ABRUPTO |
semper idem Ano XIII ...M'ESPANTO ÀS VEZES , OUTRAS M'AVERGONHO ... (Sá de Miranda) _________________ correio para jppereira@gmail.com _________________
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31.12.05
EARLY MORNING BLOGS 668 Late Autumn In Venice (After Rilke) The city floats no longer like a bait To hook the nimble darting summer days. The glazed and brittle palaces pulsate and radiate And glitter. Summer’s garden sways, A heap of marionettes hanging down and dangled, Leaves tired, torn, turned upside down and strangled: Until from forest depths, from bony leafless trees A will wakens: the admiral, lolling long at ease, Has been commanded, overnight—suddenly—: In the first dawn, all galleys put to sea! Waking then in autumn chill, amid the harbor medley, The fragrance of pitch, pennants aloft, the butt Of oars, all sails unfurled, the fleet Awaits the great wind, radiant and deadly. (Delmore Schwartz) * Bom dia! (url) 30.12.05
BOAS / PÉSSIMAS COISAS NA COMUNICAÇÃO SOCIAL PORTUGUESA EM 2005, VISTAS POR UM GRANDE (EM QUANTIDADE) CONSUMIDOR (alfa) Actualizado com novas colaborações e referências. Em breve, publicarei a versão beta, com as sugestões que me parecem ser de acolher. A discussão e as sugestões continuarão em aberto. (url) LENDO / VENDO /OUVINDO
(BLOGUES, JORNAIS, TELEVISÕES, IMAGENS, SONS, PAPÉIS, PAREDES) ____________________________ No Público, mais notícias envolvendo António Vitorino no caso Eurominas, e Pina Moura nas grandes manobras energéticas em curso. O que está em causa, em ambos os casos, é a completa, flagrante, inequívoca, incompatibilidade substancial entre as suas funções privadas, na advocacia de negócios e na administração de empresas, com o exercício de funções públicas. Se, quer um quer outro, no que estão a fazer, não são abrangidos por nenhuma lei de incompatibilidades, então as leis de incompatibilidades não servem para nada. (Lembro, para registo da memória, que fui o único deputado que se pronunciou contra este "pacote" legislativo que incluia a legislação de incompatibilidades, demitindo-me por essa razão do cargo de Presidente do Grupo parlamentar.) Na prática, esta legislação ajudou a afastar da Assembleia bons deputados, como Rui Machete, que a tomou a sério, mas acaba por permitir situações completamente absurdas, que deviam em primeiro lugar ser do foro da mínima moral política, antes sequer de serem de legalidade. Infelizmente, os deputados do PS, em primeiro lugar, e depois os do PSD e do CDS, acham normal o que se passa, e a Comissão de Ética fecha os olhos, fazendo uma interpretação mole da lei e absurda da "ética" que lhe dá o nome. O caso que me parece de verdadeiro escândalo é o de Pina Moura, mas este goza da protecção do PS, pelo que nada acontece. O editorial de Manuel Carvalho hoje no Público (que nem na versão em linha paga aparece) intitulado "Pina Moura" não deixa margem para dúvidas: "Pouco parece interessar que a Iberdrola seja liderada por um ex-ministro que, para além de desenvolver os negócios que ele próprio iniciou quando estava no poder, continue ainda a ter cara para se exibir como deputado da nação." (url) 29.12.05
O CAMAURO Quando Bento XVI apareceu este Natal com o camauro na cabeça, as fotografias circularam na Internet como sendo montagens digitais. O Papa vestido de Pai Natal? Tinha que ser montagem. Mas não era. Os nossos internetianos deviam ver mais quadros renascentistas, e reconheceriam o veludo e o arminho antigo que nenhum Papa usava desde os anos sessenta. Mas o Papa não apareceu nestes dias nos jornais apenas como um surpreendente ícone da moda, mas surge com cada vez mais frequência em editoriais (o Público não é excepção) e, por estranho que pareça, em artigos e ensaios. Livros originais e antologias temáticas incluem textos de e sobre Ratzinger, com uma frequência rara