ABRUPTO

1.11.03


IMPÉRIOS COLONIAIS 2

Sobre a nota com este título, José Bento envia-me as seguintes precisões:

- "As ilhas francesas no canal, já foram revindicadas por Madagascar, mas a França é a potência local e não permite sequer que se aflore a questão.

- As Mauricias revindicam há muito uma quota de pesca, na ZEE da Kerguelen, da espécie Legine, repetidamente negada.

- As Mauricias reclamam a Ilha de Tromelin."


(url)


CACOFONIA



O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES

A FALTA

Eu sei que foge muito ao que pretendia sobre o amanhecer... Mas a verdade é que havia, para mim, amanheceres dos quais sinto falta... Falo de todos aqueles que começavam com um olhar lançado para a última página do DN, com o intuito de desfrutar da crónica de Vasco Pulido Valente. Sextas, Sábados e Domingos começavam assim... Boas manhãs que gostaria de reviver.
(Paulo Agostinho)

DETALHES

Há um livro de um ex-professor meu, o Daniel Arasse, que se chama justamente Le Détail, e que está publicado na Champs Flammarion. Arasse era já há vinte anos, quando tive a sorte de ser aluna sua , o perito em arte do Renascimento que depois o tempo não fez mais do que confirmar. Diz ele nesse livro, e estou a citar de cor, que o pormenor do quadro que deixamos passar, que não vemos à primeira vista, é justamente o que condensa todo o sentido do quadro. Sem o pormenor - e fala de uma idade da pintura em que, ao contrário do que hoje acontece, a representação da realidade é a própria razão da existência dessa pintura - é o "dar a ver" que está em causa, porque o que se daria a ver estaria forçosamente incompleto sem o pormenor e a sua interpretação seria, então, errónea...

Histórias de mensagens que chegam de um artista a um público, portanto. Podíamos, sem grande esforço, passar da arte para a esfera da literatura. Só que, com a mudança do modo de ver que ocorre no século XIX - e que é acelerada pela difusão em massa da fotografia e do cinema - o antigo "modo de ver" a arte fica irremediavelmente condenado. Quem passa hoje uma hora em frente da Mona Lisa, quem percebe, por exemplo, que ela se apoia numa varanda de estilo renascentista? Hoje o ver é diferente; e a surpresa que os seus pormenores me causam está relacionada certamente com um acréscimo de velocidade em tudo o que fazemos que nos impede, também, de observar o pormenor. Não há nada de saudosista nesta constatação.

(Luísa Soares de Oliveira)

INAUGURAÇÃO DE UM ESTÁDIO E VAIAS

Não posso deixar de discordar da sua opinião relativamente à presença do PR e do Primeiro Ministro na inauguração do novo Estádio da Luz. A presença de tais figuras não é redundante ou dispensável mas antes imprescindível dada a natureza e dimensão do evento. Longe de confundir política e futebol esta presença só pode identificar os portugueses, que em maioria seguem pelo menos regularmente este desporto, com a sua classe dirigente. Até do ponto de vista democrático acaba por ser saudável uma vez que poucas são as ocasiões em que os políticos se sujeitam a uma exposição crua a tamanha multidão, com as respectivas vaias ou aplausos de sua justiça.

Poucos serão os espaços hoje em dia que compreendam um grupo de pessoas tão vasto e socialmente multifacetado como o que se encontra num principal estádio de futebol lotado. Acabam por ser o mais próximo que há de um "espelho" da sociedade.

(António Baptista)

A inauguração do novo e luxuoso estádio da luz, foi envolta num espectáculo mediático tão intenso e tão bem elaborado que quando contactei com aquele momento julguei que se tratava de algum filme de Hollywood, não fossem as personagens tão bem conhecidas.
O ambiente criado de tão espectacular que era fez-me pensar, sendo que para o fazer correctamente, consciencializei-me que teria de fazer um exercício, complicado admito, de me abstrair daquele espectáculo todo.

