ABRUPTO

18.11.06


O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES. TESTEMUNHOS POR DENTRO



Ontem, tomava eu um café com um amigo, chegaram-se a mim duas ex-alunas de 15 anos que já sairam da minha escola por terem passado para o ensino secundário. No meio da conversa, pedi-lhes que respondessem a umas perguntas minhas para que o meu amigo, que não tem nada a ver com escolas, lhes ouvisse as respostas. Afastadas de qualquer autoridade minha, uma vez que sgorsestudam noutro estabelecimento de ensino, elas prestaram-se, risonhas, falar verdade. Verdade que, claro, eu já sabia.

Foi mais ou menos assim:

- É verdade ou não que vocês, quando sabem que vão ter uma aula de substituição, mudam de lugares na sala?

- Claro, vamos para ao pé dos mais amigos, com quem gostamos de conversar... O professor que chega não conhece a turma, não dá por nada.

E sorriam, divertidas.

- E depois?

- Depois, quando o professor chega, pedimos para fazer jogos.

- E se o professor resolver dar mesmo uma aula?

- Ah!!! Isso nós NÃO DEIXAMOS!!!! - e misturavam sorrisos com um ar de determinação - Fazemos tanto estardalhaço que ele não consegue, nem que queira.

- E se ele teima, se é um professor muito autoritário?

- Ficamos calados a ler alguma coisa ou a jogar a batalha naval com o colega do lado. Ou a mandar SMS uns aos outros. Não ouvimos nada do que ele disser, nem repondemos a perguntas. Não queremos aulas de substituição.

As conclusões, que as tire quem tem uma ideia do que isto possa ser. Imagino que muitos cheguem à conclusão de que a culpa é dos professores. Gostava que experimentassem...

Margarida Ribeiro, (professora antiquada, saudosa do tempo em que o seu trabalho era dar aulas e entusiasmar-se por ver os alunos abrirem asas)

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Aulas de substituição precisam de tempo a serem emplantadas num sistema que não as conhece.
Na minha escola (estrangeira) funcionam assim:
• o professor que vai faltar deve comunicar este facto na véspera ou o mais tardar até às 7.45 à Direccção
• o plano de substituições é afixado no dia anterior e revisto até 8 h do próprio dia. É afixado na sala de professores e no painel informativo dos alunos.
• Sempre que possível é um professor da mesma área a dar a aula.
• Como toda a matéria dada em todas as cadeiras é diariamente averbada no "livro da turma" que está sempre presente na sala, o professor pode saber o que pode "dar" se quiser continuar com a matéria.
• Casa o professor ser de outra área, pode obter fichas e outro material, arquivados em pastas especiais pelos vários departamentos e origanizados por ano e tema. É só tirar cópias.
• Para cada turma existe um plano dos lugares dos alunos. O "livro da turma" contem também os nomes dos alunos. Faltas ou mudança de lugares são facilmente constatadas.
• Telemóveis são imediatamente apreendidos e somente entregues directamente aos pais
Claro que tudo isto dá algum trabalho, mas funciona.

(MKL)

*

E desde quando a opinião de duas meninas de 15 anos que só querem brincar, como é natural, prova a inutilidade das aulas de substituição? E se elas também acharem uma seca ter de estudar? E se também não quiserem deitar-se a horas? E se preferirem fumar uns charros? Isso passa a ser o que é desejável? Além disso, como poderiam gostar se tantos professores fazem questão de deixar bem claro que para eles é um grande frete?

(Mónica Granja)

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Os leitores do seu blogue poderão gostar de ler...

1. ' Ainda o monstro' da autoria de Helena Matos in ' Público' de 18/11/2006

e VER para CRER :

2. Aqui. E assim poderão ter uma opinião mais concreta sobre a famigerada TLEBS.

Sobre a Área de Projecto já alguns se pronunciaram sobre esta disciplina e sobre as aulas de substituição , o testemunho dado por Margarida Ribeiro é eloquente. Quem achar que a culpa é dos Professores, poruqe a corda parte sempre do lado deles, são os Pais que , muitas vezes , confessam que não sabem o que fazer com os filhos e aos filhos e que pedem aos Professores que façam o que eles não sabem ou não querem ou não podem fazer: educá-los.

(Alexandrina Pinto)

(url)

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