para qualquer Papa recente, e ainda mais rara para um início do pontificado, quando não existe uma obra significativa própria como chefe da Igreja católica. Autores cujos interesses pela teologia, ou sequer pela religião, eram escassos manifestam curiosidade intelectual pelo novo Papa. A solidez teórica de Ratzinger, solidez não apenas teológica, mas filosófica e cultural num sentido mais geral, o seu longo contacto com o meio dos intelectuais europeus, conhecendo as suas polémicas e quer as suas interrogações, quer as suas modas, está a dar frutos. Ratzinger está a colocar a reflexão cristã, gerada no cume do poder eclesial, que é por excelência o papado, no centro do debate público, de onde estava há muitos anos afastada. Ou, numa fórmula mais moderada, está a torná-la aceitável como objecto de discussão intelectual, o que é uma verdadeira mudança nos costumes europeus e americanos recentes. Este processo é interessante para a história do movimento cultural europeu e, penso, está apenas no seu início. O nome de Bento XVI, ou mais provavelmente para já de Ratzinger, vai-se tornar citado e citável, em círculos onde nunca o foi o de João Paulo II e dos seus predecessores desde o século XIX. Claro que este movimento de influência não teria sucesso se viesse apenas de dentro da Igreja, mas está conjugado com o caminhar de uma série de intelectuais para novas formas de conservadorismo político, para um retorno a um sistema de valores políticos e societários tradicionais, ultrapassando a usura que estes tinham sofrido com o impacto da Revolução Francesa e a dominação ideológica do marxismo. Esta redescoberta nos dois lados do Atlântico associa, num caminho comum, trajectos muito díspares, desde o neoconservadorismo norte-americano à reflexão europeia sobre os fundamentos culturais da Europa, feita recentemente a propósito do Preâmbulo à Constituição Europeia. Um caso típico destes trajectos em Portugal é o de João Carlos Espada e da revista Nova Cidadania que anima. Como era inevitável, encontraram, na reflexão que estavam fazendo, o pensamento cristão, uma das mais antigas e consolidadas tradições europeias de reflexão, que, desde Tomás de Aquino até Karl Jaspers, mantém uma relação muito forte com a história cultural da Europa, aparentemente enfraquecida pelos últimos duzentos anos de "descrença" e pelas ideologias assentes na fé na história do século XIX e XX. Há factores na própria história do cristianismo europeu que explicam esta reaproximação, mais significativa porque um revivalismo religioso, que há alguns anos atrás fazia parte de quase todas as previsões futurologistas, não parece estar à porta. De facto, o que se passa, mais do que um revivalismo religioso, é um sentimento de comunidade, de pertença a uma mesma tradição cultural, tornada urgente pela cintilação civilizacional gerada pelo conflito com o fundamentalismo islâmico. O facto de este movimento se estar a dar mostra como as tradições religiosas, como factos culturais e civilizacionais, estão profundamente embrenhadas na identidade social, mesmo quando esta parece estar ameaçada pela globalização e pela massificação dos consumos mundiais. E mostra também como o cristianismo resiste à competição com outras religiões em sociedades muito abertas como são as do "Ocidente". Mesmo religiões e práticas orientais que estiveram e estão na moda, desde os anos sessenta, como o budismo zen, apelaram à sedução essencialmente na base de uma experiência estética que se pretendia mística, e popularizaram-se como "modos de vida alternativos", mas tiveram apenas um impacte marginal no centro do nosso pensamento. Esta situação ainda é mais nítida quando tomamos em conta o dinamismo teológico do cristianismo, quer reformado, quer católico, em contraste com as dificuldades do islão em ter uma interpretação dinâmica, capaz de