(…) Outro aspecto que fui tendo oportunidade de dissecar, foi o porquê de tantas figuras mediáticas. Uma resposta dada imediatamente, diz-nos que o Benfica é sem dúvida o maior (entenda-se em nº de sócios) clube português, e que tal facto por si só justifica a presença de, um Presidente da República, que se diz de todos os portugueses, e que vai ao estádio da luz representar uma proporção, que embora grande não é total, e que afirma a alto e bom som, que aquele estádio é um contributo para o desenvolvimento do desporto em Portugal, aquele mesmo que irá servir para 3 ou 4 jogos do Euro2004, e durante o resto do tempo será utilizado de quinze em quinze dias por 22 profissionais, que na sua grande maioria não são portugueses, apetece perguntar que desporto e que desportistas!!!

Um Primeiro-Ministro que, não se cansa de apelar, e muito bem, à contenção orçamental e que, sujeitando-se a um espectáculo deprimente de assobios, vai lá para aplaudir uma obra que não faz menos às contas do clube do que aumentar o seu défice, que grande exemplo Sr. Primeiro-ministro! A mesma personalidade diz que o Benfica e o seu estádio são a marca que Portugal melhor projecta no estrangeiro, bom assim está justificada a péssima imagem de que gozamos no estrangeiro e que certamente gozaremos no futuro, até porque o Sr. Primeiro-Ministro bem sabe que os resultados não se alcançam melhorando o exterior se o interior continuar podre, o que pode acontecer é que um dia a "a casa vem abaixo"! Um ministro que com a sua participação naquele espectáculo apenas deu uma imagem de um fundamentalismo perigoso, para quem está no poder! Um ministro e um secretário de estado do desporto, que só vieram confirmar a sua posição de figurantes, pois se aquele acontecimento era para o bem do desporto português onde estavam os governantes responsáveis directamente por esse fenómeno, todos tiveram oportunidade de falar (até que não fosse para ter protagonismo e sentir o que é falar para 65 mil pessoas, oportunidade impossível noutras circunstâncias), caso do Sr. Presidente da Câmara de Lisboa! Bem poderíamos continuar por aqui fora neste exercício, muito fácil se conseguirmos e pretendermos atingir aquele estado de distanciamento necessário para criticarmos correctamente.

Gostaria de deixar uma última nota para os assobios que foram dirigidos ao Primeiro-Ministro, apesar de ter consciência que o comportamento em multidão e naquele estado de festa tão complicado de avaliar, sou da opinião que apenas dá uma imagem da ingratidão das pessoas, isto porque foi aquele mesmo Primeiro-Ministro que abriu um precedente grave, aquando da aceitação das acções do Benfica como garantia, enfim apenas um reflexo
.”
(Hugo Durão)

PRAXES

Eu, ha alguns anos, que não era e nunca fui aluno do IST, fui quase praxado porque acompanhava um colega que tinha entrado. Só não aconteceu porque não estive com delicadezas com os Doutores Engenheiros e eles então desisitiram da ideia.

Concordo totalmente com o que disse sobre este hábito absurdo da praxe.Neste reviver do passado que nunca existiu, com a excepção de Coimbra. Eu acho curioso como é que as Senhoras Doutoras compram aquelas fatiotas ridiculas que afirmam, totalmente, a sua condição de mulheres (de saias). Até nisso a tradição é retrógada. Não conheço nenhuma fatiota de Doutora com calça em vez de saia. Conhece?

Eu penso que nós gostamos de imitar o pior da América ficcional, então decidimos que deveriamos ter "Animal House"(s), sem a piada de Belushi, mas com as másnotas, bebedeiras e uma selvajaria ainda maior que nesse républica fantasista do filme.”


(Nuno Figueiredo)

Não é só a natureza imbecil e, muitas vezes, doentia dos que praticam as praxes que importa denunciar. É também a forma apática e estranhamente conformista como os caloiros se deixam violentar sem o mínimo protesto ou a mais leve contestação. Aflige-me verificar como jovens de dezoito anos - ou seja, jovens que, supostamente, já têm alguma noção dos seus direitos e capacidade para fazer escolhas (por exemplo, políticas) – não sabem dizer “Não!”. Eu, que não fui mais nem menos que os meus colegas no tempo em que frequentei a universidade, recusei ser um figurino dessas palhaçadas. Tive consciência que podia escolher não ser humilhado ou maltratado. E escolhi.
Em boa verdade, não é só a bestialidade e a boçalidade dos pseudo-doutores praxistas que está aqui em causa. É também a total imaturidade, a latente letargia e a falta de sentido crítico que caracterizam, hoje em dia, os jovens acabados de entrar na maioridade. No fundo, muitos deles acabarão iguais aos «engraçadinhos». Infelizmente, parece ser tudo farinha do mesmo saco.”


