos do PCP, CGT, republicanos, FPLN, etc., etc. Este etc. é grande porque ainda não vi tudo com olhos de ver, distraído com o que já entrevi.


(Plano de intercâmbio entre a M.P. e a H.J. no ano de 1938, com notas manuscritas)

Um núcleo documental é particularmente interessante. Oriundo de Virgílio Canas Martins (1909-1973), professor de agronomia, que esteve como bolseiro na Alemanha na segunda metade da década de trinta e que foi representante da Mocidade Portuguesa junto da Juventude Hitleriana. Numa primeira análise, não só a série de correspondência entre Canas Martins, a MP em Lisboa e a Juventude Hitleriana é uma fonte decisiva para o estudo dessas relações, como são muito interessantes alguns documentos em anexo, relacionados com o seu trabalho em instituições científicas alemãs, ligadas à genética e à biologia, na altura bem pouco pacíficas.

Há semanas assim, em que a fada madrinha de quem quer salvar papéis velhos, nos coloca a mão em cima, ou a varinha, ou seja lá o que for.

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RETRATOS DO TRABALHO EM SANTA CRUZ DE TENERIFE, ILHAS CANÁRIAS, ESPANHA


Enviamos uma foto da fabulosa "Artesania", feira internacional do artesanato que abriu ontem à tarde em Santa Cruz de Tenerife. Entre os 300 representantes, escolhemos este latoeiro que, orgulhosamente, nos dizia "adoro a globalização, com ela tenho a oportunidade de promover o meu trabalho junto de Portugueses como vocês ou junto dos Ingleses que acabaram de me pagar 50 euros por peça"

(António Marques)

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OUVINDO

ÁTOMOS E BITS

de 27 de Novembro de 2006



Será interessante acompanhar o nascimento, evolução (e, se se mantiver a tendência do passado, a morte por inanição) de blogues políticos que, pelos seus meios profissionais, se percebe terem financiamentos próprios cuja origem é desconhecida. É um fenómeno novo que mostra a importância crescente da blogosfera e do qual não vem nenhum mal, se existir um pouco mais de transparência. No fundo, trata-se de política pura e dura e não de qualquer actividade amadora e lúdica pelo que saber quem paga é relevante. Relevante e instrutivo.

*

Chega ao Natal e começa a troca de presentes na blogosfera na forma muito portuguesa do fishing for cumpliments . É um costume do "respeitinho" lá fora, é um costume do "respeitinho" cá dentro. Todos nomeiam na esperança de serem nomeados. Dá uma lei da blogosfera.

*


A ler os elementos sobre o "andar", para cima, para baixo, para o lado e... para a frente da blogosfera portuguesa nas sínteses cronológicas anuais da Memória Virtual.

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EARLY MORNING BLOGS

915 - Ordem social, hierarquia e progresso

http://www.der.org/films/images/flatland.jpg

The greatest length or breadth of a full grown inhabitant of Flatland may be estimated at about eleven of your inches. Twelve inches may be regarded as a maximum.


Our Women are Straight Lines.

Our Soldiers and Lowest Class of Workmen are Triangles with two equal sides, each about eleven inches long, and a base or third side so short (often not exceeding half an inch) that they form at their vertices a very sharp and formidable angle. Indeed when their bases are of the most degraded type (not more than the eighth part of an inch in size), they can hardly be distinguished from Straight lines or Women; so extremely pointed are their vertices. With us, as with you, these Triangles are distinguished from others by being called Isosceles; and by this name I shall refer to them in the following pages.

Our Middle Class consists of Equilateral or Equal-Sided Triangles.

Our Professional Men and Gentlemen are Squares (to which class I myself belong) and Five-Sided Figures or Pentagons.

Next above these come the Nobility, of whom there are several degrees, beginning at Six-Sided Figures, or Hexagons, and from thence rising in the number of their sides till they receive the honourable title of Polygonal, or many-Sided. Finally when the number of the sides becomes so numerous, and the sides themselve so small, that the figure cannot be distinguished from a circle, he is included in the Circular or Priestly order; and this is the highest class of all.