fazer a adaptação às mudanças da história e da sociedade. O islão, na ausência de autoridades interpretativas legitimadas, fixou-se no cânone da sua origem e não reflecte a modernidade, nem convive facilmente com a laicidade. Por aqui se percebe que o facto de o cristianismo ser uma religião que tem uma Igreja, como materialização na terra da presença de Deus e, dentro dessa Igreja, na versão católica, ter uma hierarquia que termina no Papa, lhe permite falar para tempos diferentes de modo diferente, mesmo quando é a mesma Voz. O Papa Woytila reforçou os laços da Igreja com o catolicismo tradicional na Europa, fazendo pelo caminho uma revolução política a partir da Polónia para o Centro e Leste da Europa, e incentivou o catolicismo em terras de missão, na sua função de Papa viajante. Morrendo diante de nós como morreu, falou também a sociedades cada vez mais de velhos e doentes, como é a nossa. Valorizou na Igreja os factores de continuidade, o catolicismo popular, o culto mariano, o papel das comunidades tradicionais, da família, do ensino. Gerou assim uma aproximação da Igreja ao homem comum que fora iniciada por João XXIII no concílio Vaticano II. Bento XVI parte deste legado e parece, num primeiro olhar, voltar-se para a Europa, para a terra onde Pedro e Paulo construíram a "sua" Igreja, e onde, as sociedades dos dias de hoje são sociedades assentes na "família terrestre" e não na "família celeste" e por isso dependem da felicidade terrestre e não da celeste. Aqui o "espírito de missão" e a evangelização encontram um tipo de dificuldades muito diferentes das de fora da Europa, ou das de outros tempos europeus. Mas a sensação da perigosidade do mundo "lá fora" criou um ambiente favorável ao retorno a uma identidade cultural, na qual a Igreja tem um papel histórico e quer ter um papel actual. É verdade que o cardeal-patriarca de Lisboa preveniu, numa missa recente, que o "cristianismo não é uma doutrina", o que se compreende para os homens de fé. Mas, para os que não a têm, Ratzinger está a contribuir para que, pelo menos como "doutrina", ele entre nas nossas reflexões. É o sinal de um "assalto" aos intelectuais, como há muito tempo a Igreja não tinha conseguido fazer. (No Público.) (url) BOAS COISAS NA COMUNICAÇÃO SOCIAL PORTUGUESA EM 2005, VISTAS POR UM GRANDE (EM QUANTIDADE) CONSUMIDOR (alfa - ACTUALIZADO) * Documentários culturais (2:) entre outros sobre Luis Pacheco, Glicínia Quartim, João Vieira, Fernanda Botelho, etc. Micro-causas (declaração de interesses: o Abrupto foi o iniciador, mas hoje pertencem a todos.) - A questão dos “estudos da OTA” que se tornou a segunda questão mais determinante do debate público sobre a OTA (a primeira foi e é “faz-se ou não se faz”), deveu-se à persistência dos blogues, e não da comunicação social fora da rede, que só a assumiu quando não a podia evitar. Depois, tornou-se parte integrante do “problema OTA”. Blogues de jornalismo, sobre jornalismo (pela segunda vez na lista das “coisas boas”) – Os blogues especializados em “comunicação” em sentido lato são o melhor conjunto de blogues com um tema específico na blogosfera portuguesa. Exemplos: Engrenagem, Indústrias Culturais, Ponto Media, Atrium, Jornalismo e Comunicação, As Imagens e Nós, Blogouve-se, etc. Clube dos Jornalistas (2:) - (pela segunda vez na lista das “coisas boas”). Os documentários da SIC - o melhor exemplo foi o de Cândida Pinto sobre Snu Abecassis, mas ,durante todo o ano, foram sempre as melhores reportagens jornalísticas de tipo documental, de “grande informação” ou em anexo aos noticiários. Mário Crespo e o par João Adelino de Faria / Ana Lourenço na SIC Noticias. (declaração de interesses: participo num programa da SICN.) Repito pela segunda vez: “A informação / opinião económica na SIC Notícias é de grande qualidade. Perez Metelo na TVI é um divulgador especializado