(Carlos “MacGuffin” do Contra a Corrente)

CONSTITUIÇÃO EUROPEIA

E faz algum sentido haver uma União Europeia sem Constituição? Na minha opinião, se a UE pára, morre, como todas as coisas. Aliás já começa a apresentar sinais de doença, graças à posição da Inglaterra, e ainda está na adolescência. Acho que é daqueles casos em que apesar de não sabermos para onde vamos, a atitude sábia é continuar em frente. Culturalmente, seremos hoje, cada um de nós, na nossa íntima essência, mais Portugueses ou Europeus?

Finalmente, quanto à soberania, "it's just another word for nothing left to loose". Não é?


(Manuel Ricca)

(Continua)


(url)


NO MEIO DO ÁCIDO

Dois momentos que valem: a frase sinistra e verdadeira do Icosaedro (e o esplendor gráfico da página inicial)

existem assuntos sobre os quais preferia não ter opinião formada.

e quase todo o Memória Inventada.

(url)


LEITURAS DE VOO

desta vez não foram brilhantes, talvez porque, num chauvinismo quase constante e irritante, os aviões franceses não trazem jornais em inglês. A única excepção era o Financial Times. E não era por acaso, ou se tinham esgotado, porque perguntei: mas não há pelo menos o International Herald Tribune e a resposta foi que não, não havia, nem costumava haver.

Li então , o Figaro, o Le Monde e o Nouvel Observateur. Começo pelo último, que não lia há séculos e cuja leitura me confirmou o bem fundado da recusa. Trazia um extenso artigo sobre os “manipuladores de informação”, aqueles que os ingleses chamam “spin doctors”, sem o mínimo interesse comparado com o que é habitual, - de novo, mas tem que ser dito ,- na imprensa anglo-saxónica, onde esse tipo de actividade é notícia comum. No artigo do Nouvel Observateur, tudo aparecia como se fosse novidade e a análise empalidecia por comparação.

Já no Figaro e no Le Monde, havia coisas mais interessantes. O Fígaro trazia uma notícia sobre a renovação da force de frappe nuclear francesa e sobre a doutrina aceite pela França do cenário de um ataque nuclear a nações que usassem armamento químico e biológico. Pelos vistos, não são só os americanos.

O Le Monde trazia vários artigos sobre um tema recorrente franco-galo-francês: le déclin. Para além dos artigos de opinião, havia um dossier sobre a boa performance francesa no domínio do “social”. No entanto, começa a haver um enorme incómodo político com a verificação da retoma americana e o atraso europeu.

Para temperar, li um número antigo da Granta, dos que estão empilhados na estante “para ler”, sobre “Necessary Journeys”, que me pareceu, digamos, adequado.

Por último, vi, naqueles minúsculos ecrãs, o filme por excelência para os grandes: o último Matrix. Mas é tão mau, tão mau, que até num ecrã de relógio se pode ver.

(url)


ASSIM SE FAZEM AS COISAS

No meu regresso, li com espanto (que já não é sequer grande, porque isto é habitualíssimo), uma pergunta a Fernando Lima, na entrevista do Correio da Manhã, a seguinte frase “minha”, entre aspas e tudo:

Pacheco Pereira disse que, enquanto director do 'DN', não se iria sentir à vontade quando tivesse que "ser simpático com o Governo." Tem receio de vir a ser pressionado pela sua proximidade ao Governo?”

Isto é absolutamente espantoso porque a única, a ÚNICA , vez que me pronunciei sobre tal matéria, sem sequer citar Fernando Lima nem sequer o criticar a ele (como também foi parafraseado com excesso de imaginação), foi a nota do Abrupto do dia 26 de Outubro. Nunca acrescentei nem mais uma linha e nunca disse mais nada em qualquer lado sobre o assunto. Ou seja, estas frases, ainda por cima entre aspas, são pura e simplesmente inventadas. Assim se fazem as coisas, se gera uma pergunta falsa para obter uma resposta viciada pelos termos da pergunta.