It is a Law of Nature with us that a male child shall have one more side than his father, so that each generation shall rise (as a rule) one step in the scale of development and nobility. Thus the son of a Square is a Pentagon; the son of a Pentagon, a Hexagon; and so on.

(Edwin A. Abbott, Flatland. A romance of many dimensions )

*

Bom dia!

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26.11.06


MAU TEMPO NO PORTO VISTO DE UMA JANELA ALTA




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LENDO
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OUVINDO

ÁTOMOS E BITS

de 26 de Novembro de 2006






"O notário não defende os interesses de uma parte: a sua função é a de conciliar todas as partes. " diz-se no texto. Tivessem eles notários...

Tanta ignorância, tanta auto-ilusão, tanta confusão, tanta mistura de coisas muito diferentes (Staline e Hitler juntos com Churchill como se todos tivessem o mesmo papel no fomentar da guerra). Será que alguém explica à Ordem dos Notários e aos seus publicitários que este anúncio é uma pedrada à história, à política, ao bom senso, e ... aos notários? Notários e gente muito próxima de notários, não faltaram nem a Hitler, nem a Churchill, nem a Staline (à moda dele). Alguns deles foram excelentes executores do aparelho de extermínio do Holocausto, ao modelo do pacífico burocrata Eichmann.

O anúncio é de facto despropositado e assenta em incorrecções de vária ordem. Não só pelas razões já apontadas, mas também pelo que me parece ser uma imprecisão na definição das funções notariais. A principal função do Notário é a de conferir fé pública a documentos. Ao Notário compete ainda informar as partes do alcance legal dos documentos que outorgam.

Ou seja, a intervenção notarial confere ao acto praticado uma especial certeza de verdade e legalidade (exemplos: assegura que o vendedor é o verdadeiro proprietário do imóvel que está a vender ou que o outorgante de uma procuração tem poderes para o fazer, confirma a identidade de uma determinada pessoa, assegura-nos que um determinado negócio é legal). Mas, tanto quanto sei, ao Notário não cabe conciliar partes ou fazer acordos. Não é da sua competência legal, tal como definida no próprio estatuto.

Acresce que a intervenção do Notário num acto ou contrato, em nada previne a existência de litígios ou conflitos no futuro. Como ressalta ao mais elementar senso comum, não é porque reconheci a minha assinatura ou fiz um contrato por escritura pública que cumpro as minhas obrigações. (Se assim, fosse, tinhamos uma boa parte dos problemas da Justiça resolvidos substituíndo Tribunais por Cartórios ...) Nesta matéria o anúncio é, no mínimo, falacioso. O que surpreende, vindo da Ordem dos Notários.

(RM)

*

«Se eles tivessem tido um notário, talvez não tivesse havido guerra»

Se vós (notários e publicitários) tivessem lido, talvez (de certeza absoluta) não tivesse havido este anúncio. A ignorância da História preocupa-me. Aflige-me pensar que, provavelmente, a culpa será nossa (dos historiadores). Temos que nos organizar, levar a História aos notários, aos publicitários... espalhar a palavra.

(José Pedro de Oliveira S.)
*

Anteontem, no Telejornal das 20h, o correspondente da RTP1, no Porto, informou-nos: «...estamos na preia-mar». Mas logo de seguida receando, porventura, que o vulgo não percebesse terminologia tão erudita, explicou: «... ou seja: na maré-baixa».

(C. Medina Ribeiro)

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MAU TEMPO NO PORTO

O Douro na sua força máxima, ontem à tarde.

(Gil Coelho)

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EARLY MORNING BLOGS

914 - To Autumn

Season of mists and mellow fruitfulness,
Close bosom-friend of the maturing sun;
Conspiring with him how to load and bless
With fruit the vines that round the thatch-eves run
To bend with apples the moss'd cottage-trees,
And fill all fruit with ripeness to the core;
To swell the gourd, and plump the hazel shells
With a sweet kernel; to set budding more,
And still more, later flowers for the bees,
Until they think warm days will never cease,
For summer has o'er-brimm'd their clammy cells.