com grandes qualidades comunicativas." Margens de Erro de Pedro Magalhães, o “nosso” explicador das sondagens e muito mais. Um exemplo de um blogue que acrescenta. Blogosfera nas eleições autárquicas e presidenciais: pode ter todos os defeitos da "atmosfera", mas tem também qualidades que só há na blogosfera. Livros sobre jornalismo (pela segunda vez na lista das “coisas boas”). Repito: “A edição de livros e revistas sobre comunicação está de vento em popa. Para além da Trajectos e Media e Jornalismo, as colecções "Media e Sociedade" da Editorial Notícias e "Comunicação" da Minerva tem dado origem a trabalhos interessantes que revelam como, à distância, os estudos académicos demonstram muito daquilo que os jornalistas não querem admitir mais em cima dos acontecimentos: bias, distorções e manipulações, militância política. O papel de alguns professores, como Mário Mesquita, é fundamental nesta reflexão.” (Em breve referirei os que me pareceram mais importantes.) * Na sequência do convite que lançou aos leitores do Abrupto deixo aqui a minha sugestão ( considerando, naturalmente, uma declaração de interesses prévia - pertenço ao mesmo centro de investigação que os três citados):A ascensão da Sábado (pela segunda vez e com a mesma declaração de interesses). A Sábado é o órgão de comunicação social portuguesa mais subestimado, vítima das “sinergias” que lhe faltam: não tem quem puxe pelas suas notícias nos outros órgãos de comunicação social. Mas que tem notícias, isso tem. A imprensa de distribuição gratuita como o Destak. Para muita gente significa mais notícias que nunca iriam encontrar, ou melhor, ler, noutro lado. Isto só pode ser considerado um acrescento na "comunicação", na cidadania. PÉSSIMAS COISAS NA COMUNICAÇÃO SOCIAL PORTUGUESA EM 2005, VISTAS PELO MESMO Descida de vendas da imprensa generalista – Entre o 24 Horas, que sobe, os jornais grátis, os blogues, e a informação em linha, a imprensa generalista cai. Para responder à queda molda-se ao que pensa dar sucesso, o “social”, o “económico”, e temo que as reestruturações em curso nos grandes jornais valorizem ainda mais a superficialidade do produto. Se for assim, é só uma questão de tempo para cair ainda mais, porque nesse terreno outros fazem melhor. O fim da consulta grátis em linha, no Público. . Os comentários de António Vitorino na RTP nunca acrescentam nada e são claramente limitados por uma vontade de ortodoxia, que é uma vontade de carreira política. Legítimo, mas não chega para comentar sob aquela forma e com aquele estatuto, quando não se tem mais nada para dar. Pode-se ter “mixed feelings” sobre os comentários de Marcelo, mas estes são um “facto comunicacional” impossível de passar ao lado. Podem ter (têm) agenda política, são superficiais e ligeiros, mas ultrapassam os defeitos do seu autor, pelas suas qualidades no meio. Marcelo é um Mensch comunicacional, Vitorino não é. As primeiras páginas inventivas do Expresso (pela segunda vez.) – Agora que se sabe de quem é a responsabilidade, – de José António Saraiva, que as faz sozinho numa forma de meditação transcendental como nos disse em entrevista –, espera-se que Henrique Monteiro acabe com elas. Tsunami – Mais um exemplo de “masturbação da dor” como sensacionalismo jornalístico, ao ritmo das grandiosas imagens das vagas do maremoto. Se não houvesse imagens tão poderosas, turistas estrangeiros e destinos de férias como Puket atingidos, o tratamento comunicacional seria o que foi dado ao terramoto paquistanês, ou seja quase nulo. Não é a dimensão da tragédia que conta, mas a sua espectacularidade. Katrina – O contra-exemplo ao tratamento do tsunami: “inforopinião” politizada ao extremo, “masturbação da culpa” em vez de “masturbação da dor”. Números fantásticos, previsões apocalípticas, dedo apontado a Bush em cada segundo, e quase nula compaixão