É por isso que nunca aceito responder a qualquer pergunta citando terceiros sem eu próprio ter ouvido e lido a citação no original. Fernando Lima tem também experiência suficiente para não cair nestes truques e caiu.


ASSIM SE FAZEM AS COISAS 2

E já que vem a jeito: porque é que nunca nenhum órgão de comunicação social publicou uma lista de jornalistas que trabalharam (e trabalham) para os gabinetes ministeriais nos governos do PS e do PSD, em lugares que necessariamente implicam confiança política? A favor da transparência...

(url)


Ó FADAS, QUE HORAS SÃO?


(url)


IMAGENS

que ficaram aí para trás, perdidas e sem dono. Uma, a do pássaro, “wren and vole with daisies”, é de um quadro de Keneth Lilly de 1856; a outra, a vela e a rosa matinal, é de um quadro de Vuillard, pintado por volta de 1900. Apesar daquela clareza mediterrânica, o quadro está na Escócia, iluminando uma sala da Scottish National Gallery of Modern Art.

(url)


EARLY MORNING BLOGS 69

com jet lag. Que horas são?

A nuvem tóxica sobre a política portuguesa continua a crescer. Começa a perceber-se o risco real de não haver justiça para as vítimas, porque é sempre maior o entusiasmo pela agitação a juzante, do que revolta pelo crime a montante. Os criminosos sabem disso, porque este é um crime no qual o poder é um elemento essencial, separando com um rasgão profundo os que o têm dos que o não têm.

O resto é o costume. O ressentimento continua uma espinha dorsal da vida nacional. Os blogues zangados com o mundo continuam zangadíssimos. O correio electrónico está cheio de lixo. É dia das bruxas, também não seria de esperar outra coisa.

Mas, dito isto, o meu ar é este, gosto do mundo todo com imensa curiosidade, mas é na pátria que me reconstruo. É uma doença, claro, como explicava o senhor Fradique Mendes.

Bom dia! Que horas são?

(url)

31.10.03


AO RUM

"Fifteen men on a dead man’s chest
Yo ho ho and a bottle of rum
Drink and the devil be done for the rest
Yo ho ho and a bottle of rum."


(Robert Lewis Stevenson)

(url)


CAMINHO

pelo ar, os mais de dez mil quilómetros do regresso.
Mr. Scott, beam me up”.

(url)


VULCÕES: PITON DE LA FOURNAISE 2

Hoje já ninguém pode subir ao vulcão. Toda a área foi interdita. Resta-me este sítio. Mas como é que se pode “seguir” um vulcão pela Internet?

(url)

30.10.03


VULCÕES: PITON DE LA FOURNAISE

(Perdido nos arquivos está a memoria de outro vulcão, La Solfatara)

Pouco a pouco, deixa-se a pequena França creoula dos trópicos, com o calor dos trópicos e o mar absoluto das ilhas, e vai-se subindo, primeiro aos mil, e depois aos dois mil metros. A mil metros, entra-se numa fantasmática Suiça, pastagens alpinas, árvores alpinas e vacas alpinas. Começa a ficar frio, mas frio a sério, e uma bruma permanente corta quase toda a visibilidade. A paisagem esplendorosa das ilhas vulcânicas começa a impor-se e já não são os Alpes a referência que se lembra diante destes desfiladeiros de basalto, cobertos de verde e verde e verde.

De repente, numa curva, um vale como nunca vira nenhum, entalado entre encostas quase a pique. Resultado do abatimento de uma câmara de magma e depois moldado pelas chuvas violentas dos ciclones, La Rivière des Remparts é hoje desabitado, tal o susto, nos anos sessenta, por que passou uma pequena comunidade quando uma parte de uma destas encostas lhe ia caindo em cima. Uma barragem natural foi o que resultou desse desabamento. Também aqui, os mais estreitos vales alpinos, de origem glaciar, parecem largas avenidas. O relevo, mesmo quando, subindo, parece a pique, nos Alpes ou nos fiordes noruegueses, tem pouco a ver com as paredes a quase noventa graus da Rivière des Remparts, rasgadas apenas, no meio do verde, pelo sulco das quedas de água.