Who hath not seen thee oft amid thy store?
Sometimes whoever seeks abroad may find
Thee sitting careless on a granary floor,
Thy hair soft-lifted by the winnowing wind;
Or on a half-reap'd furrow sound asleep,
Drowsed with the fume of poppies, while thy hook
Spares the next swath and all its twined flowers:
And sometimes like a gleaner thou dost keep
Steady thy laden head across a brook;
Or by a cider-press, with patient look,
Thou watchest the last oozings, hours by hours.

Where are the songs of Spring? Ay, where are they?
Think not of them, thou hast thy music too,--
While barred clouds bloom the soft-dying day,
And touch the stubble-plains with rosy hue;
Then in a wailful choir the small gnats mourn

Among the river sallows, borne aloft
Or sinking as the light wind lives or dies;
And full-grown lambs loud bleat from hilly bourn;
Hedge-crickets sing; and now with treble soft
The redbreast whistles from a garden-croft,
And gathering swallows twitter in the skies.

(John Keats)

*

Bom dia!

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25.11.06


CORREIO

Uma parte do correio que me foi enviado entre o dia 23 e hoje, 25, para o endereço jppereir@mail.telepac.pt perdeu-se devido não só ao micro-tamanho da caixa da Telepac como também a um comportamento errático dessa caixa (desaparição de correio apesar de haver espaço, indicações contraditórias quanto ao espaço disponível). Agradecia que me enviassem de novo as mensagens de correio desses dias, se tiverem usado essa caixa, com o endereço do gmail que está no Abrupto. As minhas desculpas mas enquanto existirem pessoas que apenas usam esse endereço antigo, o problema repete-se.

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O LABIRINTO SOLITÁRIO DE MÁRIO SOTTOMAYOR CARDIA

Foto de Mário Augusto Sottomayor Leal Cardia Em Portugal os mortos são todos bons e os vivos todos maus. A explicação é simples: tudo é escasso, os bens são escassos, logo cada vivo ocupa um lugar a mais, o lugar que poderia ser o meu. A enorme inveja social que domina a vida pública e privada em Portugal é a consequência dessa escassez.

Mário Sottomayor Cardia morreu agora, mas na verdade já tinha morrido há muito tempo, porque não ocupava já o lugar de ninguém, não afrontava os vivos, logo não existia, estava esquecido. No seu funeral escasseavam os dirigentes socialistas do regime, os actuais detentores do poder, para quem Cardia era já uma sombra de uma sombra e a uma sombra não se justificava sequer o elogio habitual dos mortos. Tivesse Cardia morrido no exercício pleno de qualquer cargo, e a consternação seria maior. O morto já podia ser bom e o lugar podia ser dado ou recebido.

Esquecido pelos novos-ricos do seu partido, do poder e da celebridade fátua, Cardia foi lembrado por aqueles que ainda se recordavam do seu percurso solitário na política portuguesa dos últimos 40 anos. Quem se recordava lembrava-se intensamente, como Mário Soares comovido como não é habitual; quem esquecera nunca percebera nada. Eu recordo Cardia, o finalmente enigmático e "perdido" Cardia, década após década, perguntando-me sempre sobre o sentido de uma certa forma de viver, que ninguém sabe verdadeiramente se vale a pena, mas que não sabe viver de outra maneira. Que legado deixa Cardia, ele tão típico de uma geração apanhada numa mudança que por ele e pelos seus passou, sem ser outra coisa senão retrato dessa mesma mudança? Ora, quem se mexe não fica na fotografia e Cardia mexeu-se demais para ficar registado num mundo que, sendo ainda mais rápido que qualquer fotografia não vê nada, nem os breves momentos de uma vida. Não é fácil responder sobre o legado de Cardia, porque este se enredou cada vez mais num labirinto muito pessoal, que cada vez mais o isolou e o perturbou a ele e a nós.