pelas vítimas. A cidade “destruída” lá está a funcionar, ferida, mas viva. As dezenas de milhares de mortos anunciados continuam por descobrir, mas ninguém entende que deva corrigir alguma coisa. Arrastão – A pseudo-história mais fantástica da nossa comunicação social em 2005, que, desde o primeiro minuto, parecia a qualquer pessoa sensata, muito bizarra. Who cares? Passou do sensacionalismo, para a demonização política anti-emigrantes e racista, para depois, no backlash, se tornar demonização política anti-racista ao estilo do “SOS Racismo”, ou seja do Bloco de Esquerda. Como era uma história (falsa) que “favorecia a direita” anti-emigrantes foi desmontada e contrariada. Quantas, ao contrário, que “favorecem a esquerda”, e igualmente falsas nunca são desmontadas? O fim da A Capital e de O Comércio do Porto. A obscura política comunicacional governativa – O ano passado era a “central de comunicações” de Santana Lopes, este ano é a gestão mais profissionalizada, com maior colaboração silenciosa de muitos simpatizantes no meio da comunicação social, do controlo governativo. As grandes manobras da propriedade, que a montante ou a jusante, incluem sempre o beneplácito do poder político num país como o nosso tão dependente do estado, estão pouco esclarecidas. Mas quase tudo vai no mesmo sentido. Se houvesse um medidor não impressionista do “grau de incomodidade” da comunicação social face ao poder, ver-se-ia como ele baixou significativamente. Um exemplo: o modo como foi tratada a conflitualidade social, seguindo uma linha governamental, nunca nos dando a ideia da dimensão do que estava a acontecer e vista sempre numa luz hostil. O jornalismo económico continua a depender de uma visão mais do “económico” do que do “jornalístico”. Com capacidade para produzir boa informação sobre o estado e o governo, revela-se incapaz de tratar as empresas como objecto jornalístico, mostrando pouca independência em relação aos sectores económicos e financeiros que a patrocinam. Não há verdadeiras reportagens ou notícias sobre o que corre mal. A Antena 2 é demasiado loquaz. Muito se fala naquela rádio, num tom entre o pedante e o falsamente intímo, tirando limpidez à música. * Madalena Oliveira no Jornalismo e Comunicação: "Nas coisas boas, eu acrescentaria a instituição dos provedores do ouvinte e do telespectador (embora não conheçamos ainda os nomes que vão ocupar estes cargos nem o modo como funcionarão exactamente). * Algumas sugestões suplementares de Rodrigo Adão da Fonseca no Blue Lounge: - Também às quartas-feiras, as colunas de Paulo Rangel no Público, leitura obrigatória mesmo para quem tem as agendas mais exigentes; * João Pedro Pereira no Engrenagem: "Numa altura em que a leitura de jornais generalistas está em queda, não podia deixar de concordar mais com Pacheco Pereira quanto aos diários gratuitos (...) São uma espécie de versão jornalística da literatura light: até podem não ser o melhor (embora isto dependa: o melhor para quem? e para quê?) e podem ser vistos com desdém pelos restantes elementos do meio, mas têm o grande mérito de pôr gente a ler * Sobre as coisas péssimas do jornalismo: não acredito que tenham ficado esquecidas as inúmeras peripécias jornalisticas sem rigor nem isenção nem sequer verdadeiro conhecimento do que verdadeiramente se passava e do que estava em causa, que chegavam até nós aquando dos acontecimentos urbanos em França. E a forma como Sarkozy foi cruxificado e Villepin poupado... * Constança Cunha e Sá na Minha Rica Casinha: "À lista de Pacheco Pereira sobre que houve de bom e de péssimo na Comunicação Social em 2005 e lidos os contributos de Rodrigo Adão da Fonseca no Blue Lounge tenho apenas a acrescentar duas coisas, uma péssima, outra apenas má:No Insurgente: O melhor na comunicação social portuguesa em 2005: Diário Económico (url)
EDP GRRRR....!!!!