Subindo mais, o verde começa a desaparecer, entramos no império dos líquens e da urze, do cinzento e do amarelo brilhante das flores. A natureza das pedras não engana ninguém - aproximamo-nos de um vulcão e a terra que pisamos é cada vez mais nova.


PLANÍCIES, PLANALTOS, AREIAS, CINZAS, LAVAS, CONES E CRATERAS

(em breve)


(Plaine des Sables, olhando para ocidente)


(Formica Leo, um cone "stromboliano", hoje)


ERUPÇÕES

A última erupção do Piton de la Fournaise foi em Agosto e terminou em 30 de Setembro. A próxima pode ser hoje ou amanhã. Ontem, todas as pessoas que se encontravam nesta área, de onde estou a pensar no que agora escrevo, foram retiradas, algumas de helicóptero, devido ao acumular rápido de sinais percursores de nova erupção. A terra treme e observam-se alterações no volume da cratera Dolomieu.


(Enclos Fouqué e Formica Leo, hoje)

Hoje, olho a grande superfície de lava negra que enche o Enclos Fouqué , à minha frente estão as crateras Bory e Dolomieu, a "cratère brûlant". A lei de Murphy vai funcionar de novo e, depois de tanto esforço para ver a “fornalha” activa, vou falhar por um dia ou dois. Trago comigo uma pequena pedra, porosa e leve, avermelhada pela oxidação, atirada pelo vulcão, há dias ou há mil anos, volto as costas e desço.


(Crateras Bory e Dolomieu, hoje)


(url)

29.10.03


ABRUPTO CREOULO

Agradecimento a José Bento, pelas indicações que me enviou e por me ter ensinado

"Oté, coment ilé?"

e que a resposta deve ser "il lelá".


(url)


IMPÉRIOS COLONIAIS

Como era normal, acabaram os impérios coloniais, o português com a convulsão que se sabe. Os territórios do império foram, desde a década de sessenta, incluídos pelas Nações Unidas na Comissão de Descolonização, e os casos especiais, como Macau, foram, a prazo, resolvido com a retoma de soberania pela China.
Mas há impérios coloniais e impérios coloniais. Hoje vi um mapa, numa sala operacional da Marinha Francesa, as áreas debaixo da sua jurisdição no Oceano Índico, e nelas cabiam três Mediterrâneos. Ilha a ilha, arquipélago a arquipélago, rocha habitada ou desabitada, de Mayotte à Mauricia e Reunião, de Nouvelle Amsterdam a Kerguelen, uma imensa quantidade de mar austral é francesa , incluindo o centro do canal de Moçambique e uma enorme fatia de mar até à Antártida. Essas ilhas, na sua zona económica exclusiva, têm alguns dos melhores locais de pesca desta região. Como é que nenhum pais limítrofe, como Madagáscar, por exemplo, reinvindicou a soberania sobre essas ilhas? De facto, há histórias coloniais e histórias coloniais.

Muitas destas ilhas têm ou tiveram nomes portugueses.

(Sem todos os acentos)

(url)


PRÓXIMAS NOTAS

em breve. Escritas do arquipélago das Mascarenhas.


(url)


SNIPETS

Dito por um amigo maltês, no outro lado do mundo: "Sabes, no meu país somos quase noventa por cento de católicos, mas em maltês Deus diz-se Alá". Não sabia.


(url)

28.10.03


DE LONGE,

a uma luz diferente, escrevo.

Vi o Kilimanjaro, sem neve. Amanhã (talvez sem acentos) encontrarei neve no mais improvável lugar e voltarei aqui.

(url)

27.10.03


EARLY MORNING BLOGS 68

Acho que, pela primeira vez, um "early morning" se sucede a outro. Vicissitudes do tempo.