A minha memória pessoal de Cardia começa como leitor da Seara Nova e dos seus livros da época seareira, naturalmente proibidos. Cardia fora um comunista mais que ortodoxo, numa época em que o comunismo pró-soviético em Portugal era um comunismo de reacção ao esquerdismo. Acossado, obrigado a explicar-se, perdendo os melhores quadros na universidade para os esquerdistas, começando a ter competidores na rua, na agitação e nos sectores do jovem operariado, o PCP reagia com violência e veemência. Cardia foi um dos símbolos dessa reacção mas, em pouco tempo, evoluiu para um proto-eurocomunismo e daí para um PS de facto mais eurocomunista do que socialista. Contrariando o trajecto de muitos que saíam do PCP para a extrema-esquerda, Cardia saía para a "direita", um percurso mais incomum.

Neste caminho, Cardia não passava despercebido, não só pela sua coragem pessoal na prisão - tornou-se um lugar-comum falar do contraste antropomórfico da sua força com o seu corpo frágil, com uma face que fornecia todos os ingredientes de uma caricatura do pensador, os óculos maiores que a cara, a testa alta -, como pelo seu papel de intelectual de combate, polémico e agressivo. Escolhendo o seu caminho fora do consenso, condição sine qua non para as melhores carreiras na democracia portuguesa, ele sabia que entrando em polémicas se tornava "polémico", logo inconvidável para qualquer cargo de relevo. É verdade que foi ministro da Educação nos primeiros anos pós-PREC, mas quem é que queria esse cargo maldito? Com António Barreto, Cardia partilhou as paredes do ódio. Numa Festa do Avante! havia um daqueles jogos em que se atiram bolas de trapo contra o alvo, e o alvo era ele. Barreto como vampiro, Cardia como bufão, faziam parte da iconografia comunista contra quem queria acabar com o PREC onde ele estava de pedra e cal, na educação e na agricultura.

Depois Cardia fez carreira como deputado socialista, assistindo com incómodo a um progressivo movimento de Soares e do PS para "meter o socialismo na gaveta". Conheci-o então melhor. Recordo-me de com Cardia ter feito uma viagem a Amarante nos anos 80 a convite de um jovem presidente da Câmara, Francisco Assis, para discutir uma questão então considerada bizarra: se devia haver televisões privadas. Eu dizia que sim, Cardia que não. No regresso, paramos em Penafiel para almoçar, um arroz fresco de tomate com outra coisa qualquer. Cardia pegou no garfo e parou a meio caminho da boca e começou a contar histórias da sua passagem pela Ministério da Educação. Uma das histórias, a de uma árvore que impedia uma passagem entre dois institutos que ninguém queria abater, e acabara por ir a Conselho de Ministros, era tão divertida, como aliás tudo o que relatava, que todos se riam. Ninguém falava, presos nas suas palavras, e Cardia contava e contava sempre com o garfo parado a meio caminho. Por deferência ninguém queria começar a comer, mas, após algum tempo, comeu-se o prato, a sobremesa, o café e Cardia mantinha o garfo suspenso. Quando acabaram as histórias, ou aquela série de histórias, o arroz estava frio, a conta já fora pedida e ninguém pensava que Cardia fosse comer. Pois comeu tudo, frio e envelhecido, sem dar por ela do tempo que passara. Cardia concentrava-se e o mundo parava à sua volta. Não havia um átomo de desinteresse no que ele dizia, podia-se ouvir horas a fio, mas o contraste entre o nosso tempo e o dele começava a parecer estranho e errado.

Este desfasamento agravou-se nos anos seguintes. Na revisão constitucional de 1988, Cardia apresentou um projecto próprio com a oposição do PS. Aceitou-se que pudesse a título individual defender o seu projecto nas reuniões da Comissão para a Revisão Constitucional. Começou então um processo bizarro em que, reunião após reunião, José Magalhães por um lado e Cardia por outro tornavam o progresso impossível. Magalhães, representante solitário do PCP, fazia um daqueles tour de force de trabalho gigantesco que o caracterizavam como o workaholic da Assembleia, aguentando sózinho toda a discussão horas a fio, para bloquear a revisão. Cardia ajudava, trazendo todos os dias um papelinho minucioso e longo em que discutia tudo, cada vírgula, cada palavra, num processo infinito. Houve que deliberar procedimentos excepcionais para impedir que a revisão bloqueasse entre Magalhães e Cardia.