Experimentem preparar tudo para um dia de trabalho, arrancado a ferros no meio das Festas, e de repente, começarem mini-rupturas de energia, tudo em baixo, logo a seguir tudo volta e, de novo, vai abaixo. E, depois de meia manhã nisto, o big bang, cinco horas sem luz, sem computador, sem internet, no início do século XXI, na Europa ocidental, a poucas dezenas de quilometros da capital de um país da gloriosa UE. Seis horas para resolver um problema, excelente! Ganhos de produtividade, excelente! Se não tivesse medo de parecer propor um golpe de estado constitucional, não seria possível colocar um Secretário de Estado a acompanhar o fornecimento de energia e o cumprimento dos contratos da EDP? Vou colocar isto em linha depressa, antes que vá tudo abaixo outra vez! P.S. e não é que faltou mesmo... e voltou outra vez... (url) LENDO / VENDO /OUVINDO (BLOGUES, JORNAIS, TELEVISÕES, IMAGENS, SONS, PAPÉIS, PAREDES) (29 de Dezembro) ____________________________ O blogue de Assouline La république des livres pode ser lido como uma longa lamentação sobre a excelência da edição francesa e as maldades superficiais da anglo-saxónica, um típico exercício do chauvinismo franco-gaulês. Assouline salta lá das suas letras todas as vezes que comenta os prémios literários ingleses e americanos, obviamente o resultado de tenebrosas manobras de marketing, mas percebe-se que o que ele não suporta é que o Booker tenha mais prestígio cultural do que o Goncourt. No dia de hoje, a queixa é com um estudo sobre os títulos feitos à medida (outro dia eram as capas): "Conclusion : 1. ceux qui marchent le mieux sont plus métaphoriques que littéraux 2. Le premier mot est le plus souvent un pronom, un verbe ou un adjectif 3. La forme grammaticale est le plus souvent possessive avec un adjectif et un substantif ou les mots "The... of..." O comentário seguinte é puro Assouline: "Mais comment leur faire comprendre que l'inconnu, l'insondable et l'improbable absolus au coeur de la création littéraire sont irréductibles à des statistiques ?". Parece um poema de Mallarmé: "l'inconnu, l'insondable et l'improbable absolus ". Assouline aproveita para dizer que, rebelde a estas normas, o título do seu próximo livro é Rosebud, o que , convenhamos, brilha de originalidade. * A muito esclarecedora estatística, que deve ser lida com um grão de sal, no Jornalismo e Comunicação: "Jornalistas apoiantes de candidatos * Interessante a proliferação de pequenos truques nos blogues para aumentar as contagens dos medidores de audiências: colocação dos contadores logo à cabeça, até antes dos reclames (deve ser por razões puramente experimentais), aumento exponencial das autoreferências com ligações internas, por aí adiante. Espelho meu, espelho meu... (url) AR PURO
Peter Brown, Rolling Plains, Bernhard Ranch, west of Pawhuska, Oklahoma, 1992 (url)
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SPEAK ROUGHLY TO YOUR LITTLE BOY And with that she began nursing her child again, singing a sort of lullaby to it as she did so, and giving it a violent shake at the end of every line: Speak roughly to your little boy, And beat him when he sneezes; He only does it to annoy, Because he knows it teases." CHORUS (in which the cook and the baby joined): -- -- "Wow! wow! wow!" While the Duchess sang the second verse of the song, she kept tossing the baby violently up and down, and the poor little thing howled so, that Alice could hardly hear the words: -- -- "I speak severely to my boy, I beat him when he sneezes; For he can thoroughly enjoy The pepper when he pleases!" CHORUS "Wow! wow! wow!" (Lewis Carroll) * Bom dia! (url) 27.12.05
EARLY MORNING BLOGS 666