Se tudo correr bem e os satélites cumprirem os seus deveres, o Abrupto desta semana estará muito longe, no meio de nada, perto, muito perto, de um vulcão a sério, La Fournaise. O autor leu, há muitos anos, as palavras de Kant sobre o "belo" e o "terrível", e sempre gostou de vulcões, pelo que haverá chamas, lavas, fumos tóxicos, cinzas e outros ejecta. Uma paz de espírito, nada que se compare ao estado da pátria.

Bom dia.

(url)

26.10.03


EARLY MORNING BLOGS 67- II



Touch Me In The Morning

(Gravada por Diana Ross, cortesia da Isabel S.)

RON MILLER / MICHAEL MASSER

"Touch me in the morning then just walk away
We don't have tomorrow but we had yesterday
Hey wasn't it me who said that nothin' good's gonna last forever And wasn't it me who said let's just be glad for the time together Must've been hard to tell me That you've given all you had to give I can understand your feelin' that way Ev'rybody's got their life to live

Well I can say goodbye in the cold morning light
But I can't watch love die in the warmth of the night
If I've got to be strong don't you know I need to have tonight When you're gone till you go I need to lie here and Think about the last time you'll touch me in the morning Then just close the door leave me as you found me Empty like before

Hey wasn't it yesterday we used to laugh at the wind behind us Didn't we run away and hope that time wouldn't try to find us Didn't we take each other to a place where no one's ever been Yeah I realy need you near me tonight 'Cause you'll never take me there again Let me watch you go with the sun in my eyes

We've seen how love can grow now we'll see how it dies
If I've got to be strong don't you know I need to have tonight When you're gone till you go I need to hold you until the tie Your hands reach out and

Touch me in the morning then just walk away
We don't have tomorrow but we had yesterday
We're blue and gold and we could feel one another living
We walked with a dream to hold and we could take what the world was giving There's no tomorrow here there's only love and the time to chase it Yesterday's gone my love there's only now and it's time to face it."


(url)


EARLY MORNING BLOGS 67

Excelente comentário sobre atitudes portuguesas, entre a indiferença quotidiana pelo que é importante e o encher o peito de ar contra a “campanha” estrangeira denegridora, no Complot.

Com a distância que o tempo trará, um dia se fará uma análise dos temas, da agenda da blogosfera.

Por exemplo: a resolução da ONU sobre o Iraque, que, seja qual for o ponto de vista, tem que ser considerada um importante documento político, não mereceu praticamente nenhum comentário, salvas as habituais excepções. Mais importante do que comentários dispersos, é saber se uma matéria foi ou não incorporada nas discussões, e, neste caso, não foi. Também não teve grande relevo na imprensa, e talvez pelas mesmas razões: a resolução dá à ocupação militar do Iraque pelos EUA e seus aliados (porque é este o nome da coisa) a cobertura das Nações Unidas, da “legalidade internacional”.

Pelo contrário, estou certo que irá haver enormes pressões para que se discuta a escolha do novo director do Diário de Notícias. Admira-me que ainda não tenha aparecido a habitual invectiva a “exigir” que eu comente o caso, sob pena de ser reduzido a um pequeno funcionário partidário, sem ética nem vergonha. Mas eu já comentei o “caso” há muitos anos: enquanto o Estado for dono de órgãos de comunicação social, de que tem a posse directa, como a “televisão pública” ou a RDP, ou que foram de novo “nacionalizados” via PT, por iniciativa do par Guterres - Pina Moura, sem protesto de ninguém, todos os governos fazem nomeações políticas para as suas direcções. Insisto, todos. E vão continuar a fazer enquanto esta situação se mantiver.

Por isso, e para que não haja indignações selectivas, só participo em campanhas contra a manipulação, pelos governos, da comunicação social, quando estas forem até à raíz do problema e pugnarem pelo fim da comunicação social do Estado. Enquanto for assim, até prefiro que as nomeações sejam transparentes e que se saiba quem manda.

O maior atentado contra a liberdade da imprensa cometido nos últimos dez anos foi a compra da Lusomundo pela PT, e passou sem qualquer protesto dos que agora batem com a mão no peito. O governo era socialista e a medida estatizante, pelo que ninguém quis saber das suas implicações.

(url)

© José Pacheco Pereira
Site Meter [Powered by Blogger]