Nos anos seguintes, Cardia foi ficando cada vez mais sózinho, num mundo muito próprio, a que não faltava coerência mas também uma implosão interior que só ele tomava por luz. Propôs-se como candidato presidencial e, em palavras que sempre tomei como um elogio, declarou que o oponente que desejava ter era eu próprio. Ele sabia o que queria discutir e ninguém estava interessado em discutir nada com ele. Afastou-se do Parlamento, de que gostava como todos os que gostam de política em democracia, e voltou à filosofia, escrevendo sobre ética. Caminhou para fora da atenção que se lhe dava, já então escassa, e foi rapidamente esquecido, como é da norma.

Perguntar o que sobra é sempre cruel, porque sobra sempre pouco. Cardia ficará na história do pensamento político entre a desagregação do marxismo nos anos 60 e 70 e o modo peculiar do nosso socialismo que ele, como vinha do marxismo, queria "sem dogma". Ficará o ministro da Educação de tempos difíceis, num pequeno grupo dos "normalizadores" do PREC, sob a égide do combate político de 1975 de Mário Soares. Ficarão para os seus amigos as recordações do homem, um gesto, um acto, um escrito, uma palavra, um exemplo, uma pena, uma preocupação. Nestes tempos é o que fica. Nestes e nos outros.

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IMAGENS POLITICAMENTE INCORRECTAS 7

Uma anedota ilustrada publicada no «ALMANACH BERTRAND» de 1926

(C. Medina Ribeiro)

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MAU TEMPO EM SUL, S.PEDRO DO SUL


(José Manuel de Figueiredo)

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COISAS DA SÁBADO: TIMOR AINDA EXISTE?

[East Timor flag]

Existe, existe, nós é que pouco queremos saber dele. No fundo não saiu o menino da mamã que esperávamos, não saiu nem o farol altermundialista que irradiasse a luz de Porto Alegre pelas bandas da Indonésia e da Micronésia, nem saiu o voluntário protectorado de Portugal, que nos redimisse de não parecer haver tanto amor pelo nosso benevolente colonialismo nem nos brasileiros, nem nos africanos, nem nos goeses e macaenses. A última esperança do Império estava em Timor e falhou. Desiludiu-nos, logo passou para o limbo do que não queremos lembrar. Até que, um dia, lá morra um português e nós desejemos intimamente que torne a ser indonésio, para não ser australiano. Até neste desejo se vê como queremos bem pouco aos povos que tocamos na história e muito aos nossos mitos grandiosos.

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COISAS DA SÁBADO: AS TRADIÇÕES AINDA SÃO O QUE ERAM

Former Russian spy Alexander Litvinenko in his hospital bedExiste na nossa história ocidental uma velha tradição de envenenar os opositores políticos. Os Bórgias passaram à história, entre outras coisas, por causa dos anéis que se abriam e despejavam veneno no copo dos anti-Bórgias. Os bizantinos, nossos antepassados cristãos gregos do oriente, tinham também essa tradição, que complementavam com o uso da cegueira para eliminar os competidores ao trono imperial ou os irmãos ambiciosos. Os guerrilheiros dos Balcãs utilizaram abundantemente essa prática de cegar os inimigos. Os russos, herdeiros dos soviéticos, herdeiros do império czarista, moldado na teocracia de Bizâncio, que ainda ostentam a águia bifronte como bandeira, também se dedicaram aos venenos. O NKVD, o seu sucessor KGB e o os serviços “democráticos” actuais, o FSB, mostram um know how venenoso bastante eficaz. O KGB búlgaro, discípulo do soviético, matou assim um opositor em Londres, com uma ponta de guarda-chuva. E o FSB já foi apanhado várias vezes com a mão na massa venenosa: o líder laranja ucraniano que ficou com a cara num bolo, os chechenos e os russos mortos no teatro de Moscovo por um gás “desconhecido” e agora um ex-FSB Litvinenko que comeu um sushi muito especial.