A list of some observation. In a corner, it's warm. A glance leaves an imprint on anything it's dwelt on. Water is glass's most public form. Man is more frightening than its skeleton. A nowhere winter evening with wine. A black porch resists an osier's stiff assaults. Fixed on an elbow, the body bulks like a glacier's debris, a moraine of sorts. A millennium hence, they'll no doubt expose a fossil bivalve propped behind this gauze cloth, with the print of lips under the print of fringe, mumbling "Good night" to a window hinge. (Joseph Brodsky) * Bom dia! (url) 26.12.05
LENDO / VENDO /OUVINDO (BLOGUES, JORNAIS, TELEVISÕES, IMAGENS, SONS, PAPÉIS, PAREDES) (26 de Dezembro) ____________________________ Ontem, como hoje, as capas dos livros são muito importantes. Hoje, parece que são decisivas: "As we walk into any bookshop for an impulse purchase, we base our choice on the same superficial attractions as a Casanova walking into a singles bar. And all the new places where books are now sold — the internet, the bookshop’s three-for-two tables, the supermarket — are making us even more likely to judge a book by its cover." * Bibliofilia, livros, livros velhos. Um livro de propaganda pró-URSS da Editorial Calvino. No fim da II Guerra, os livros da Calvino, uma editora do PC do Brasil, eram muito populares em Portugal nos meios da oposição. E um fabuloso livro do Dr. Brenner, Amor e Segurança. Processos Fáceis para Evitar a Procreação, sólido na sua 10ª edição, um manual popular de anti-concepção. Na capa, o mundo das rosas do planeamento familiar, e o dos espinhos, da filharada insegura. O livro é um tratado sobre "as novas aspirações do povo e do progresso, contra as tradições e interesse de uma sociedade velha e rotinaria, na luta do capital contra o pauperismo", na qual se insere esta "solução inesperada [que ] foi encontrada para o problema social." Obviamente, "o capital teve medo e perseguiu-a". Já havia causas "fracturantes". * Montras, montras de alfarrabista. A melhor que vi nestes dias foi a da livraria Chaminé da Mota, na Rua das Flores no Porto, aqui mal reproduzida numas fotos de telefone. No meio, está um jornal com um artigo de Alves Redol com recomendações para quem passa o Natal solitário. À volta revistas, gravuras e livros sobre o Natal. O Diabrete com uns Reis Magos ao estilo dos anos trinta, uma página de Raúl Proença, com ilustrações de Bernardo Marques. O que faz a força desta livraria, - a atenção a materiais não-livro, efemera, revistas, folhetos, publicações que eram tidas como de interesse apenas para o coleccionista -, permitiu esta montra diferente e onde não se vê apenas, mas se descobre. Em complemento, veja-se a lista de Os Melhores Alfarrabistas Portugueses de 2005 no Almocreve das Petas. (url)
EARLY MORNING BLOGS 665
Vem, vento, varre A José Rodrigues Miguéis Vem vento, varre sonhos e mortos. Vem vento, varre medos e culpas. Quer seja dia, quer faça treva, varre sem pena, leva adiante paz e sossego, leva contigo noturnas preces, presságios fúnebres, pávidos rostos só cobardia. Que fique apenas erecto e duro o tronco estreme de raiz funda. Leva a doçura, se for preciso: ao canto fundo basta o que basta. Vem vento, varre! (Adolfo Casais Monteiro) * Bom dia! (url) 25.12.05
FIDELIDADE
Todos os anos volto aqui. Diante deste rio tão opaco de ser límpido. Límpido nas suas intenções. Rio de absolutas fidelidades. Sem escapes, nem desculpas, nem ilusões. Rio metálico, que nos diz simplesmente: chega-te a mim, abusa-me, mente-me, engana-me e eu mato-te. Eu não tenho uma foz segura, eu não dou porto seguro. Aqui está-se por sua conta e risco. É por isso que à minha volta as gaivotas estão sempre em terra. Tão simples como isso. (url)
© José Pacheco Pereira
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