Litvinenko sabia umas coisas, nunca se percebe até que ponto verdadeiras ou adaptadas pelos serviços ocidentais e pela necessidade de sobreviver no caro mundo do capitalismo, mas bastante incómodas para o seu ex-colega Putin. Se a Rússia fosse uma democracia, uma questão como a chechena seria tão importante para a política interna como o Iraque para os americanos. Mas não é, porque a Rússia não é uma democracia, apesar da benevolência da UE. E Litvinenko, que estava nos serviços secretos quando da ascensão de Putin, sabe de sobra como é que ele chegou ao poder. Envenena-se pois, no seguimento de uma boa tradição autocrática.

NOTA: Depois de escrito este texto Litvinenko morreu, Putin explicou que isto de assassinatos políticos é o que de mais comum há na Europa, e parece que o veneno usado é suficientemente raro e sofisticado para não ser acessível aos comuns mortais...

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DE REGRESSO

Tudo em breve.
Árvores caídas, chuva, sol, mar, palavras, sítios, folhas, fúria do ar, cheias, tudo.

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23.11.06


JUDEU ERRANTE



Mais uma corrida, mais uma viagem.

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21.11.06


EARLY MORNING BLOGS

913 - Le bibliophile

http://philo19.ifrance.com/rouveyr/167.jpg

Ce n'était pas quelque tableau de l'école flamande, un
David-Téniers, un Breughel d'Enfer, enfumé à n'y pas
voir le diable.

C'était un manuscrit rongé des rats par les bords, d'une
écriture toute enchevêtrée, et d'une encre bleue et rouge.

- " Je soupçonne l'auteur, dit le Bibliophile, d'avoir
écu vers la fin du règne de Louis douze, ce roi de pater-
nelle et plantureuse mémoire. "

" Oui, continua-t-il d'un air grave et méditatif, oui,
il aura été clerc dans la maison des sires de Chateau-
vieux. "

Ici, il feuilleta un énorme in-folio ayant pour titre le
Nobiliaire de France, dans lequel il ne trouva mentionnés
que les sires de Chateauneuf.

- " N'importe ! dit-il un peu confus, Chateauneuf et
Chateauvieux ne sont qu'un même château. Aussi bien il
est temps de débaptiser le Pont-Neuf. "

(Aloysius Bertrand, Gaspard de la nuit)

*

Bom dia!

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20.11.06


GRANDES CAPAS


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LENDO
VENDO
OUVINDO

ÁTOMOS E BITS

de 20 de Novembro de 2006


Uma parte importante do "conteúdo" da Rede é feita por trabalhadores dedicados e incansáveis. Eles trabalham para nós, por gosto, por entusiasmo, porque têm interesses e curiosidades muito vivas, que querem transmitir, que colocam ao serviço de todos. Duvido, - não, tenho a certeza - , que não tiram daí quase nada, nem vantagens académicas, nem vantagens materiais, e, num país distraído de tudo e demasiado entretido com ninharias, escasso prestígio intelectual, cultural e social. Mas o seu entusiasmo é compulsivo e, de local em local, de plataforma em plataforma, eles fazem o seu trabalho de amador, no verdadeiro sentido da palavra. Um exemplo é o trabalho na Rede de José Adelino Maltez com o Cosmopolis e a Biografia do Pensamento Político.

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O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES; SÉGOLÈNE LA BELLE

Há uns tempos atrás (já nem sei bem precisar) Sílvio Berlusconi desapareceu por uns tempos porque, segundo parece, fez uma intervenção estética na cara que o terá rejuvenescido uns belos anos. A comunicação social falou, escreveu, inventou anedotas, gozou, os puritanos politicamente correctos abanaram a cabeça de espanto e reprovação por mais uma ousadia de Berlusconi. Hoje eu vejo as fotografias de uma belíssima Ségolène Royal, jovem, fresca, elegante... Parece a filha de uma outra Ségolène Royal que foi Ministra do Ambiente algures no início dos anos 90. Vamos ver se a comunicação social também fala, escreve, inventa anedotas, goza, e se os puritanos politicamente correctos abanam a cabeça de espanto e reprovação pela inesperada ousadia de Ségolène.

(J.)

*
Ségolène tem 2 vantagens na imprensa; é mulher e é de esquerda. Na política (como noutras coisas) estes 2 aspectos perdoam muita coisa. Por muitas igualdades que se apregoem o cuidar da imagem é muito mais aceite nas mulheres que nos homens (veja-se que só recentemente começou a ver-se publicidade a produtos de beleza masculinos). E isto liga-se c/ a parte política, pois atacar Seguelene por esse lado seria visto como dar importância a questões do foro feminino, que não interessam ao debate político (execepto quando se diz que as mulheres têm mais sensibilidade p/ o lado humano da política ou outras coisas no género). No caso Berlusconi trata-se de um homem, logo cuidar da imagem é esconder qualquer coisa, e sendo de direita e rico isto é visto como um luxo com fins manipulatórios.

É a democracia e a igualdade que as nossas sociedades mediatizadas produziram, e temos que viver c/ elas. Um detalhe; ambos os personagens referidos são produto desta mesma sociedade mediatizada, e Berlusconi deu importante contributo enquanto empresário do sector para que a mediatização tivesse seguido o rumo informação-política-espectáculo que seguiu. Logo, só pode queixar-se de si próprio.

Miguel Sebastião

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EARLY MORNING BLOGS

912 - God Fashioned The Ship Of The World Carefully

God fashioned the ship of the world carefully.
With the infinite skill of an All-Master
Made He the hull and the sails,
Held He the rudder
Ready for adjustment.
Erect stood He, scanning His work proudly.
Then—at fateful time—a wrong called,
And God turned, heeding.
Lo, the ship, at this opportunity, slipped slyly,
Making cunning noiseless travel down the ways.
So that, forever rudderless, it went upon the seas
Going ridiculous voyages,
Making quaint progress,
Turning as with serious purpose
Before stupid winds.
And there were many in the sky
Who laughed at this thing.

(Stephen Crane)

*

Bom dia!

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RETRATOS DO TRABALHO EM KONSTANZ, ALEMANHA


Arqueólogos

(Marcelo Correia)

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INTENDÊNCIA

Actualizada a nota O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES: TESTEMUNHOS POR DENTRO.

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19.11.06


RETRATOS DO TRABALHO EM AMARANTE, PORTUGAL


Limpar as margens do Tâmega, em Amarante.

(Gil Coelho)

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EARLY MORNING BLOGS

911- The Dover Bitch: A Criticism Of Life

So there stood Matthew Arnold and this girl
With the cliffs of England crumbling away behind them,
And he said to her, "Try to be true to me,
And I'll do the same for you, for things are bad
All over, etc., etc."
Well now, I knew this girl. It's true she had read
Sophocles in a fairly good translation
And caught that bitter allusion to the sea,
But all the time he was talking she had in mind
the notion of what his whiskers would feel like
On the back of her neck. She told me later on
That after a while she got to looking out
At the lights across the channel, and really felt sad,
Thinking of all the wine and enormous beds
And blandishments in French and the perfumes.
And then she got really angry. To have been brought
All the way down from London, and then be addressed
As sort of a mournful cosmic last resort
Is really tough on a girl, and she was pretty.
Anyway, she watched him pace the room
and finger his watch-chain and seem to sweat a bit,
And then she said one or two unprintable things.
But you mustn't judge her by that. What I mean to say is,
She's really all right. I still see her once in a while
And she always treats me right. We have a drink
And I give her a good time, and perhaps it's a year
Before I see her again, but there she is,
Running to fat, but dependable as they come,
And sometimes I bring her a bottle of Nuit d'Amour.

(Anthony Hecht )

*

Bom dia!

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18.11.06


RETRATOS DO TRABALHO EM S. JULIÃO DO TOJAL - LOURES, PORTUGAL NO PASSADO



(Fábrica de Papel da Abelheira, fotografias recolhidas por Luís Costa.)

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RETRATOS DO TRABALHO EM TAVIRA, PORTUGAL


Montagem de uma grua em pleno Centro Histórico de Tavira para a obra de construção da Pousada da Juventude nesta cidade. Os trabalhadores estão a cerca de 40 a 50 metros de altura, com as Igrejas de Santiago e Santa Maria como pano de fundo.

(Fernando Viegas)

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O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES. TESTEMUNHOS POR DENTRO



Ontem, tomava eu um café com um amigo, chegaram-se a mim duas ex-alunas de 15 anos que já sairam da minha escola por terem passado para o ensino secundário. No meio da conversa, pedi-lhes que respondessem a umas perguntas minhas para que o meu amigo, que não tem nada a ver com escolas, lhes ouvisse as respostas. Afastadas de qualquer autoridade minha, uma vez que sgorsestudam noutro estabelecimento de ensino, elas prestaram-se, risonhas, falar verdade. Verdade que, claro, eu já sabia.

Foi mais ou menos assim:

- É verdade ou não que vocês, quando sabem que vão ter uma aula de substituição, mudam de lugares na sala?

- Claro, vamos para ao pé dos mais amigos, com quem gostamos de conversar... O professor que chega não conhece a turma, não dá por nada.

E sorriam, divertidas.

- E depois?

- Depois, quando o professor chega, pedimos para fazer jogos.

- E se o professor resolver dar mesmo uma aula?

- Ah!!! Isso nós NÃO DEIXAMOS!!!! - e misturavam sorrisos com um ar de determinação - Fazemos tanto estardalhaço que ele não consegue, nem que queira.

- E se ele teima, se é um professor muito autoritário?

- Ficamos calados a ler alguma coisa ou a jogar a batalha naval com o colega do lado. Ou a mandar SMS uns aos outros. Não ouvimos nada do que ele disser, nem repondemos a perguntas. Não queremos aulas de substituição.

As conclusões, que as tire quem tem uma ideia do que isto possa ser. Imagino que muitos cheguem à conclusão de que a culpa é dos professores. Gostava que experimentassem...

Margarida Ribeiro, (professora antiquada, saudosa do tempo em que o seu trabalho era dar aulas e entusiasmar-se por ver os alunos abrirem asas)

*
Aulas de substituição precisam de tempo a serem emplantadas num sistema que não as conhece.
Na minha escola (estrangeira) funcionam assim:
• o professor que vai faltar deve comunicar este facto na véspera ou o mais tardar até às 7.45 à Direccção
• o plano de substituições é afixado no dia anterior e revisto até 8 h do próprio dia. É afixado na sala de professores e no painel informativo dos alunos.
• Sempre que possível é um professor da mesma área a dar a aula.
• Como toda a matéria dada em todas as cadeiras é diariamente averbada no "livro da turma" que está sempre presente na sala, o professor pode saber o que pode "dar" se quiser continuar com a matéria.
• Casa o professor ser de outra área, pode obter fichas e outro material, arquivados em pastas especiais pelos vários departamentos e origanizados por ano e tema. É só tirar cópias.
• Para cada turma existe um plano dos lugares dos alunos. O "livro da turma" contem também os nomes dos alunos. Faltas ou mudança de lugares são facilmente constatadas.
• Telemóveis são imediatamente apreendidos e somente entregues directamente aos pais
Claro que tudo isto dá algum trabalho, mas funciona.

(MKL)

*

E desde quando a opinião de duas meninas de 15 anos que só querem brincar, como é natural, prova a inutilidade das aulas de substituição? E se elas também acharem uma seca ter de estudar? E se também não quiserem deitar-se a horas? E se preferirem fumar uns charros? Isso passa a ser o que é desejável? Além disso, como poderiam gostar se tantos professores fazem questão de deixar bem claro que para eles é um grande frete?

(Mónica Granja)

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Os leitores do seu blogue poderão gostar de ler...

1. ' Ainda o monstro' da autoria de Helena Matos in ' Público' de 18/11/2006

e VER para CRER :

2. Aqui. E assim poderão ter uma opinião mais concreta sobre a famigerada TLEBS.

Sobre a Área de Projecto já alguns se pronunciaram sobre esta disciplina e sobre as aulas de substituição , o testemunho dado por Margarida Ribeiro é eloquente. Quem achar que a culpa é dos Professores, poruqe a corda parte sempre do lado deles, são os Pais que , muitas vezes , confessam que não sabem o que fazer com os filhos e aos filhos e que pedem aos Professores que façam o que eles não sabem ou não querem ou não podem fazer: educá-los.

(Alexandrina Pinto)

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© José Pacheco Pereira
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